março 2020 | Sextante
“Jogo infinito”: desafiar o status quo e garantir o futuro dos negócios
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“Jogo infinito”: desafiar o status quo e garantir o futuro dos negócios

Novo livro de Simon Sinek propõe uma liderança inspiradora, menos imediatista e mais preocupada com as novas gerações. “Num jogo infinito, o objetivo é continuar em campo e perpetuar o jogo”

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Novo livro de Simon Sinek propõe uma liderança inspiradora, menos imediatista e mais preocupada com as novas gerações. “Num jogo infinito, o objetivo é continuar em campo e perpetuar o jogo”

Autor responsável por sucessos como “Juntos somos melhores” e “Comece pelo porquê”, Simon Sinek destrincha a intrincada dinâmica que rege o mundo dos negócios em seu novo livro, “Jogo infinito”. Um aviso: como ocorre em outros títulos, neste aqui também é possível extrair lições que servem para nossa vida cotidiana. O movimento central de Sinek, contudo, é subverter a lógica ainda muito presente em empresas – mas também em inúmeros lares – de busca por soluções imediatas e por vitórias rápidas e nada consistentes. O mundo se divide num antagonismo ingênuo: vencedor e perdedor; sucesso e fracasso. Essa é uma ilusão que deve ser questionada, ele endossa.

Para Sinek, isso pode até ter algum efeito no que ele chama de jogos finitos (um circuito de regras fixas, participantes com objetivos em comum, com princípio, meio e fim) e funcionam a curto prazo. Mas é esse o mundo que vivemos? Não. Na prática, trata-se apenas de uma variação simplista de um jogo muito mais complexo. Complexo porque possui regras imprecisas e participantes que se transformam constantemente. Esse é o jogo infinito que batiza o livro.  “Como não existe uma linha de chegada, tampouco um fim prático do jogo, não há como ‘vencer’. Num jogo infinito, o objetivo primordial é continuar em campo e perpetuar o jogo”, explica.

Por isso, o jogo infinito solicita uma ruptura da mentalidade-padrão mais imediatista que nos governa e exige a presença de líderes inspiradores, que compreendem não se tratar do próximo trimestre ou da próxima eleição, mas da próxima geração. Tendo o jogo como metáfora, um conceito criado pelo professor James P. Carse, Sinek propõe outro nível de comprometimento, cujo impacto deve ecoar para além das hierarquias.

Por que mudar o jogo?

Imaginem os problemas enfrentados por empresas comandadas por líderes de mentalidade finita inseridas no jogo infinito. Sinek elenca algumas consequências mais corriqueiras: ciclos anuais de demissões em massa para se adequar a projeções arbitrárias, ambientes de trabalho com permanente ameaça de corte, subserviência aos acionistas em detrimento das necessidades de empregados e clientes, práticas desonestas e antiéticas, premiação de membros da equipe tóxicos porém com alto desempenho (enquanto os danos que estão causando ao resto da equipe são ignorados) e recompensa a líderes que parecem cuidar muito mais de si mesmos do que de seus subordinados.

Alguém que vive o dia a dia de uma empresa tradicional conhece esse cenário desastroso. Mas é possível lutar por uma realidade diferente. Daí a importância de que homens e mulheres em postos de comando se conscientizem sobre o que está em jogo. “Grandes líderes preparam suas organizações para terem sucesso mesmo após sua morte, e, quando fazem isso, os benefícios – para nós, para os negócios e até para os acionistas – são extraordinários”.

O apontamento do escritor resume o que se espera de uma verdadeira liderança. É claro que o terreno onde se dá o jogo infinito é muito mais escorregadio, já que as certezas ou não existem ou mudam a partir de muitos critérios. Como agir diante de algo que não se apreende por completo? Em outras palavras: como é liderar no jogo infinito, se o jogo pode mudar a qualquer momento? É justamente ao apresentar as variáveis desse campo de ação e propor soluções que o livro, dividido em 11 capítulos, sobressai.

Sinek frisa que grupos que adotam uma mentalidade infinita desfrutam de níveis muito mais elevados de confiança, cooperação e inovação e de todos os seus subsequentes benefícios. “Se somos, muitas vezes, jogadores em jogos infinitos, é de nosso interesse aprender a reconhecer o tipo de jogo em que estamos inseridos e o que é preciso para liderar com uma mentalidade infinita. É igualmente importante aprender a reconhecer as pistas que indicam nossos pensamentos finitos, para podermos fazer ajustes antes que causem maiores danos”. O livro é essencial para quem deseja encarar a realidade de viver num jogo infinito.

Três dicas para ser um líder melhor

1 – “Apesar de estarem em um jogo que não tem vencedores, é grande o número de líderes que continuam jogando como se fossem capazes de vencer. Continuam a alegar que são os ‘melhores’ ou que são ‘o número um’. Essas alegações se tornaram de tal modo lugares-comuns que raramente, se é que alguma vez, paramos para realmente pensar sobre quão ridículas são. Sempre que vejo uma empresa alegar que é a número um ou a melhor, gosto de procurar as letrinhas miúdas para saber como seus gestores escolheram a métrica que lhes convém”.

2 – “Para sermos bem-sucedidos no Jogo Infinito dos negócios, temos que parar de pensar em quem vence ou em quem é melhor e começar a pensar sobre como montar empresas que sejam fortes e saudáveis para permanecer no jogo por muitas gerações. Os benefícios dessa postura, ironicamente, acabam tornando as empresas mais fortes também no curto prazo”.

3 –  “Enquanto um líder com mentalidade finita trabalha para obter de seus funcionários, clientes e acionistas algo que os faça atingir métricas arbitrárias, o líder com mentalidade infinita trabalha para garantir que seus funcionários, clientes e acionistas continuem inspirados a continuar contribuindo com seu esforço, suas carteiras e seus investimentos”.

Este post foi escrito por:

Filipe Isensee

Filipe é jornalista, especialista em jornalismo cultural e mestrando do curso de Cinema e Audiovisual da UFF. Nasceu em Salvador, foi criado em Belo Horizonte e há oito anos mora no Rio de Janeiro, onde passou pelas redações dos jornais Extra e O Globo. Gosta de escrever: roteiros, dramaturgias, outras prosas e alguns poucos versos estão em seu radar.

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