O Dia das Crianças já passou e, ao passar, confirmou que 2018 está mesmo nas últimas. Que ano veloz e rasteiro. Mas ainda dá tempo de nos debruçarmos sobre a janela da infância. Aos atrasados – ou aos que acreditam que não precisam de datas para dar um livro de presente -, fica uma dica […]
O Dia das Crianças já passou e, ao passar, confirmou que 2018 está mesmo nas últimas. Que ano veloz e rasteiro. Mas ainda dá tempo de nos debruçarmos sobre a janela da infância. Aos atrasados – ou aos que acreditam que não precisam de datas para dar um livro de presente -, fica uma dica embrulhada pela Sextante: Emocionário. O nome é isso mesmo, uma mistura de emoção com dicionário. O título, o tamanho quadrado, a capa dura e as cores vibrantes endereçam a novidade aos pequenos, embora o encantamento certamente não se restrinja a eles.
Esse dicionário de emoções, diferente dos rígidos antepassados repletos de verbetes, se deixa levar também pelas brechas da imaginação. Aqui, as ilustrações proporcionam uma viagem entre tons e traços. Já na primeira folheada, aproveitei uns bons minutos percorrendo os detalhes do desenho que representa a melancolia, dominado pelo cinza; o mesmo fiz com o da timidez, cuja delicadeza construída a partir da cor rosa salta aos olhos; e também com o do prazer, intenso e colorido.
Assim, cada definição de palavra é sustentada – mas também expandida – por ilustrações. Mais de 20 artistas contribuíram com os desenhos, o que explica a variedade explorada nas páginas. Sendo também dicionário, e levando em conta o foco no público infanto-juvenil, o livro é instrumento pedagógico. Como aponta a psicóloga e psicoterapeuta Rosa Collado, “Emocionário” permite o desenvolvimento da inteligência emocional da criança. Faz isso ao ajudar a conhecer o que se passa em nosso interior.
Uma emoção leva a outra, numa ordem que se desvencilha da lógica do alfabeto. Portanto, começamos com o t, de ternura, para terminar no g, de gratidão. Entre essas pontas, outras 40 palavras são costuradas, numa sucessão de sentimentos que simulam uma jornada emocional, com letras e cores – os textos foram escritos por Cristina Núñez Pereira e Rafael R. Valcárcel.
Claro, no caminho nos deparamos com o amor, a raiva, a tensão, o desamparo, a euforia, a confusão, a inveja, o desejo, o orgulho… Por aí vai. E vamos todos nós. Amarramos e desatamos nós a partir dos sentimentos que nos habitam e, quiçá, nos governam. Quanto mais cedo olharmos para eles, melhor. Que não nos falte cor nesse fim de outubro.
As três primeiras definições do “Emocionário”:
Ternura
“Alguns seres despertam a nossa ternura: um cachorrinho, um broto de árvore, um vovozinho… Ternura é proximidade, afeto e compaixão. Sentimos ternura por pessoas, seres e objetos indefesos ou que não nos parecem ameaçadores.
Onde está a ternura?
Ela está dentro de nós. Mas são os outros que abrem as portas da nossa ternura. A fragilidade deles nos faz querer ser delicados, atentos e compreensivos. A ternura é um convite ao amor”.
Amor
“De todas as emoções, o amor talvez seja a mais contraditória. Ele pode provocar em nós um sorriso gigantesco ou uma cachoeira de lágrimas.
Que tipos de amor existem?
Amor romântico: quando pensamos constantemente em uma pessoa e, no momento em que a encontramos, sentimos um misto de nervosismo e alegria.
Amor diligente: quando compartilhamos a alegria e a tristeza da pessoa que amamos e sempre desejamos o melhor para ela. É um sentimento puro e cálido.
O amor é o oposto do ódio”.
Ódio
“O ódio é uma grande antipatia, um sentimento de aversão por algo ou alguém. Como consequência, ficamos desejando que alguma coisa de ruim aconteça com o objeto do nosso ódio.
Quanto tempo dura o ódio?
Às vezes dura muito. Outras, só um pouquinho. Você pode sentir um ódio momentâneo por uma pessoa, mas isso não significa que tenha deixado de amá-la. Quando o ódio motiva nossas ações, nos entregamos à raiva.”