“A riqueza da vida simples”: abandone os padrões incompatíveis e privilegie a qualidade de vida | Sextante
“A riqueza da vida simples”: abandone os padrões incompatíveis e privilegie a qualidade de vida
FINANÇAS

“A riqueza da vida simples”: abandone os padrões incompatíveis e privilegie a qualidade de vida

“Não importa qual seja sua condição financeira, seu status, o tamanho da sua dívida ou a gravidade do problema que apareceu em sua vida. Se você tem ou teve sonhos e eles parecem inalcançáveis, ou se sua vida se resume a uma sequência triste e sem perspectiva de acordar-comer-trabalhar-dormir, algo precisa ser feito” – Gustavo […]

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“Não importa qual seja sua condição financeira, seu status, o tamanho da sua dívida ou a gravidade do problema que apareceu em sua vida. Se você tem ou teve sonhos e eles parecem inalcançáveis, ou se sua vida se resume a uma sequência triste e sem perspectiva de acordar-comer-trabalhar-dormir, algo precisa ser feito” – Gustavo Cerbasi

Com “A riqueza da vida simples”, Gustavo Cerbasi deseja provar que a independência financeira é viável mesmo para aqueles que têm renda baixa. Em outras palavras, que enriquecer é uma questão de escolha. Parece algo impossível para você? Apenas pelo histórico, o escritor merece sua atenção. Ele é especialista no assunto e publicou 15 títulos que, juntos, venderam mais de dois milhões de exemplares – talvez o mais famoso deles seja “Casais inteligentes enriquecem juntos”, também publicado pela Sextante. As duas décadas dedicadas a destrinchar os caminhos da inteligência financeira ajudaram Cerbasi na elaboração e na construção do livro.

Um movimento importante destacado pelo autor é o da revisão. Afinal, é preciso identificar os problemas para reestruturar uma vida economicamente mais saudável. Muitos leitores têm consciência disso, mas talvez ainda não sejam capazes de dimensionar a mudança e/ou arquitetá-la, passo a passo. No fim das contas, o resultado do processo da autonomia financeira diz respeito às escolhas feitas. E quase nunca é simples fazer escolhas, especialmente quando o dinheiro, o bem-estar e a qualidade de vida estão em jogo.

É oportuno recuperar um dado registrado no livro: segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), em fevereiro deste ano, o salário ideal para sustentar uma família de um casal e dois filhos é cerca de quatro vezes o salário mínimo vigente. A informação confirma não só a dificuldade de boa parte da população de repensar a vida financeira (já que, a princípio, há pouca margem para mudanças), mas também aponta como o tema se torna cada dia mais urgente. Ainda assim, é preciso levar em conta que até mesmo famílias com mais reservas sofrem com as escolhas, pois elas têm um custo. Se tudo custa alguma coisa, quais custos valem mais a pena?

Planejamento financeiro

Nesse momento, Cerbasi não está falando de estratégias de investimentos, tampouco de corte de gastos, mas, primeiramente, de reconhecimento de erros cometidos. E a partir daí, de planejamento financeiro. “Escolhas ruins, como não ter se aplicado nos estudos na juventude ou não ter dedicado horas livres a cursos técnicos, trouxeram a pessoa à situação atual, e novas escolhas exigem tempo (que muitas vezes é consumido em horas de transporte para o trabalho, em afazeres domésticos e cuidados com os filhos) e dinheiro. Existem cursos profissionalizantes, mas, obviamente, os cursos diferenciados têm um custo”, afirma.

No livro, ele questiona os métodos de poupança popularizados em sites diversos, embora compreenda que o esforço de economizar sempre seja válido. O que se deve estar atento é o sacrifício inerente a essa economia. Vale a pena? Para Cerbasi, “nada que corrói sua felicidade será suportado por muito tempo”. Ele propõe um enfrentamento das desculpas criadas por nós mesmos para justificar nosso estado atual: ao invés de “não tenho tempo de me organizar”, por que não se perguntar “quais rotinas que eu posso adotar me permitiriam ganhar tempo?”. Ao invés de “meu filho pesa no orçamento”, por que não se perguntar “como famílias que ganham pouco e têm filhos consomem?”. A substituição modifica o problema e aponta um caminho para se pensar o desafio e não ser afundado por ele.

Faça planos, mas saiba que existem imprevistos. Um dos pilares da educação financeira é destacado por Cerbasi como característica fundamental: a resiliência. “Planos devem ser construídos de modo a suportar imprevistos de diferentes naturezas”, reforça ele.  Nesse sentido, como sugere no livro, manter uma reserva de emergências e reduzir a proporção de gastos fixos no orçamento são duas estratégias eficientes para blindar o orçamento contra imprevistos.

Qualidade de vida x Padrão de vida

Em “A riqueza da vida simples”, Cerbasi diferencia qualidade de vida de padrão de vida. O primeiro, segundo ele, diz respeito os gastos com cuidados pessoais, lazer e educação avulsa, associados ao relaxamento e a descompressão da rotina. O segundo, por sua vez, se refere aos gastos inevitáveis com moradia, saúde, educação, segurança, transporte e alimentação. Na separação, o autor acredita que as realizações futuras e as experiências do presente devam ser priorizadas, o que exige um gasto menor do padrão de vista. A reação esperada é perguntar: mas e se não for possível? Cerbasi diz que sempre é e aponta alternativas.

Como já destacado, a dificuldade da mudança está no fato de que ela pressupõe escolhas. Enriquecer dá trabalho, o escritor endossa. Por isso, técnicas de decisão se revelam tão importantes: de mapear o orçamento doméstico a pensar num plano B caso o principal não funcione. Esses caminhos estão destrinchados nas páginas do livro. Contudo, o trabalho de revisão inerente a cada etapa sugerida não pode ser esquecido. “Conquistar um grande sonho não deve ser resultado de privação, mas sim de construção. Quanto mais você vive seu sonho, mais entende da construção dele e consegue de forma mais intensa fazer com que ele seja parte de sua vida”, ensina Cerbasi.

Este post foi escrito por:

Filipe Isensee

Filipe é jornalista, especialista em jornalismo cultural e mestrando do curso de Cinema e Audiovisual da UFF. Nasceu em Salvador, foi criado em Belo Horizonte e há oito anos mora no Rio de Janeiro, onde passou pelas redações dos jornais Extra e O Globo. Gosta de escrever: roteiros, dramaturgias, outras prosas e alguns poucos versos estão em seu radar.

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