Introdução
Este livro é resultado de uma jornada imprevisível, iniciada na minha infância, quando eu tinha 8 ou 9 anos.
Meu pai era um vendedor extremamente competente, mas lembro que muitas vezes ele voltava frustrado do trabalho, reclamando da maneira como a empresa estava sendo gerenciada. Eu não tinha a menor ideia do que era gerenciamento, no entanto algo me dizia que não estava certo meu pai sentir essa decepção ao fim de dez horas dedicadas ao serviço.
Alguns anos depois, comecei a trabalhar como ajudante de garçom durante o ensino médio e, em seguida, como caixa de banco, já na faculdade. Foi assim que tive a primeira noção realista sobre administração. Embora ainda não entendesse todas as implicações, ficou claro para mim que algumas coisas que aconteciam na empresa em que eu trabalhava faziam sentido, mas outras não, e que tudo isso tinha um impacto significativo em meus colegas e nos clientes que atendíamos.
Depois de formado, comecei a trabalhar para uma empresa de consultoria de gestão e pensei que finalmente entenderia essa tal história de gerenciamento. Em vez disso, eu me vi fazendo coleta, entrada, análise e uma variedade de outras atividades relacionadas a dados.
Para ser justo, a empresa me ensinou bastante sobre estratégia, finanças e marketing, mas não tanto sobre organizações e a maneira como elas devem ser geridas em sua totalidade. Porém, de algum modo, fiquei convencido de que o maior problema que nossos clientes enfrentavam – e sua maior oportunidade de vantagem competitiva – não estava em algo relacionado a estratégia, finanças ou marketing, mas em tópicos um pouco menos tangíveis e que pareciam girar em torno do modo como a organização era administrada.
Quando sugeri que analisássemos esse aspecto, meus superiores educadamente me informaram que isso não era o que nossa firma fazia, algo irônico, visto que éramos uma empresa de consultoria administrativa. Mas fiquei fascinado pelo assunto e decidi que precisava mudar o foco de minha carreira.
Passei os anos seguintes trabalhando em organizações no ramo de comportamento corporativo, desenvolvimento ou psicologia. Era tudo muito interessante, mas, ao mesmo tempo, insuficiente, fragmentado e acadêmico. Eu ficava incomodado porque sabia que havia algo que precisava ser mais amplamente reconhecido e compreendido. Percebia que alguma coisa estava sendo deixada de lado. Contexto. Integração. Praticidade.
E assim, com um grupo de colegas, abrimos nossa própria empresa e eu comecei a oferecer consultorias e dar palestras sobre uma abordagem prática, visando melhorar as organizações. Tenho de admitir que nos surpreendemos com a rapidez e o entusiasmo dos clientes em responderem à nossa abordagem. Claramente, havia uma carência nesse campo. Com o tempo, ficou evidente que muitas pessoas que trabalhavam em diversos tipos de empresas, em todos os níveis hierárquicos, experimentavam a mesma insatisfação que meu pai sentira e todas estavam ansiosas por encontrar um caminho melhor.
A partir daí, comecei a escrever livros que adotavam uma abordagem prática para os diversos problemas relacionados à disfunção corporativa: trabalho em equipe, reuniões, alinhamento, engajamento dos funcionários. Paralelamente, o departamento de consultoria de minha empresa trabalhava na integração de todos esses tópicos.
A demanda por esses livros e pela abordagem integrada de implantação de nossos conceitos excedeu as expectativas mais uma vez, e comecei a me convencer de que havíamos descoberto o que faltava, a “vantagem” que eu vinha buscando ao longo de minha carreira. Com base no feedback e encorajamento de leitores e clientes, decidi que em algum momento iria reunir todas as ideias dos meus livros e práticas de consultoria. O momento é agora.
Ao contrário de meus outros livros, A vantagem decisiva não é uma fábula, mas sim um guia abrangente e prático. Tentei torná-lo envolvente e divertido de ler, usando exemplos do mundo real e histórias de clientes para ilustrar minhas ideias. Vale a pena mencionar que muitos dos conceitos individuais que desenvolvo aqui foram introduzidos ou abordados em uma de minhas oito fábulas sobre negócios – destaco As obsessões de um executivo extraordinário; Os 5 desafios das equipes; Silos, Politics, and Turf Wars (Silos, políticas e disputas de território) e Nocaute por reunião –, nas quais uso personagens fictícios e situações inventadas para dar vida às minhas teorias. Aos que quiserem se beneficiar de uma abordagem narrativa para tópicos específicos, faço referências a tais livros sempre que possível.
Como não sou pesquisador quantitativo, as conclusões que relato não estão baseadas em fartas estatísticas ou dados detalhados, mas em minhas observações dos últimos vinte anos como consultor. Mas, como disse Jim Collins, luminar do campo de pesquisas, a pesquisa qualitativa é tão confiável quanto a quantitativa, desde que clientes e leitores atestem sua validade. Fico feliz em dizer que, baseado em minha experiência com executivos e suas organizações, os princípios apresentados neste livro provaram ser ao mesmo tempo confiáveis e simples.
Espero que você aprecie a leitura e, o mais importante, que lhe permita uma transformação em sua organização, seja ela uma corporação, um departamento dentro dessa corporação, um pequeno empreendimento empresarial, uma escola ou igreja. Meu objetivo é que, no futuro, os simples princípios aqui contidos venham a ser uma prática comum e que, consequentemente, vendedores, ajudantes de garçom, caixas de bancos, CEOs e todos os que trabalham em uma organização se tornem mais produtivos, bem-sucedidos e satisfeitos.