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Oito lições do livro “A psicologia do dinheiro”: o que levar em conta na hora de gastar
FINANÇAS

Oito lições do livro “A psicologia do dinheiro”: o que levar em conta na hora de gastar

Escrito por Dan Ariely e Jeff Kreisle, “A psicologia do dinheiro” destaca os principais erros cometidos no campo financeiro. Eles apresentam conceitos que ajudam a leitor a compreender e a repensar seus gastos.

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Escrito por Dan Ariely e Jeff Kreisle, “A psicologia do dinheiro” destaca os principais erros cometidos no campo financeiro. Eles apresentam conceitos que ajudam a leitor a compreender e a repensar seus gastos.

A perspectiva abraçada pelo livro “A psicologia do dinheiro” é que, tendo consciência de como funciona o pensamento financeiro, é possível fazer escolhas mais acertadas. Ou seja, mais controle e menos risco. A combinação faria do dinheiro um amigo. A possível relação fraternal, contudo, está diretamente atrelada ao nosso emocional, defende os autores Dan Ariely e Jeff Kreisle, respectivamente um psicólogo e um comediante. Não é preciso ir muito longe para constatar o quanto o dinheiro interfere em diversas camadas sociais, do governo do país à casa onde moramos. Eles lembram que, nos Estados Unidos, é o dinheiro a principal causa de divórcios.

“Pensar muito sobre dinheiro seria ótimo se isso nos ajudasse a tomar decisões melhores. Mas não é o que acontece. A verdade é que tomar más decisões nessa área é algo próprio da natureza humana”, dizem. Daí a importância de reverter o jogo. Ariely e Kreisle alertam sobre os erros mais comuns relacionados à grana e, para isso, apresentam conceitos, lançam curiosidades e lições práticas para se esquivar de armadilhas. Aqui, fizemos uma mistura de tudo e frisamos oito tópicos retirados de “A psicologia do dinheiro”. Vamos nessa?

1- Características do dinheiro

É um bom ponto de partida. Segundo Ariely e Kreisle, o dinheiro é genérico (podemos trocá-lo por quase tudo), divisível (pode ser aplicado a quase qualquer artigo), intercambiável (qualquer nota de R$ 10 vale tanto quanto qualquer outra nota de R$ 10) e armazenável (ele não fica velho nem deteriora). Por essas características, o dinheiro foi essencial para o ser humano “trocar bens e serviços de modo bem mais eficaz”, deixando de lado a permuta de mercadorias.

2 – Valor das coisas

Os autores ressaltam que a maneira como avaliamos as coisas é relativa. Um quadro famoso pode custar milhões de dólares. Há quem prefira pagar um café mais caro, num lugar mais chique, do que desembolsar menos na padaria mais próxima. A nossa percepção sobre o quanto podemos ou devemos gastar oscila de acordo com inúmeras variáveis. “Torna-se ainda mais difícil descobrir quanto estamos dispostos a pagar por algo quando o mundo financeiro está tentando nos confundir e distrair”, complementam. Entender isso é fundamental para as lições expostas no livro, pois, como eles frisam, há muitos que enriquecem quando gastamos irracionalmente.

3 – Valor relativo e valor real

Desdobramento direto do assunto iniciado aqui em cima. Segundo Ariely e Kreisle, a dificuldade de avaliar as coisas pode nos enganar. Isso fica evidente diante de promoções que prometem grandes descontos: é uma tentação comprar uma blusa por R$ 30 se a loja anuncia que o valor original é R$ 100. Contudo, eles chamam a atenção para a prática, mais comum do que imaginamos, de “marcar os produtos com preços altos para depois reduzi-los”. A verdade é que bem provavelmente a camisa sempre teve um valor próximo a R$ 30, mas só a sensação de barganha traz uma felicidade inconteste ao cliente, que sai com a ilusão de que fez um grande negócio e tende a voltar. O valor relativo obscurece o valor real.

Se ainda não ficou claro, os autores dão um ótimo exemplo (há muitos outros no livro):

“Numa concessionária de automóveis, nos oferecem itens opcionais como assentos de couro e teto solar, seguro para os pneus, rodas de liga leve etc. Os vendedores de carros (…) sabem que quando estamos gastando R$ 50.000,00, compras adicionais, como um aparelho de CD de R$ 300,00, parecem baratas, até inconsequentes, em comparação. Normalmente compraríamos um aparelho de CD de R$ 300,00? Alguém ainda ouve CDs? Não e não. Mas a apenas 0,6% do preço de compra total, quase não reagimos. E essa falta de reação pode aumentar rapidamente o custo final”.

4 – Contabilidade mental

Em outra passagem, os autores nos apresentam o conceito de contabilidade mental, que diz respeito a maneira como categorizamos o nosso dinheiro, muitas vezes fixando uma determinada quantia para determinado fim (gastar R$ 100 por mês com entretenimento e R$ 1.000 com as contas da casa, por exemplo). É um orçamento. “Como as empresas, se esgotamos todo o dinheiro de uma categoria, pior para nós. Não podemos repô-lo (e, se o fazemos, nos sentimos culpados)”. Para eles, esse raciocínio, embora ajude a controlar gastos, nos leva a possíveis contas enganosas, pois a maneira como “gastamos o dinheiro depende de como nos sentimos em relação a ele”. Isso nos leva à contabilidade emocional.

5 – Contabilidade emocional

A palavra aqui é sensação. De acordo com Ariely e Kreisle, as pessoas tendem a gastar o salário com coisas consideradas mais responsáveis (pagar contas, entre elas), porque sentem que aquele é um “dinheiro sério”. Por outro lado, caso pareça um “dinheiro divertido” (como o que se ganha num lance de sorte em Vegas), a tendência é gastá-lo em coisas mais amenas. Da mesma forma, se o dinheiro ganho causa na pessoa uma sensação negativa (a herança de um parente amado que morreu subitamente), a inclinação é “lavá-lo”. Por exemplo, doando para caridade. “Quando fazemos algo que consideramos bom, eliminamos os maus sentimentos associados ao dinheiro, ficando livres para gastar. Esse tipo de lavagem emocional do dinheiro certamente não é racional, mas faz com que nos sintamos bem”.

6 – Contabilidade maleável

É quando você sabe que não pode gastar, mas gasta ainda assim e faz um malabarismo retórico – tipo mudar de uma categoria para outra – para se convencer de que isso é uma exceção e não vai se repetir. Quem se reconhece? Assim, sem nenhuma sutileza, “damos uma maquiada nos nossos planos financeiros para satisfazer desejos imediatos. Não vamos ser presos por causa disso, mas violamos nossas próprias regras”, escrevem Ariely e Kreisle.

7 – Tempo e categorização

Em uma das passagens do livro, os autores voltam a tratar da categorização do dinheiro e demonstram como o tempo influencia nossos gastos. Eles perguntam: “O que assalariados prefeririam: um aumento de R$ 1.000,00 por mês ou um bônus de R$ 12.000,00 no fim do ano?”. Segundo os autores, a resposta racional seria a primeira opção, que possibilitaria poupar, investir ou pagar dívidas urgentes. Tudo certo. O curioso é que, embora o valor total seja o mesmo, o uso preferencial dele é modificado: as pessoas tendem a gastar o bônus em algo que cause felicidade. Isso porque esse pagamento único não é compreendido a partir das demandas mensais, enquanto o dinheiro recebido mensalmente é categorizado como salário.

8 – O mal do cartão de crédito

Por sua praticidade, o cartão de crédito pode ser uma armadilha daquelas. A perda de dinheiro não é sentida imediatamente – ao contrário do que aconteceria se fosse dinheiro – e, fora isso, os gastos são lançados juntos numa fatura única. Ao acumular tudo, a impressão que se tem é que “gastar um pouco mais em outra compra não parece doer, porque não muda muito o montante que devemos”. É como destacam os autores: os cartões reduzem a dor e confundem o valor. O perigo mora nas facilidades, eles ensinam.

Este post foi escrito por:

Filipe Isensee

Filipe é jornalista, especialista em jornalismo cultural e mestrando do curso de Cinema e Audiovisual da UFF. Nasceu em Salvador, foi criado em Belo Horizonte e há oito anos mora no Rio de Janeiro, onde passou pelas redações dos jornais Extra e O Globo. Gosta de escrever: roteiros, dramaturgias, outras prosas e alguns poucos versos estão em seu radar.

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