“Descubra seus pontos fortes 2.0” mostra que é possível potencializar a combinação de talento, técnica e conhecimento para que profissionais tenham mais força produtiva. Livro também permite que o leitor faça teste para aprimorar o desempenho
Você já ouviu falar sobre a revolução dos pontos fortes? Marcus Buckingham e Donald O. Clifton abordam o assunto no livro “Descubra seus pontos fortes”.
“Descubra seus pontos fortes 2.0“, agora com Tom Rath como coautor, é uma nova e aprimorada versão do livro que já ajudou mais de 6 milhões de pessoas a descobrir seus principais talentos.
A dinâmica destacada pelos autores une estes dois verbos, um como consequência do outro: descobrir para, depois, transformar. Ao pensar na relação entre gerentes e funcionários, eles defendem que as organizações precisam saber tirar proveito das diferenças de cada profissional ao invés de investirem num malabarismo para atenuar reconhecidas fraquezas, afinal isso custa tempo e dinheiro. “A empresa cujos colaboradores sentem que têm seus pontos fortes mobilizados todos os dias é mais poderosa e mais forte”, salientam. O aumento da força produtiva é consequência imediata dessa revolução.
Além disso, eles frisam, a exploração das qualidades está ligada à satisfação profissional, já que a percepção de contribuir de forma mais proveitosa no trabalho fica evidenciada. É o que autores chamam de “fazer o que eu faço de melhor”. Você sente isso? Se sim, saiba que é uma exceção.
Uma ampla pesquisa realizada pelo Instituto Gallup com mais de 1 milhão e 700 mil funcionários apontou que apenas 20% concordam que usam seus pontos fortes todos os dias. Mais de cem empresas, de 63 países, participaram da mostra. “O mais bizarro é que quanto mais tempo um funcionário permanece numa empresa, e quanto mais alto chega na escalada tradicional da carreira, com menos freqüência concorda inteiramente que seus pontos fortes estejam em ação”, revelam.
A pesquisa é a base dos muitos apontamentos que Rath e Clifton distribuem nas mais de 200 páginas da publicação. Para não ter dúvida sobre o que estamos falando, um aviso: para os autores, pontos fortes dizem respeito a uma desempenho estável e quase perfeito numa determinada atividade. É uma combinação de talento, técnica e conhecimento.
A descoberta
Um dos atrativos do livro, já anunciado em forma de título, é a possibilidade de conhecer seus pontos fortes por meio de um teste. Na orelha de cada exemplar, o leitor encontra uma etiqueta com um código de acesso individual para ser utilizado virtualmente (acesse a página aqui). O teste tem início após o preenchimento de alguns dados. O resultado aponta cinco padrões dominantes de pensamento, sentimento ou comportamento que você deve explorar ainda mais a partir dos conselhos dados pelos autores. Ao todo, Rath e Clifton nomeiam 34 temas do talento humano, com endereçamentos diferentes, que podem se referir à pessoa (estudioso e ideativo, por exemplo), à categoria (disciplina, carisma, empatia etc) ou, ainda, ao atributo (responsabilidade e adaptabilidade). Todos os tópicos são debatidos e exemplificados no quarto capítulo. É o pontapé para o aprimoramento profissional.
Premissas e ferramentas fundamentais
Segundo eles, há duas premissas determinantes que orientam os desdobramentos do livro:
1) “Os talentos de cada pessoa são permanentes e únicos”;
2) “O maior potencial de crescimento de cada pessoa está nas áreas onde ela tem seu ponto mais forte”.
Uma vez escapado do espiral dos pontos fracos, você pode desenvolver com mais foco seus pontos fortes. A leitura é salpicada com casos que ilustram como o reconhecimento desses talentos conduziu a trajetória de sucesso de profissionais de áreas distintas. “Num contexto de negócios, o gênio de Bill Gates para transformar inovações em aplicações fáceis de usar é um ponto forte”, escrevem sobre o dono da Microsoft.
O percurso da potencialização dos pontos fortes envolve “manusear” três ferramentas – ou saberes – consideradas fundamentais por Buckingham e Clifton. A primeira delas é saber distinguir seus talentos naturais das coisas que você pode aprender. “A chave para desenvolver um genuíno ponto forte é identificar seus talentos dominantes e depois refiná-los com conhecimento e técnicas”, revelam. Isso nos leva à segunda ferramenta, que é saber identificar os talentos dominantes. Ora, o teste está aí para ajudar nisso! A última ferramenta é adquirir uma linguagem comum para descrever seus talentos. Ou seja, conseguir se desvencilhar da linguagem da fraqueza humana, tão rica e variada em seu vocabulário, algo sumariamente explícito na dificuldade que muitos têm de elaborar sobre suas qualidades. Falar sobre os defeitos parece sempre mais fácil, não é?
“Se você fala que duas pessoas têm ‘facilidade de relacionamento’, o que isso diz sobre elas? Isso diz que ambas parecem se relacionar bem com os outros, mas provavelmente não muito mais. Não diz, por exemplo, que uma se destaca por construir uma relação de confiança com as pessoas depois que o contato inicial é feito, enquanto a outra é fantástica para iniciar o contato. As duas capacidades têm a ver com bom relacionamento, mas obviamente não são a mesma coisa”, exemplificam eles.
Remendar as fraquezas não leva à excelência
Muitas vezes, o medo do fracasso acaba por impedir que os pontos fortes sejam desenvolvidos. Essa é a primeira barreira que deve ser quebrada, reforçam Buckingham e Clifton ao lembrar: “Remendar suas fraquezas jamais o levará à excelência”. É uma questão de responsabilidade sobre si. “A coisa mais mais desafiadora e, no sentido de sermos verdadeiros a nós mesmos, mais digna que podemos fazer é enfrentar com coragem o potencial de força inerente aos nossos talentos e, em seguida, encontrar meios de realizá-lo”, sustentam.
O importante, nesse percurso, é compreender que o fracasso é possível, mas o caminho de aprimoramento nos leva muito mais longe. Ainda assim, você não deve eclipsar os defeitos ou se iludir sobre os talentos. Você tem certeza que fala bem em público, mas não percebe que a dispersão na plateia, por exemplo. Se isso acontece, recorrentemente, há algo aí que deve ser revisto na sua percepção sobre si. É preciso trabalhar.
Como disse o filósofo Baruch Spinoza, pensamento oportunamente resgatado pelos autores, “ser o que somos, e nos tornarmos o que somos capazes de nos tornar, é o único objetivo da vida”. A pergunta que fica é: o que você quer ser? Para Rath e Clifton, investigar os pontos fortes é se aproximar cada vez mais da melhor versão de si.