Na sociedade contemporânea somos constantemente invadidos por ideais de normalidade que nos dizem como devemos agir, sentir e ser. Essa busca pode nos levar a perder nossa verdadeira identidade e a autenticidade, nos tirando, inclusive, o direito de enfrentar e resolver nossos problemas.
Esse tema é debatido pelo renomado médico canadense Gabor Maté em “O mito do normal”. Maté mergulha nas raízes de nossos comportamentos e emoções, desafiando as crenças sobre o que é considerado normal e examinando a influência de fatores como traumas, vícios, desigualdades sociais e pressões culturais em nossa saúde mental e nosso bem-estar.
O autor faz uma crítica à forma como a sociedade tem normalizado o uso de ansiolíticos e antidepressivos. Um exemplo disso é que durante a pandemia de Covid 19, período em que todos enfrentaram momentos difíceis, a venda de remédios para depressão cresceu 17% no Brasil, segundo uma pesquisa feita pelo Conselho Federal de Farmácia em 2021.
Maté também questiona a maneira superficial como os dependentes químicos são tratados na sociedade. Para ele, a chave para mudar esse cenário é pararmos de perguntar o porquê do vício e questionarmos que dor estão tentando aliviar. Que vazio faz com que busquem formas nocivas de fugir de um estado emocional difícil?
O fato é que a natureza humana é complexa e diversa. Cada um de nós enfrenta problemas com raízes muito particulares ao tentar entender a própria vulnerabilidade. A solução sugerida em “O mito do normal” é desenvolver a empatia e desconstruir o modelo de normalidade imposto, em busca de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.