Autor: Editora Sextante
Faça as pazes com seu corpo e com os alimentos
Diga não às dietas, coma comida de verdade e cozinhe. Essas são as três regras da nutricionista e engenheira agrônoma Sophie Deram, base do livro O peso das dietas. O trio de princípios fortes da autora converge para uma ideia elementar e, ao que parece, fora de moda: ame seu corpo e faça as pazes […]
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Diga não às dietas, coma comida de verdade e cozinhe. Essas são as três regras da nutricionista e engenheira agrônoma Sophie Deram, base do livro O peso das dietas.
O trio de princípios fortes da autora converge para uma ideia elementar e, ao que parece, fora de moda: ame seu corpo e faça as pazes com ele. Parte do sonho publicitário estampado em revistas e amplificado nas redes sociais fica embaçado diante do horizonte que a autora desenha a partir de anos de estudo sobre o tema, convertido em tabu contemporâneo. Em tempos de culto ao corpo perfeito – seja lá o que isso signifique -, o corpo saudável é solenemente ignorado. O corpo belo e oco serve bem às capas de revista e às fotos de perfis virtuais. Afinal, ali não se veem neuroses ou mal-estar. A imagem-embalagem reina só. Sophie, porém, dedica atenção ao conteúdo e nos lembra: comer deve ser também um prazer.
“É um direito seu sentir prazer à mesa, se alimentar de forma variada e não pensar em comida 24 horas por dia. Ter medo de certos alimentos, viver controlando o que come, ser vítima de compulsões ou desenvolver um comer transtornado não é normal e não representa uma vida saudável”, reforça a nutricionista.
A nova edição revista e atualizada do livro inclui mais de 70 receitas e dicas de alimentação para o dia a dia. Após discutir o papel da nutrição, abordar a nossa relação com a comida e ressaltar os riscos provocados pela ditadura da magreza – tópicos desenvolvidos na primeira parte -, Sophie apresenta os sete segredos para emagrecer de forma sustentável, tornando prazer e consciência cúmplices:
1) Faça as pazes com seu corpo; 2) Cuide do seu cérebro; 3) Pense sustentável; 4) Respeite sua fome e viva no presente; 5) Coma melhor, não menos; 6) Alimente-se de outras energias e 7) Cozinhe e celebre a comida.
Abaixo, você conhece melhor as ideias de dois desses segredos.
Faça as pazes com seu corpo
É preciso encerrar a guerra contra o corpo e torná-lo um amigo. Ter o corpo como aliado é o começo de uma mudança física e mental, pois implica ter mais consciência sobre suas sensações e necessidades. O discurso parece evidente, mas a prática – ainda mais levando em conta a pressão na busca pela perfeição – é cercada de potenciais sabotadores.
O mais importante, a autora destaca, é compreender o que leva alguém a fazer dieta. Em muitos casos, não existe preocupação real com a saúde, mas apenas um desejo de adequação estética. E para se encaixar num determinado modelo, opta-se eventualmente por atalhos perigosos sem questioná-los. “Obrigar o corpo a perder peso de maneira brutal e não saudável pode desregular o metabolismo e o próprio peso. Isso pode fazer com que você passe a vida toda num círculo vicioso de ganhar e perder peso, o famoso efeito sanfona”, afirma Sophie, que acrescenta: “Não é o peso que determina se você está com saúde, se está bem, feliz ou não”.
Ao fim do capítulo, a nutricionista traz sete sugestões para fazer as pazes com o corpo. A primeira delas (saiba que seu corpo é perfeito) é uma espécie de síntese da proposta do livro: “Tenha confiança em você e no seu corpo. Sinta-o, aceite-o, nutra-o, responda a ele e aprenda a escutá-lo. Você merece desfrutar de uma saúde melhor, viver em paz e se amar de verdade”.
Coma melhor, não menos
Para alguém imerso em dietas da moda talvez seja difícil compreender que “comer de tudo, sem culpa, sem restrição, com prazer, escutando as emoções e a fome” é um caminho possível. Mas é o que Sophie Deram defende nas páginas do livro. É importante ratificar a relação entre prazer, emoção e fome. Entre esses elementos, há a escuta, ou seja: a consciência, o elo primordial.
Comer quando se está com fome. Parar de comer quando não se está com fome. Saborear a comida, sem culpa. Sem culpa e sem gula. Sim, é possível. Há uma vida saudável e benéfica que não oscila entre os extremos da restrição e do descontrole. Por isso é tão importante ouvir o corpo, entendê-lo enquanto corpo único e insubstituível. O caminho do equilíbrio passa por aí: longe da balança, dos números e das calorias, mas perto do corpo consciente, que é o corpo ligado à saúde e não ao peso.
“Procure ter uma relação mais relaxada com a comida. Busque o prazer e a satisfação, escutando os sinais do corpo. Você pode não ter uma alimentação perfeita (supondo que isso exista), mas as consequências de ‘errar’ são muito menores do que os efeitos nocivos de dietas restritivas. Não existem alimentos ruins ou alimentos bons, existem alimentos”, explica Sophie.
Avessa às proibições e defensora do prazer à mesa, a nutricionista faz um questionamento oportuno: Que tal acabar de vez com essa mania de sentir culpa ao comer algo gostoso?
Outras dicas e conselhos de “O peso das dietas”:
Rotina
“Está comprovado que a falta de rotina ou de sono pode resultar em uma alteração metabólica devido ao estresse da desorganização. O desregulamento do nosso relógio biológico altera a saúde e aumenta o risco de ganho de peso, obesidade, diabetes e até câncer. Portanto, tente comer em horários regulares e não deixe passar muito tempo entre as refeições. Rotinas são especialmente importantes para crianças. Elas estão em crescimento e podem sentir mais fomes que os adultos”.
Respeite a fome
“Você é o dono da sua fome e ninguém pode sentir quando e quanto precisa comer por você. Não engane sua fome, como aconselham as dicas de dietas, com métodos como beber água ou com produtos elaborados para fazer de conta que são outros. Ao enganar a fome, você está fadado a compensar mais do que deveria em outro momento”.
Peso da foto
“A perda de peso rápida é uma miragem, não é sustentável e, pior, vai afetar seu metabolismo, aumentando o risco de você ganhar mais peso ainda. Esse peso baixo, que você atingirá com muito sacrifício, é chamado de ‘peso da foto’, como quando você emagrece para a foto de um evento. É o caso de quem emagrece rápido para uma festa de casamento e engorda tudo de volta nos meses seguintes, por exemplo. Depois, olha para as fotos com nostalgia, como se aquele corpo magro fosse um amor perdido. Esse peso não é real”.
Metabolismo
“Quanto mais o metabolismo for agredido com estresse, dietas e medicamentos, sofrendo alterações metabólicas constantes, mais tempo pode levar para emagrecer e atingir um peso saudável. Se tiver pressa, ficará preso no círculo vicioso do efeito sanfona. O primeiro foco, portanto, é parar de engordar. A beleza do nosso metabolismo, do nosso corpo, dos nossos genes é que eles são muito plásticos, ou seja, têm a possibilidade de mudar e sarar. O corpo é fantástico. Se você retomar uma relação mais tranquila com ele, vai sentir um aumento significativo da qualidade de vida e terá boas surpresas”.