Autor: Editora Sextante
Bela Gil compartilha dicas para uma maternidade simples
A maternidade pode ser também simples e natural. É o que fala, escreve e pratica Bela Gil. Ela, chef de cozinha e apresentadora, esquiva-se das imposições de qualquer ordem: “Sou a favor de uma maternidade livre de rótulos”. Bela maternidade, portanto, é mais uma janela de inspiração, um convite à descomplicação, gestado a partir da […]
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A maternidade pode ser também simples e natural. É o que fala, escreve e pratica Bela Gil. Ela, chef de cozinha e apresentadora, esquiva-se das imposições de qualquer ordem: “Sou a favor de uma maternidade livre de rótulos”.
Bela maternidade, portanto, é mais uma janela de inspiração, um convite à descomplicação, gestado a partir da sua vivência como mãe da Flor e do Nino – como não poderia deixar de ser, os filhos e as histórias sobre os filhos estão espalhados pelas páginas, permeadas por registros de momentos carinhosos em família. A ideia não é defender um estilo, mas, sim, compartilhar experiências e descobertas. “Se essas histórias servirem para você refletir sobre sua maneira de ser mãe, encontrando mais liberdade e realização nesse papel, acho que este livro cumprirá sua função”, afirma Bela.
A trajetória da moça baiana de sorriso largo, filha de Gilberto e Flora Gil, já é conhecida de parte do público, especialmente pela defesa da culinária natural. Abotoados à gastronomia, sustentabilidade e saúde também estão em seu radar. Bela já está acostumada a apontar alternativas aos industrializados, processados, saturados e afins. Lembra da melancia grelhada para um churrasco vegetariano? E da cúrcuma no lugar da pasta de dente? Não por acaso, ela se tornou figura recorrente em memes e é criadora do bordão “Você pode substituir…”. Bela, com toda razão, sempre garantiu se divertir com a brincadeira virtual.
Viver a maternidade
O livro desdobra a experiência da maternidade em várias frentes: é um relato biográfico que traz receitas e entrevistas com especialistas de diversas áreas. Além disso, propõe uma reflexão sobre o papel da mãe-mulher no mundo e sugere alternativas a modelos pré-concebidos. A busca por informações, Bela reforça, leva ao empoderamento.
Entre os primeiros conceitos sociais que questiona, está o de que existe uma hora certa para engravidar. “O desejo de ter filhos e a decisão de dar esse passo não podem ser quantificados, programados nem esquematizados. O momento ideal para se ter um filho é uma percepção única de cada mulher ou de cada casal, de acordo com o contexto social, econômico e pessoal em que se encontra”.
Sim, você pode substituir pressão por leveza.
Direta e simples, ela explica que o desejo de ser mãe a acompanhou desde cedo, lembra o temor transformado em alegria com a notícia da primeira gravidez, compara o parto em casa e o feito no hospital e aponta diferenças na criação dos filhos (do banho à alimentação). Faz isso sem medo de se revelar e sem omitir dúvidas e certezas do processo.
Da mesma forma, a relação com a comida pontua as páginas de “Bela maternidade”. Está tanto na seleção de receitas – bolo de arroz com castanhas e coco, mousse de chocolate com chia e mingau de aveia com calda de morango, entre elas – quanto no percurso vivido até alcançar o equilíbrio alimentar. Nesse sentido, a gravidez da primogênita Flor, quando Bela tinha 20 anos, estabeleceu um ponto de virada irreversível.
Ela nos conta: “Fui observando meu corpo e percebendo o que mais o alegrava e o que mais o entristecia. Percebi que ele gosta daquilo que é mais fresco, natural, verdadeiro e, principalmente, que tudo precisa vir na medida certa. Aos poucos, deixei de lado o consumo frequente de alimentos cheios de pozinhos artificiais, gorduras hidrogenadas, bebidas açucaradas, açúcar e farinha brancos e carne vermelha. Qualquer coisa em excesso me fazia mal. Minha vida e minha relação com a comida, com o próximo e com o meio ambiente mudaram”.
Sim, você pode substituir ansiedade por autoconsciência.
Há muitas histórias em “Bela maternidade” que reforçam o lugar de fala que a chef e apresentadora ocupa. O amor pelos filhos está em cada frase construída e é tão evidente quanto a preocupação em oferecer a eles uma experiência de mundo mais acolhedora e acessível ao que é natural e sustentável. Abaixo, você confere cinco passagens do livro, com dicas e opiniões relacionadas à maternidade. Que seja mesmo bela!
Comida para fertilização
“Um casal que está querendo engravidar deve priorizar uma alimentação variada e caprichar no consumo de nutrientes que aumentam a qualidade dos óvulos e dos espermatozoides, pois, quanto melhor a qualidade deles, maiores as chances de fertilização e concepção. Ao mesmo tempo, é interessante diminuir o consumo de comidas que possam prejudicar a fertilidade: gorduras trans (encontrados em alimentos processados), álcool e açúcares (que causam inflamação), e cafeína (associada a perdas gestacionais)”.
Parto natural
“Nos oito anos entre a gravidez da Flor e a do Nino, algumas amigas tiveram filho em casa, conheci algumas parteiras, li alguns livros e assisti a documentários e reportagens que afloraram em mim a vontade de experimentar algo diferente do convencional na minha segunda gestação. Esses relatos, filmes e livros despertaram em mim o desejo de ter um parto natural sem intervenções nem medicamentos, sob o comando da natureza. Aprendi o valor de um parto natural para a mãe e para o bebê, não só em termos de saúde, mas como vivência, como um ato sublime do ser humano. Na gestação do Nino, busquei informações sobre a ciência e a fisiologia do parto e resolvi ser a protagonista daquele meu momento, não somente me entregar nas mãos da minha querida obstetra. Aprimorei a minha visão em relação à maternidade e tudo o que vem com ela”.
A decisão da mulher
“Meu objetivo com esse texto não é ‘converter’ ninguém, mas simplesmente passar a seguinte mensagem: quem manda no nosso corpo somos nós. Podemos e devemos escolher o tipo de parto que combina com nossos valores e desejos. Vale a pena lutar e correr atrás de uma experiência que será única na nossa vida. É claro que precisamos estar atentas e abertas a eventuais complicações e mudanças de planos. Afinal, todas nós queremos preservar a nossa saúde e a saúde de nosso filho. Há momentos em que, por motivos financeiros, práticos ou de força maior, o ideal não está ao nosso alcance. E tudo bem. Mas o médico, o parceiro, a família ou quem quer que seja não pode, por meio do medo, influenciar a decisão da mulher com base em mitos e distorções”.
Dores na amamentação
“Logo na primeira semana, na descida do leite, meus seios incharam e endureceram. Não demorava muito para que os bicos ficassem sensíveis e até rachados. Era uma dor dilacerante! E não só durante as mamadas: quando eu tomava banho e a água do chuveiro batia nos meus seios, eu ia à lua e voltava. A forma que encontrei para lidar com isso foi, em primeiro lugar, dar uma folga aos bicos usando a combinação bomba e mamadeira enquanto acelerava a cicatrização das feridas (com sol, calor ou casca de mamão). Para o inchaço, voltei a usar folha de repolho bem gelada. Eu cortava as folhas e as deixava no congelador; só retirava na hora de usar. E o alívio era instantâneo . Compressa gelada gelada desinflama e ameniza o desconforto, mas também pode reduzir a produção de leite, então é bom não abusar se isso for uma preocupação. Evite ficar mais de 15 minutos com ela”.
Fralda descartável x fralda de pano
“Um pouco de matemática basta para ver como a fralda de pano pode representar uma boa economia. Uma fralda descartável custa em média 1 real, o que significa que, ao longo da vida, gastam-se cerca de 5 mil reais em fraldas que vão para o lixo. Uma fralda de pano moderna e de qualidade custa entre 40 a 60 reais. Calculo que 20 fraldas sejam o bastante para quem pretende lavar dia sim, dia não, então o enxoval inicial ficaria em torno de mil reais. A economia, portanto, é de 4 mil reais. Não é pouca coisa! (Sem contar que as fraldas de pano ainda podem ser revendidas ou usadas pelos próximos filhos)”.