Pôr as coisas em ordem ou restabelecer o equilíbrio. Os significados da palavra havaiana Ho’oponopono iluminam ações que nos levam a experimentar uma nova maneira de ser e estar no mundo, um mundo em que “eu te amo”, “sou grato” e “sinto muito” são ditos de forma verdadeira. É a percepção de que nosso interior […]
Pôr as coisas em ordem ou restabelecer o equilíbrio. Os significados da palavra havaiana Ho’oponopono iluminam ações que nos levam a experimentar uma nova maneira de ser e estar no mundo, um mundo em que “eu te amo”, “sou grato” e “sinto muito” são ditos de forma verdadeira. É a percepção de que nosso interior – o pensamento, especificamente – determina a realidade a nossa volta que sustenta as ideias em torno do Ho’oponopono – aos poucos, você vai conseguir pronunciar sem se embaralhar. Há algo poderoso nessa lógica: “Quando reconheço que sou plenamente responsável pelos meus pensamentos, posso começar a transformá-los”, ensina Maria-Elisa Hurtado-Graciet, autora de Ho’oponopono para todos os dias. A frase pode parecer subjetiva demais ou apontar algo inalcançável, mas não é bem assim. Vamos lá:
O equilíbrio está na verdade
A transformação da qual ela fala começa justamente pela consciência do estado de espírito no qual se vive. É preciso compreender as engrenagens dele para modificá-lo, melhorá-lo e lapidá-lo; deixar aos poucos de ser apenas levado pela correnteza e passar a ter consciência dos passos dados e, claro, a orientar esses passos. Como num processo de educação, a consciência sobre si promove o amadurecimento e renova o olhar também sobre o outro.
Ancorado na certeza de que “a verdadeira felicidade está dentro de nós”, o Ho’oponopono estimula descortinar os medos e sofrimentos aprisionados na memória, pois eles funcionam como uma sofisticada prisão. Quantas vezes você errou com medo de repetir um sofrimento do passado? E quantas vezes culpou o outro para justificar uma atitude drástica? Por isso, o primeiro passo do Ho’oponopono é entender que tudo começa dentro de nós. Consegue repetir? Tudo começa dentro de nós.
E o outro com isso?
A compreensão disso promove uma guinada e, por assim dizer, altera o sujeito do problema. Aquele dedo apontado para o outro está na verdade direcionado a você. O julgamento sobre o outro define a forma como você o enxerga e, consequentemente, como ele interage com você. “Como o exterior não passa do reflexo do que temos dentro de nós, sempre que eu tropeçar num problema ou dificuldade devo me perguntar o que, em meu interior, está criando o que vejo ou me fazendo ver as coisas do modo como as percebo”, explica Maria-Elisa Hurtado-Graciet.
A prática não elimina os problemas externos, mas transforma a maneira como você lida com eles. A autora entende que assumir a responsabilidade nos permite recuperar o poder. A noção de responsabilidade, aliás, é o subtexto fundamental da prática Ho’oponopono, porque ela retira o véu da ingenuidade que limita nossa visão e nos coloca como sujeitos ativos no mundo. Não somos mais vítimas impotentes.
Assim, assumir 100% da nossa responsabilidade é o segundo passo do caminho do Ho’oponopono. O equilíbrio está em viver sem ser vítima (criando carrascos para justificar o papel) nem salvador (ajudando a alimentar vítimas para serem salvas por você). Parece simples, mas viver com consciência expandida é uma arte delicada. O Ho’oponopono faz um convite à autonomia e à libertação. Agradecer, perdoar, amar e se desculpar – ações importantes relacionadas à prática – se tornam parte da rotina de quem é responsável e consciente.
“Todas as lembranças que não foram vividas a partir do amor e da aceitação total ficam bloqueadas em nosso subconsciente e continuam a se manifestar em nossa realidade sob a forma de problemas. Toda vez que surgem, elas nos oferecem uma nova oportunidade de transmutação em nosso interior, uma oportunidade de abrir a porta que fechamos, para que a luz e o amor voltem a entrar”, ressalta a autora.