Muitas das recentes discussões sobre a preservação do meio ambiente passam pela tentativa de diminuir o uso do plástico. Uma das grandes invenções da humanidade, ele também é um algoz feroz da natureza. Claro que a responsabilidade não é só do prático material, mas especialmente de quem o usa. A conversa toda sobre o plástico […]
Muitas das recentes discussões sobre a preservação do meio ambiente passam pela tentativa de diminuir o uso do plástico. Uma das grandes invenções da humanidade, ele também é um algoz feroz da natureza. Claro que a responsabilidade não é só do prático material, mas especialmente de quem o usa. A conversa toda sobre o plástico é sobre a gente e o planeta onde vivemos. Cá entre nós, a Terra já deu provas suficientes de que ela se manterá não importa quem viva nela, dinossauros ou humanos. Somos nós os estranhos e por aqui estamos há pouquíssimo tempo, embora já responsáveis por estragos tão visíveis quanto o plástico acumalado no estômago de uma baleia ou na margem de um rio ou nas areias de Copacabana após mais uma virada de ano.
O plástico se converteu num problema e perguntar “O que se pode fazer a respeito?” é um bom ponto de partida, mas não suficiente para sanar o problema. A boa notícia é que existem inúmeras ações capazes de diminuir o impacto do uso do plástico no meio ambiente. Recém-lançado pela Sextante, Chega de Plástico traz 101 maneiras (!!!) de se livrar dele. Certamente há sugestões que jamais passaram pela sua cabeça. Algumas talvez sejam mais difíceis de serem praticadas ou talvez não lhe digam respeito diretamente, mas é importante sublinhar que motivos não faltam para tornar ainda mais urgente a conversa sobre ele, o plástico, e sobre nós. Queremos um mundo de plástico?
Logo no início, o livro informa: “uma sacola plástica é utilizada, em média, durante 15 minutos, mas ainda estará no planeta por um período que pode variar entre 100 e 300 anos”. Quantas vidas cabem em 300 anos? Há números importantes nessa conversa toda, mas talvez o mais impactante seja mesmo os 51 trilhões. Já pensou o que esses números representam? Pois essa é a quantidade absurda de partículas microscópicas de plástico que existe nos oceanos hoje em dia. Segundo especialistas, 99% das aves marinhas terão plástico dentro do estômago até 2050. Se mantivermos o ritmo e o comportamento desenfreado, as previsões certamente serão ainda mais tenebrosas.
“Chega de plástico” nos lembra que existe um movimento global de conscientização, com resultados importantes alcançados. A França proibiu o uso de copos, pratos e talheres de plástico em 2016; países como Taiwan baniram o uso de plástico descartável; no Rio de Janeiro, desde 2018, é proibido canudos plásticos em quiosques, bares e restaurantes – e isso fez com que estabelecimentos elaborassem alternativas e daí vieram canudos de bambu, vidro, metal e até alguns modelos comestíveis. É esse o caminho. Cientistas trabalham a fim de encontrar um material similar, embora ecologicamente sustentável. A causa não poderia ser mais justa.
O assunto é dominante e está inserido num contexto global que, embora com certo atraso, clama por mudanças. De um lado, notícias corriqueiras e tristes de tartarugas (e outros animais) mortas após ingerir plástico. Até quando? De outro, o progresso dá sinais de resiliência, como a decisão da União Europeia de banir o plástico descartável e a criação de uma sacola feita de amido de mandioca. Até que enfim! A esperança não deve ser descartada. Enquanto isso, as pequenas ações do dia a dia são determinantes para um futuro com menos plástico e menos morte decorrente do plástico. É isso que “Chega de Plástico” ensina.
O livro reúne 101 dicas e aqui você conhece cinco delas. É ler e praticar:
1) Escolha frutas, legumes e verduras não embalados
Não compre aquela embalagem de dois abacates, três pimentões ou brocólis envolvido em filme plástico. Evite sobretudo aquelas frutas já cortadas que são vendidas embrulhadas em duas camadas de filme plástico no supermercado. Em vez disso, sempre compre vegetais que não venham embalados e, se puder, faça as compras em lugares que não utilizam rótulos adesivos.
2) Diga “não” aos canudos
Muitas cidades já estão fazendo isso por você, mas, caso more num lugar onde supermercados, restaurantes, bares etc. ainda oferecem o canudo de plástico, apenas diga “não”. Se você não abre mão de beber com canudo ou precisa utilizá-lo por alguma necessidade, pode comprar um só seu, feito de metal ou de vidro, que venha com escovinha para limpeza, e levá-lo para onde for”.
3) Troque de escovas de dentes
Quando precisar de uma escova de dentes nova, procure na internet as que são feitas de bambu – elas têm o mesmo preço das de plástico e não são comercializadas em embalagens plásticas (isso vale para a maioria das marcas, mas confira antes de comprar). Além disso, procure saber qual é o material das cerdas e confirme também se são biodegradáveis e livres de plástico.
4) Fraldas reutilizáveis
Essa dica não é para os fracos. Você vai lavar muitas fraldas (o que, claro, tem seu efeito no meio ambiente). Porém, estima-se que, nos dois primeiros anos de vida, um bebê use mais de 5 mil fraldas descartáveis. Além do impacto ambiental, uma pesquisa mostra que o impacto na conta bancária também é alto, e esse dinheiro poderia ser usado para comprar brinquedos (livres de plástico) ou fazer passeios com o filho. E o fato é que as fraldas reutilizáveis ou ecológicas, evoluíram muito desde a época dos nossos avós. Para ver as dicas de outros pais com relação a essas fraldas, pesquise blogs e vídeos sobre o assunto.
5) Glitter ecológico
Foi muito triste quando os foliões descobriram que aquelas coisinhas brilhantes minúsculas que estavam colando no rosto e no corpo todo eram, na verdade, pedacinhos de plástico. Aliás, o mesmo vale para a purpurina que você usava nas aulas de artes na escola. Mas, felizmente, hoje em dia já existe purpurina biodegradável, que pode ser encontrada em lojas virtuais e físicas.