Livros para compartilhar lembranças, “Vô, me conta a sua história?” e “Pai, me conta a sua história?” são sugestões da Sextante para comemorar o Dia dos Avós (26 de julho) e o Dia dos Pais (em agosto)
O mundo masculino eventualmente rechaça abordagens mais emocionais. O estereótipo das famílias coloca as mulheres (mães e avós, especialmente) no lugar do afeto e da sensibilidade enquanto os homens (pais e avôs), no da força e da segurança. Essas caixinhas, contudo, não existem para além de um conceito frágil, cada vez mais posto à prova nos dias de hoje.
Ainda assim, a despeito da história pessoal que o motiva, parece natural que Elma Van Vliet tenha criado primeiro o “Mãe, me conta a sua história?”, publicado em 2004, com milhões de exemplares vendidos e traduções em mais de 16 línguas. Afinal, a mãe é o princípio do mundo e a data comercial que a celebra – em maio – é uma das mais lucrativas, ao menos aqui no Brasil. Os pais quase sempre são preteridos e é corriqueiro sugestões de presentes mais sóbrios (o senso comum os brinda com itens esportivos e tecnológicos), sem o aceno à lembrança que o projeto Tesouros de Família faz. Assim, “Pai, me conta a sua história?” e “Vô, me conta a sua história?”, mais que desdobramentos de um sucesso anunciado, já se destacam por possibilitarem uma aproximação mais doce com essas figuras. Pai e avô são também fios inesgotáveis de reminiscências.
“Escrevi quando minha mãe ficou doente. Naquele momento, percebi quantas perguntas eu ainda tinha a lhe fazer. Perguntas sobre quem ela havia sido no passado e também sobre os sonhos que ela alimentou ao longo da vida”, explica a escritora holandesa sobre o primeiro livro. A lógica da descoberta de uma vida permanece nos títulos seguintes, todos guiados pela consciência da beleza que é o tempo vivido e da troca que ele possibilita. “Eu quero lembrar às pessoas o que realmente importa na vida. O que conta de verdade”.
Se seu pai ou avô fazem o tipo mais cerebral, esses livros certamente podem ajudar a quebrar a casca.
Que lembranças você guarda de quando era criança? Quais eram as suas brincadeiras favoritas? Há coisas que ainda gostaria de aprender? Que pessoas são fontes de inspiração para você? O que faz você morrer de rir? O que ajuda você a seguir em frente nos momentos difíceis? Que momentos você gostaria de reviver ao meu lado? Que sonhos você tem para mim? São interrogações carinhosas, com variações a cada livro, e sempre especiais fontes de inspiração.
Viagem no tempo
As perguntas foram criadas a partir de conversas da escritora com avôs e netos e pais e filhos. Elas são um gatilho para conduzir essa viagem no tempo e permitem uma conexão mais profunda entre os familiares. A proposta é que o livro, uma verdadeira trança de memórias, seja devolvido à pessoa que deu o presente. É uma exceção à regra, admite Van Vliet, mas que faz todo o sentido se o objeto é compreendido como de fato ele é: uma herança afetiva, uma extensão de recordações agora não mais preservadas apenas em quem as viveu. Nesse sentido, compartilhar é também uma declaração de amor. E aqui também uma atividade de relaxamento.
Sim, nada de estresse com as histórias dos pais e avôs. A ideia é que esse preenchimento seja feito com calma, sem a preocupação com estilo do texto ou ortografia. Há, inclusive, um espaço dedicado a fotos e até mesmo a desenhos, tornando esse livro um álbum de imagens e palavras.
A disponibilidade em experimentá-lo e o registro são os passos mais importantes, o princípio de algo ainda mais potente. “Com tudo que está acontecendo, quero que as pessoas percebam que a coisa mais valiosa que se pode dar é a sua atenção”, frisa a criadora, que complementa: “Espero que preencher estas páginas inspire conversas sobre episódios divertidos da sua vida, mas também sobre questões mais profundas e importantes”. Sem pressa. Leve o tempo que precisar e leve o tempo com você.
Se gostou do projeto Tesouros de Família, fique de olho em algumas datas que se aproximam e que podem ser lembrados com os livros: dia 26 de julho é o Dia dos Avós; já no segundo domingo de agosto, o Dia dos Pais. Além dos títulos citados, Van Vliet também criou o “Vó, me conta a sua história?”.