O mercado editorial é um negócio. Escrever pode ser uma arte, mas publicar é um negócio. Tenha isso em mente.
O mercado editorial é um negócio. Escrever pode ser uma arte, mas publicar é um negócio. Tenha isso em mente. Digo isso porque recebo um volume muito grande de correspondências de autores não publicados que acreditam que “ter uma boa história para contar” é o suficiente para ter sucesso garantido.
Não é. Detesto ter que dizer isso, e gostaria que não fosse verdade, mas não é. Alguns dos melhores romances que já li nunca chegaram às listas de mais vendidos, e sumiram com o tempo. Por outro lado, livros mal escritos se tornaram best-sellers. Escrever um grande romance é a coisa mais importante para ter sucesso, mas hoje em dia pode não ser suficiente.
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Porque o mercado editorial é cada vez mais um negócio, é difícil chegar ao topo. Editores estão cada vez menos inclinados a correr grandes riscos no processo de fazer um autor crescer. Eles querem um livro que venda, e logo. Se eles acharem que o seu livro não vai vender, provavelmente não vão querer arriscar. Por quê? Uma das principais razões é porque os autores em geral se tornaram mais prolíficos. F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway e William Faulkner publicaram, juntos, menos livros do que os principais best-sellers contemporâneos (Nora Roberts, Stephen King, Danielle Steel, etc.)
Por que isso é importante? Suponha que uma pessoa leia cerca de oito livros em um ano. É grande a probabilidade de que essa pessoa tenha uma lista de autores contemporâneos favoritos. Além deles, existe um “segundo grupo” de autores que essa pessoa lê de vez em quando. E por fim, os autores de quem essa pessoa ouviu falar ao longo dos anos e que pode querer dar uma chance, se a oportunidade se apresentar (por exemplo, numa livraria de aeroporto). Só aí já chegamos a oito livros. Então, por que arriscar alguém novo?
Com isso em mente, como escritor, você precisa entender fatores importantes para os editores que tomam a decisão de contratar ou não o seu livro: Qual é o gênero? Que outros livros semelhantes ao seu fizeram sucesso? Por que o seu é melhor? Qual é o público para o seu livro? Como fazer com que esse público fique sabendo? E mais importante, os leitores recomendarão o seu livro? É importante entender como esse negócio funciona, e quanto mais conhecimento você obtiver, melhor. Leia livros sobre escrita e publicação. Quanto mais você pensar no assunto não apenas como arte, mas como negócio, maiores as suas chances de sucesso.
A maioria dos autores não publicados que me escrevem pedindo ajuda foca neste primeiro passo, e eu entendo perfeitamente o paradoxo: agentes querem autores que já foram publicados antes, mas como alguém vai conseguir ser publicado sem um agente? Embora seja difícil, acontece o tempo todo. Todos os autores de sucesso já estiveram no mesmo barco em que você se encontra agora, mas acharam um caminho. É difícil conseguir um agente, mas é importante entender que, dos três passos citados acima, este primeiro é o mais fácil.
Agentes agem como um sistema de “filtragem” para os editores. Para cada manuscrito enviado a uma editora, milhares de outros foram examinados por agentes. Os agentes estão sempre em busca de originais bem escritos. Se você não consegue encontrar alguém para representar seu manuscrito, não culpe os agentes. Pode ser que a rejeição tenha sido causada pela carta de apresentação, pelo gênero, ou até mesmo pelo próprio manuscrito, e isso pode ser um sinal para que você tente algo novo, seja editando e melhorando seu livro, seja escrevendo um novo manuscrito. Eu já tinha dois romances não publicados e não representados, e mais um quase pronto, quando escrevi Diário de uma paixão. Stephen King tinha cinco.
Admito que não é fácil encontrar um agente, mas tornar-se bem-sucedido em qualquer coisa requer perseverança. Se você não for capaz de perseverar nesse primeiro passo, que é o mais fácil, como irá reagir quando surgirem as etapas mais difíceis do processo? Você acha que ficará mais feliz quando encontrar um agente, mas ele não conseguir vender o seu livro para nenhuma editora? Ou se conseguir publicar o livro, mas ele for um fracasso de vendas?
Sobre este ponto, na maior parte das vezes o autor não tem muita escolha. Se houver opção, é importante não apenas gostar do editor com quem irá trabalhar, mas também encontrar alguém que realmente acredite, com paixão, no seu trabalho. Às vezes, isso significa aceitar uma proposta financeira menor. Uma escolha difícil, mas via de regra, é a decisão certa, porque a paixão é contagiante, e pode significar que aquele editor está disposto a arriscar mais na promoção do seu trabalho.
Este é, de longe, o mais difícil dos três passos. Basta entrar numa livraria e olhar as mesas e prateleiras. Milhares, às vezes dezenas de milhares de livros estarão competindo com o seu, e a vitrine da loja é dominada por autores consagrados.
Hoje em dia, parece que só existem três formas de um autor entrar na lista de mais vendidos com seu primeiro livro: 1. Aparecer num programa popular de TV; 2. Receber críticas excepcionais, despertando o interesse da mídia; 3. Escrever um livro que tenha sucesso no boca-a-boca, ou seja, um livro bem escrito que as pessoas leem, gostam e recomendam aos amigos.
Isso não significa que você não possa ter sucesso com um livro posterior. Com o tempo, um trabalho de qualidade encontra o seu público. No fim das contas, os leitores sempre têm o poder da escolha.
Escreva o melhor livro que você puder. Certifique-se de que ele seja original, tenha um enredo empolgante, que o estilo literário seja ótimo, e que os personagens e ambientações sejam interessantes. Não envie o material se ele precisar de mais ajustes, ou se estiver cru, ou se ainda não estiver totalmente acabado. Edite, edite, edite. Você tem menos de 1% de chance de conseguir um agente (baseado no número de consultas que um agente recebe, em média), portanto enviar um livro que não é o seu melhor trabalho é bobagem e só demonstra preguiça da sua parte. (Não preciso nem dizer que seu original deve estar corretamente revisado, ter páginas numeradas e pontuação correta.)
Embora você possa pensar que escreve melhor do que os autores “medalhões” que existem por aí (e talvez você escreva melhor, mesmo), lembre-se de que não está competindo com eles. Eles já têm um público fiel e vendas garantidas. E uma vez que o mercado editorial é um negócio – sim, vou repetir – sua única esperança é oferecer o melhor trabalho possível, quando comparado a outros aspirantes a autor, que também consideram o próprio trabalho muito bom (e, de novo, os livros deles podem ser ótimos mesmo).
Em seguida, faça uma pesquisa em livros e sites. Quanto mais tempo dedicar a isso, melhor.
Siga as instruções que cada agência determina. Ignorar o método que cada um elege como seu preferido para receber originais é se arriscar.
Este é o último passo para encontrar um agente, uma vez que a maioria dos agentes nem aceita manuscritos não solicitados. Eles preferem receber apenas a carta de apresentação, e se gostarem do livro descrito na carta, pedirão para ver seu manuscrito (parcial ou total).
Acima de tudo, uma carta de apresentação é um discurso de venda, e é o texto mais importante que um autor não publicado escreverá. É a primeira impressão, que vai abrir ou fechar portas. É realmente importante, portanto dedique muita atenção. A minha carta de apresentação teve 17 versões de rascunho, e levou duas semanas para ser escrita.
Uma boa carta de apresentação segue algumas regras. Primeiro, não deve ser maior que uma página. Deve incluir seu nome e seus contatos. Deve ser destinada a um agente específico, não a uma agência. E deve ter todas as informações de que um agente pode precisar para decidir se deve ou não ler o seu manuscrito. Essas informações incluem: