A história da menina sueca que, com o lema “ninguém é pequeno demais para fazer a diferença”, virou um fenômeno mundial
Há pouco mais de dois anos, poucas pessoas conheciam Greta Thunberg, a jovem sueca de 16 anos que chamou a atenção de todo o mundo com seu ativismo pela preservação do meio ambiente. No fim do verão europeu de 2018, a adolescente com rosto de menina, longas tranças castanhas e olhar penetrante iniciou um protesto solitário contra a indiferença mundial em relação às mudanças climáticas do planeta. Ela passou a sentar-se diante do Riksdag, o Parlamento sueco, em vez de ir à escola como forma de protesto, dando início ao movimento que se tornou conhecido como Skolstrejk för Klimatet (greve escolar pelo clima).
Pouco a pouco, mais e mais pessoas se juntavam a ela em frente ao Parlamento, e a iniciativa logo ganhou uma dimensão global, viralizando na internet e atraindo os holofotes da mídia internacional para o discurso de Greta. Em pouco tempo, a ativista tornou-se um fenômeno global e uma das vozes da atualidade de maior repercussão, propagando sua mensagem potente sobre a urgência da crise ambiental e o imenso desafio para as próximas gerações em manter as condições de vida no planeta.
Seu grito de alerta chamou a atenção de líderes como o ex-presidente norte-americano Barack Obama e o astro de Hollywood Leonardo DiCaprio. Ainda hoje, todas as sextas-feiras, Greta faz greve escolar para pressionar os políticos a tomarem decisões que possam conter as mudanças climáticas em curso.
A perseverança da jovem sueca inspirou Valentina Camerini, autora italiana de livros para o púbico infantojuvenil, a escrever A história de Greta: a biografia não oficial de Greta Thunberg. Voltada para o jovem leitor e acompanhada por belas ilustrações, a obra narra a trajetória da personagem, uma menina tímida diagnosticada aos 11 anos com síndrome de Asperger, que, com o lema “Ninguém é pequeno demais para fazer a diferença”, despertou entre milhões de pessoas a consciência de que as utopias são possíveis. A mensagem de Greta lembra a todos que os indivíduos – os jovens em especial – podem ser o motor de mudanças na sociedade.
Além de narrar com uma linguagem direta e concisa a jornada da ativista, as singularidades de sua personalidade retraída, o diagnóstico da síndrome de Asperger e o despertar de sua consciência, a autora reúne nos capítulos finais do livro informações didáticas sobre o aquecimento global. Neles, ela explica as principais causas das mudanças climáticas na Terra, orienta as principais mudanças de hábitos capazes de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 11 tópicos e inclui ainda um glossário do meio ambiente e uma cronologia reconstituindo marcos históricos do avanço da poluição humana e, consequentemente, do aumento da temperatura na Terra.
Uma cronologia do aquecimento global: Datas históricas marcantes da poluição humana
1765 – O engenheiro escocês James Watt aperfeiçoa a máquina a vapor, possibilitando assim transformar o vapor de água em movimento. Essa invenção é fundamental para a Revolução Industrial. E com ela começam os problemas da poluição ambiental.
1824 – O físico Jean-Baptiste Joseph Fourier descobre a existência de uma camada de gases acima de nós capaz de reter o calor do sol.
1883 – As primeiras fábricas de automóveis são fundadas em países europeus. Ainda grandes e lentos, é difícil imaginar nessa época quantos veículos haveria pelas ruas em menos de um século depois, liberando dióxido de carbono na atmosfera.
1952 – Em dezembro daquele ano, Londres enfrenta os resultados catastróficos da poluição fora de controle. O ar se torna pesado, cinzento e a neblina de fumaça toma conta da cidade. As consequências na saúde são gravíssimas. Pela primeira vez, os ingleses percebem as consequências da poluição atmosférica.
1972 – O primeiro partido político, cuja principal bandeira é a proteção do meio ambiente, surge na Tasmânia, na Austrália.
1973 – Inspirados na iniciativa australiana, os ingleses copiam a ideia de um partido político “verde”, dando início ao PEOPLE Party.
1979 – Diante de evidências científicas das mudanças climáticas já em curso, políticos organizam a primeira conferência mundial para discutir o assunto.
1997 – Os representantes de vários países se encontram em Kyoto, no Japão, para discutir os problemas ambientais. O resultado é a assinatura de um acordo no qual os países se comprometem a reduzir a poluição lançada na atmosfera.
2015 – Depois de longas discussões sobre os problemas climáticos, os representantes de diversos países se reúnem em Paris para enfrentar a emergência climática. Comprometem-se a manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2ºC.
2018 – Em 20 de agosto, Greta Thunberg decide não ir à escola para protestar diante do Parlamento sueco.