Introdução
Obrigado pelo seu interesse por este livro que, acreditamos, vai servir de guia experimental para um processo de cura na sua vida. Todos somos impactados e feridos pelas doenças, pelas disfunções e pela destruição deste mundo deteriorado. Todos precisamos de cura e recuperação. Cada movimento intencional em direção à integridade está conectado aos relacionamentos, à amizade espiritual e à descoberta da beleza que Deus criou dentro de você, dentro da sua humanidade e dentro da sua comunidade.
Este guia tem o intuito de ajudá-lo a vivenciar a presença da trindade divina, não em alguma catedral ou dentro de muralhas que você mesmo tenha construído, mas na “cabana” da sua dor mais profunda. É aí que você vai ser confrontado com a verdade relacional de quem é Deus e de quem você é, e vai encontrar conforto nela. É aí que você vai encontrar o caminho, em meio à graça e à verdade, para penetrar numa vida repleta de associações saudáveis. Nós o convidamos a trocar o isolamento da autoproteção pela solidão doadora de vida e pela abertura para a comunidade que conduzirão você a um festival de amigos.
Pode-se usar este guia de várias maneiras. Você pode utilizá-lo para sua cura pessoal, para orientação num pequeno grupo do tipo círculo de leitura ou até durante um fim de semana
de retiro. A numeração e o título dos capítulos são idênticos aos de A cabana; assim, você poderá percorrer cada um deles com o auxílio do guia.
Muitas das questões tratadas são pessoais; portanto, se for utilizar este guia em grupo ou durante um retiro, pratique o cuidado com o outro. A cortesia e o respeito mútuo são os alicerces de uma convivência saudável. Um pequeno grupo deve ser mais seguro para todos os participantes. Devemos respeitar a confidencialidade de quem compartilha suas experiências, pois elas podem ser de natureza altamente sensível e, por vezes, controversa. A intimidade de um grupo reduzido não é um antro de fofocas, mas um convite para participarmos de uma comunidade autêntica. Um pequeno grupo não é um espaço para dizer aos outros o que eles deveriam ter feito, dito ou pensado, nem para tentar impor alguma opinião. Assuma o compromisso de se ouvirem mutuamente, esteja aberto a todas as perspectivas e manifeste em relação aos outros a graça que você mesmo gostaria de receber.
Lembre-se de que você ou um membro do grupo pode estar carregando uma Grande Tristeza causada por algum sério trauma ou perda que tenha ocorrido em sua “cabana”. Como autores deste guia, nós, mas acima de tudo Papai, o convidamos a se unir a Ele numa jornada de cura através de A cabana.
“Já faz um tempo. Senti sua falta.
Estarei na cabana no fim de semana que vem,
se você quiser me encontrar.”
– Papai
Prefácio
Relacionamentos que ferem e que curam
Acho que, assim como a maior parte das nossas feridas tem origem em nossos relacionamentos, o mesmo acontece com as curas.
1. Acreditando ou não em Deus, reflita por um instante sobre como seria passar um fim de semana cara a cara com Deus.
2. Como é “passar um tempo” com um amigo?
3. Será que ia ser a mesma coisa? Será que ia ser diferente?
Durante quase dois dias, amarrado ao grande carvalho nos fundos da casa, Mack foi castigado com um cinto e com versículos da Bíblia todas as vezes que o pai acordava de sua bebedeira e largava a garrafa.
4. Escreva suas reflexões sobre este trecho e as experiências pelas quais Mack passou na infância.
Neste mundo de faladores, Mack é pensador e fazedor. Não diz muita coisa, a não ser que alguém pergunte, o que pouca gente faz. Quando fala, dá a impressão de ser uma espécie de alienígena que vê a paisagem das ideias e experiências humanas de modo diferente de todas as outras pessoas.
O que acontece é que as coisas que ele diz causam um certo desconforto em um mundo onde a maioria das pessoas prefere escutar o que está acostumada a ouvir, o que frequentemente não é grande coisa. Os que o conhecem geralmente gostam muito de Mack, desde que ele mantenha guardados seus pensamentos. Porque as coisas que Mack diz nem sempre deixam as pessoas muito satisfeitas com elas mesmas.
Uma vez Mack me contou que quando era jovem costumava se abrir com mais liberdade, mas admitiu que a maior parte dessas conversas era um mecanismo de sobrevivência para encobrir suas feridas. Frequentemente acabava derramando a dor sobre quem estivesse por perto. Disse que tinha prazer em apontar as falhas das pessoas e humilhá-las para manter seu sentimento de falso poder e controle. Nada muito elogiável.
5. Reflita sobre quem é Mack. Como ele lida com as situações? Como isso foi se modificando ao longo do tempo?
Mack está casado com Nan há pouco mais de 33 anos – na maior parte do tempo, eles são felizes. Diz que ela salvou sua vida e que pagou um preço alto por isso. Por algum motivo que não dá para compreender, Nan parece amá-lo agora mais
do que nunca, apesar de eu ter a sensação de que ele a magoou de algum modo terrível nos primeiros anos. Acho que, assim como a maior parte das nossas feridas tem origem em nossos relacionamentos, o mesmo acontece com as curas, e sei que quem olha de fora não percebe essa bênção.
6. De onde vem a maior parte das nossas feridas e da nossa cura? Reflita sobre isso.
E, a respeito de Deus, Mack não é mais simplesmente amplo. Ficou muito profundo. Mas o mergulho custou caro.
Os dias de hoje são muito diferentes de cerca de sete anos atrás, quando a Grande Tristeza entrou em sua vida e ele quase parou de falar.
7. A sua relação com Deus é ampla, profunda, ambas as coisas ou nenhuma delas?
Reflita acerca da Grande Tristeza.
Você conhece o lugar: é onde você está sozinho – e talvez com Deus, se acredita Nele. É claro que Deus pode estar lá, mesmo que você não acredite. Isso seria bem o jeito de Deus. Não é à toa que ele é chamado de o Grande Intrometido.
8. Reflita sobre o seu mundo interior, “o lugar: é onde você está sozinho – e talvez com Deus”.
A história que você vai ler é resultado de uma luta minha e do Mack, que durou muitos meses, para colocar em palavras o que ele viveu. Tem um lado um pouco… digamos, muito fantástico. Não vou julgar se algumas partes são verdadeiras ou não. Prefiro dizer que, mesmo que certas coisas não possam ser cientificamente provadas, talvez sejam verdadeiras. Mas preciso afirmar honestamente que fazer parte desta história me afetou de modo profundo, desvendando detalhes meus que eu desconhecia. Confesso que desejo desesperadamente que tudo o que Mack me contou seja verdade. Na maioria das vezes eu me sinto próximo dele, mas em outras – quando o mundo visível de concreto e computadores parece ser o mundo real – perco o contato e tenho dúvidas.
9. Reflita sobre a verdade e o mundo real.