Prefácio
A história que se segue é verdadeira.
Todo esforço foi feito para retratar os fatos exatamente como ocorreram e para registrar com o máximo de precisão as reações dos homens que os viveram.
Para isso, uma enorme quantidade de material foi generosamente posta à minha disposição, sobretudo os diários extremamente detalhados de quase todos os membros da expedição que mantinham diários. É incrível como esses materiais são completos, levando-se em consideração as condições em que foram escritos. Na verdade, eles contêm uma quantidade muito maior de informações do que eu poderia incluir neste livro.
Esses registros são uma variedade maravilhosamente estranha de documentos, manchados com a fuligem de óleo de gordura animal, enrugados por terem ficado encharcados e depois sido postos para secar. Alguns foram escritos em livros de contabilidade numa letra devidamente grande. Outros em cadernos bem pequenos numa caligrafia diminuta. Em todos os casos, porém, foram conservadas no original a linguagem, a grafia e a pontuação utilizadas por seus autores.
Além de colocarem esses diários à minha disposição, quase todos os membros sobreviventes da expedição submeteram-se a longas horas, até mesmo dias, de entrevistas, com uma cortesia e uma cooperação pelas quais meu reconhecimento e minha gratidão não chegam a ser um pagamento adequado. A mesma boa vontade paciente marcou as inúmeras cartas em que esses homens responderam às muitas perguntas que surgiram.
Assim, muitos participantes dessa aventura espantosa colaboraram comigo, com extrema gentileza e um notável grau de objetividade, para recriar nas páginas que se seguem o retrato mais fiel possível dos fatos que, coletivamente, seríamos capazes de produzir. Sinto-me profundamente orgulhoso por nossa interação.
No entanto, eles não têm qualquer responsabilidade pelo texto que se segue. Se quaisquer imprecisões ou interpretações incorretas tiverem se insinuado na narrativa, são minhas e não devem ser de modo algum atribuídas aos homens que participaram da expedição.
Os nomes dessas pessoas que ajudaram a tornar este livro possível aparecem no final do livro.
Alfred Lansing
PARTE I
A ordem de abandonar o navio foi dada às cinco da tarde. Para a maioria dos homens, porém, a ordem era desnecessária, porque àquela altura todos sabiam que o navio estava condenado e que já era hora de desistir de tentar salvá-lo. Não houve nenhuma demonstração de medo nem de apreensão. Lutaram incessantemente por três dias e haviam sido batidos. Aceitaram sua derrota quase apáticos. Estavam simplesmente cansados demais para se incomodar.
Frank Wild, subcomandante da expedição, avançou pelo convés inclinado até os alojamentos da tripulação. Lá, dois marinheiros, Walter How e William Bakewell, estavam deitados nas camas inferiores dos beliches. Os dois estavam esgotados depois de passar cerca de três dias nas bombas; ainda assim, não conseguiam dormir, por causa dos sons que o navio fazia. Ele estava sendo esmagado. Não instantaneamente, mas devagar, aos poucos. A pressão de dez milhões de toneladas de gelo vinha apertando seus costados, e, moribundo, o navio gritava de agonia. Seu cavername e seu tabuado, suas vigas imensas, muitas delas com quase 30 centímetros de espessura, urravam à medida que aumentava a pressão mortífera. E, quando não aguentavam mais o esforço, partiam-se com um estrondo de peças de artilharia.
A maioria das vigas transversais do castelo de proa já fora destruída no início do dia. O convés ficara numa posição inclinada e mudava lentamente de posição, subindo e descendo, à medida que a pressão aumentava ou diminuía.
Wild enfiou a cabeça no alojamento da tripulação e disse em voz baixa:
– Está acabado, rapazes. Acho que está na hora de desembarcar.
How e Bakewell se levantaram de suas camas, pegaram as duas fronhas em que haviam guardado alguns pertences pessoais e saíram para o convés acompanhando Wild.
Depois, Wild desceu até a pequena sala de máquinas. Kerr, o segundo-maquinista, estava de pé junto à escada, esperando. Com ele, Rickenson, o maquinista-chefe. Estavam lá havia quase 72 horas, mantendo as caldeiras acesas a fim de produzir vapor para operar as bombas da casa das máquinas. Durante aquele tempo, embora não tivessem condições de ver com os próprios olhos o gelo em movimento, de qualquer forma percebiam o que o gelo estava fazendo com o navio. Periodicamente, os lados do casco – embora tivessem 60 centímetros de espessura em quase toda a extensão – sofriam um abaulamento de até 15 centímetros para dentro por efeito da pressão. Ao mesmo tempo, as placas de aço do piso se entrechocavam, rangendo, enquanto suas bordas faziam força umas contra as outras, subindo juntas, e de repente soltavam-se com um forte estalo metálico, ficando encavaladas.
Wild não perdeu muito tempo.
– Podem deixar o fogo apagar – disse. – Está acabado. Kerr fez um ar de alívio.
Wild dirigiu-se à popa, para o compartimento do eixo da hélice. Lá, McNeish, o velho carpinteiro de bordo, e McLeod, um marinheiro, estavam ocupados calafetando, com pedaços de cobertor, uma câmara estanque que McNeish construíra na véspera. Fora improvisada numa tentativa de conter o fluxo de água que entrava no navio pelos pontos onde o leme e o cadaste da popa haviam sido arrancados pelo gelo. Mas a água já tinha quase chegado à altura das placas de metal do piso, vinha subindo mais depressa do que a câmara estanque conseguia contê-la e mais depressa do que as bombas conseguiam esgotá-la. Sempre que a pressão cedia por um instante, ouvia-se o som da água correndo e enchendo o porão.
Wild fez um sinal para os dois homens, dizendo-lhes que desistissem.
Depois subiu a escada de volta para o convés principal.
Clark, Hussey, James e Wordie estavam nas bombas, mas haviam abandonado a tarefa por conta própria, percebendo a inutilidade do que faziam. Estavam sentados em caixas de mantimentos no convés e se apoiavam na amurada. O rosto deles denunciava o cansaço extremo depois de três dias de trabalho incessante nas bombas.
Mais à frente, os condutores das juntas de cães de trenó haviam prendido um grande pedaço de lona à amurada de bombordo, formando uma espécie de escorregador que descia até o gelo. Tiraram os 49 huskies do canil e fizeram cada um deles deslizar pela lona; outros homens os esperavam embaixo. Geralmente, uma atividade desse tipo teria deixado os cães enlouquecidos de nervosismo e excitação, mas de alguma forma eles pareceram perceber que alguma coisa extraordinária estava acontecendo. Não houve uma briga sequer entre toda a matilha e nenhum deles tentou fugir.
Era, talvez, a atitude dos homens. Trabalhavam com uma urgência deliberada, mal falando entre si. No entanto, não havia qualquer manifestação de alarme. Na verdade, além do movimento do gelo e dos sons produzidos pelo navio, a cena era de relativa calma. A temperatura era de 22,5 graus abaixo de zero e soprava um vento leve do sul. No alto, o céu crepuscular estava sem nuvens.
Mas em algum lugar do sul, bem distante, ventos muito fortes sopravam em direção a eles. Embora provavelmente só fossem atingir a posição em que se encontravam dentro de uns dois dias, sua aproximação era denunciada pelo movimento do gelo, que se estendia até onde a vista alcançava e por mais centenas de quilômetros além do horizonte. O banco de gelo era tão imenso e tão compacto que, embora os ventos ainda estivessem muito distantes, a pressão que exerciam de longe já provocava fortes entrechoques das banquisas.
Toda a superfície do gelo era um caos de movimento. Parecia um imenso quebra-cabeça cujas peças se estendiam até o infinito e eram embaralhadas e trituradas por alguma força invisível, mas irresistível. A impressão causada por esse poder titânico era aumentada pelo caráter lento, mas deliberado, de todo o movimento. Sempre que duas banquisas mais espessas se entrechocavam, suas margens colidiam e se entremoíam por algum tempo. Depois, quando nenhuma das duas dava sinal de ceder caminho, elas se erguiam, lentamente, e muitas vezes estremecendo, impelidas pelo poder implacável que se exercia sobre elas. Às vezes paravam abruptamente, e parecia que a força invisível que afetava o gelo perdera misteriosamente o interesse por seu destino. Na maioria dos casos, porém, as duas banquisas – muitas vezes com três metros ou até mais de espessura – continuavam a se erguer, uma apoiada na outra, formando uma espécie de telhado, até que uma delas se partia e desmoronava, criando uma crista de pressão.
E havia os sons do banco de gelo em movimento – os ruídos básicos, os grunhidos e os lamentos das banquisas, e mais um estrondo surdo ocasional cada vez que um bloco mais pesado desabava. Mas, além disso, o vasto campo de gelo sob o efeito da pressão parecia ter um repertório quase ilimitado de outros sons, muitos dos quais, estranhamente, pareciam não ter qualquer relação com os sons produzidos pelo gelo ao ser pressionado. Às vezes ouvia-se um som que lembrava um trem gigantesco que, com os eixos rangendo, estivesse sendo manobrado e trocado de linha com muitos solavancos e entrechoques de peças móveis de metal. Ao mesmo tempo escutava-se o som do apito de um navio imenso, misturado ao canto de galos, ao rumor distante de ondas arrebentando, à pulsação abafada de um motor muito distante e aos gemidos inconsoláveis e chorosos de uma velha. Nos raros períodos de calma, quando o movimento do campo de gelo cessava por algum tempo, o ar era tomado pelo rufar abafado de tambores.
Nesse universo de gelo, o movimento era maior e a pressão mais intensa justamente nas banquisas que estavam atacando o navio, cuja posição não poderia ser pior. Uma banquisa estava solidamente aferrada em sua proa, a estibordo, e outra o prendia do mesmo lado, pela popa. Uma terceira banquisa, do outro lado, atravessara totalmente seu costado de bombordo. Desse modo, o gelo estava tentando partir o navio ao meio, diretamente a meia-nau. Em muitas ocasiões, o navio se inclinava para estibordo em toda a sua extensão.
Avante, onde se concentravam os piores estragos, o gelo estava inundando o navio. Formava pilhas cada vez mais altas dos dois lados da proa à medida que o navio repelia o ataque de cada nova onda, até que, pouco a pouco, chegou até as amuradas e depois irrompeu no convés, que partiu com a sua força, sobrecarregando o navio com um peso esmagador que fez sua proa afundar ainda mais. Subjugado dessa maneira, o navio estava mais do que nunca à mercê das banquisas, que exerciam forte pressão contra os seus flancos.
O navio reagia a cada nova onda de pressão de maneira diferente. Às vezes se limitava a estremecer ligeiramente, como um ser humano que respondesse a uma pontada isolada de dor. Em outras ocasiões, porém, retorcia-se numa série de repelões convulsivos, acompanhados de gritos de agonia. Nesses momentos, seus três mastros cortavam o ar violentamente de um lado para o outro, enquanto o cordame ficava tão esticado quanto o encordoamento de uma harpa. No entanto, o que mais deixava os homens angustiados eram os momentos em que o navio lhes lembrava uma imensa criatura que estivesse sendo sufocada, esforçando-se por respirar, os flancos arquejando sob o efeito da pressão que a estrangulava.
Mais que qualquer outra impressão isolada nessas horas finais, o que chocou a todos, deixando-os quase horrorizados, foi a maneira como o navio se comportava, lembrando um animal gigantesco nos estertores da morte.
Em torno de sete da noite, todos os equipamentos essenciais já haviam sido transferidos para uma espécie de acampamento que fora instalado numa banquisa sólida a certa distância a estibordo. Os barcos salva-vidas haviam sido baixados na noite anterior. Enquanto descia pelos costados do navio para o gelo, a maioria dos homens sentia um imenso alívio por se afastar do navio condenado e poucos deles, ou mesmo nenhum, teriam voltado a bordo por sua própria vontade.
No entanto, algumas almas infelizes foram mandadas de volta ao navio a fim de recuperar artigos diversos. Um deles foi Alexander Macklin, um jovem médico robusto, que era também um dos condutores das juntas de cães. Acabara de acorrentar seus cães no acampamento quando recebeu a ordem de ir com Wild buscar algumas tábuas no porão de vante do navio. Os dois homens puseram-se a caminho e tinham acabado de chegar junto do navio quando um grande grito se elevou do acampamento. A banquisa em que as tendas haviam sido armadas também estava rachando. Wild e Macklin correram de volta. As juntas de cães foram presas aos arreios, e as barracas, os depósitos e todos os equipamentos foram transferidos às pressas para outra banquisa, 100 metros mais afastada do navio.
Quando a mudança acabou, o navio parecia estar a ponto de afundar, de modo que os dois homens se apressaram em subir a bordo. Subiram abrindo caminho por entre os blocos de gelo que se empilhavam tomando o castelo da proa, depois abriram uma escotilha que dava para a caverna de vante. A escada fora arrancada de seu suporte e caíra de lado. Para descer, tiveram que baixar sustentando-se nas mãos e depois deixando-se cair em meio à escuridão.
O barulho no interior do navio era indescritível. O compartimento meio vazio funcionava como uma gigantesca câmara de ressonância, amplificando cada estalido de tábua e o som de cada viga que se partia. Estavam apenas a poucos metros de distância dos costados do navio e podiam ouvir os golpes que o gelo assestava contra o lado externo do casco, tentando abrir caminho à força.
Esperaram um pouco até seus olhos se acostumarem com a escuridão, e o que viram então foi assustador. As vigas verticais estavam inclinadas, a ponto de tombar, e parecia que as travessas do convés acima da cabeça deles iam ceder a qualquer momento. A impressão era de que um torno gigantesco aprisionara o navio e o apertava aos poucos, até que ele não resistisse mais à pressão.
As tábuas que tinham ido buscar estavam armazenadas nos recessos mais escuros das cavernas laterais da proa do navio. Para chegar até lá, precisavam se arrastar através de uma antepara transversal do navio, e podiam ver que a própria antepara estava abaulada, como se pudesse partir-se a qualquer momento, o que faria todo o castelo da proa desabar em cima deles.
Macklin hesitou um momento, e Wild, percebendo o medo do companheiro, gritou-lhe por cima do barulho do navio que ficasse onde estava. Então Wild mergulhou pela abertura e alguns minutos depois começou a passar as tábuas para Macklin.
Os dois homens trabalhavam com uma pressa febril, mas ainda assim a tarefa parecia interminável. Macklin estava convencido de que nunca conseguiriam retirar a última tábua a tempo. Mas finalmente a cabeça de Wild reapareceu na abertura. Içaram as tábuas para o convés, saíram e ficaram parados por muito tempo, sem dizer nada, saboreando o precioso sentimento de segurança. Mais tarde, na privacidade de seu diário, Macklin confessaria: “Acho que nunca tive uma sensação tão horrível de medo quanto a que senti no porão daquele navio destruído.”
Uma hora depois que o último homem deixara o navio, o gelo partiu seus costados. Pontas agudas de gelo foram as primeiras a atravessá-los, deixando abertas feridas por onde entraram blocos inteiros de gelo e grandes fragmentos de banquisas. Da meia-nau para a frente, tudo estava submerso. Todo o lado de estibordo da superestrutura fora esmagado pelo gelo com tamanha força que alguns latões de gasolina vazios empilhados no convés foram atirados através da parede da superestrutura, chegando até quase o outro lado, carregando com eles um grande quadro emoldurado que antes ficava pendurado na parede. De alguma forma, o vidro que o protegia não se quebrou.
Mais tarde, depois que tudo foi arrumado no acampamento, alguns homens voltaram para contemplar os restos do que havia sido seu navio. Mas não muitos. A maioria ficou encolhida em suas barracas, com extremo frio e cansaço, por enquanto totalmente indiferentes ao destino que os aguardava. O sentimento geral de alívio por terem saído do navio só não era compartilhado por um homem – pelo menos não no sentido mais amplo. Era um indivíduo forte, com rosto e nariz largos, que falava com vestígios de sotaque irlandês. Durante as horas necessárias para abandonarem o navio, permanecera mais ou menos à parte enquanto os homens, os cães e os equipamentos eram desembarcados.
Seu nome era Sir Ernest Shackleton, e os 27 homens cujo desembarque tão inglório de seu navio condenado acompanhara eram os membros da Expedição Imperial Transantártica que ele mesmo organizara.
A data era 27 de outubro de 1915. O nome do navio era Endurance (Resistência). A posição em que se encontrava era 69º5’ Sul, 51º30’ Oeste – bem no centro da vastidão gelada do traiçoeiro mar de Weddell, na Antártida, a meio caminho entre o polo sul e o posto avançado mais próximo que se conhecia da humanidade, a cerca de 1.900 quilômetros de distância.
Poucas pessoas já suportaram a responsabilidade que Shackleton tinha naquele momento. Embora certamente tivesse consciência de que sua situação era desesperadora, não poderia ter imaginado, àquela altura, as provações físicas e emocionais que seus homens teriam que suportar nos meses seguintes, os rigores que precisariam aguentar, os sofrimentos a que seriam submetidos.
Para todos os efeitos, estavam isolados em meio ao gelo que cobria o oceano Antártico. Fazia quase um ano que haviam tido o último contato com a civilização. Ninguém no mundo exterior sabia que estavam em dificuldades, muito menos onde se encontravam. Eles não tinham um transmissor de rádio com o qual pudessem pedir socorro a possíveis salvadores, e de qualquer modo era altamente improvável que um grupo de resgate fosse capaz de chegar até o local onde estavam, mesmo que tivessem condições de transmitir um SOS. O ano era 1915 e não havia helicópteros, veículos a motor capazes de se deslocar sobre o gelo e a neve ou aviões que conseguissem voar naquelas condições.
Assim, a situação daquele grupo de homens era tão simples quanto aterrorizante: se pretendiam de algum modo sair dali, teria que ser por conta própria.
Shackleton avaliava que a plataforma de gelo permanente ao largo da península de Palmer – a extensão de terra firme mais próxima que se conhecia – ficava cerca de 290 quilômetros a oeste-sudoeste da posição em que se encontravam. Mas a terra firme propriamente dita ficava a quase 340 quilômetros de distância, não era habitada nem por homens nem por animais e não oferecia nenhum tipo de condições de ajuda ou de resgate.
O lugar mais próximo conhecido onde poderiam pelo menos encontrar alimento e abrigo era a pequena ilha Paulet, com menos de dois quilômetros e meio de diâmetro, a mais de 550 quilômetros de distância, ao final de uma travessia no rumo noroeste através do instável banco de gelo. Em 1903, 12 anos antes, a tripulação de um navio sueco passara lá o inverno depois que seu navio, o Antarctic, fora destruído pelo gelo do mar de Weddell. O navio que finalmente resgatara a tripulação deixara todos os seus suprimentos na ilha Paulet para que pudessem ser usados por outros náufragos que viessem a precisar deles. Ironicamente, fora o próprio Shackleton o encarregado naquela ocasião de adquirir aqueles suprimentos – e agora, 12 anos depois, era ele quem deles necessitava.