Introdução
Se você gosta de ir direto ao final do livro para saber o que acontece, vai adorar este aqui. Nele, os finais aparecem logo depois do começo. Ele conta a história da Europa seis vezes, cada uma por um ponto de vista.
Estes textos foram apresentados pela primeira vez como aulas de introdução à história da Europa para estudantes universitários. Em vez de começar pelo princípio e conduzir o tema de maneira linear até o final, eu dava aos alunos uma rápida visão geral e depois retornava com mais detalhes.
As duas primeiras aulas esboçam a história da Europa como um todo. Essa é, de fato, a história mais breve. As seis aulas seguintes abordam, cada uma, um tema específico. O objetivo é aprofundar o entendimento voltando aos fatos e examinando-os em maiores detalhes.
Uma narrativa contém uma trama – começo, meio e fim. A civilização tem outro tipo de história. Nós nos sentimos cativados pela história de uma civilização quando imaginamos que ela tem uma ascensão e queda. Meu objetivo aqui é captar os elementos essenciais da civilização europeia e ver como têm sido reconfigurados ao longo do tempo, mostrar como coisas novas tomam forma a partir de antigas e como o que é o antigo persiste e retorna.
Livros de história tratam de muitos acontecimentos e pessoas. Mas o que significa tudo isso? Quais são os elementos realmente importantes? Essas são as questões que sempre tenho em mente. Muitas pessoas e muitos acontecimentos que fazem parte de outros livros de história não estão presentes neste.
Após o período clássico da história, este livro trata principalmente da Europa Ocidental. Nem todas as partes da Europa têm a mesma importância na formação da civilização europeia. Por exemplo: a Renascença na Itália, a Reforma Protestante na Alemanha, o governo parlamentar na Inglaterra e a democracia revolucionária na França foram acontecimentos que geraram mais consequências do que as divisões da Polônia.
Fundamentei este livro na obra de sociólogos da história, sobretudo Michael Mann e Patricia Crone. A professora Crone não é especialista em história europeia – sua especialidade é o Islã –, mas num pequeno livro chamado Pre-Industrial Societies (Sociedades pré-industriais) ela incluiu um capítulo intitulado “The Oddity of Europe” (“A singularidade da Europa”). Trata-se de um tour de force, uma história inteira em 30 páginas, quase tão breve quanto a história mais breve aqui contada. Ela me forneceu o conceito da formação e reformulação da mistura europeia, apresentado em minhas duas primeiras aulas. Minha dívida com a professora Crone é enorme.
Durante alguns anos na La Trobe University, em Melbourne, contei com a sorte de ter como colega o professor Eric Jones, um grande incentivador da abordagem generalizada da história e em cujo livro The European Miracle (O milagre europeu) eu me baseei amplamente.
Não reivindico originalidade para este livro, exceto quanto ao método. As aulas a seguir foram ministradas na Austrália a alunos que tinham estudado muito a história do país mas que não conheciam quase nada da civilização da qual faziam parte.
Esta edição conta com uma nova seção que aborda em detalhes os séculos XIX e XX.
John Hirst