1 – A ÚNICA COISA
“Seja como um selo de correio: fique grudado em uma única coisa até chegar ao seu destino.” — Josh Billings
Em 7 de junho de 1991 a Terra tremeu durante 112 minutos. Não de verdade, mas a sensação que tive foi essa.
Eu estava assistindo à comédia de sucesso Amigos, sempre amigos e as gargalhadas da plateia faziam o cinema vibrar. Além de ser considerado um dos filmes mais engraçados de todos os tempos, ele também salpicava inesperadas doses de sabedoria e discernimento. Numa cena memorável, Curly, o caubói durão representado pelo falecido Jack Palance, e o vigarista da cidade, Mitch, representado por Billy Crystal, se afastam do grupo para procurar algumas cabeças de A ÚNICA COISA 11 gado desgarradas. Apesar de passarem a maior parte do filme se estranhando, ao cavalgarem juntos eles finalmente conseguem se conectar, conversando sobre a vida. De repente, Curly faz seu cavalo parar e se vira na sela para Mitch.
Curly: Sabe qual é o segredo da vida?
Mitch: Não. Qual é?
Curly: Isso. [Ele levanta o dedo.]
Mitch: O seu dedo?
Curly: Uma coisa. Uma única coisa. Se você se agarrar a isso, todo o resto não significa porcaria nenhuma.
Mitch: Fantástico, mas qual seria essa “única coisa”?
Curly: É isso que você precisa descobrir.
Da boca de um personagem fictício chega aos nossos ouvidos o segredo do sucesso. Pouco importa se os roteiristas sabiam disso ou não – o que eles escreveram é a verdade absoluta. A Única Coisa é o melhor caminho para você alcançar o que quer.
Na realidade, só fui perceber isso muito tempo depois de ver o filme. Eu já havia tido sucesso no passado, mas só quando cheguei a um beco sem saída foi que comecei a associar meus resultados à minha atitude. Em menos de uma década tinha construído uma empresa bem-sucedida com ambições internacionais, mas de repente as coisas não estavam mais funcionando. Apesar de muita dedicação e muito trabalho, minha vida era uma confusão e tudo parecia estar desmoronando ao meu redor.
Eu estava fracassando.
ALGUMA COISA PRECISAVA MUDAR
Com a corda no pescoço, procurei ajuda. E a encontrei na forma de um coach. Detalhei a ele minha situação e expliquei os desafios que enfrentava, tanto pessoais quanto profissionais. Revisitamos meus objetivos e a trajetória que eu desejava para a minha vida, e então, conhecendo bem as questões, ele partiu em busca das respostas. Sua pesquisa foi meticulosa. No nosso encontro seguinte, ele tinha pregado na parede o organograma da minha organização, isto é, um panorama geral de toda a empresa.
Nossa conversa começou com uma pergunta simples:
– Você sabe do que precisa para reverter a situação?
Eu não fazia a menor ideia.
Ele disse que havia apenas uma coisa que eu precisava fazer. Tinha identificado 14 cargos que precisavam de caras novas e acreditava que, com os indivíduos certos naqueles cargos-chave, eu veria uma mudança radical tanto na empresa quanto no meu trabalho e até na minha vida. Perplexo, falei que seria necessário muito mais do que isso.
Ele disse:
– Não. Jesus precisou de 12, mas você vai precisar de 14.
Foi um momento transformador. Eu jamais havia me dado conta de que tão pouco poderia mudar tantas coisas. Tinha ficado claro que, por mais focado que eu pensasse estar, foco não era suficiente. Encontrar 14 pessoas era, sem dúvida, a coisa mais importante que eu poderia fazer. Assim, tomei uma decisão gigantesca depois daquele encontro: me demiti.
Deixei o cargo de CEO e assumi a estrita missão de encontrar aquelas 14 pessoas.
Dessa vez a Terra tremeu de verdade. Três anos depois, tínhamos entrado em um período de crescimento sustentado que durou quase uma década, a uma média anual de 40%. Deixamos de ser uma empresa regional para nos tornarmos um competidor internacional. O sucesso extraordinário chegou e jamais olhamos para trás.
À medida que o sucesso trazia mais sucesso, outra coisa aconteceu. Surgiu a linguagem da Única Coisa.
Depois de encontrar aquelas 14 pessoas, comecei a trabalhar individualmente com nossos principais colaboradores para incrementar a carreira e o desempenho deles. Por hábito, eu terminava esses encontros de treinamento fazendo uma recapitulação das coisas que eles estavam se comprometendo a realizar para a sessão seguinte. Infelizmente, muitos deles realizavam a maior parte dessas tarefas, mas nem sempre as mais importantes. Os resultados não eram bons e geravam frustração. Assim, para ajudá-los, comecei a reduzir minha lista: “Se você puder fazer só três coisas esta semana…”, “Se puder fazer só duas coisas esta semana…”. Até que, em desespero, perguntei: Qual é a Única Coisa que você pode fazer esta semana que é capaz de tornar todo o resto mais fácil ou até desnecessário? E aconteceu a coisa mais incrível.
Os resultados foram às alturas.
Depois dessa experiência, eu olhei para trás, reavaliei meus sucessos e fracassos e descobri um padrão interessante. Sempre que eu tinha alcançado um grande sucesso, eu havia estreitado meu foco a uma única coisa, e sempre que meu sucesso variava, meu foco também tinha variado.
E fez-se a luz.
REDUZINDO O FOCO
Se todas as pessoas do mundo têm a mesma quantidade de horas disponível por dia, por que algumas parecem fazer muito mais do que outras? Como elas conseguem fazer mais, alcançar mais, ganhar mais, ter mais? Se o tempo é a moeda da realização, por que algumas pessoas conseguem comprar mais fichas do que outras, sendo que a cota é a mesma para todas? A resposta é que elas fazem com que o cerne de sua abordagem seja alcançar o cerne das coisas. Elas reduzem o foco.
Se você quer ter a melhor chance de sucesso em qualquer coisa que deseje, sua estratégia deve ser sempre a mesma: reduzir o foco.
“Reduzir o foco” é ignorar todas as coisas que você poderia fazer e fazer o que precisa. É reconhecer que nem tudo tem a mesma importância e descobrir quais são as coisas mais importantes. É um modo mais certeiro de conectar suas ações com seus desejos. É perceber que resultados extraordinários são determinados diretamente por até que ponto você consegue estreitar seu foco.
O segredo para obter o máximo do seu trabalho e da sua vida é reduzir o foco o máximo possível. A maioria das pessoas pensa exatamente o contrário. Elas acham que o sucesso consome tempo e é complicado. Acabam ficando com a agenda e a lista de tarefas sobrecarregadas. Por causa disso, o sucesso começa a parecer fora de alcance e elas passam a se contentar com menos. Sem perceber que o grande sucesso chega quando fazemos bem algumas poucas coisas, elas se perdem tentando fazer coisas demais e, no fim das contas, realizam muito pouco. Com o tempo, reduzem as expectativas, abandonam sonhos e permitem que sua vida se apequene. E a vida não deve ser reduzida.
Seu tempo e sua energia são limitados. Quando você abre demais os braços, acaba deixando tudo cair. Você quer que seus feitos se acumulem, mas isso exige subtração, não adição. É preciso fazer menos para gerar mais efeito, em vez de fazer mais e ter efeitos colaterais. O problema de tentar fazer coisas demais é que, mesmo que isso funcione, acrescentar coisas ao seu trabalho e à sua vida sem cortar nada tem um monte de consequências negativas: prazos perdidos, resultados frustrantes, muito estresse, horas extras, sono atrasado, alimentação ruim, falta de exercícios e a perda de momentos com a família e os amigos – tudo isso em nome de algo que é mais fácil de alcançar do que você imagina.
Reduzir o foco é uma estratégia simples para atingir resultados extraordinários. E funciona. Funciona o tempo todo, em qualquer lugar e com qualquer coisa. Por quê? Porque tem apenas um propósito: levar você direto ao ponto.
Quando você reduz o foco o máximo possível, olha para apenas uma coisa. E esse é o ponto.
2 – O EFEITO DOMINÓ
“Toda grande mudança começa como dominós caindo.” – BJ Thornton
Em 2009, na cidade holandesa de Leeuwarden, no Dia do Dominó (13 de novembro), a Weijers Domino Productions coordenou o recorde de derrubada de dominós alinhando 4.491.863 peças numa apresentação impressionante. Naquela ocasião, uma única peça de dominó deu início a uma queda em série que liberou mais de 94 mil joules de energia. É o equivalente à energia necessária para um homem de porte mediano fazer 545 flexões.
Cada peça de dominó representa uma pequena quantidade de energia potencial. Quanto mais peças enfileiradas, mais energia potencial acumulada. Dependendo da quantidade, é possível começar uma reação em cadeia de força surpreendente. E a Weijers Domino Production provou isso. Quando uma única coisa – a coisa certa – se põe em movimento, ela pode derrubar muitas outras. E não é só isso.
Em 1985, o American Journal of Physics publicou um artigo em que Lorne Whitehead alegava ter descoberto que uma fileira de dominós pode, ao cair, derrubar não somente uma grande quantidade de coisas como derrubar coisas maiores. Segundo Whitehead, cada peça de dominó é capaz de derrubar outra 50% maior.
Você consegue ver o que isso implica? Não somente um dominó pode derrubar outros, mas também pode derrubar outros sucessivamente maiores. Em 2001, um físico do Exploratorium de São Francisco reproduziu o experimento de Whitehead com oito peças de dominó de compensado, cada uma 50% maior que a anterior. A primeira tinha apenas 5 centímetros de altura; a última, quase 1 metro.
A queda de dominós começou com um leve tuc e terminou rapidamente com um BAM!.
Imagine o que aconteceria se isso continuasse. Se uma queda de dominó comum é uma progressão linear, a de Whitehead seria descrita como uma progressão geométrica. O resultado pode desafiar a imaginação. A 10a peça teria quase a altura do jogador de futebol americano Peyton Manning. Na 18a veríamos uma peça capaz de rivalizar com a Torre de Pisa. A 23a seria mais alta que a Torre Eiffel e a 31a teria quase 900 metros a mais que o Everest. A de número 57 faria uma ponte entre a Terra e a Lua!
RESULTADOS EXTRAORDINÁRIOS
Por isso, quando você pensar no sucesso, mire na Lua. Você pode alcançá-la se estabelecer prioridades e colocar toda a sua energia na realização do que for mais importante. Para ter resultados extraordinários, basta criar um efeito dominó na sua vida.
Derrubar dominós é bastante simples, basta enfileirar as peças e derrubar a primeira. Mas no mundo real a coisa é um pouco mais complicada, pois a vida não enfileira tudo para nós para depois dizer: “Comece por aqui.” As pessoas muito bem-sucedidas sabem disso, e é por esse motivo que a cada dia elas enfileiram de novo suas prioridades, encontram a primeira peça e se concentram nela até que ela caia.
Por que essa estratégia funciona? Porque o sucesso extraordinário é sequencial, não simultâneo. O que começa linear se torna geométrico. Você faz a coisa certa, depois faz a próxima coisa certa. Com o tempo, os acertos vão se somando e o potencial geométrico do sucesso é liberado. A estratégia do efeito dominó vale para o quadro geral, como o seu trabalho ou a sua empresa, e também para o menor momento de cada dia em que você está tentando decidir o próximo passo. Sucesso gera sucesso, e quanto mais isso acontece, repetidamente, mais próximo você chega do maior sucesso possível.
Se alguém tem muito conhecimento, é porque aprendeu no decorrer do tempo. Se alguém tem diversas habilidades, é porque elas foram desenvolvidas com o tempo. Se alguém teve muitas realizações, é porque as realizou no decorrer de um longo tempo. Se alguém tem muito dinheiro, é porque o acumulou com o tempo.
A peça-chave é o tempo. O sucesso se constrói sequencialmente. É uma coisa de cada vez.
3 – O SUCESSO DEIXA PISTAS
“As pessoas que se concentram em apenas uma coisa de cada vez são as que avançam neste mundo.” – Og Mandino
As provas da eficiência da Única Coisa estão em toda parte. Procure com atenção e você sempre as encontrará.
UM PRODUTO, UM SERVIÇO
As empresas extraordinariamente bem- -sucedidas sempre têm um produto ou serviço pelo qual são mais conhecidas ou que lhes rende mais dinheiro. O coronel Sanders abriu a KFC com uma única receita secreta de frango. A Adolph Coors Company cresceu 1.500% entre 1947 e 1967 com apenas uma bebida, produzida em só uma cervejaria. Os microprocessadores geram a maior parte da receita líquida da Intel. E a Starbucks? Acho que você sabe.
A lista de empresas que alcançaram resultados extraordinários com o poder da Única Coisa é interminável. Às vezes o que é feito ou entregue também é o que é vendido, mas nem sempre. Veja a Google, por exemplo: sua Única Coisa é o mecanismo de busca, o que torna possível vender publicidade, sua principal fonte de receita.
E quanto a Star Wars? Sua Única Coisa são os filmes ou os produtos oficiais? Se você disse produtos, acertou – e também errou. Na década de 2000, a receita gerada pelos brinquedos passava dos 10 bilhões de dólares, ao passo que a bilheteria somada dos seis filmes principais em todo o mundo totalizava menos da metade disso, 4,3 bilhões. A meu ver, os filmes são a Única Coisa da linha Star Wars, porque são eles que possibilitam a venda dos brinquedos e de outros produtos oficiais.
Nem sempre a resposta é clara, mas isso não diminui a importância de descobri-la. É comum que inovações tecnológicas, mudanças culturais e forças competitivas façam a Única Coisa de uma empresa evoluir ou se transformar. Sabendo disso, as empresas mais bem-sucedidas estão sempre se perguntando: “Qual é a nossa Única Coisa?”
A Apple mostra como é possível criar um ambiente em que uma Única Coisa extraordinária existe ao mesmo tempo que a empresa transita para outra Única Coisa extraordinária. De 1998 a 2012, a Única Coisa da Apple passou dos Macs para os iMacs, depois para o iTunes, depois para os iPods, até chegar aos iPhones, com o iPad já despontando na corrida pelo primeiro lugar da linha de produtos. Quando um novo “dispositivo de ouro” ganhava os holofotes, os outros não eram suspensos nem relegados às bancas de descontos. As linhas de produtos anteriores, assim como outras, continuavam a ser aperfeiçoadas enquanto a Única Coisa do momento criava um efeito de halo bem documentado, aumentando assim as chances de o cliente adotar toda a família de produtos Apple.
Quando você entende a Única Coisa, começa a ver o mundo dos negócios de modo diferente. Se hoje sua empresa não sabe qual é a Única Coisa dela, a Única Coisa da empresa deve ser descobrir qual ela é.
“O mais importante de tudo só pode ser um. Muitas coisas podem ser importantes, mas só uma pode ser a mais importante.” – Ross Garber
UMA PESSOA
A Única Coisa é um tema dominante que se revela de várias maneiras. Aplique esse conceito às pessoas e você verá onde uma pessoa faz toda a diferença. Durante o primeiro ano do ensino médio, Walt Disney fazia cursos noturnos no Instituto de Arte de Chicago e se tornou cartunista do jornal estudantil. Depois de se formar, ele queria seguir sendo cartunista, mas, como não conseguiu emprego em nenhum jornal, seu irmão Roy, que era empresário e banqueiro, conseguiu trabalho para ele num ateliê de arte. Foi lá que Walt aprendeu animação e começou a criar desenhos animados. Na juventude de Walt, sua única pessoa foi Roy.
Para Sam Walton, sua única pessoa no início foi L. S. Robson, seu sogro, que lhe emprestou os 20 mil dólares necessários para abrir sua primeira empresa de varejo, uma franquia da Ben Franklin. Mais tarde, quando Sam estava inaugurando seu primeiro Wal-Mart, Robson, sem contar a Sam, pagou 20 mil dólares por um aluguel que permitiu uma expansão fundamental.
Albert Einstein teve Max Talmud, seu primeiro mentor. Foi Max quem apresentou a um Einstein de apenas 10 anos textos fundamentais sobre matemática, ciência e filosofia. Max fez uma refeição por semana com a família Einstein durante seis anos, enquanto orientava o jovem Albert.
Ninguém se faz sozinho.
Oprah Winfrey diz que foi “salva” pelo pai e pelo tempo que passou com ele e a esposa. Ela declarou o seguinte a Jill Nelson, da The Washington Post Magazine:
– Se não me mandassem ir morar com meu pai, eu teria seguido outra direção.
No âmbito profissional, tudo começou com Jeffrey D. Jacobs, o “advogado, agente e consultor financeiro” que, quando Oprah precisou de orientação quanto a contratos de trabalho, a convenceu a abrir a própria empresa em vez de simplesmente “alugar” seu talento. Assim nasceu a Harpo Productions.
O mundo inteiro sabe que John Lennon e Paul McCartney tiveram grande influência sobre o sucesso um do outro como compositores, mas nos estúdios houve a presença marcante de George Martin. Considerado um dos maiores produtores musicais de todos os tempos, muitos o chamam de o “Quinto Beatle”, tamanho seu papel nos discos da banda. O conhecimento musical de George ajudou a preencher as lacunas entre o talento bruto dos Beatles e o som que eles queriam produzir. A maioria dos arranjos orquestrais e das instrumentações dos Beatles, além de numerosos trechos de piano dos primeiros discos, foi escrita ou tocada por Martin.
Para todo mundo existe aquela pessoa que significa o máximo para elas ou que foi a primeira a influenciá-las, treiná-las ou administrá-las.
Ninguém alcança o sucesso sozinho. Ninguém.
UMA PAIXÃO, UMA HABILIDADE
Examine bem qualquer caso de sucesso extraordinário e você sempre encontrará a Única Coisa. Ela aparece na história de qualquer empresa de sucesso e na vida profissional de qualquer pessoa de sucesso. Também aparece ao redor das paixões e habilidades pessoais. Todos nós temos paixões e habilidades, mas você verá que as pessoas de sucesso extraordinário demonstram uma intensidade maior ou têm uma habilidade aprendida que se destaca, definindo-as ou impelindo-as mais do que qualquer outra coisa.
Muitas vezes a fronteira entre paixão e habilidade é turva, porque quase sempre elas andam juntas. Pat Matthews, um dos maiores pintores impressionistas americanos, conta que transformou sua paixão pela pintura em uma habilidade e, mais tarde, em uma profissão simplesmente pintando um quadro por dia. Assim como Angelo Amorico, um renomado guia turístico da Itália, que desenvolveu suas habilidades e sua empresa a partir da enorme paixão que nutria por seu país e do profundo desejo de compartilhar essa paixão. Esse é o enredo central das histórias de sucesso extraordinário. A paixão nos faz investir um tempo desproporcional naquilo que amamos, seja aprendendo ou praticando alguma coisa. Esse tempo acaba se traduzindo em habilidade, e quanto maior a habilidade, melhores os resultados. Resultados melhores geralmente nos deixam felizes, o que nos faz ter mais paixão e investir ainda mais tempo. É um círculo virtuoso capaz de levar a resultados extraordinários.
“Tenha foco. Vá em busca da única coisa que você decidiu seguir.” – General George S. Patton
“O sucesso exige uma singularidade de propósito.” – Vince Lombardi
A grande paixão de Gilbert Tuhabonye é correr. Ele é um corredor de longa distância americano que nasceu em Songa, no Burundi, e seu amor precoce pelo atletismo o impulsionou a vencer o campeonato nacional do Burundi nos 400 e 800 metros masculinos quando estava apenas no primeiro ano do ensino médio. Essa paixão ajudou a salvar sua vida.
Em 21 de outubro de 1993, membros da tribo Hutu invadiram a escola de Gilbert e capturaram os alunos da tribo Tutsi. Os que não foram mortos imediatamente foram espancados e queimados vivos numa construção ali perto. Depois de nove horas debaixo de corpos sendo incinerados, Gilbert conseguiu escapar e, correndo mais rápido que seus captores, chegou a um hospital próximo. Foi o único sobrevivente.
Gilbert Tuhabonye foi para o Texas e continuou competindo, aprimorando suas habilidades. Recrutado pela Universidade Cristã de Abilene, ele ganhou seis campeonatos nacionais. Depois de formado, mudou-se para Austin, onde, segundo diversos relatos, é o treinador de corridas mais popular da cidade. Junto com outras pessoas, Gilbert fundou a Gazelle, voltada para a abertura de poços d’água no Burundi. O principal evento promovido pela fundação para captar recursos é a – veja só – Run for the Water, uma corrida beneficente que acontece nas ruas de Austin. Está vendo como o tema percorre toda a vida dele?
De competidor a sobrevivente, da universidade para a carreira e em seguida para a beneficência, a paixão de Gilbert Tuhabonye pela corrida se tornou uma habilidade, que levou a uma profissão, que, por sua vez, lhe deu a oportunidade de retribuir à sociedade. O sorriso que ele dá aos corredores que treinam em volta do lago Lady Bird, em Austin, simboliza como uma paixão pode se tornar uma habilidade – e como as duas coisas juntas podem impulsionar e definir uma vida extraordinária.
A Única Coisa se revela repetidamente na vida das pessoas de sucesso porque é uma verdade fundamental. Ela apareceu para mim e, se você permitir, aparecerá também para você. Aplicar a Única Coisa no seu trabalho – e na sua vida – é a atitude mais simples e mais inteligente que você pode tomar para disparar rumo aos seus objetivos.
UMA VIDA
Se eu tivesse que escolher apenas um exemplo de alguém que aproveitou a Única Coisa para criar uma vida extraordinária, seria o empresário americano Bill Gates. A única paixão de Bill no ensino médio eram os computadores, o que o levou a desenvolver a habilidade de programação. Ainda no colégio, ele conheceu uma pessoa, Paul Allen, que lhe ofereceu seu primeiro emprego e se tornou seu sócio na criação da Microsoft. Aliás, a Microsoft nasceu graças a uma carta que eles mandaram para uma pessoa, Ed Roberts, que mudou a vida dos dois para sempre ao lhes dar a chance de escrever o código para um computador, o Altair 8800 – e eles só precisavam de uma chance. No início, a empresa de Bill Gates tinha um único propósito: desenvolver e vender interpretadores de BASIC para o Altair 8800, e foi isso que o tornou o homem mais rico do mundo durante 15 anos seguidos. Mais tarde, quando se aposentou da Microsoft, Bill Gates escolheu uma pessoa para substituí-lo como CEO: Steve Balmer, que ele conhecera na faculdade. Por sinal, Steve foi o 30o funcionário da Microsoft, mas foi o primeiro gerente de negócios contratado por Bill. E a história não termina aqui.
Bill e a esposa, Melinda, decidiram usar sua riqueza para tornar o mundo melhor. Guiados pela crença de que todas as vidas têm o mesmo valor, criaram uma fundação para fazer uma Única Coisa: enfrentar “problemas muito graves”, como saúde e educação. Desde o início da Fundação Gates, a maior parte das doações foi destinada a uma área específica: o Programa de Saúde Global. O único objetivo desse programa ambicioso é usar os avanços na ciência e na tecnologia para salvar vidas em países pobres. Para isso, eles acabaram se concentrando em uma única meta: fazer com que as doenças infecciosas deixem de ser uma das principais causas de morte nesses países. Em determinado momento, eles tomaram a decisão de se concentrar em uma única coisa para alcançar essa meta: vacinas. Bill explicou: “Precisávamos escolher qual seria o investimento de maior impacto. (…) A ferramenta mágica das medidas de saúde são as vacinas, porque podem ser produzidas a baixo custo.” Uma linha de raciocínio singular foi o que os levou por esse caminho, começando por uma questão levantada por Melinda: “Qual é o lugar onde a gente pode causar o maior impacto com o dinheiro?” Bill e Melinda Gates são a prova viva do poder da Única Coisa.
UMA COISA
As portas do mundo foram escancaradas diante de nós e o que vemos é estonteante. Graças à tecnologia e à inovação, as oportunidades se multiplicam e as possibilidades parecem infinitas. No entanto, o que isso tem de inspirador tem de assustador. O efeito colateral da abundância é a sobrecarga: em um único dia somos bombardeados com mais informações e escolhas do que nossos ancestrais recebiam a vida inteira. Sobrecarregados e apressados, passamos a viver com uma incômoda sensação de que tentamos fazer coisas de mais e realizamos coisas de menos.
Sentimos intuitivamente que o caminho até o mais é através do menos, mas a questão é: por onde começar? Diante de tudo que a vida tem a oferecer, como escolher? Como tomar as melhores decisões possíveis, levar uma vida extraordinária e jamais olhar para trás?
Vivendo a Única Coisa.
O que o caubói Curly sabia, todas as pessoas bem-sucedidas sabem. A Única Coisa é essencial para o sucesso e é o ponto de partida para resultados extraordinários. Baseada em pesquisas e experiências, essa é uma grande ideia sobre o sucesso embrulhada num pacote simples. Explicá-la é fácil; colocá-la em prática pode ser difícil.
Assim, antes de iniciarmos uma discussão séria e honesta sobre como a Única Coisa realmente funciona, quero discutir abertamente os mitos e a desinformação que nos impedem de aceitá-la. São as mentiras do sucesso.
Assim que nos livrarmos dessas ideias errôneas, poderemos refletir sobre a Única Coisa com a mente aberta e diante de um caminho livre.