Cartas a um jovem investidor | Sextante
Livro

Cartas a um jovem investidor

Gustavo Cerbasi

Edição revista e atualizada.

As cartas reunidas aqui são uma fonte de inspiração e de aprendizado para todos que estão investindo hoje no seu próprio amanhã.

“Como o mundo dos investimentos ainda tem muito a ser desbravado pela maioria dos brasileiros, escrevo não apenas para investidores jovens mas também para jovens investidores de idades mais avançadas.” – Gustavo Cerbasi

Cerbasi tem 16 livros publicados e já vendeu 3 milhões de exemplares.

 

Referência em educação financeira do país, Gustavo Cerbasi revela neste livro, por meio de cartas, os princípios fundamentais que aprendeu ao longo dos anos para investir de forma inteligente.

Num texto fluente e acolhedor, ele conta um pouco da sua trajetória de vida, fala de seus erros e acertos e dá dicas para quem deseja construir um patrimônio sustentável e garantir a independência financeira no futuro. Sem medo dos riscos nem pressa por resultados.

Uma das principais lições é começar a investir quanto antes – e é preciso saber diferenciar poupança de investimento. Não basta apenas guardar dinheiro. Para enriquecer, é preciso fazer com que ele se multiplique.

Com exemplos claros, histórias pessoais e reflexões, Cerbasi mostra como identificar armadilhas, como lidar com o risco de forma equilibrada e como buscar informações seguras antes de tomar decisões.

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Ficha técnica
Lançamento 07/10/2021
Formato 16 x 23 cm
Número de páginas 144
Peso 260 g
Acabamento Brochura
ISBN 978-65-5564-219-3
EAN 9786555642193
Preço R$ 49,90
Ficha técnica e-book
eISBN 978-65-5564-220-9
Preço R$ 29,99
Ficha técnica audiolivro
ISBN 9786555642728
Duração 4h
Locutor Guilherme Maciel
Lançamento 07/10/2021
Título original
Tradução
Formato 16 x 23 cm
Número de páginas 144
Peso 260 g
Acabamento Brochura
ISBN 978-65-5564-219-3
EAN 9786555642193
Preço R$ 49,90

E-book

eISBN 978-65-5564-220-9
Preço R$ 29,99

Audiolivro

ISBN 9786555642728
Duração 4h
Locutor Guilherme Maciel
Preço US$ 7,99

Leia um trecho do livro

Carta de apresentação

Caro investidor,

É com grande prazer que lhe escrevo estas cartas. Quando pensei em redigi-las, a primeira coisa que me veio à mente foi: “Aqui está a oportunidade de oferecer atalhos para muitos que, como eu, querem percorrer caminhos menos sinuosos para conquistar um futuro financeiramente mais saudável.” Atalhos esses que não tive na hora de fazer muitas de minhas escolhas pessoais ao começar no mundo dos investimentos, mas que fui conhecendo graças à curiosidade e à construção de uma história de sucesso nessa área.

Quando escrevi a primeira versão deste livro, em 2007, com meros 33 anos de idade, eu ainda não me considerava um profissional experiente, apesar de já ter uma grande lista de conquistas a comemorar em minha vida. Poucos anos antes, enquanto cursava a faculdade e cultivava em minha mente inúmeras incertezas quanto ao futuro, eu lamentava a escassez de orientações para muitas das angústias que sentia. Vez ou outra encontrava dicas nos jornais sobre como preparar um bom currículo ou como me portar em uma entrevista de emprego, mas sentia falta de opiniões experientes sobre carreira e renda. Via colegas de classe evoluindo profissionalmente, mas mesmo os que estavam ganhando melhor ou trabalhando nas empresas mais desejadas nutriam uma angústia quanto a seu futuro.

Eu me sentia ao mesmo tempo desorientado e surpreso, por estar cursando Administração em uma das melhores faculdades do país – na Fundação Getulio Vargas, em São Paulo – e perceber que todos tinham apenas uma vaga noção do que poderiam esperar de sua carreira. Anos antes, imaginara que as coisas seriam um pouco mais fáceis após passar em um vestibular extremamente exigente. Mas o máximo que eu conseguia enxergar em meu futuro, lá pelo quarto e último ano de faculdade, era uma grande interrogação.

Sempre fui de cuidar muito de meu amanhã, provavelmente uma das lições mais significativas que aprendi com meus pais. E eles, por sua vez, devem isso a suas origens. As histórias de minha família – tanto por lado de pai quanto de mãe – eram muito parecidas, dariam belos romances épicos. Meus quatro avós vieram da Europa fugindo da miséria e das dificuldades das guerras e fizeram a vida no Brasil com grande esforço, pagando cada refeição com seu suor. Não conseguiram construir riquezas materiais significativas – quando muito, a propriedade em que moravam – e contaram com a ajuda dos filhos para morrer com dignidade. Meu pai, que partiu em 2015, era o perfeito exemplo da geração de brasileiros que veio do nada – a família tinha apenas uma terra na roça – e que, com muito sacrifício, conseguiu alcançar um padrão de vida confortável e custear um bom nível educacional aos filhos.

Não quero criar um clima de compaixão ao falar dessa história de simplicidade, até mesmo porque a maioria dos brasileiros tem uma história parecida. Não era exceção, era a realidade. E viver na roça não era sinal de miséria, mas de uma grande conquista de imigrantes europeus no Brasil. A família estava bem e não passava fome. Mas a vida era muito simples.

O assunto dinheiro não era frequente em casa, pois cresci durante as duas décadas perdidas de nossa economia, com juros elevados, pacotes econômicos sucessivos e uma rotina de mudança de moedas. Lembro- -me das idas de minha mãe ao banco (não havia internet) para aplicar no overnight – quem pensava em não usar algum dinheiro por um ou dois dias tinha que investir para que o salário não perdesse valor, pois os preços eram remarcados todos os dias. Lembro-me também das estratégias que eu adotava para ganhar da inflação – como encontrar o remarcador de preços do supermercado e bisbilhotar sua lista de produtos, para descobrir quais ainda não tinham passado pela atualização. Por ter vivido minha infância e adolescência em uma época em que o ato de consumir significava proteção contra as ameaças da economia, eu reunia condições para me tornar um grande consumista.

Por outro lado, tinha em casa exemplos de que muitas coisas vinham antes do consumo, como estar em família e celebrar à mesa e não ao redor de pacotes de presentes. A família por parte de meu pai era numerosa e tinha o hábito de se reunir na casa do vô Antonio. Tirando um ou outro tio que acumulava um pouco mais de riquezas graças ao sucesso nos negócios, éramos basicamente pessoas de classe média do interior, sem grandes luxos. Tínhamos o costume de criar galinhas e ter pés de frutas e de bucha vegetal no quintal de casa, preparar a própria massa para as refeições e fazer sabão com banha para não ter que comprar no mercado. Vez ou outra, um emprestava dinheiro para outro cobrir alguma emergência ou o que estava mais duro trazia uma galinha ou uns ovos a cada dia que se convidava para uma refeição na casa de algum primo.

Não éramos de reclamar de pobreza. Pelo contrário, era uma família muito rica em convívio, com muitos “causos” para contar e roda de viola após o jantar. Hoje, reconhecido por meu sucesso financeiro e pela minha maneira de pensar sobre a riqueza, sou frequentemente questionado sobre a educação financeira que meus pais me deram. Não é fácil responder a esse questionamento, pois, na verdade, meus pais me privaram do assunto dinheiro – algo sábio de se fazer em uma época tão confusa que nem eles sabiam ao certo como cuidar dos seus trocados. Penso que a melhor educação financeira que tive foi o convívio familiar, a riqueza de momentos, as inúmeras oportunidades de desfrutar da vida sem ter que dirigir a meus pais o pedido “Compra?”.

Entre as melhores lembranças de minha infância, é claro que incluo os presentes que meu pai me deu com muito sacrifício ou já colhendo os frutos de seu progresso na carreira (talvez os mais marcantes tenham sido um triciclo e uma bicicleta, uma das primeiras Caloi Cross), mas incluo também os tempos que passava na Fazenda Pinheiro, em Itupeva, onde trabalhavam meus tios Teresa e Hermenegildo.

Por volta dos 6 anos, eu era capaz de ficar dias sem precisar de um único brinquedo. Minhas diversões eram subir no pé de amora, colher ovos de pata em meio à plantação de abóboras, observar a vacinação dos porcos, acompanhar a ordenha das vacas e comer bananas até não aguentar mais – só para ter mais cascas para jogar às galinhas.

Na casa de meus tios Donatella e Fernando não era diferente: eu passava a maior parte do tempo sentado sob pés de jabuticaba e mexerica, comendo frutas e conversando com meus primos. Nas casas de meus tios Pasquale e Beth eu até encontrava muitos brinquedos, dos filhos deles, mas a grande diversão estava nas visitas à oficina de caminhões da família, para acompanhar as regulagens de motores. É por isso que eu acredito que tive, como tenho até hoje, uma vida muito rica, pois foi rica em experiências. Brinquedos até eram bem-vindos, mas foram apenas um detalhe durante boa parte de minha infância.

Quando meu pai deslanchou na carreira e pôde nos oferecer um padrão maior de consumo, brinquedos e jogos passaram a ser mais presentes em minha vida, mas mantiveram o papel coadjuvante. Na pré-adolescência, minhas diversões favoritas eram o desenho e a caça de livros interessantes em estantes infantojuvenis. Mérito de minha mãe, que viu na biblioteca próxima de casa o local ideal para eu estudar sem distrações. Assim, mesmo sem gastar com livros, ela me proporcionou uma adolescência repleta de conhecimento e informação.

De todos os gastos que meus pais tiveram com os filhos, certamente o maior foi com nossa educação. Eu e minha irmã nunca recebemos mesada, não tive renda até os 22 anos, estudei em faculdades públicas e não tive grande parte dos gastos típicos de um adolescente. Escolhi o caminho dos esportes, passando longe de vícios e trocando roupas de grife por agasalhos de competição. Até os 24 anos, mal me preocupava com meu futuro profissional ou com renda.

Esse é um resumo de momentos marcantes que ajudaram a moldar minha personalidade. Não há lições a tirar de minha história até então a não ser o fato de que ela pode ser bastante parecida com a sua. Não quero convidá-lo à simplicidade, iludi-lo com a ideia de que é fácil voltar ao passado em um mundo repleto de fascinantes tentações de consumo. Não gosto de fazer apologia da pobreza, convencê-lo de que um dos caminhos para ficar rico é ter uma vida espartana, com contenção extrema de consumo e sem ambições. Essas reflexões nostálgicas foram escritas com o propósito de lhe mostrar duas coisas importantes:

  • Que uma vida de menos gastos não é necessariamente uma vida mais pobre, desde que você saiba encontrar felicidade em momentos e atividades que não precisam de um desembolso para acontecer;
  • Que um investidor de sucesso não precisou de anos de preparo obsessivo e incentivo dos pais, mas de escolhas maduras diante de oportunidades.

Em relação a esse segundo ponto, preciso esclarecer. Apesar de muitos se referirem a mim como guru das finanças, confesso que estranho bastante esse título. Nove anos antes de me tornar o autor mais vendido do Brasil com um livro sobre finanças pessoais, eu não passava de um bom aluno de faculdade de Administração com sérias dificuldades em acompanhar as aulas de Finanças. Era difícil, era chato, as condições de aula eram desfavoráveis: às quartas-feiras à tarde, dia de feijoada nas padarias que serviam os econômicos pratos feitos. Meus cadernos da disciplina tinham pouca coisa escrita e páginas onduladas pela saliva que escorria de minha boca durante as longas horas de sono em cima delas.

Mas o destino me pregou algumas peças. Assim que me formei, fui convidado a ajudar um ex-colega de faculdade em um trabalho – adivinhe em qual área – de consultoria financeira. Não entendia nada do assunto.

Uma vida de menos gastos não é necessariamente uma vida mais pobre,
desde que você saiba encontrar felicidade em momentos e
atividades que não precisam de um desembolso para acontecer.

Gustavo Cerbasi.

O convite surgiu em função de minha habilidade em escrever (obrigado, mãe, pelo incentivo à leitura!), que seria útil na elaboração de laudos explicativos sobre os estudos financeiros feitos para grandes empresas. Aprendi assim: tentando entender o que os outros, que sabiam muito, haviam feito e traduzindo aquele conhecimento para o papel. Diante da necessidade de ganhar algum dinheiro, comecei fazendo algo de que não gostava, mas a responsabilidade me levou a executar com competência a tarefa que me fora confiada.

Foi assim que aconteceu meu desenvolvimento na área: traduzindo para meu mundo leigo, com curiosidade e questionamentos, o conhecimento de pessoas que eram competentes porém pouco esclarecedoras em suas palavras e em sua linguagem técnica. Não aprendi Finanças; o que aprendi foi a não arredar pé enquanto não estivesse satisfeito com uma explicação. Esse comportamento deu certo com professores (depois, por uma exigência formal para lecionar, fiz um mestrado em Finanças), gerentes de banco, corretores de ações, advogados e economistas. “Não entendi” deve ter sido a expressão mais utilizada em meu processo de construção do conhecimento.

E foi assim, após muitos “Não entendi”, que acabei escrevendo livros sobre o assunto e, principalmente, elaborando meu próprio modelo de construção de riqueza, calcado mais nos investimentos do que na renda de meu trabalho. E é por isso que me sinto muito feliz com a oportunidade de escrever este livro através de cartas, ou capítulos, que tratam de ideias enriquecedoras uma de cada vez.

Como o mundo dos investimentos ainda tem muito a ser desbravado pela maioria dos brasileiros, tenho a consciência de que escrevo estas cartas não apenas para investidores jovens mas também para jovens investidores de idades mais avançadas. Já vi senhoras aposentadas tornarem-se grandes conhecedoras de ações após se darem a oportunidade de se envolver com o mercado. Também já vi famílias saírem da ruína financeira para uma saudável e segura posição de conforto após a simples decisão de vender a casa para pagar as dívidas e aplicar o restante do dinheiro. E, nos últimos anos de fortalecimento e popularização do mercado financeiro brasileiro, venho acompanhando cada vez mais jovens certos de que chegarão a seu primeiro milhão antes dos 30 anos ou à independência financeira antes dos 40, sem depender da sorte. Independentemente da idade, todos são jovens em sua opção de investir, mas fizeram escolhas inteligentes, não necessariamente audaciosas.

É esse espírito investidor que quero ver contagiá-lo, caro leitor. E ofereço estas cartas para ajudá-lo em suas escolhas, com a nobre intenção de facilitar seu caminho. Obrigado por investir seu precioso tempo nesta leitura. Tenho certeza de que este investimento lhe trará grandes resultados em muito pouco tempo.

G.C.

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Sobre o autor

Gustavo Cerbasi

GUSTAVO CERBASI é mestre em Administração pela FEA/USP e graduado em Administração Pública pela FGV. Possui especializações em Finanças pela Stern School of Business, da Universidade de Nova York, e pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com larga experiência em finanças dos negócios, planejamento familiar e economia doméstica, Cerbasi promove o curso on-line Inteligência Financeira e ministra palestras em todo o Brasil. Dedicado a educar para a saúde financeira, ele lançou o jogo de tabuleiro Renda Passiva, concebido de acordo com sua filosofia. Cerbasi tem 16 livros publicados e já vendeu quase 3 milhões de exemplares.

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