Como organizar sua vida financeira | Sextante
Livro

Como organizar sua vida financeira

Gustavo Cerbasi

Gustavo Cerbasi é autor de Casais inteligentes enriquecem juntos, que já vendeu mais de 1 milhão de livros no Brasil.

 

“Gustavo Cerbasi é um dos grandes responsáveis pela transformação de diversas pessoas e famílias no Brasil em poupadores e investidores, pois com sua didática consegue nos orientar para uma vida financeira melhor.” – ROBERT DANNENBERG, sócio daTime2Play

 “Eu mudei completamente a minha forma de encarar o dinheiro depois de ler Gustavo Cerbasi. Gostaria de ter parado para pensar nesse assunto quando abri a minha primeira empresa de tecnologia aos 14 anos.” – CHRISTIAN BARBOSA, autor de A Tríade do Tempo

 

Gerenciar o próprio dinheiro não é uma tarefa fácil para quem desconhece o poder do planejamento e da organização. Como organizar sua vida financeira apresenta dicas certeiras para você que deseja tomar decisões mais conscientes sobre o seu dinheiro.

O renomado consultor Gustavo Cerbasi reuniu neste livro todos os temas-chave que você precisa conhecer para alcançar o equilíbrio das finanças e planejar um futuro mais próspero.

Ele começa realizando um diagnóstico da sua situação atual, levando em conta dados como idade, dívidas, despesas, bens, investimentos e planos para a aposentadoria. Depois de chegar ao valor do patrimônio ideal para obter a tão sonhada independência financeira, é hora de aprender a analisar seu orçamento doméstico e identificar os pontos que podem ser aperfeiçoados.

Após traçar seu perfil de consumo e investimento, você poderá passar para os tópicos mais específicos, dominando de uma vez por todas os assuntos que sempre considerou complexos, tais como:

• Como fazer a Declaração do Imposto de Renda

• Qual é a melhor maneira de administrar as dívidas

• Como utilizar o crédito a seu favor

• Quando vale a pena fazer seguros

• Quais são os melhores investimentos

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Ficha técnica
Lançamento 10/08/2015
Título original COMO ORGANIZAR SUA VIDA FINANCEIRA
Formato 16 x 23 cm
Número de páginas 160
Peso 170 g
Acabamento BROCHURA
ISBN 978-85-431-0258-0
EAN 9788543102580
Preço R$ 49,90
Ficha técnica e-book
eISBN 9788543102597
Preço R$ 29,99
Ficha técnica audiolivro
ISBN 9786555646009
Duração 06h 22min
Locutor Guilherme Maciel
Lançamento 10/08/2015
Título original COMO ORGANIZAR SUA VIDA FINANCEIRA
Tradução
Formato 16 x 23 cm
Número de páginas 160
Peso 170 g
Acabamento BROCHURA
ISBN 978-85-431-0258-0
EAN 9788543102580
Preço R$ 49,90

E-book

eISBN 9788543102597
Preço R$ 29,99

Audiolivro

ISBN 9786555646009
Duração 06h 22min
Locutor Guilherme Maciel
Preço US$ 7,99

Leia um trecho do livro

Prefácio

O planejamento financeiro pessoal é cada vez mais relevante na vida das pessoas. É perceptível a diferença entre os que estão em paz com o seu bolso e os que lutam para esticar o salário e conseguir chegar ao fim do mês. Gustavo Cerbasi é um dos grandes responsáveis pelas transformações de diversas pessoas e famílias no Brasil em poupadores e investidores, pois com sua didática consegue nos orientar para uma vida financeira melhor.

Como organizar sua vida financeira é mais que um guia de planejamento financeiro. Na verdade, ele consegue fazer com que tenhamos uma vida melhor, mais próxima da família, dos amigos, do trabalho, dos estudos – enfim, do equilíbrio das nossas relações com o dinheiro e o trabalho.

Vejo muitas pessoas adiando a realização dos seus sonhos, dizendo que nunca vão conseguir sair do ponto em que estão, que a vida é injusta com elas, que não têm sorte, não têm dinheiro, não têm oportunidade, que ninguém as ajuda, que o mundo é cruel, enfim, uma lista enorme de razões para não fazer nada pelo próprio futuro. O exemplo pessoal do Gustavo demonstra claramente que é possível alcançar a tão sonhada independência financeira mesmo ainda sendo jovem, sem ter qualquer privilégio ou benesse, bastando para isso ter determinação, força de vontade e bons exemplos para seguir.

O sucesso não se mede somente pelo saldo bancário, pela posição social, pelo carro em que se anda, pela casa em que se vive, pelos bens que se possui. O sucesso é sinônimo de felicidade; logo, para ser feliz você precisa amar a vida e aquilo que faz dela.

Desejo que você, leitor, tenha em mente que o sucesso, seja ele qual for, só depende da sua atitude de hoje, e que nunca é tarde para buscar a felicidade.

Boa leitura!

Robert Dannenberg

 

Introdução

Por que organizar sua vida financeira? A resposta é simples: para que você tenha mais controle sobre seu dinheiro, mais consciência de suas escolhas e mais eficiência no uso de sua renda. Se você se sente financeiramente equilibrado mesmo sem praticar de maneira consciente sua organização financeira, talvez se pergunte por que dedicar tempo a uma nova rotina de controles pessoais. Afinal, controlar exige tempo; e tempo é algo raro e de grande valor nos dias de hoje. Será que vale a pena investir um recurso tão escasso apenas para melhorar nosso sentimento de segurança? Será que essa melhoria nos dá prazer maior do que aquele que teríamos ao dedicar nosso tempo a atividades de lazer?

Antes que você desista do que procurava ao começar a ler este livro, vamos direto ao ponto. Quanto mais você aperfeiçoar sua organização financeira, menos dúvida terá na hora de fazer escolhas de consumo, investimento e realizações pessoais, e mais eficientes serão essas opções. Além disso, quanto mais você exercitar sua organização financeira, mais disciplinado será seu dia a dia e, com isso, mais organização você terá em outros aspectos da vida. Por exemplo, será mais fácil se lembrar de datas importantes que se repetem todos os anos. Em meu livro Casais inteligentes enriquecem juntos, defendo a ideia de que um casal jamais cairá na rotina se souber assegurar uma verba para fazer coisas novas. Difícil não é o relacionamento, mas sim a disciplina necessária para assumir certas regras de convivência.

Este livro nasce com dois objetivos. O primeiro deles é ajudar você, leitor, a ter mais consciência de suas escolhas financeiras, incluindo a rotina de gastos básicos e gastos eventuais, o uso do crédito, os investimentos e as escolhas de bem-estar e segurança. Usando melhor seu dinheiro, você terá uma vida mais rica. Então, sem meias palavras: meu primeiro objetivo é tornar cada leitor mais rico a partir desta leitura. O segundo é levar a um número maior de pessoas uma filosofia de vida e de trabalho bem-sucedida que transmiti a centenas de famílias enquanto era viável o atendimento individual em meu escritório. O sucesso de meus livros passou a consumir minha agenda e me trouxe a oportunidade de levar a educação financeira a um público muito mais amplo, por meio de novos livros. Hoje você pode obter informações preciosas que antes eram acessíveis a poucos. Espero que Deus me abençoe com a didática necessária para tornar esta leitura tão eficiente quanto o atendimento pessoal.

Ao longo do livro, você encontrará orientações para consumir mais, privar-se menos, aproveitar melhor suas oportunidades de crédito, equilibrar suas dívidas, selecionar produtos financeiros para sua segurança, investir
com correção, segurança e disciplina e tomar decisões financeiras sensatas para uma vida com mais realizações.

Você vai tirar melhor proveito do livro se utilizá-lo como um manual, anotando os pontos que acredita que devem ser colocados em prática e depois relendo os trechos que motivaram tais anotações. Entenda que, a partir desta leitura, a rotina de organização de sua vida financeira deverá mudar, então assuma a postura de mudança. A cada capítulo, proponho uma série de iniciativas, a maioria delas bem simples de serem colocadas em prática. Tenha à mão um caderno ou bloco de notas para transcrever suas reflexões, assumir compromissos consigo mesmo ou até anotar dúvidas para futura pesquisa. Os capítulos estão estruturados segundo grandes temas das finanças pessoais, para facilitar as consultas posteriores a suas anotações. Apesar disso, recomendo que você evite ir direto ao ponto de sua necessidade; leia os ensinamentos na íntegra, e depois, com uma visão mais abrangente do que você precisa mudar em sua rotina, volte ao ponto que mais lhe interessa para conseguir efetivar a mudança.

Por exemplo, digamos que o leitor esteja em busca de uma solução para seu grave endividamento. O Capítulo 7 é dedicado especificamente a atender a essa necessidade. Porém, a leitura dos capítulos que o antecedem é recomendada, pois, ao fazê-la, o leitor entenderá que essa situação surgiu de más escolhas feitas em sua organização pessoal e nos momentos de consumo.

Nas próximas páginas, serei seu consultor financeiro pessoal. Como não poderia deixar de ser, meu desejo é que este livro o ajude a melhorar de vida. Foi com as ideias aqui transcritas que obtive muitas conquistas pessoais, e minha forma de agradecer foi compartilhá-las com o maior número de pessoas possível. Comecei como consultor, hoje o faço como escritor. Espero o mesmo de você: divida este conteúdo com pessoas que você sabe que precisam de um norte em relação a suas escolhas financeiras.

Sucesso na transformação de sua vida!

 

Capítulo 1
Autoconhecimento: o passo mais importante

Quando um cliente procura um consultor financeiro pessoal em busca de respostas, o que ele encontra, logo de cara, é um monte de perguntas, nada de respostas. A primeira etapa do trabalho de orientação financeira de uma família é o diagnóstico de sua situação financeira. As primeiras duas ou três horas de atendimento são as mais importantes de todo o processo, pois é quando identificamos quão desequilibrada está a situação econômico-financeira daquelas pessoas.

O que costuma parecer um simples bate-papo é, na verdade, uma forma descontraída de o consultor ganhar a confiança de seus clientes e utilizar perguntas-chave que permitirão formar um retrato das finanças da família.
Com perguntas do tipo “O que vocês fazem com o dinheiro que ganham?” e “Quais são seus planos para os próximos anos?”, os clientes são convidados a refletir sobre algo que é a essência econômica de seu viver, mas em que nunca haviam sido solicitados a pensar. As respostas às perguntas passam, então, a ser o insumo para a elaboração de um planejamento financeiro pessoal/ familiar para os próximos anos, visando conduzir essa família ao equilíbrio financeiro.

Você sabe se está em equilíbrio?

Para criar seu próprio planejamento, é hora de arregaçar as mangas e começar a fazer o que um consultor faria por você. Para identificar seu ponto de equilíbrio financeiro, não basta saber se o dinheiro que você ganha dá para pagar as contas. Leve em consideração que sua existência será mais longa que sua carreira (ninguém quer trabalhar até o último dia de vida), e que a evolução da medicina pode fazê-lo viver mais tempo do que você imagina. Ignorar isso é um risco, pois pode obrigá-lo a trabalhar para sempre, se é que você conseguirá manter sua empregabilidade até o fim da vida.

Há diversas interpretações para o conceito de equilíbrio financeiro, e as que adotamos são obtidas pelos cálculos a seguir. Vamos ao diagnóstico. Anote as informações solicitadas nos espaços indicados ou em uma folha à parte. Tenha em mãos uma calculadora.
Qual é a sua idade hoje? _______ anos (A)
Qual é a idade prevista para sua aposentadoria? _______ anos (B)
Qual é o prazo para sua aposentadoria, em anos? ____ anos = (B) – (A)
Qual é a sua renda média mensal? R$ __________ (C)
Qual é o gasto médio mensal de sua família? R$ __________ (D)
Qual é o valor total aproximado de seus investimentos? R$ __________ (E)

Para avaliar o que seria a situação de equilíbrio financeiro desejável para seu padrão de vida/consumo e para sua idade, precisamos de uma importante informação: a rentabilidade líquida anual obtida por investimentos
conservadores. Entenda por investimentos conservadores aqueles aos quais você alocaria seus recursos poupados para o longo prazo, pensando em segurança e certeza de ganhos, sem negligenciar a orientação de especialistas (como o consultor de investimentos de seu banco).

Repare nestas duas importantes definições:
– Rentabilidade bruta: aquela que se obtém após pagar os custos do investimento ou as taxas de administração de um fundo, mas antes de pagar o Imposto de Renda (IR) e de abater a inflação do período. No caso de fundos, é a rentabilidade divulgada nos relatórios do banco ou da corretora.
– Rentabilidade líquida: aquela que se obtém após descontar, da rentabilidade bruta, o IR devido no resgate e a taxa de inflação do período medido.

Exemplo: se um investimento render 10% ao ano, descontando IR de 15% e inflação de 4% ao ano, teremos uma rentabilidade líquida de 4,5%.

Em geral, a rentabilidade líquida de investimentos conservadores costuma estar entre 3% e 6% ao ano. Com boa orientação e diversificação, incluindo em sua carteira de investimentos fundos de renda fixa, imóveis e uma pequena parcela de ações (lembre-se: estamos tratando de investimentos conservadores), você não terá grandes dificuldades para obter ganhos líquidos de até 8% ao ano. Se tiver dúvida em relação ao cálculo dessa informação, solicite ajuda a seu gerente de conta no banco ou a alguém com conhecimentos básicos de economia. Recomendo também a leitura de Investimentos inteligentes, no qual apresento estratégias eficientes para alcançar com segurança esse patamar de rendimentos.

Qual a rentabilidade líquida de seus investimentos? _____ % ao ano.

Com as informações que você listou e a estimativa para a rentabilidade líquida de investimentos conservadores, o próximo passo é calcular os indicadores a seguir, que determinam minha recomendação para a situação ideal para o seu caso. A título de exemplo para cada indicador, utilizarei um conjunto hipotético de informações, obtido a partir de uma média aproximada entre os clientes que atendi nos últimos anos. Estes serão os dados pessoais informados pelo Sr. DaSilva:

Qual é a sua idade hoje? 35 anos (A)
Qual é a idade prevista para sua aposentadoria? 60 anos (B)
Qual é o prazo para sua aposentadoria, em anos? 25 anos = (B) – (A)
Qual é a sua renda média mensal? R$ 6.000,00 (C)
Qual é o gasto médio mensal de sua família? R$ 5.000,00 (D)
Qual é o valor total aproximado de seus investimentos? R$ 100.000,00 (E)

Os indicadores de sua situação patrimonial são os seguintes:

1) Patrimônio Mínimo de Sobrevivência
Ao contrário do que muitos pensam, o equilíbrio financeiro não está em ter as contas em dia, sem dívidas atrasadas e sem investimentos. O equilíbrio desse tipo de situação é muito tênue e pode se desfazer diante de qualquer imprevisto. O Patrimônio Mínimo de Sobrevivência (PMS) é aquele que você precisa ter para simplesmente poder reorganizar sua vida em caso de desemprego, doença ou planos frustrados em sua atividade de negócios. É com essa reserva que você manterá seu padrão de consumo até que as coisas se normalizem.

Essa reserva deve ser constituída por investimentos de liquidez, ou seja, por um patrimônio que não esteja sendo desfrutado por sua família, como sua casa e seu automóvel. Se o seu patrimônio constitui-se apenas de bens em situação de desfrute, lamento informar: eles foram adquiridos precocemente e são o principal fator de risco de sua vida financeira.

Mais do que uma fonte de renda de emergência, o PMS funciona como um estabilizador da família, possibilitando escolhas conscientes e tranquilas em momentos que seriam desesperadores para a maioria das pessoas. Minha recomendação é que seu PMS deve ser uma reserva financeira correspondente a seis vezes o seu consumo mensal.

Com as informações pessoais descritas anteriormente, o cálculo do PMS é feito da seguinte maneira:

PMS = 6 x [Gasto Médio Mensal da Família (D)]

No caso do Sr. DaSilva, cujos gastos mensais são de R$ 5.000,00, o PMS deve ser de R$ 30.000,00.

RECOMENDAÇÃO: Se você não tem uma reserva financeira equivalente a seu PMS, deve priorizar a criação dessa reserva acima de suas demais escolhas. Vale trocar o automóvel por um mais barato, vender bens que
utiliza pouco ou até mesmo vender a casa para comprar uma mais barata.

2) Patrimônio Mínimo Recomendado para sua segurança
Para estar financeiramente seguro, você precisa contar com reservas financeiras que lhe propiciem escolhas profissionais e pessoais sem elevar o dinheiro a um grau de importância maior do que seus valores pessoais.

Muitos evitam ousar na carreira por medo de não conseguir sustentar o padrão de vida da família em caso de erro nas escolhas profissionais. Pelo mesmo motivo, outros não conseguem realizar seus sonhos pessoais, como fazer um curso de especialização ou de gastronomia, uma viagem em família ou praticar um esporte apaixonante. E se, ao voltar de férias, alguém estiver ocupando seu lugar? Parece que dar um tempo na carreira ou dedicar-se a prazeres pessoais são decisões proibitivas no mundo corporativo em que a maioria dos profissionais está enjaulada.

Para diminuir o peso em sua consciência diante de atitudes ousadas, o ideal é que você tenha lastro para manter sua vida por vários meses, caso seu patrão ou o mercado não concordem com sua escolha pessoal. Chamado de Patrimônio Mínimo Recomendado (PMR) para sua segurança, e com o mesmo raciocínio adotado para o PMS, esse lastro deve ser constituído por investimentos de liquidez, e não por itens de consumo. O PMR deve ser uma reserva financeira equivalente a 12 vezes o consumo mensal de sua família, caso você esteja numa situação de emprego estável (assalariado, com boa formação em sua área e boas condições de recolocação em caso de desemprego). Autônomos, assalariados sem vínculo empregatício (que trabalham como pessoa jurídica) e profissionais com reduzida empregabilidade deveriam ter um PMR equivalente a 20 vezes seu consumo familiar. Utilizando suas informações pessoais, o cálculo do PMR é feito da seguinte
maneira:

PMR = 12 x [Gasto Médio Mensal da Família (D)], para boa empregabilidade
PMR = 20 x [Gasto Médio Mensal da Família (D)], para baixa empregabilidade

No caso do Sr. DaSilva, cujos gastos mensais são de R$ 5.000,00, o PMR deve ser entre 12 e 20 vezes esse valor, ou seja, entre R$ 60.000,00 e R$ 100.000,00.

RECOMENDAÇÃO: Se você já tem reservas equivalentes ao PMS, não precisa priorizar a constituição do PMR acima das demais escolhas. Porém, sua constituição deve estar entre seus objetivos de médio prazo, vindo antes de férias, troca de casa ou carro e, principalmente, antes de iniciativas de montar um negócio próprio. Aliás, os recursos dessa reserva até podem ser considerados como fundos para o capital de giro de um negócio próprio, porém somente acima do limite do PMS. Jamais esgote suas reservas de sobrevivência para tocar um investimento de risco, como um negócio próprio.

3) Patrimônio Ideal para sua idade e situação de consumo
Ter reservas suficientes para assegurar a estabilidade de sua situação presente não quer dizer que você esteja com a situação financeira bem encaminhada. Se tiver patrimônio ao menos equivalente ao PMR recomendado, você está fazendo a coisa certa, mas isto pode não ser suficiente. Ao longo de nossa carreira, é nossa obrigação – pena que não nos ensinam isso na escola – zelar pela construção de reservas financeiras suficientes para mantermos nossa família durante o período de redução ou esgotamento de nossa atividade profissional, ou seja, durante a aposentadoria. Por esse motivo, acredito que lhe pareça razoável supor que nossas reservas financeiras ideais aos 50 anos devam ser maiores do que as que seriam recomendadas para uma pessoa de 30 anos.

Assim, existem várias teorias para estimar o Patrimônio Ideal (PI) para cada momento de nossa vida. Uma das mais simples e utilizadas entre consultores financeiros mundo afora é a que sugere que, para estarmos no
caminho certo de formação patrimonial, devemos ter acumulados 10% de nosso gasto familiar anual para cada ano de vida.

PI = 10% x [Gasto Médio Anual da Família] x Idade
PI = 10% x [12 x Gasto Médio Mensal da Família (D)] x Idade

Para o Sr. DaSilva, que aos 35 anos tem um gasto anual de R$ 60.000,00 (ou 12 vezes R$ 5.000,00 mensais), o PI seria de:

PI = 10% x [12 x R$ 5.000,00] x 35
PI = R$ 6.000,00 x 35 = R$ 210.000,00

Considerando que o Sr. DaSilva é um profissional ativo e que ainda está em processo de acumulação patrimonial, o Patrimônio Ideal para sua idade e situação de consumo é de R$ 210.000,00, investidos em ativos de liquidez, ou seja, que lhe gerem renda e que possam ser movimentados para alternativas de investimento em caso de necessidade.

Esse é o valor patrimonial que indica que seu padrão de vida será pouco afetado se ele continuar trabalhando até completar 65 anos, supondo que, daí para a frente, seus planos sejam de consumir suas reservas. O ponto fraco dessa estimativa é não levar em consideração que o Sr. DaSilva pode viver muitos anos a mais do que o restante da população, o que levaria suas reservas a se esgotarem antes do fim de sua vida.

Outra forma de entender o PI é estimar por quantos meses de desemprego você pode manter a família, consumindo suas reservas. Se o número de meses for inferior a 12, você está aquém da situação ideal.

RECOMENDAÇÃO: Se o seu patrimônio é inferior ao PI, você deve reduzir seus objetivos de consumo e acelerar seus objetivos de poupança, a fim de diminuir gradativamente o atraso. Outra opção é contratar um seguro de vida que assegure a sua família um prêmio equivalente a cerca de duas vezes esse valor em caso de morte ou invalidez, caso você seja o principal responsável pela renda familiar, pelos motivos que serão explicados detalhadamente no Capítulo 8.

4) Patrimônio Necessário para a Independência Financeira
Planejar o consumo de seu patrimônio durante a aposentadoria pode ser um péssimo negócio, principalmente se você acredita na evolução da medicina e adota práticas de qualidade de vida que podem estender seu prazo de validade aqui na Terra. Se, por exemplo, seus planos incluem aposentar- se aos 65 e viver do seu patrimônio durante 20 anos, certamente estará arrependido caso chegue à idade de 85 e perceba que tem fôlego para mais 20 anos.

Por esse motivo, uma escolha cautelosa e defensiva é planejar-se para viver apenas dos rendimentos líquidos de seu patrimônio ou, então, dos rendimentos mais um pequeno consumo de suas reservas, calculando esse
consumo para que as reservas durem até você completar 120 anos. Essa escolha é também mais trabalhosa, pois, para dar certo, você precisará ter um patrimônio bem maior do que o que seria necessário para acabar em
alguns anos. Afinal, seu objetivo deve ser (ou ao menos deveria ser) manter seu padrão de consumo ao longo da vida. Sim, suas necessidades atuais de consumo podem diminuir, mas tenho certeza de que você não desperdiçará a oportunidade de gastar excedentes financeiros com mais lazer, prazer e diversão.

Por isso, o indicador da situação patrimonial ideal para você nunca mais trabalhar na vida é o Patrimônio Necessário para a Independência Financeira (PNIF), que supõe que os gastos anuais familiares devem ser totalmente cobertos pelos rendimentos líquidos de investimentos conservadores. O PNIF é calculado da seguinte maneira:

PNIF = [Gasto Médio Anual da Família] /
Rentabilidade Líquida Anual de Investimentos

Supondo que o Sr. DaSilva obtém rendimentos líquidos da ordem de 8% de seu patrimônio por ano, seu PNIF seria, então, o seguinte:

PNIF = [12 x Gasto Médio Mensal da Família (D)] / 8%
PNIF = [12 x R$ 5.000,00] / 0,08 = R$ 750.000,00

Em outras palavras, se o Sr. DaSilva tivesse um patrimônio de liquidez de cerca de R$ 750.000,00, poderia deixar de trabalhar e passar a administrar seus rendimentos líquidos de 8% ao ano para assegurar o consumo mensal de R$ 5.000,00 de sua família. Repare, porém, que este indicador depende diretamente da sua eficiência na gestão de seu patrimônio. Se, em vez de ganhos de 8%, o Sr. DaSilva não conseguisse mais do que 5% de ganhos anuais em sua carteira de investimentos, seu PNIF subiria para [12 x R$ 5.000,00] / 0,05 = R$ 1.200.000,00. É uma diferença de quase meio milhão de reais para assegurar seu bem-estar, o que não pode ser desprezado.

IMPORTANTE: PMS, PMR, PI e PNIF não são indicadores excludentes, ou seja, você não precisa ter a soma dos quatro indicadores para estar com sua situação patrimonial equilibrada. Os indicadores sugerem necessidades diferentes, e sobrepõem-se de modo que o PMS faça parte do PMR, que por sua vez faz parte do PI, que, por sua vez, é uma fração do PNIF.

Quando o equilíbrio está longe do ideal

Digamos que, em vez de ter reservas financeiras, sua situação financeira seja bem diferente, tendo contraído algumas dívidas das quais não consegue se livrar ou raramente conseguindo alguma sobra de recursos no fim do mês. Ou, então, seu salário praticamente empata com seus compromissos ou, com o pouco que sobra, você às vezes troca de carro ou poupa sem maiores objetivos. Essas situações lhe parecem mais familiares? Caso lhe pareçam, você não está sozinho.

Menos de 5% das pessoas conseguem manter sua situação financeira dentro das recomendações de equilíbrio. O fato de parecerem utópicas para muitos não as invalida. Elas servem de referência para que você saiba o que
deve perseguir a partir do momento em que decide cuidar mais objetivamente de sua vida financeira.

Os que praticam exercícios regulares e corretos estão entre os 5% da população com melhor condicionamento físico. Aqueles que adotam hábitos nutricionais balanceados estão entre os 5% mais saudáveis da população. Quem se planeja para dedicar tempo suficiente para a família e o lazer está entre os 5% mais felizes. Todos temos o direito de fazer escolhas, desde que saibamos o que devemos fazer.

O propósito deste livro é conduzi-lo a uma situação de equilíbrio que hoje é desfrutada por uma minoria não necessariamente abastada. Não é preciso nascer em berço de ouro ou ganhar na loteria para compor reservas. A maior necessidade reside em escolher um padrão de vida compatível com o equilíbrio e em encontrar formas de satisfazer-se dentro das suas possibilidades. Muitos, entretanto, preferem ver sua felicidade naquilo que ainda não possuem, e fazem de sua vida uma eterna busca que resulta em problemas. No caso, os problemas são dívidas intermináveis e, muitas vezes, impagáveis.

Se, por acaso, todas as sugestões sobre níveis de patrimônio recomendados lhe parecem abstratas ou inalcançáveis, convido-o a refletir longamente sobre suas escolhas. Os capítulos seguintes o ajudarão nessa reflexão, mas é importante que você entenda que:

– Se você tem dívidas que o preocupam ou não tem condições de manter sua família por alguns meses em caso de desemprego, é sinal de que escolhas ruins no passado fizeram com que seu padrão de vida passasse a depender de dívidas. Ter dívidas não planejadas significa que você gasta mais do que ganha, e também que está dando um passo atrás na construção de sua riqueza, gastando sua renda com juros e não com consumo ou investimentos.
– Financiamentos e dívidas nos ajudam a antecipar sonhos, mas não se pode desprezar o fato de que, ao optar por realizar todos os sonhos valendo-se de financiamentos, você pagará muito mais por eles. Uma vida financeira repleta de dívidas faz com que você conquiste muito menos sonhos do que conquistaria com planejamento e disciplina.
– Ao consumir toda a renda que você ganha para manter seu padrão de consumo, você acredita que irá trabalhar até o último segundo de vida para manter seus gastos no futuro. É importante perceber que os ganhos que você tem hoje devem ser suficientes para mantê-lo tanto durante o mês atual quanto durante sua vida após a aposentadoria. Por isso, é essencial para a sua sobrevivência que ao menos uma pequena parte de seus ganhos mensais seja poupada para o futuro.
– Aqueles que conseguem fazer poupança para objetivos de consumo de curto e médio prazos, porém não conseguem viabilizar reservas financeiras específicas para sua segurança, ignoram que consumir toda a sua reserva financeira em pagamentos iniciais (chamados de entradas), que originam novas dívidas, é uma maneira de reduzir gastos com juros, mas que cria uma sensação de eterna insegurança. O ideal é manter sempre uma reserva que possa sustentá-lo durante alguns meses em caso de imprevistos.

Estar longe do equilíbrio pode não parecer uma situação dramática, já que você está com a maioria. Porém é importante partir para a ação. Os capítulos seguintes o orientarão detalhadamente sobre diversos focos de ação, mas não deixe de tomar uma atitude já, para o caso de algum motivo maior o forçar a interromper a leitura antes do final. Reflita sobre seu orçamento a fim de eliminar gastos de menor relevância para sua família e estabeleça objetivos de poupança.

O primeiro passo de qualquer planejamento financeiro é garimpar suas contas em busca de sobras de recursos. Investir mal é melhor do que não investir. Com o tempo e o conhecimento necessário, você começará a selecionar melhor suas alternativas de investimento e dará mais eficiência a sua poupança.

Caso mais pessoas dependam de você (esposa, marido, filhos, genitores) e suas reservas financeiras estejam bem aquém do PMR, não deixe de considerar a contratação de um seguro de vida. Ao ler o Capítulo 8, você concordará que seguros não são um luxo, mas sim a garantia de que as condições básicas de dignidade de sua família estarão asseguradas mesmo quando o pior acontecer.

Se, por outro lado, fazer sobrar dinheiro for atualmente o seu maior desafio financeiro, o capítulo a seguir dará orientações e respostas a suas dúvidas e preocupações. Mais uma vez, mantenha à mão suas anotações e a calculadora.

INICIATIVAS PARA SEU PROJETO PESSOAL
• Reserve uma data anual para organizar sua vida financeira. A data que sugiro a meus clientes é o dia de seu aniversário. Na agenda, ela aparece como dia da “Faxina nas Contas”.
• Entre as iniciativas agendadas para esse dia (que serão detalhadas ao longo do livro), inclua recalcular os indicadores patrimoniais de equilíbrio PMS, PMR, PI e PNIF. Feito isto, reflita se você evoluiu em relação a eles.
• Se o seu patrimônio não evoluiu como você gostaria, adote iniciativas, por escrito, para acelerar o processo. Algumas sugestões são:
– Venda bens que estão fora de uso, para amigos ou em leilões virtuais.
– Troque de automóvel por um mais barato e econômico.
– Substitua parte da formação de poupança por investimentos em cursos e especializações que possam elevar seu patamar de renda profissional.
– Preste serviços alternativos, como consultorias, aulas e palestras em sua área profissional, visando incrementar sua renda.
– Se for autônomo ou profissional liberal, vincule-se a associações de classe, para aumentar seu networking e obter mais oportunidades de indicação de trabalho.

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Gustavo Cerbasi

Sobre o autor

Gustavo Cerbasi

GUSTAVO CERBASI é mestre em Administração pela FEA/USP e graduado em Administração Pública pela FGV. Possui especializações em Finanças pela Stern School of Business, da Universidade de Nova York, e pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com larga experiência em finanças dos negócios, planejamento familiar e economia doméstica, Cerbasi promove o curso on-line Inteligência Financeira e ministra palestras em todo o Brasil. Dedicado a educar para a saúde financeira, ele lançou o jogo de tabuleiro Renda Passiva, concebido de acordo com sua filosofia. Cerbasi tem 16 livros publicados e já vendeu quase 3 milhões de exemplares.

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