Prefácio
Na primavera de 2005, recebi um telefonema de minha editora brasileira, a Sextante, informando-me de que O monge e o executivo tinha se tornado um campeão de vendas. Levei um susto na ocasião e até hoje continuo admirado com a popularidade que o livro alcançou no país.
Desde então, estive diversas vezes no Brasil, onde fiz 70 palestras em 30 cidades diferentes, de São Luís a Blumenau, de Cuiabá a Natal, de Fortaleza a Florianópolis, de Gramado a Belém e de Manaus a Macaé. Passei a amar o país e seu povo!
Em minhas viagens, as pessoas sempre me perguntam por que meus textos fazem tanto sucesso no Brasil. Nos dez anos decorridos desde a publicação de O monge e o executivo, ainda não encontrei nenhuma explicação razoável para esse fenômeno. Para vocês terem uma ideia, o livro vendeu milhões de exemplares no mundo inteiro, sendo que 80% foram só no Brasil.
A resposta que costumo dar é que “Deus deve ter algum plano para o Brasil! Afinal, de acordo com a sabedoria popular, se você sabe explicar o milagre, não foi obra de Deus!”.
Quando anunciei que estava escrevendo De volta ao mosteiro, as pessoas começaram a me fazer outra pergunta: “Por que mais um livro sobre o monge e o executivo?” A resposta mais curta é: “Continuo a crescer e a descobrir coisas novas, com o mesmo vigor que recomendo aos leitores, por isso quero compartilhar esta nova aprendizagem com meu público.”
Em meus 36 anos de carreira, fiz consultorias para mais de 400 organizações no mundo inteiro. Durante esse período, tive o privilégio de trabalhar com alguns dos melhores profissionais que existem, e também com alguns dos piores. Aprendi muito com meus clientes.
Além disso, já faz 17 anos desde que concluí o manuscrito de O monge e o executivo, e cheguei a uma compreensão mais profunda e mais rica da liderança servidora. Tenho também novas percepções de como as pessoas mudam, inclusive dos passos necessários para o desenvolvimento das habilidades de liderança. A primeira metade deste livro é dedicada a muitas dessas novas percepções.
Já a segunda trata da cultura e da formação de equipes de alto desempenho, tema sobre o qual fiz apenas uma breve alusão em meus dois livros anteriores. Nos últimos anos, venho adquirindo uma visão mais clara de como a cultura, o trabalho de equipe e o “companheirismo” (o que chamo de “comunidade”) são importantes para as organizações. De fato, a cultura é um ingrediente fundamental (talvez o ingrediente-chave) do que torna excelente uma organização.
Antes de seguir adiante, porém, gostaria de definir melhor esses termos.
Quando uso a palavra “organização”, refiro-me a qualquer grupo de duas ou mais pessoas reunidas com uma finalidade. Assim, os princípios de construção de uma cultura de excelência aplicam-se ao casamento, à família, aos esportes, aos negócios, às forças armadas, à educação – praticamente a qualquer grupo que se possa imaginar.
Ao discutir a “cultura”, refiro-me à maneira como funciona a organização, incluindo suas crenças, seus valores, suas atitudes, seus comportamentos e, em última análise, seus traços e hábitos singulares. Em outras palavras, cultura é “nosso jeito de fazer as coisas”. Toda organização tem sua cultura característica.
Gosto de pensar na cultura como uma águia gigantesca, com potencial para elevar qualquer organização ao nível de excelência e a novas alturas. As asas da águia que lhe permitem voar alto são a liderança servidora e um forte senso de companheirismo e comprometimento.
Ao longo dos anos, conheci muitos líderes bastante sólidos, mas que não conseguiam criar coesão e comprometimento em suas equipes. Também conheci outros que eram excelentes na formação de equipes e no estabelecimento de laços afetivos, porém incapazes de compreender a liderança ou exercê-la com competência. Quando se consegue fazer as duas asas da águia funcionarem de forma harmônica, ela voa muito mais longe. E chega ao seu destino muito mais rápido.
Minha experiência me convenceu de que esse potencial latente de excelência encontra-se adormecido em mais de 90% das organizações, incluindo empresas, casamentos e famílias. Isso é triste, porque praticamente qualquer organização tem capacidade de criar uma cultura de excelência ao se comprometer com alguns princípios simples.
A boa notícia é que dispomos da metodologia para a construção tanto de grandes líderes quanto de companheirismo e comprometimento. Na verdade, essa metodologia já existe há muito tempo!
Fico bastante surpreso ao ver como são poucos os que tiram proveito desse enorme potencial em suas organizações. E o custo é irrisório. Basta ter vontade de crescer. Vontade de mudar. Vontade de melhorar.
Construir líderes e formar uma comunidade é a chave para criar e sustentar uma grande organização e uma cultura de excelência. E os passos são simples, como você vai ver neste livro.
O filósofo e poeta Ralph Waldo Emerson dizia que, quando se assume um compromisso, o Universo conspira para fazê-lo acontecer. Rogo para que vocês assumam o compromisso de criar excelência em qualquer organização de que façam parte.
Portanto, é com grande alegria que compartilho estas novas descobertas com vocês, meus queridos leitores brasileiros!
Que Deus os abençoe imensamente em sua jornada.
James C. Hunter
1o de julho de 2014