Capítulo 1
Você não vai conseguir fazer tudo
Peter Bregman
Brad é a pessoa mais dedicada ao trabalho que conheço. Não se trata apenas de se manter ocupado: ele faz questão de estar sempre concentrado nas tarefas mais importantes. A estratégia compensa: ele é o funcionário que mais gera receita para a empresa.
Durante um feriado prolongado, Brad viajou com a família para descansar. Durante o voo, decidiu não usar a internet do avião e passou o tempo brincando com os filhos. (Cinco horas de férias digitais.)
Quando aterrissaram, Brad ligou o celular e descobriu que, nesse meio-tempo, uma crise havia se instalado. Havia quase 500 e-mails na caixa de entrada.
E lá se foram suas férias digitais.
O fato é que não conseguimos nos afastar de verdade. Não há como escapar da constante enxurrada de e-mails, mensagens de texto, atualizações de redes sociais – e estamos falando apenas do fluxo de informações que recebemos por meios digitais. Como ficar em dia com tudo isso?
Simplesmente não é possível.
A ideia de que somos capazes de fazer tudo é o maior dos mitos a respeito da gestão de tempo. Brad nunca conseguirá analisar em profundidade todos os e-mails, assim como nenhum de nós será capaz de fazer tudo que deseja.
Vamos encarar a realidade: somos um recurso limitado.
Por um lado, isso é deprimente. Por outro, admiti-lo pode ser tremendamente fortalecedor. Quando nos conscientizamos de que não conseguiremos fazer tudo, ficamos em uma posição muito melhor para escolher o que vamos fazer. Em vez de permitir que as coisas nos escapem aleatoriamente por entre os dedos, podemos deixar de lado as tarefas irrelevantes e nos concentrar no que importa.
É disso que trata este guia.
Fazer o trabalho mais importante envolve dois desafios principais: identificá-lo e depois concluí-lo.
Para determinar qual é o “trabalho mais importante”, precisamos fazer as escolhas que nos levarão aos resultados que desejamos, e isso significa que devemos conhecer nossas prioridades.
Para cumprir o segundo desafio – a execução em si –, necessitamos de ferramentas, como rotinas, listas de afazeres e delegação de tarefas.
Mas quais ferramentas funcionarão melhor para você? Quais rotinas vão ajudá-lo a cumprir seus objetivos?
Para tirar melhor proveito deste guia, siga estes três passos:
1. Identifique seus desafios na gestão do tempo. Você deixa o escritório com a sensação incômoda de que trabalhou o dia todo mas não cumpriu a tarefa mais importante? Você se distrai com coisas pequenas, evitando os projetos grandes e complexos? Para descobrir com que se distrai mais, responda ao questionário “Você sabe lidar com as distrações?”, na página seguinte.
2. Encontre uma ideia que possa exercer o maior impacto sobre seu trabalho. Após identificar seus principais desafios, leia este guia e ponha em prática a dica que promoverá a maior mudança na sua rotina. Talvez você não saiba bem quais são as suas “tarefas mais importantes”. Talvez procrastine demais. Escolha a tática que supostamente o ajudará mais e concentre-se em aplicá-la.
3. Repita o processo. Quando perceber que a tática exerceu um impacto significativo sobre seu trabalho, repita o processo. Retorne ao guia e selecione outra dica.
Como Brad é um exemplo de produtividade, preferiu deixar o celular de lado e esperar para responder às mensagens no quarto de hotel. Assim que se instalou, abriu o notebook e atacou a crise: por telefone, aliviou as preocupações do cliente e delegou tarefas; então enviou um e-mail para a equipe e para o cliente detalhando o plano para gerenciar a crise. Uma hora depois, já havia resolvido o problema. Com o computador fechado e o celular da empresa desligado, ele curtiu o jantar com a família – o que, naquele momento, era o que tinha de mais importante a fazer.
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Peter Bregman trabalha como consultor de estratégia para CEOs e suas equipes de liderança. Em 2011, publicou 18 Minutes: Find Your Focus, Master Distraction, and Get the Right Things Done (18 minutos: encontre seu foco, evite distrações e faça o trabalho que precisa ser feito).