Prefácio
Para onde foram os líderes? Existe um vácuo de liderança nas principais instituições do mundo: governo, educação, negócios, religião e artes. Essa crise de liderança se abateu sobre nós, em parte porque muitas dessas instituições foram reinventadas – a vida está muito mais incerta, e liderar, bem mais arriscado. Mas essa situação se deve, sobretudo, à incrível revolução tecnológica que vivenciamos agora. Há quem diga que o método científico pode resolver todos os nossos problemas e que a tecnologia é capaz de tornar isso possível com muito mais rapidez que antes. A sociedade global conectada pela internet instalou-se de vez em nossa rotina, mas nunca tantas pessoas se sentiram tão isoladas umas das outras. Indivíduos em todo o mundo se encontram desconectados de suas raízes e inseguros quanto ao futuro. Isso porque as relações humanas estão se deteriorando rapidamente em um mundo cada vez mais virtual. Assim, o talento para desenvolvê-las nunca foi tão valorizado.
É difícil encontrar uma empresa que não tenha uma página pessoal e um e-mail para contato. Logo, a única forma de diferenciar você e sua organização é tornar-se excepcionalmente hábil em liderar e persuadir os outros. Pense nisto: na ultrapassada era de instituições hierarquicamente organizadas, grandes máquinas governamentais e famílias tradicionais, a necessidade de liderança era evidente. Sabíamos quais eram as regras. Precisávamos dos líderes para nos obrigar a cumpri-las. No entanto, numa era de organizações planas, governos cada vez mais irrelevantes e famílias em que os dois cônjuges trabalham fora, não existe mais um conjunto claro de regras a serem seguidas.
Além disso, líderes extremamente controladores, que tentam impor regras arbitrárias e irrelevantes, já não conseguem ser bem-sucedidos. Portanto, o que se faz necessário é um novo tipo de líder que possa inspirar e motivar as pessoas neste mundo virtual sem perder de vista os princípios imutáveis da liderança.
Pensando nessas características, apresentaremos a você um novo tipo de líder: um líder flexível e adaptável; um servidor, não um escravo, de seus associados; um confiável, obstinado e decidido distribuidor de poder.
A filosofia central deste livro inovador tem como base o pensamento de Dale Carnegie, que se tornou sinônimo de influência e relações humanas. Vejamos o que ele próprio diz:
Existem dois testes simples que você pode fazer para provar a si mesmo que é muito fácil fazer as pessoas gostarem de você instantaneamente. Teste número um: a partir de amanhã – todos os dias e durante uma semana –, sorria para as primeiras cinco pessoas que encontrar no trabalho. Estou me referindo a um sorriso franco, que pode vir acompanhado de um caloroso bom-dia. Teste número dois: durante uma semana, todos os dias, escolha alguém que nunca significou muito para você e demonstre um interesse verdadeiro por essa pessoa, sempre dirigindo a ela um sorriso e algum comentário amigável. Agora, duas palavras de advertência: seja totalmente sincero. Será perda de tempo se você fingir que está interessado em outras pessoas só para conseguir alguma coisa. Além de errada, essa é uma atitude tola, pois você será descoberto mais cedo ou mais tarde. Faça esses dois testes simples e mantenha um registro dos resultados. E lembre-se: se quiser ser amado na mesma hora, faça como os animais de estimação: passe a se interessar de fato pelas outras pessoas e demonstre isso.
Essas orientações sobre relações humanas fizeram de Dale Carnegie uma figura conhecida há mais de cinquenta anos. Ao longo deste livro você vai conhecer seus famosos princípios de liderança exatamente como ele os escreveu em algumas de suas obras clássicas. Princípios assim jamais vão mudar. O modo como são aplicados é que muda. No passado, uma simples ordem do chefe era suficiente para motivar os funcionários. Nos dias de hoje, os líderes ainda precisam motivar, mas os processos são outros.
Aqui você entenderá que o mundo virtual não precisa ser impessoal. Um líder pode usar ferramentas de alta tecnologia para criar motivação; e a liderança, ao contrário do que se imagina, não é uma habilidade inata. Pode ser aprendida. Contudo, após ter concluído esta leitura, cumprindo as etapas ao final de cada capítulo, você terá desenvolvido o talento mais importante para obter sucesso na nova economia: a capacidade de liderança. Além disso, você não perguntará mais: “Para onde foram os líderes?” Isso porque já terá compreendido que capacidade de liderança não é um talento exclusivo de CEOs, presidentes, generais, chefes, mães e pais. Ela está disponível para cada um de nós em todos os níveis de organização, seja uma sociedade, uma empresa, um governo ou uma família.
Leia este livro e descubra todo o seu potencial. Torne-se um mestre em liderança.
O que fazem os líderes
Mantenha a mente sempre aberta a mudanças. Dê boas-vindas à mudança. Trate-a com cortesia.
– Dale Carnegie
Nos capítulos que se seguem, vamos mergulhar em algo muito ambicioso e extremamente importante. Um empreendimento que trará grandes benefícios a você e a todos os que compartilham de sua vida, tanto pessoal quanto profissional.
Um princípio fundamental do comportamento humano será explorado: o conceito de liderança, que constitui a base de empresas de sucesso e até de nações e culturas inteiras. Mais especificamente, vamos nos concentrar no significado de liderança no contexto do sucesso empresarial. Veremos como certos líderes aproveitam ao máximo os períodos de prosperidade e de que forma sobrevivem até mesmo a severas crises econômicas.
Quem são os líderes? Quem são os homens e as mulheres que “fazem as coisas acontecerem” para si mesmos e para as pessoas ao redor? Como superam os obstáculos? Onde descobrem oportunidades? As respostas a essas perguntas são muito importantes para qualquer pessoa que ambicione sucesso financeiro, satisfação pessoal e a sensação de triunfo que surge quando o potencial se transforma em realidade.
No mundo atual, a liderança é respeitada e exaltada, embora sutilmente desvalorizada. Reverenciamos grandes líderes do passado, mas ficamos desconfiados daqueles que hoje ocupam posições de liderança. Talvez isso aconteça porque, com o atual domínio da mídia, sabemos muito sobre eles.
Ninguém imaginava, por exemplo, o que George Washington e Abraham Lincoln faziam diariamente, muito menos a cada minuto do dia. Por mais inacreditável que pareça, Franklin Roosevelt passou três mandatos como presidente sem que a maioria das pessoas soubesse que ele não conseguia mais andar.
O primeiro passo para se captar o real significado de liderança – e, mais importante, para se tornar um líder eficaz – é entender que talvez sua visão atual a respeito desse conceito precise ser reconsiderada, reinventada ou, quem sabe, revivida. Este livro lhe dará as ferramentas para fazer isso. Com elas, você conseguirá dar um grande passo em direção a seus objetivos pessoais e profissionais.
Desse modo, enfatizamos que nosso propósito aqui vai muito além da compreensão teórica da liderança: mostraremos como agem os líderes. Esse conhecimento lhe permitirá colocar os ensinamentos em prática, em sua vida tanto pessoal quanto profissional. É o que chamamos de maestria da liderança.
Trata-se de um projeto ambicioso, mas temos ferramentas poderosas para executá-lo de forma bem-sucedida. Simplificando: a base de nossos ensinamentos para que alguém se torne um mestre da liderança são as ideias, os escritos e o exemplo de vida de Dale Carnegie. Conhecido em todo o mundo como uma das vozes mais influentes na história do desenvolvimento pessoal, suas lições são hoje mais relevantes do que nunca.
À luz dessas ideias, analisaremos as questões mais recentes que surgem nos ambientes de trabalho, atualmente em rápida transformação. Conhecendo pessoas e estudando organizações, identificaremos os desafios que todos enfrentam – e que você enfrentará no caminho para o sucesso profissional e a realização pessoal.
A LONGEVIDADE DA LEVI STRAUSS
A Levi Strauss & Co. está no mercado há mais de 160 anos. Ao longo dessas muitas décadas, sofreu vários reveses, como o grande terremoto de São Francisco, em 1906, que destruiu o showroom da empresa e muitas de suas filiais. Apesar das dificuldades, a Levi’s continuou a pagar seus funcionários enquanto construía novas lojas e ofereceu crédito a seus fornecedores atacadistas, cujas instalações também haviam sido destruídas. Liderança ética sempre foi um valor essencial na Levi Strauss, quer o desafio fosse uma catástrofe natural, quer fosse a competição com a Calvin Klein. Segundo uma declaração de propósitos que a empresa divulgou em 1987, os gerentes da Levi’s sabem que são avaliados em muitas outras áreas além da financeira. Até 40% dos bônus gerenciais pagos pela empresa são baseados em liderança ética, relações humanas e comunicação eficaz.
IBM: NEGÓCIOS E CRENÇAS
Mais de vinte anos antes de a Levi Strauss criar sua declaração de propósitos, Thomas J. Watson Jr., então chefe da IBM, escreveu A Business and Its Beliefs (Um negócio e suas crenças). Watson sabia que uma de suas responsabilidades mais importantes como líder era deixar claros os valores fundamentais da IBM – e os que ele defendia tornaram a IBM uma das maiores empresas dos Estados Unidos entre as décadas de 1950 e 1970.
Curiosamente, anos antes de escrever esse livro, Watson anteviu os problemas que quase provocaram a queda da IBM no início da revolução tecnológica. Trinta anos antes que alguém ouvisse falar em blogs, sites ou e-mails, ele declarou a um entrevistador: “Me preocupa a possibilidade de que a IBM se torne uma empresa grande e inflexível, incapaz de mudar quando o negócio de computadores ingressar em uma nova etapa.” Na verdade, foi exatamente o que ocorreu após sua aposentadoria. A IBM só foi se recuperar totalmente em 1993, quando Louis V. Gerstner Jr., outro mestre em liderança, se tornou presidente e CEO da empresa. Teremos muito mais a dizer sobre Gerstner nos capítulos seguintes.
JOHNSON & JOHNSON: GRANDE, PORÉM PEQUENA
A Levi Strauss e a IBM são grandes corporações. A Johnson & Johnson também é, mas seu ex-CEO Ralph Larsen afirmou o seguinte: “Nós não nos vemos como uma empresa de produtos farmacêuticos no valor de 20 bilhões de dólares; nós nos vemos como 170 pequenas empresas de produtos farmacêuticos.” Essa declaração está alinhada a um dos princípios básicos da maestria da liderança. Larsen tinha forte aversão a decisões e diretivas de cima para baixo. “Temos um forte histórico de descentralização”, disse ele a um entrevistador. “As pessoas são muito independentes na Johnson & Johnson. Você precisa convencê-las de que sua causa é justa. Caso contrário, não vai acontecer muita coisa.”
Larsen poderia ter acrescentado que, quando se comprova que a causa é justa, muitas coisas boas acontecem ano após ano. Praticamente desde seu início, a Johnson & Johnson tem sido uma das empresas mais admiradas dos Estados Unidos, bem como uma das mais lucrativas.
Por meio de lições atemporais de Dale Carnegie e táticas executadas por renomados líderes contemporâneos, estamos prontos para explorar esse assunto de vital importância.
GATES E JOBS
Esses dois nomes sempre estarão associados às inovações tecnológicas que, no fim do século XX, transformaram a vida do mundo inteiro. É difícil acreditar que Bill Gates e Steve Jobs são agora veteranos da era dos computadores, mas é verdade. Desde o início e até hoje, suas contribuições foram muito diferentes umas das outras. Gates reduziu o foco na parte operacional da Microsoft e tem se concentrado em empreendimentos filantrópicos ao redor do mundo. Steve Jobs, por sua vez, sempre se envolvia muito em todos os assuntos da Apple Computer. Na verdade, ele se envolvia tanto que os acionistas ficavam extremamente nervosos a qualquer sinal de que ele pudesse sair de cena, o que aconteceu após sua morte, em outubro de 2011. As reportagens sobre seus problemas de saúde, na época, demonstraram isso.
Mais adiante daremos outras informações sobre esses dois líderes – e também rivais – vigorosos. Resta saber qual dos legados será o mais duradouro. O que os líderes significam para nós muda com o tempo, assim como os próprios líderes mudam.
APLICANDO A SABEDORIA DE JAMES GLEICK
James Gleick, um ensaísta cujos livros apresentaram aos leitores as maravilhas da teoria do caos e das supercordas, publicou a obra Acelerado – a velocidade da vida moderna. Nela, Gleick discute a aceleração aparentemente irrefreável de todos os aspectos de nossa vida, desde a introdução do e-mail e do celular ao aumento dos limites de velocidade em rodovias interestaduais. Atualmente temos ferramentas para fazer as coisas de forma rapidíssima e esperamos resultados quase instantâneos. Porém, à medida que avançamos a uma incrível velocidade em nosso novo ambiente, é necessário entender que nossas abordagens, nossas ideias e até nosso vocabulário também precisam de renovação.
A palavra líder, por exemplo, não pode mais ter qualquer associação com a palavra chefe. Chefes têm subordinados, súditos ou seguidores. Os verdadeiros líderes de hoje em dia não têm seguidores no sentido convencional da palavra. Eles vão um passo além, transformando seguidores em outros líderes. Para eles, esse processo inclui não apenas todos em uma organização, mas literalmente todas as pessoas que encontram. Como fazem isso?
Para começar, além das tradicionais virtudes de liderança, essa postura requer qualidades pessoais, como resiliência, capacidade de tomar decisões, flexibilidade, criatividade e agilidade para lidar com mudanças repentinas. Essas características são absolutamente fundamentais. A imagem do líder como um domador de leões, com uma cadeira e um chicote, ficou definitivamente para trás. O propósito da maestria da liderança não é mostrar como mandar nas pessoas nem como manipulá-las através do medo do fracasso ou de promessas de recompensa. Em vez disso, é necessário oferecer-lhes ferramentas para que busquem fazer o melhor.
Tradicionalmente, disseminou-se a ideia de que algumas pessoas nascem líderes, da mesma forma que alguns lobos ou babuínos assumem naturalmente posições dominantes em seus grupos. Existe uma visão de que certos seres humanos são simplesmente destinados, por sua composição genética, a assumir responsabilidades e apontar o caminho para os outros. É uma forma de ver as coisas.
Outro modo de pensar, porém, propõe que líderes não nascem feitos, são preparados. A liderança está não nos genes, mas na experiência e na prática. Isso quer dizer que qualquer pessoa pode ser líder se receber o treinamento necessário. Uma pessoa pode hoje estar no fim da fila, mas, com a atitude certa, conhecimento, capacidade e experiência, essa mesma pessoa poderá amanhã estar à frente do pelotão.
Qual dessas teorias estará correta? Felizmente não há uma resposta a essa pergunta porque existe uma falha básica em ambas as possibilidades.
Cada uma descreve a liderança como um estágio de desenvolvimento ao qual chegamos por meio ou da hereditariedade ou do treinamento. No entanto, o maior desafio da liderança hoje não é passar do ponto de partida a um estágio de especialização acima de qualquer outra pessoa. Em vez disso, o líder de hoje precisa encontrar um modo de manter a mentalidade do ponto de partida, não importa a distância que já tenha percorrido.
Ser um mestre em liderança significa ver as pessoas, os ambientes e as circunstâncias de forma nova, como se fosse a primeira vez. E estamos, de fato, vendo tudo pela primeira vez, pois, como James Gleick destaca, tudo muda o tempo todo a uma velocidade cada vez maior. Na verdade, esses mestres são tão livres de ideias preconcebidas que questionam até a validade da própria liderança. No passado, grandes líderes eram vistos como indispensáveis para o sucesso de seus grupos. Hoje em dia, percebem que ninguém é indispensável, nem mesmo eles.
Nem sempre foi assim. Muitos séculos atrás, quando Alexandre, o Grande, liderou seu exército em busca da conquista de grande parte do mundo que conhecemos hoje, uma imensa batalha estava para acontecer entre os gregos e as forças do império persa. Os persas haviam reunido um exército enorme, dez vezes maior que o dos gregos. Na noite anterior à batalha, porém, Alexandre reuniu suas tropas e declarou estar absolutamente confiante na própria vitória, independentemente da diferença numérica. E alegou três motivos básicos para o triunfo dos gregos.
O primeiro deles foi que “a Grécia tinha condições ambientais mais hostis que a Pérsia”. O segundo foi que, por conta das dificuldades que as pessoas tinham de sobreviver na Grécia – quanto mais de criar uma grande civilização –, os soldados gregos eram muito mais duros que os persas no combate direto. Mas o terceiro motivo para a confiança de Alexandre foi o mais importante, o que realmente inspirou suas tropas a vencer um dos combates militares mais decisivos da história mundial. Segundo ele, “A diferença entre o nosso exército e o dos persas é que eles têm o imperador deles como líder e vocês têm a mim”.
Não há dúvida de que essa expressão de total confiança no destino por parte de um líder era uma estratégia eficaz no mundo antigo. Na verdade, pode ter continuado a ser eficaz durante as décadas de 1960 e 1970, embora seus benefícios tenham diminuído com o tempo. Considere o seguinte: quando George Steinbrenner assumiu a presidência do time de beisebol New York Yankees, seu estilo ditatorial de liderança rapidamente se tornou evidente. Eram frequentes as notícias sobre suas rixas com jogadores e treinadores, como Reggie Jackson, Billy Martin e até mesmo Yogi Berra – eleito para o Hall da Fama do beisebol –, demitido abruptamente por Steinbrenner após apenas 16 partidas jogando pelos Yankees.
Naquela época, a equipe de Steinbrenner ganhou vários campeonatos, apesar de sua liderança autoritária. Mas a certa altura, curiosamente, algo pareceu mudar na consciência geral. As pessoas já não respondiam a uma rígida liderança militar, baseada em ameaça e intimidação. No caso do New York Yankees, a sequência de vitórias acabou chegando ao fim. Então, para o próprio bem, Steinbrenner assumiu um novo tipo de relacionamento com seus jogadores e treinadores: deu-lhes mais autonomia em campo e se tornou mais tolerante com os problemas e a vida particular de todos eles. A partir dessas mudanças, o time dos Yankees do final da década de 1990 foi comparado às melhores equipes de beisebol de todos os tempos. Assim, em vez de ser criticado por seu despotismo tirânico, George Steinbrenner passou a ser elogiado por sua liderança esclarecida. A mensagem é clara: hoje em dia, um estilo de liderança altamente personalizado, centrado em apenas um indivíduo e cruamente agressivo quase nunca é eficaz – pelo menos não por um período prolongado. É claro que ainda existem pessoas em posições de liderança que discordam disso. Em todas as áreas, há líderes autoritários que continuam se considerando verdadeiros generais. Contudo, é quase impossível que líderes puramente autoritários obtenham sucesso a longo prazo. As pessoas não vão mais tolerá-los. E, como a sociedade mudou, eles não precisam mais ser assim.
LÍDERES À MODA ANTIGA NÃO TÊM CHANCES DE SOBREVIVER NO MUNDO ATUAL
No auge de seus dias como líder, John D. Rockefeller disse:
O talento para lidar com pessoas é uma mercadoria tão comerciável quanto açúcar ou café, e pagarei mais por esse talento do que por qualquer outro no mundo.
Exatamente a qual tipo de liderança Rockefeller se refere? Acabamos de mencionar que as pessoas não estão mais dispostas a aceitar um líder que imponha um ambiente com muita tensão e estresse elevado. Mas há outro motivo pelo qual os líderes à moda antiga já não conseguem sobreviver nos dias de hoje – e não tem nada a ver com a pressão que exercem sobre seus subordinados. Tem a ver, sim, com a pressão que exercem sobre si mesmos em um mundo em rápida transformação, complexo e até mesmo caótico. Não há nada de positivo em alegar que você sabe todas as respostas; mesmo que consiga levar outras pessoas a acreditarem no que diz, não será possível enganar a si mesmo, e viver uma mentira pode ser muito cansativo.
Lidar com pessoas é provavelmente o maior problema que alguém enfrenta, sobretudo no mundo corporativo. Isso vale para todo mundo, quer você seja uma dona de casa, um arquiteto ou um engenheiro. Pesquisas feitas pela Fundação Carnegie para o Avanço do Ensino revelaram um fato importante e significativo: mesmo em atividades técnicas, como engenharia, apenas cerca de 15% do sucesso financeiro de uma pessoa se deve a seu conhecimento específico. O restante, isto é, 85%, deve-se à sua habilidade em engenharia humana. Em outras palavras, seu sucesso é atribuído à sua personalidade e à sua capacidade de liderar pessoas. O indivíduo dotado de conhecimento técnico e capacidade para expressar ideias, assumir liderança e despertar entusiasmo entre as pessoas é aquele destinado a obter os maiores ganhos. Essa é uma das peças do quebra-cabeça da liderança. Outras qualidades necessárias aos líderes de hoje são:
– Autoridade legítima. Líderes podem ser eleitos, nomeados ou espontaneamente reconhecidos pelos membros de um De um jeito ou de outro, todos os seres humanos estão programados para a liderança. Podemos querer liderar ou ser liderados, mas é preciso reconhecer que há um instinto de autoridade em todos nós.
Procuramos alguém que tenha visão, que saiba como comunicá-la e que possa torná-la nossa. Muitas vezes, isso ocorre mediante uma linguagem vigorosa, mas a comunicação por meio da ação é ainda mais eficaz. Os líderes sabem reconhecer o momento em que o grupo está pronto para receber uma mensagem e o aproveitam.
Durante a Guerra Civil Americana, quando o Exército da União batia em retirada após outra incursão malsucedida no Sul, os soldados viram seu novo comandante – o general Ulysses S. Grant – se virar de repente e voltar para o território inimigo. Grant não anunciou o que iria fazer. Apenas fez isso, o que foi uma tática mais eloquente e eficaz, e acabou mudando o curso da guerra.
A identidade do líder é algo muito maior que sua identidade como indivíduo. É a personificação da identidade do grupo. É a pessoa que os outros procuram em busca de ideias e orientações – e, quando as recebem, é como se tivessem partido deles mesmos.
A eloquência de um líder costuma ser parte importante desse processo, mas o essencial é sua visão interior. Ele deve ser capaz de comunicá-la com vigor, mediante palavras ou ações. Quando isso acontece, ele conquista o grupo, ganha a autoridade legítima e até os céticos entram na linha.
– Autoconfiança autêntica. Os líderes acreditam de fato em si mesmos, o que é essencial para que outros também acreditem Os líderes pensam, sentem e sabem que têm poder para superar desafios e obter resultados positivos.
Muitas vezes, essa autoconfiança é baseada na experiência técnica do líder. Um grande cirurgião, por exemplo, sente-se seguro para orientar estudantes de medicina porque já realizou muitas cirurgias ao longo da carreira. Mas isso nem sempre acontece. Alguns grandes treinadores de futebol jamais jogaram futebol. Uma pessoa pode dar lições a um pianista concertista sem ser capaz de tocar o instrumento em nível profissional. Líderes altamente eficazes podem não ser muito qualificados ou talentosos, mas sabem reconhecer e inspirar aqueles que o são.
Geralmente, os líderes estão familiarizados com todos os aspectos da própria atividade e entendem como as coisas funcionam. Sabem o que acontece desde a linha de frente até o nível executivo. Essa perspectiva ampla, aliada a uma atenção meticulosa aos detalhes, permite que eles reconheçam problemas e oportunidades que outras pessoas não notam.
– Confiança com flexibilidade. Líderes fortes precisam estar confiantes quanto a assuntos primordiais e ter convicções, não apenas opiniões, quando há questões de integridade envolvidas. Ao mesmo tempo, não são teimosos. Os líderes têm a capacidade de ouvir, o que é essencial para efetuar mudanças.
Estratégias de negócios que funcionam bem hoje podem não funcionar amanhã, e um líder deve perceber isso com rapidez. Como a organização precisará se adaptar, o líder deve adquirir novos conhecimentos e explorar novas abordagens antes mesmo que a necessidade surja.
Um líder não deve perder de vista seu propósito ou o dos que estão sob seu comando; se perder, corre o risco de ficar desatualizado e levar outras pessoas consigo. Ele precisa se antecipar aos acontecimentos, a fim de promover mudanças e conduzir novas estratégias. É necessário, ainda, que esteja alerta a curvas inesperadas na estrada. A mensagem é clara: fique atento à paisagem e saiba que pode ser necessário fazer ajustes.
– Aceitação dos riscos. O medo do fracasso faz muitas pessoas evitarem se A aversão ao risco, por si só, não é necessariamente ruim, mas, se os benefícios do sucesso superarem as chances de fracasso, o líder precisa ousar. Quando o risco vale a pena, os líderes devem aceitá-lo.
Após determinar os riscos e os benefícios, os líderes precisam dar o exemplo para o restante do grupo. Assim, caso tenha decidido que vale a pena correr certo risco, você deve superar quaisquer barreiras mentais que possam impedi-lo de se tornar um mentor do grupo. Em grande medida, isso demanda preparação. Quanto mais preparado estiver o líder, menos arriscada será a situação.
– Determinação. Líderes não desistem sem Nem sempre é fácil alcançar o sucesso, mas eles continuam tentando, e tentando de novo, até conseguirem, junto com seus grupos. Ao mesmo tempo, estão cientes de que nem todas as batalhas podem ser vencidas só pela persistência. Algumas pessoas simplesmente não têm habilidade para jogar na Liga Nacional de Basquete. Nem todos vão conseguir ser cantores profissionais de ópera, por mais que pratiquem. Situações restritivas como essas, no entanto, são relativamente poucas. Os líderes sabem que a grande maioria das metas é alcançável quando o desejo é forte o bastante. Assim, agem de acordo.
Como líder, espera-se que você tome decisões difíceis quando os outros se esquivam delas. Quer isso signifique dispensar alguém, quer signifique fazer mudanças drásticas que afetem sua empresa, é você quem deverá seguir em frente. Um líder indeciso muitas vezes não consegue fazer as coisas, e seus liderados tendem a se aproveitar dele. Seja firme quando a situação exigir e mantenha suas decisões.
EM AÇÃO
- Escreva abaixo os nomes das três primeiras figuras – homens e mulheres – que vêm à sua mente quando você pensa na palavra líder, seja na política, nas artes ou nos negócios. Podem ser pessoas tanto do presente quanto do passado.
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- Agora, escreva os atributos de liderança eficaz que você identifica em cada uma das pessoas
- Nessa lista de atributos do item 2, coloque um ✓ ao lado dos que você já possui e um X ao lado dos que gostaria de Em seguida, crie um plano de ação para desenvolver essas características em si mesmo. Você pode adicionar itens à lista à medida que ler os capítulos seguintes.