Prefácio
Neste mundo não faltam conhecimentos que você deveria adquirir e obras que tratam justamente desses temas. Todo ensinamento que você poderia desejar está bem ali, impresso em um livro. Ou em uma estante inteira de livros, bem ao alcance de seus olhos. Talvez você conseguisse preencher um estacionamento com todos os volumes que já foram escritos sobre investir sozinho e ainda encontrasse mais alguns brotando do chão ao sair para a rua.
O problema é que esses livros são chatos, em sua maioria, e você acaba deixando a leitura de lado, com o marcador lá na página 25, para nunca mais voltar. Mesmo com as melhores habilidades e intenções, os escritores que se dedicam ao mundo dos investimentos em ações não conseguem acertar a mão. Eles escrevem de maneira arrastada, ou criam parágrafos tão secos e densos que você se vê relendo o mesmo trecho repetidas vezes durante meia hora, enquanto sua mente divaga em direção a horizontes mais interessantes.
JL Collins ignora por completo esse estilo antigo de abordar os investimentos. Ele produz conteúdos cativantes. Em vez de equações esotéricas sobre como medir o alfa de uma ação e compará-lo ao beta, ele descreve todo o mercado como uma grande caneca de cerveja e explica por que ainda vale a pena comprá-la, mesmo quando vem com uma quantidade imprevisível de espuma.
Ele acende a fogueira do acampamento e começa a contar histórias. E se por acaso essas histórias forem exatamente sobre aquilo que você queria aprender, seu novo conhecimento terá sido um belo efeito colateral.
Foi o que aconteceu há alguns anos, quando Jim começou a publicar textos no site www.jlcollinsnh.com sobre boas práticas de investimento. Li todos à medida que foram sendo publicados, e eram tão bons que comecei a indicá-los a meus leitores. Eles gostaram tanto que indicaram a seus conhecidos. As visualizações chegaram aos milhares, depois às centenas de milhares.
O boca a boca sobre a Série da Bolsa se mantém até hoje porque as pessoas gostam de verdade de ler os textos. Claro, o autor tem conhecimento técnico, o que transparece em sua vida financeira invejável. Mas os leitores não retornam apenas para se aquecer na magia técnica – visitam o site para desfrutar da fogueira e ouvir uma boa história.
Acredito que essa reação incrível motivou Jim a reescrever e ampliar sua excelente Série da Bolsa, transformando-a nesta obra ainda melhor. O caminho simples para a riqueza é um livro revolucionário sobre investimento em ações (e sobre boas práticas financeiras em geral) porque você de fato o lerá, se divertirá e, então, será capaz de pôr as lições em prática para multiplicar seu dinheiro.
Você ficará aliviado ao descobrir que pode ser muito bem-sucedido tendo um único fundo Vanguard ao longo de toda a vida. Pode diversificar e sofisticar um pouco se quiser, mas não há nada a perder, e tudo a ganhar, quando mantemos as coisas o mais simples possível.
Embora pouquíssimas pessoas de fato o percorram, descobri que o caminho para uma vida abastada é simples e agradável. Faz sentido, então, que exista um livro sobre ele com essas mesmas características.
Peter Adeney
Também conhecido como Mr. Money Mustache
Colorado, junho de 2016
Para começar
“Se você tentar alcançar uma estrela, talvez não consiga agarrá-la. Mas também não acabará com um punhado de lama na mão.”
– LEO BURNETT
Introdução
Este livro nasceu a partir do meu blog, www.jlcollinsnh.com. E o blog surgiu de uma série de cartas que eu havia começado a escrever para minha filha, adolescente na época. Essas cartas diziam respeito a vários assuntos – principalmente relacionados a dinheiro e investimentos – que ela ainda não estava pronta para entender. Uma vez que o dinheiro é a ferramenta mais poderosa que temos para navegar neste mundo complexo que criamos, é essencial entendê-lo. Se você decidir dominá-lo, o dinheiro se tornará um servo maravilhoso. Caso contrário, ele dominará você. “Mas, pai”, disse-me uma vez minha filha, “eu sei que dinheiro é importante. Só não quero passar a vida pensando nele.”
Para mim, isso foi revelador. Eu amo pensar sobre dinheiro, mas a maioria das pessoas tem coisas melhores para fazer com seu tempo precioso. Elas têm pontes para construir, doenças para curar, tratados para negociar, montanhas para escalar, tecnologias para desenvolver, crianças para educar, negócios para abrir e administrar.
Essa negligência benigna em relação às finanças nos deixa vulneráveis aos charlatães do mundo financeiro. Há pessoas que transformam o ato de investir em algo complexo porque isso é mais lucrativo para elas e sai caro para nós. No entanto, somos forçados a recorrer a elas, sempre de braços abertos para nos receber. Eis uma verdade importante: os investimentos complexos existem apenas para dar lucro àqueles que os criam e vendem.
São mais caros para o investidor e também menos eficazes.
Aqui estão algumas diretrizes para você considerar:
- Gaste menos do que Invista o excedente. Evite dívidas. Faça isso e você ficará rico. Não apenas de dinheiro.
- Acumular dívidas é tão agradável quanto ter sanguessugas sobre a pele – o efeito é quase o mesmo. Pegue um objeto fino e rígido e comece a raspar as sanguessugas.
- Um estilo de vida que demande toda a sua renda – ou, Deus me livre, mais do que você ganha – faz de você um escravo sofisticado do dinheiro.
- Evite pessoas irresponsáveis na área fiscal. Nunca se case com uma delas ou lhe dê acesso ao seu dinheiro.
- Abra mão de consultores A maioria só leva em conta os próprios interesses. Quando você tiver conhecimento suficiente para escolher um bom consultor, já saberá o bastante para cuidar de suas finanças. O dinheiro é seu, e ninguém vai cuidar dele melhor que você.
- Você é dono das suas coisas, mas elas também são donas de você.
- O dinheiro pode comprar muitas coisas, mas nada é mais valioso que a sua liberdade.
- As escolhas que você faz nem sempre estão relacionadas a dinheiro, mas tenha clareza sobre o impacto financeiro das decisões que toma.
- Investir bem não é complicado.
- Guarde uma parte de cada quantia que ganhar.
- Economize e invista a maior porcentagem possível de sua Assim, mais cedo do que imagina, você terá “dinheiro do f***-se”.
- Tente poupar e investir metade de sua renda. Sem dívidas, isso é perfeitamente possível.
- Aprenda a viver com menos e tenha mais dinheiro para investir.
- Aplique em ações, uma ferramenta poderosa de geração de Mas tenha em mente que o mercado e o valor de seus ativos podem cair drasticamente. Isso é normal e esperado. Quando acontecer, ignore as quedas e compre mais ações.
- Não se abalar com o mercado em queda será muito, muito mais difícil do que você As pessoas à sua volta entrarão em pânico. A mídia gritará: “Venda, venda, venda!” Ignore. Ninguém pode prever quando as quedas ocorrerão, embora haja quem diga que pode. Essas pessoas estão delirando ou tentando vender algo, ou as duas coisas ao mesmo tempo.
- Quando você conseguir se sustentar com 4% de seus investimentos ao ano, terá alcançado a independência financeira.
É tudo muito simples e claro para mim, mas precisei aprender do jeito mais difícil, ao longo de décadas. Aquelas primeiras cartas para minha filha, depois o blog e, agora, este livro são esforços que compartilho para mostrar o que funciona, onde estão os campos minados e quão descomplicado tudo pode e deve ser. Minha esperança é que, com isso, o caminho da minha filha seja mais suave, que ela dê menos passos em falso e que sua própria liberdade financeira venha mais cedo e com menos lágrimas.
Agora que você está com o livro em mãos, espero que sua trajetória seja semelhante à que proponho a minha filha. Discutiremos todos esses pontos que levantei e muitos outros mais. É hora de iniciar essa jornada juntos. Começaremos com uma parábola.
Uma parábola:
o monge e o ministro
Dois grandes amigos de infância crescem e seguem caminhos diferentes. Um se torna um monge humilde, o outro, um rico e poderoso ministro do rei.
Anos depois, eles se encontram. Enquanto contam um ao outro as novidades, o ministro imponente em suas finas vestes sente pena do monge magro e maltrapilho. Tentando ajudar, ele diz:
– Olha só, se você aprendesse a servir ao rei, não teria que viver só de arroz e feijão.
Ao que o monge responde:
– Se você aprendesse a viver de arroz e feijão, não teria que servir ao rei.
Quase todos nos encontramos em algum ponto entre os dois.
Para mim, é melhor estar mais perto do monge.