Escrito por Dale Carnegie, “Como evitar preocupações e começar a viver” ensina a driblar a ansiedade de forma objetiva. Saiba como analisar situações problemáticas, se cercar de fatos e agir
O escritor Dale Carnegie é o nome por trás do sucesso “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, lançado em 1936 e, até hoje, referência quando o assunto é estratégia, comunicação e relações interpessoais – ano passado, falamos sobre o livro aqui no blog. Já “Como evitar preocupações e começar a viver”, cuja primeira edição chegou às livrarias em 1944, embora esbarre nesses temas, tem como fio condutor os temores sociais. Mais uma vez aqui, impressiona o fôlego das ideias de Carnegie, ainda pertinentes e instigantes mesmo germinadas há mais de sete décadas. Em comum, ambos os títulos têm o desenvolvimento pessoal como norte.
Em “Como evitar preocupações e começar a viver”, Carnegie – nascido em 1888 e morto em 1955 – nos ajuda a compreender os efeitos dessas angústias, motivo de tantos distúrbios de ordem física e emocional, e propõe uma fórmula para resolvê-las. Em outros capítulos, ensina a analisá-las e a se preservar do cansaço para viver melhor. Essa jornada a fim de afastar as aflições desnecessárias e conquistar o bem-estar é articulada ao longo de oito capítulos, o último deles dedicado a contar histórias de personagens que enfrentaram e superaram essas adversidades.
O que fazer quando surge um problema?
Como era de se esperar, as páginas do livro guardam inúmeros conselhos e dicas, alguns dos quais vamos destacar ao longo do texto. Uma das primeiras lições pinçadas pelo escritor para o sucesso é viver em “compartimentos de dias incomunicáveis”. Ou, em outras palavras, compreender que a melhor maneira de se preparar para o futuro é concentrando nossa inteligência e nosso entusiasmo em executar o trabalho de hoje. Viver o presente é o primeiro e passo para deixar a preocupação do lado de fora de nossas vidas.
Carnegie propõe uma fórmula mágica para se livrar das preocupações. Na verdade, trata-se de um método desenvolvido por um engenheiro chamado Willis H. Carrier, responsável por criar a indústria de condicionadores de ar. Após lidar com o fracasso de uma de suas iniciativas e refletir sobre esse processo, Carrier concebeu três etapas que precisam ser seguidas cada vez que um problema bater à porta. São eles:
1 – Analisar a situação de maneira corajosa e honesta e entender o que pode acontecer de pior como resultado daquele fracasso.
2 – Depois de concluir o que de pior pode ocorrer, resignar-se a aceitar aquilo, se necessário.
3 – Dedicar seu tempo e sua energia a melhorar, com calma, o pior que você já tiver aceitado internamente.
Para Carnegie, essa técnica é valiosa porque “nos tira das grandes nuvens cinzentas que tateamos quando estamos cegos de preocupação e pousa nossos pés com firmeza no chão. Sabemos onde estamos pisando. Se não tivermos um terreno sólido sob nós, como teremos esperanças de resolver o problema?”.
Ele chama a atenção ainda para o fato de que aceitar o pior, do ponto de vista psicológico, significa uma nova liberação de energia: “Depois disso, não temos nada mais a perder. E isso significa, automaticamente, que temos tudo a ganhar”.
O problema em questão
Outro nome citado no livro, Herbert E. Hawkes, reitor da Universidade Columbia durante 22 anos, costumava dizer que metade das preocupações no mundo é provocada por pessoas que tentam tomar decisões antes de adquirir conhecimento suficiente no qual possam baseá-las.
Num dos capítulos, dessa vez apoiado nas ideias de Galen Litchfield, um famoso empresário americano, o escritor estabelece quatro perguntas que auxiliam na análise de uma preocupação: 1) O que está me preocupando?; 2) O que posso fazer a respeito?; 3) O que vou fazer a respeito?; 4) Quando começarei a fazer isso?
Os pensamentos de Hawkes e Litchfield são complementares. Carnegie endossa esse desdobramento e considera que o mais importante, após tomar uma decisão criteriosa e baseada em fatos, é entrar em ação. “Não pare para reconsiderar. Não comece a hesitar, a se preocupar e a reprogramar seus passos. Não duvide de si mesmo, o que atrai outras dúvidas. Não fique olhando para trás”, ressalta.
Ainda que essa lógica seja compreensível, é espantoso o número de pessoas que se afundam no desespero, tão desnorteadas que se tornam incapazes de lutar. Algumas se isolam numa espécie de mundo próprio, fantasioso, o que talvez seja classificado como um adoecimento de outra natureza. Como se sabe, a preocupação é irmã da ansiedade, um dos grandes males de nosso tempo – e nunca é demais lembrar que a realidade de Carnegie, a década de 1940, parece ter avançado sobre os anos 2000. Ele frisa: “Lembre a si mesmo do preço exorbitante que sua saúde pode pagar pela preocupação”. Mais atual que nunca, não é?
Para encerrar, destacamos as seis regras listadas por Carnegie para acabar com o hábito da preocupação:
Regra 1: Mantenha-se ocupado. A pessoa preocupada deve se perder em atividades para não se perder no desespero.
Regra 2: Não se deixe irritar por coisas insignificantes que você deveria desprezar e esquecer. Lembre-se: “A vida é curta demais para ser pequena”.
Regra 3: Use a lei das médias para banir suas preocupações. Pergunte a si mesmo: “Qual é a probabilidade de isto realmente acontecer?”.
Regra 4: Colabore com o inevitável. Se você sabe que está fora do seu poder mudar uma circunstância, diga para si mesmo: “É assim que é; não pode ser de outra maneira”.
Regra 5: Imponha uma ordem stop loss a suas preocupações. Decida exatamente quanto de ansiedade determinada circunstância merece e recuse-se a entregar mais do que isso a ela.
Regra 6: Deixe o passado enterrar seus mortos. Não serre serragem. Entenda que todos cometem erros. Siga em frente.