O slogan da Nike “Just do it.” ou “Apenas faça.”, em tradução livre, pode ser inspirador, mas, na prática, ele se revela pouco efetivo. A mensagem é simples: mudanças significativas em nossas vidas podem ser realizadas. Para isso, basta querer e se esforçar. Mas a realidade não é bem assim. E a ciência explica por quê.
“Hábito é um acordo firmado entre o indivíduo e seu ambiente.” – Samuel Beckett
O slogan da Nike “Just do it.” ou “Apenas faça.”, em tradução livre, pode ser inspirador, mas, na prática, ele se revela pouco efetivo. A mensagem é simples: mudanças significativas em nossas vidas podem ser realizadas. Para isso, basta querer e se esforçar. Mas a realidade não é bem assim. E a ciência explica por quê.
Ser mais produtivo, parar de fumar, começar a se exercitar e tomar as melhores decisões nos âmbitos pessoal e profissional! Isso é o que todos nós desejamos. Em Bons hábitos, maus hábitos, a professora de Psicologia e Negócios na Universidade do Sul da Califórnia Wendy Wood explica o que funciona quando falamos sobre os nossos hábitos. Uma dica: força de vontade não basta.
Não é exagero afirmar que grande parcela de nossas vidas flui por meio de hábitos. Dados científicos esclarecem que 43% das nossas ações são decorrentes de escolhas inconscientes. Nós as fazemos automaticamente, por hábito.
Quando buscamos reavaliar nossas escolhas e estilo de vida, o senso comum acredita que o segredo está na força de vontade. Temos a esperança de que, com determinação, seja possível promover mudanças positivas. Querer melhorar não é o suficiente.
“Decisão e vontade não são as ferramentas apropriadas para fazer sacrifícios constantes, para persistir em nossos novos objetivos. Trata-se de um esforço muito grande, que nos deixa sem tempo para nos concentrar em outras coisas.”, avalia a autora, que estuda há 30 anos como funciona o mecanismo de formação de hábitos.
Recorrendo a experimentos científicos e estudos de caso, Wendy nos mostra que os hábitos são tão eficientes e silenciosos que acreditamos que os praticamos em decorrência de uma decisão consciente. “A invisibilidade do hábito esconde um enorme poder sobre o nosso comportamento.”, resume a psicóloga.
Como os hábitos se formam.
“Uma associação mental entre o estímulo de um contexto e uma resposta que se desenvolve à medida que repetimos determinada ação nesse contexto para obter uma recompensa.”, eis a definição apresentada por Wendy Wood no livro.
Contexto, repetição e recompensa são conceitos-chave para compreender como os hábitos são adquiridos. Desta forma, ações passadas são repetidas de modo automático, como, por exemplo, percorrer o mesmo trajeto para o trabalho ou se sentar, todos os dias, no mesmo canto do sofá para relaxar.
A velocidade do pensamento é uma boa bússola para perceber como os hábitos assumem o controle. “Ao repetirmos uma ação, transformamos uma ação que nos motivou de início – que realizamos para atingir um objetivo, como a forma física – em um hábito forjado por fortes vínculos mentais entre os contextos em que a realizamos e a nossa resposta.”, explica a autora.
Da mesma maneira, a ideia de recompensa é também fundamental para montar a equação. Os hábitos são formados a partir de recompensas passadas. É a partir da sensação de benefício que começamos a fazer algo repetidamente. A recompensa experimentada inicialmente pode, porém, não se sustentar, mas aí o hábito pode já estar arraigado.
Fato é que, como seres humanos, somos criaturas de hábitos. E a culpa disso é apenas do nosso processo de evolução. A vida pode ser melhor se aproveitarmos as descobertas científicas sobre como, quando e por que os hábitos funcionam. Afinal, “just do it” não determina nosso comportamento. Há forças inconscientes poderosas em ação.