Duas obras fundamentais de Eric Ries, considerado uma estrela do Vale do Silício, ganham novas edições e ensinam os preceitos essenciais para a inovação contínua e sustentável
É quase um mantra no mundo corporativo a ideia de que o esforço e a dedicação constituem a fórmula exata para o sucesso nos negócios. Mas essas qualidades não bastam como aponta Eric Ries, consultor de negócios e estratégia de produtos de diversas empresas de tecnologia e cofundador e diretor de tecnologia na IMVU, que conta com mais de 100 milhões de usuários em todo o mundo. Ries é o autor dos best-sellers A startup enxuta e O estilo startup que acabam de retornar às livrarias em novas edições pela Editora Sextante.
O empresário foi fundamental na formulação e disseminação do modelo startup no inicios dos anos 2010, apresentando novos paradigmas que levassem à inovação constante e à elaboração de novos produtos e serviços. O método revolucionário de empreendedorismo do século XXI virou uma febre entre jovens empresários que almejam a construir a próxima nova onda de inovação com a filosofia “comece pequeno e aprenda rápido”.
A startup enxuta (lean startup, em inglês), define Ries, é uma organização dedicada a criar algo novo sob condições de extrema incerteza – e isso inclui tanto o jovem empreendedor que trabalha na garagem de casa quanto o profissional experiente em uma multinacional. O modelo foi rapidamente absorvido pelas empresas americanas de tecnologia, e o autor, alçado à condição de estrela do Vale do Silício.
Startups são, por definição, rápidas, abraçam novas maneiras de pensar; são orientadas para a ruptura e a inovação através da incerteza. A estrutura inovadora busca eliminar atividades supérfluas e, dessa forma, orientar a energia de trabalho para criar valor. Tendo em vista esse objetivo, o autor formulou o processo chamado ciclo de feedback que se caracteriza nas seguintes ações: construir, medir e aprender.
A diferença essencial entre as empresas e os empreendedores tradicionais daqueles que adotam o método startup reside no fato de que este modelo opera em mercados ainda embrionários ou mesmo naqueles que nem sequer foram mapeados. Além disso, grandes empresas já se encontram em um estágio consolidado, em que as incertezas são evitadas. No entanto, alerta Ries, o cenário atual de constante inovação tecnológica gera situações desconhecidas a todo o instante e obriga os executivos no comando de grandes grupos empresariais a também mudarem o mindset e adotarem as perspectivas do novo empreendedorismo.
O estilo startup: crescimento sustentável e de impacto a longo prazo
Após o enorme sucesso de A startup enxuta lançado originalmente em 2012, Eric Ries voltou a abordar o tema que o consagrou mundialmente com o volume O estilo startup, em que aprimora e expande as ideias introduzidas no primeiro livro. Ries explica como as premissas desse novo modelo de empreendedorismo já estão sendo amplamente aplicadas também nos ambientes das grandes corporações, incluindo conglomerados centenários com processos e culturas empresariais consagrados.
O autor defende a difusão da cultura empresarial em que todo e qualquer funcionário deve ter a oportunidade para desenvolver ações empreendedoras. E observa que nessas organizações é comum esbarrar em entraves burocráticos que amarram os processos de inovação. A obra retoma ainda os conceitos que caracterizam a startup enxuta, apontados como fundamentais para validar a criação e o sucesso de novos produtos e serviços, entre elas a interação permanente com o consumidor.
Ao elaborar um guia de práticas com base na análise de casos concretos e introduzir um sistema de gerenciamento capaz de conduzir empresas de todos os portes para um crescimento sustentável e de impacto a longo prazo, Ries mostra como o método de inovação contínua não está restrito à ideia clássica do grupo de jovens recém-saídos da universidade em busca da mais nova sensação do mercado.
Entre os exemplos de histórias bem-sucedidas, o autor relata o desenvolvimento de um motor pela General Eletric (GE) que, a princípio, levaria cinco anos para ser desenvolvido e consumiria milhões de dólares, e acabou sendo implementado em seis meses. E assim acaba por evidenciar como empresas tradicionais podem crescer utilizando táticas típicas de startups.