Autor: Filipe Isensee
“Frida Kahlo para inconformistas”: um sopro de inspiração a partir da vida de uma das mulheres mais influentes da história
Livro de Allan Percy destaca 60 citações de Frida que ajudam a contextualizar o percurso da artista e, ao mesmo tempo, servem como inspiração para repensar a vida. “Ela nos ensina a viver de forma genuína”, ressalta o autor
|
Livro de Allan Percy destaca 60 citações de Frida que ajudam a contextualizar o percurso da artista e, ao mesmo tempo, servem como inspiração para repensar a vida. “Ela nos ensina a viver de forma genuína”, ressalta o autor
Frida Kahlo transpôs a morte. Artista potente e plural, permanece como uma das mulheres mais influentes do mundo. São tantas as referências às cores e aos temas de sua vida que é curioso pensar em Frida como uma personagem do começo do século 20. Sim, a mexicana nasceu em 1907 e morreu muito jovem, aos 47 anos. As décadas seguintes, especialmente a partir dos anos 70, ampliaram os gritos e as sutilezas de sua arte, abarcando nesse movimento de (re)descoberta detalhes de uma trajetória apaixonante e libertária. Por vezes, trágica. Frida, afinal, é a mulher marcada pela poliomielite na infância – por isso, mancava – e pelo acidente que, na juventude, a colocou à beira da morte. Também é a mulher dos autorretratos, das sobrancelhas que, unidas, davam mais personalidade ao rosto; a mulher de Diego Rivera e de Leon Trotski; a mulher de ninguém; a mulher sem filhos.
“Frida Kahlo para inconformistas”, de Allan Percy, reforça a cada página: é também a mulher-inspiração, entregue à vida e, justamente por isso, com muito a ensinar. “Sua personalidade única e seus escritos são um farol que afasta as sombras da mediocridade e da resignação e nos ensina a viver de forma genuína”, endossa o autor, o mesmo de “Pensar com os pés” e “As vantagens de ser otimista”.
A arte e a vida de Frida
O livro recorda o percurso de Frida a partir de 60 citações que abarcam temas diversos, da arte à morte, funcionando como estímulos para os leitores. Ao mesmo tempo, apresenta e contextualiza elementos importantes da carreira da artista. Faz isso sem nunca esquecer que Frida é a mulher que em seu último quadro – pintado dias após uma cirurgia para amputar parte inferior da perna direita – escreveu: “viva la vida”.
Embora a arte de Frida encontre raízes na cultura popular do México, suas pinturas extrapolaram o país e o continente do qual faz parte. Alguns de seus trabalhos mais conhecidos são autorretratos. “Pinto a mim mesma porque sou o assunto que conheço melhor”, declarou certa vez sobre essa característica.
A respeito das limitações físicas com as quais conviveu desde menina, ela questionou: “Pés, para que os quero, se tenho asas para voar?”. Ao que Percy instiga: “E se transformarmos nossas limitações em trampolins para conseguir tudo o que desejamos? E se transformarmos aquilo que tememos ou que nos paralisa no estímulo necessário para seguir adiante?”.
Como já é sabido, Frida Kahlo enfrentou muitas dores ao longo de sua breve vida. O relacionamento com Rivera, marcado por maus-tratos e traições, foi um gerador de crises e sofrimentos vividos até o limite. O livro recupera essa história para frisar que “temos apenas um coração que nos acompanhará até o fim de nossos dias. Por isso, precisamos cuidar dele. Também devemos escutar a nós mesmos, procurar nos cercar de pessoas boas e nos proteger de histórias destrutivas”.
Viver a vida segundo Frida
“É possível inventar verbos? Quero te dizer um: eu te céu. Assim, minhas asas se estendem, enormes, para te amar sem medida”. Com essa frase de Frida, Percy lembra da natureza avessa às convenções da artista. Daí o ato de inventar verbos parecer tão necessário. Por que você não inventa suas próprias palavras?, o autor pergunta.
É essa a dinâmica que o livro propõe, engatilhando passagens da vida de Frida com pílulas que estimulam um olhar sobre nossas ações e atitudes, numa costura amparada pela leitura de outros autores e pensadores. São fontes de inspiração. A seguir, você conhece novas citações e comentários a respeito desse universo que foi – e é – Frida Kahlo:
“Tudo pode ter beleza, até o mais horrível”
Para Percy, é preciso se libertar dos padrões que nos acorrentam e nos impedem de viver a vida por nós mesmos: “Era a isso que Frida se referia quando, em centenas de ocasiões, pintou seu corpo maculado, resgatando sua beleza”.
“Nada é mais valioso do que o riso. É preciso ter força para rir e abandonar a si mesmo, para ser leve. A tragédia é ridícula”.
O livro destaca alguns dos benefícios comprovados do bom-humor: aumento das defesas; melhora na oxigenação; sensação de bem-estar; aumento da autoestima e rejuvenescimento.
“Eu, que me apaixonei por suas asas, jamais irei cortá-las”.
Amor e liberdade precisam andar juntos. “Se Frida cortasse as asas de Diego, não estaria fazendo com que o homem forte e livre por quem se apaixonou deixasse de existir? Talvez ele continuasse a seu lado por mais tempo, porém não seria a mesma pessoa”.
“Emparedar o próprio sofrimento é arriscar-se a ser devorado por ele de dentro para fora”.
A lição é urgente: não devemos jamais permitir que a dor tome as rédeas de nossas vidas.
“Nossa passagem pelo mundo é tão absurda e fugaz que o que me tranquiliza é saber que fui autêntica, que consegui ser o mais parecida possível comigo mesma”.
Perseverar em seus caminhos e se manter firmes são características de pessoas autênticas como Frida, destaca Percy.