A inteligência pode explicar por que as pessoas tomam decisões estúpidas e cometem erros tolos | Sextante
A inteligência pode explicar por que as pessoas tomam decisões estúpidas e cometem erros tolos
PSICOLOGIA

A inteligência pode explicar por que as pessoas tomam decisões estúpidas e cometem erros tolos

Por que cometemos erros recorrentes e pueris e, principalmente, por que nossa razão e inteligência não impedem que equívocos do passado voltem a acontecer? O questionamento do jornalista especializado em neurociências e comportamento, David Robson, é o ponto de partida do livro Por que pessoas inteligentes cometem erros idiotas?.

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“Quando compreendemos as falhas cognitivas – como o viés do ponto cego e o raciocínio motivado –, entendemos por que uma mente tão brilhante pode se convencer a seguir um caminho tão desastroso.” – David Robson

Por que cometemos erros recorrentes e pueris e, principalmente, por que nossa razão e inteligência não impedem que equívocos do passado voltem a acontecer? O questionamento do jornalista especializado em neurociências e comportamento, David Robson, é o ponto de partida do livro Por que pessoas inteligentes cometem erros idiotas?. A partir deste aparente paradoxo, o autor desvenda as armadilhas da inteligência e explica os gatilhos possíveis para superarmos o atoleiro deste mundo da pós-verdade.

Os ideais iluministas partiam da premissa de que o império da razão livraria a humanidade de um mundo regido por superstições e falsas verdades. Ledo engano. “As pessoas instruídas e inteligentes são menos inclinadas a aprender com seus erros. E, quando erram, são mais capazes de criar argumentos elaborados que justifiquem seu raciocínio.”, analisa Robson.

Pessoas que alcançam pontuações elevadas no SAT (o exame educacional padronizado nos Estados Unidos é aplicado a estudantes do ensino médio), por exemplo, relutam em ouvir outros  pontos de vista e experiências. Do mesmo modo, indivíduos altamente qualificados, muitas vezes, não conseguem enxergar seus preconceitos.

Hoje sabemos que a inteligência humana e a instrução acadêmica não representam uma vantagem absoluta quando analisamos o comportamento das pessoas. A maioria dos equívocos não pode ser explicada pela falta de experiência ou de conhecimento. Eles parecem surgir de certos hábitos mentais falhos que nascem da inteligência, do estudo e da perícia profissional superiores.

Para explicar o que denomina armadilha da inteligência, Robson faz uma analogia com os automóveis: “Um motor potente pode fazer você chegar mais rápido aos lugares, se souber usá-lo de forma correta. Mas sem conhecimento e equipamento corretos (os freios, o volante, o velocímetro, uma bússola e um bom mapa), um motor potente pode simplesmente fazê-lo ficar rodando em círculos ou entrar num congestionamento. E, quanto mais rápido o motor, mais perigoso você é.”

No entanto, aponta o autor, pesquisas psicológicas recentes já identificam as qualidades mentais que podem nos manter no caminho certo. Para isso, é preciso exercitar a humildade intelectual, a mente aberta, a curiosidade, a consciência emocional refinada e o mindset de crescimento.

Robson recorre às descobertas de uma nova disciplina, a “sabedoria com base em evidências”, que engloba uma série de testes de raciocínio para prever a tomada de decisões na vida real superiores às medições tradicionais de inteligência geral.


O viés do ponto cego
William James, um dos grandes nomes da psicologia do século 19, já afirmava que “muitas pessoas acham que estão pensando, quando, na verdade, estão apenas reorganizando seus preconceitos”.

Os erros de pensamento emergem em lugares inesperados. Imagine que Arthur Conan Doyle, o mentor de Sherlock Holmes, foi ludibriado ao acreditar no contato com os que já morreram em sessões espíritas conduzidas por charlatões. Ilustres vencedores do Nobel, a despeito do notável conhecimento, não hesitaram em defender ideias “duvidosas” sobre questões públicas. Especialistas da NASA e do FBI, mundialmente conhecidos pelo método e a perícia, já cometeram erros desastrosos.

Mas você não precisa ser um ganhador do Prêmio Nobel para se beneficiar deste livro. Qualquer que seja o seu QI, você pode aprender a pensar com mais sabedoria e a reconhecer o “viés do ponto cego” – ou seja, os furos da própria lógica, que, muitas vezes, embaçam o discernimento e atrapalham o juízo.


Este post foi escrito por:

Felipe Maciel

Jornalista com 20 anos de experiência no mercado e pós-graduação em Mercado Editorial e em Tradução, trabalhou em jornais, revistas e agências de comunicação. Foi coordenador de comunicação do Sesc Rio. Desde 2010, trabalha no mercado editorial com passagens por algumas das principais editoras do país.

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