O que é empatia?
E por que ela é importante
A palavra “atenção” vem do latim attendere, que significa “voltar-se para algo”. Tem tudo a ver com focar os outros, que é o fundamento da empatia e da habilidade de construir relações sociais – o segundo e o terceiro pilares da inteligência emocional (o primeiro é a autoconsciência).
É fácil reconhecer os executivos que de fato têm o foco nos outros. São aqueles que encontram interesses comuns, cujas opiniões têm mais peso e com quem outras pessoas querem trabalhar. Eles emergem como líderes natos independentemente da hierarquia organizacional ou social.
A tríade da empatia
É muito comum falarmos de empatia como um atributo único. Mas, se examinarmos mais a fundo o que os líderes estão focando quando a demonstram, vamos encontrar três diferentes tipos de empatia, todos importantes para uma liderança eficiente:
Empatia cognitiva: a habilidade de entender o ponto de vista de outra pessoa.
Empatia emocional: a habilidade de sentir o que outra pessoa sente.
Interesse empático: a habilidade de perceber o que outra pessoa quer de você.
A empatia cognitiva permite que os líderes se expliquem de forma a serem compreendidos – uma habilidade essencial para conseguir o melhor desempenho de seus subordinados diretos. Ao contrário do que se possa imaginar, ao exercerem a empatia cognitiva, os líderes devem pensar nos sentimentos, em vez de senti-los diretamente.
Uma natureza questionadora alimenta a empatia cognitiva. Como disse um executivo bem-sucedido que tinha essa característica: “Sempre quis aprender tudo, entender todo mundo que estivesse à minha volta – por que pensavam o que pensavam, por que faziam o que faziam, o que funcionava ou não para eles.” Mas a empatia cognitiva também é uma consequência da autoconsciência. Os circuitos do cérebro que nos permitem refletir sobre nossos próprios pensamentos e monitorar os sentimentos que fluem deles nos permitem aplicar o mesmo raciocínio à mente de outras pessoas quando decidimos direcionar nossa atenção dessa forma.
A empatia emocional é importante para uma mentoria eficiente, para administrar clientes e entender as dinâmicas dos grupos. Ela vem de regiões antigas do cérebro sob o córtex – a amígdala, o hipotálamo, o hipocampo e o córtex orbitofrontal – que nos permitem sentir com rapidez sem um raciocínio profundo. Essas áreas despertam em nosso corpo os estados emocionais dos outros e nos sintonizam: eu literalmente sinto a sua dor. Meus padrões cerebrais se igualam aos seus quando escuto você contar uma história emocionante. Como afirma Tania Singer, diretora do departamento de neurociência social no Instituto Max Planck para a Ciência da Cognição e do Cérebro Humanos, em Leipzig, na Alemanha: “Você precisa entender os próprios sentimentos para então entender os sentimentos dos outros.” Acessar a sua capacidade de ter empatia emocional depende da combinação de dois tipos de atenção: o foco deliberado em como os sentimentos de outra pessoa reverberam em você e a percepção do rosto, da voz e de outros sinais externos de emoção que a pessoa possa emitir. (Veja o quadro abaixo, “Quando a empatia precisa ser aprendida”.)
Quando a empatia precisa ser aprendida
A empatia emocional pode ser desenvolvida. Essa é a conclusão do estudo que Helen Riess, diretora do Programa de Empatia e Ciência Relacional no Hospital Geral de Massachusetts, conduziu com médicos. Para ajudar esses profissionais a se monitorarem, Riess criou um programa no qual eles aprenderam a focar, usando respiração profunda e diafragmática, e a cultivar certo distanciamento – para observar uma interação de fora, tal como ela era, em vez de se perderem nos próprios pensamentos e sentimentos. “Suspender seu envolvimento para observar o que está acontecendo lhe dá uma consciência atenta da interação sem ser completamente reativo”, diz Riess. “Você pode perceber se sua fisiologia está em equilíbrio ou sobrecarregada. Consegue notar o que está se revelando na situação.” Se uma médica percebe que está se sentindo irritada, por exemplo, isso pode ser um sinal de que o paciente também está aborrecido.
Segundo Riess, aqueles que estão completamente desconectados do outro podem começar a desenvolver a empatia emocional basicamente fingindo até que a sintam de fato. Se você age de forma interessada, mostrando se importar – olhando as pessoas nos olhos e prestando atenção em suas expressões, mesmo quando lhe falta motivação para fazer isso –, vai começar a se sentir mais conectado.
Bastante relacionado à empatia emocional, o interesse empático lhe permite perceber não apenas como as pessoas se sentem, mas também o que elas querem de você. É o que você deseja encontrar no seu médico, no seu cônjuge – e no seu chefe. O interesse empático tem suas raízes no sistema que faz com que os pais dediquem sua atenção aos filhos. Observe para onde os olhos das pessoas se voltam quando alguém traz um bebê fofinho para uma sala e perceba esse centro cerebral mamífero entrando em ação.
Uma teoria neural afirma que a resposta é acionada na amígdala pelo radar cerebral que antecipa o perigo e no córtex pré-frontal pela liberação da oxitocina, o chamado hormônio do amor. Daí se conclui que o interesse empático é um sentimento de dois gumes. Intuitivamente experimentamos o sofrimento do outro como nosso. Mas, ao decidir se vamos atender às necessidades dessa pessoa, deliberadamente pesamos quanto valorizamos o seu bem-estar.
Adequar esse misto de intuição e deliberação traz profundas consequências. Aqueles cujos sentimentos empáticos se tornam muito fortes vivenciam grande sofrimento. Nas profissões de assistência ao próximo, isso pode levar à fadiga por compaixão; em executivos, pode gerar sentimentos perturbadores de ansiedade sobre as pessoas e circunstâncias que não se podem controlar. No entanto, aqueles que se protegem anestesiando seus sentimentos correm o risco de perder o contato com a empatia. O interesse empático requer que saibamos administrar o nosso sofrimento sem ignorar a dor do outro. (Veja o quadro abaixo, “Quando a empatia precisa ser controlada”.)
Quando a empatia precisa ser controlada
Conter nosso impulso de sermos empáticos com os sentimentos de outras pessoas pode nos ajudar a tomar decisões melhores quando a enxurrada emocional de alguém ameaça nos sobrepujar.
Normalmente, quando vemos alguém se espetar com um alfinete, nosso cérebro emite um sinal indicando que nosso centro de dor está ecoando esse sofrimento. Mas os médicos aprendem na faculdade a bloquear até mesmo essas respostas automáticas. Essa capacidade de se anestesiar parece estar de prontidão na junção temporoparietal e em regiões do córtex pré-frontal, um circuito que estimula a concentração por meio da desconexão das emoções. É isso que acontece no seu cérebro quando você se distancia dos outros a fim de se manter calmo e ajudá-los. A mesma rede neural entra em ação quando vemos um problema em um ambiente com emoções em ebulição e precisamos nos concentrar em procurar uma saída. Se você conversa com alguém que está chateado, esse sistema o ajuda a entender racionalmente o ponto de vista dessa pessoa mudando da empatia emocional (de coração para coração) para a empatia cognitiva (de razão para coração).
Além disso, alguns estudos laboratoriais sugerem que a aplicação adequada do interesse empático é essencial para fazer julgamentos morais. Exames de imagem cerebral revelaram que, quando voluntários ouviam histórias sobre indivíduos sendo submetidos a dor física, seus centros cerebrais responsáveis pela sensação dessa determinada dor se ativavam de imediato. Mas se a história fosse sobre sofrimento psicológico, os centros cerebrais mais elevados, envolvidos no interesse empático e na compaixão, levavam um período maior para serem ativados. É necessário algum tempo para se compreender as dimensões psicológica e moral de uma situação. Quanto mais distraídos estamos, menos conseguimos cultivar as formas sutis de empatia e compaixão.