Uma das lideranças mais admiradas da América Latina, Pepe Mujica ficou conhecido como o “presidente mais pobre do mundo”. Durante seu mandato, o político uruguaio doava a maior parte de seu salário e era visto circulando em seu fusca azul.
Sua história serve de exemplo para muitos jovens e está repleta de fatos tão peculiares quanto seu modo de vida, marcado pela luta contra o consumismo e por sua aparência, que em nada lembra a de um chefe de Estado.
No entanto, seu jeito boa-praça esconde as duras lições de um passado de idealismo e dificuldades. Membro de um grupo guerrilheiro, Mujica participou de ações armadas e acabou capturado pela polícia. Durante o período do cárcere, sofreu torturas e severas privações, chegando à beira da loucura.
Libertado após 13 anos de prisão, voltou à vida política e ocupou os cargos de ministro e de senador antes de se tornar presidente. Mas foi durante seu governo que colocou o Uruguai no mapa como uma das nações mais progressistas do mundo, ao aprovar medidas como a descriminalização do aborto e a legalização da maconha e do casamento gay.
Autor de frases polêmicas, suas tiradas logo foram convertidas em memes de internet e correram o mundo, demonstrando sua sabedoria de um jeito divertido. Neste livro, Allan Percy e o professor Leonardo Díaz nos contam a trajetória de Mujica e comentam algumas de suas declarações mais inspiradoras, entre elas:
• Ter riqueza, bem-estar e consumir bens materiais não é o mesmo que ter felicidade.
• O inevitável não se lamenta. É preciso enfrentá-lo.
• Para mim, a política é a luta para que a maioria das pessoas viva melhor.
• Ser livre é ter tempo para fazer as coisas que nos motivam.
• No fim, o mais cômodo na vida é a verdade. É preciso ver as coisas como são.
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Pobre não é aquele que tem pouco. Verdadeiramente pobre é o que precisa infinitamente de muito, e deseja, deseja, deseja mais e mais.O estilo de vida de Mujica já deixa bem claro que o presidente não cultiva excessos de nenhum tipo. Ele considera o consumismo um grande problema, que desvia o homem das coisas que realmente importam, sempre defendendo que é melhor “ser” do que “ter” e que os bens materiais não trazem felicidade.
O homem sairá da pré-história no dia em que os quartéis se transformarem em escolas. Mujica tem consciência de que só através do ensino é possível criar um país mais justo e menos desigual. Ele defende que uma sociedade com autonomia e liberdade se constrói com tolerância e respeito pelas diferenças, e é dever da escola transmitir esses valores aos cidadãos.
Estou muito contente com o hoje. O que me deixa preocupado é o depois de amanhã. É importante viver o momento presente e tentar dedicar o melhor de si às tarefas do dia a dia. Afinal, a vida não está no futuro nem no passado: ela se desenrola no agora. Preocupar-se com o amanhã pode até ser benéfico, contanto que você utilize essa reflexão para elaborar estratégias práticas para lidar com os problemas. Se você apenas teme o futuro e as coisas que não pode modificar, a preocupação é uma grande perda de tempo.
Muitas vezes nossos sentimentos já decidiram o que depois a razão procura justificar. Embora tenhamos alcançado grandes avanços científicos e tecnológicos, o ser humano continua o mesmo. Apesar de todos os aparelhos e de toda a conectividade, ainda experimentamos as emoções viscerais dos homens dos primeiros tempos e experimentamos aquele anseio vago por um sentido maior para a existência. Uma prova disso é a intuição, que nos leva a agir de maneiras que às vezes nem nós mesmos compreendemos. Por isso, é importante valorizar as emoções e reconhecer que elas têm o poder de governar as nossas ações.