Propósito | Sextante
Livro

Propósito

Sri Prem Baba

A coragem de ser quem somos

A coragem de ser quem somos

 

Edição comemorativa de 500 mil livros vendidos.

“Espero que este livro ajude você a encontrar seu lugar no mundo.” – Sri Prem Baba

 

 

Neste livro, Sri Prem Baba expande o diálogo amoroso a que sempre se propôs, abordando temas que têm a ver com os anseios mais íntimos do ser humano.

Você vai vislumbrar uma jornada preciosa ao interior de si mesmo. Quando chegar ao seu destino, encontrará o Propósito de sua existência. Essa viagem será vigorosa, transformadora e única, mas poderá ser realizada com serenidade.

Sri Prem Baba é um mestre em ensinar o caminho do amor que renova os fundamentos da existência e pode alterar os rumos da vida pessoal e coletiva. Ele afirma que “não somos uma gota d’água no oceano”, pois “o amor nos faz ser o próprio oceano”. Também explica que a paisagem interna deve ser esquadrinhada para que possamos discernir qual é o nosso papel no mundo.

Ao longo das seis primeiras partes do livro, que tratam do nascimento à transcendência, você encontrará as coordenadas para fazer sua própria viagem interior. Na sétima, receberá as chaves práticas que vão guiar suas descobertas rumo ao despertar do amor.

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Ficha técnica
Lançamento 13/04/2022
Formato 14 x 21 cm
Número de páginas 160
Peso 270 g
Acabamento Brochura
ISBN 978-65-5564-343-5
EAN 9786555643435
Preço R$ 49,90
Lançamento 13/04/2022
Título original
Tradução
Formato 14 x 21 cm
Número de páginas 160
Peso 270 g
Acabamento Brochura
ISBN 978-65-5564-343-5
EAN 9786555643435
Preço R$ 49,90

Leia um trecho do livro

PREFÁCIO À EDIÇÃO COMEMORATIVA

 

A coragem de ser quem somos em tempos de crise

 

Sejam muito bem-vindos à experiência de ler este livro. Certamente ele iluminará alguns quadrantes da sua consciência. Afirmo isso com base nos inúmeros feedbacks que recebi desde o lançamento da primeira edição, em 2016. Sempre que me encontrei com os leitores em palestras ou workshops, tive a alegria de ouvir que a mensagem contida neste livro havia transformado a vida deles. Fico realmente muito feliz e grato ao universo por ter sido o canal dessa bênção.

Uma bênção nada mais é que um direcionamento da energia da vontade para o bem, quando do mais profundo do seu coração você deseja esse bem que flui e chega às profundezas da outra consciência. Este livro foi uma bênção que ajudou milhares de almas a se alinharem com o seu propósito de vida.

Hoje, com 500 mil exemplares vendidos, muitos falam desse tema e auxiliam outras pessoas nesse caminho. Isso indica a grande importância do assunto.

Mas, afinal de contas, o que é o propósito? É fato que nascemos com uma missão? É verdade que viemos ao mundo para fazer algo específico? Vejo inclusive grandes professores, filósofos e até mesmo mestres espirituais fazendo esse questionamento. Alguns chegando a afirmar que não, não temos um propósito definido. Esse ponto talvez seja o núcleo central que separa a perspectiva científica da religiosa.

Tudo tem um propósito, uma ordem? Tudo está predeterminado? Ou seria tudo aleatório, simplesmente uma grande coincidência? Seria o fato de existirmos nada mais que o resultado de uma complexa porém inevitável cadeia de acidentes químicos e de mutações biológicas sem um significado maior? Será que não haveria nenhum propósito por trás da criação? Teria sido o Big Bang? Ou Deus? Ou será que Deus criou o Big Bang?

Ouvi de um amigo estudioso da física quântica que as mais recentes descobertas da física começam a unir a visão científica à religiosa. A conclusão a que alguns cientistas estão chegando é que parece haver mesmo uma inteligência na criação. Os iogues e as pessoas realizadas que tiveram acesso à realidade espiritual são unânimes na percepção de que não existe vida sem propósito. Assim como não existem eventos aleatórios. Tudo que acontece é um encadeamento de ações e reações, e o propósito de cada ação e reação depende do grau de percepção do observador.

Muitas vezes nossa percepção do propósito das coisas vai se alterando conforme nossa consciência vai se expandindo. Isso acontece porque passamos a ver as coisas de maneira mais ampla e de diferentes ângulos. Por exemplo, em determinado momento olhamos para uma macieira e vemos que o propósito dela é dar maçãs. À medida que a consciência vai se expandindo, vamos identificando outras razões para o porquê de essa macieira existir. Em dado momento, podemos perceber que, além de dar maçãs, a árvore também pode produzir sombra para alguém necessitado, pode trazer a beleza que vai iluminar a compreensão de alguém. Pode até ser uma peça-chave do ecossistema de um lugar. Assim percebemos que tudo está interligado.

Posso dar outros exemplos, pois é possível encontrar um propósito em tudo. Às vezes posso não compreender a princípio, mas como já comprovei incontáveis vezes, até aquilo que eu jurava não servir para nada tinha um propósito. Hoje, mesmo que não consiga enxergar o porquê de determinadas coisas, não julgo como algo aleatório ou mera coincidência. A propósito – eu não acredito em coincidências.

Entendo que a sincronicidade é a verdadeira linguagem da existência. Tudo acontece devido a um propósito. E são muitos os nossos propósitos: o propósito de se divertir, de se nutrir, de se relacionar afetivamente, de se relacionar sexualmente, de construir uma família, de ganhar dinheiro, de estudar… Mas também existe aquilo que conhecemos como o propósito maior de vida – uma missão de alma, a razão central para termos encarnado. Quando tomamos consciência desse propósito maior, ele passa a ser a principal razão para acordarmos de manhã.

No entanto, o que buscamos é fazer com que todos os nossos propósitos estejam alinhados ao dharma, à lei da existência. O dharma é aquilo que sustenta tudo. O termo às vezes é traduzido como ação correta, a ação que está alinhada com esse fluxo invisível que está na base de tudo, com essa inteligência que conecta todas as coisas. Às vezes o traduzimos como lei – a lei suprema, a lei do amor. E, quando falo de amor, não me refiro ao amor condicional, à emoção ou ao prazer que surge quando uma situação exterior atende a uma determinada expectativa. Estou falando do Amor que é unidade, o Amor incondicional. Isso é dharma.

Neste livro falo do propósito de vida, de como uma pessoa pode colocar seus dons, talentos e habilidades, sua inteligência e seus recursos a serviço do dharma. E isso não é pouca coisa, pois é o que possibilita o acesso à verdadeira felicidade, sua cocriação. Falo sobre como nos colocarmos no fluxo.

Um instrumento musical, quando bem afinado, pode ser o canal de uma bela melodia, mas, quando desafinado, só produz ruídos. O mesmo se dá com o ser humano. Se ele estiver alinhado ao dharma ou, em outras palavras, se o seu fazer no mundo, ou propósito externo, estiver alinhado ao dharma, ele passa a ser o canal da melodia da satisfação e da alegria de acordar todas as manhãs com entusiasmo. Será também o canal de prosperidade e abundância. Se o seu fazer no mundo, ou propósito externo, não estiver alinhado ao dharma, significa que o instrumento não está afinado e vai ser canal do ruído da má vontade, do mau humor, da preguiça de acordar pela manhã e de muitos outros sintomas nocivos. Ou a pessoa até pode acordar, durante certo tempo, motivada por um equívoco em relação ao propósito, mas em algum momento, inevitavelmente, experimentará frustrações e amarguras.

Então essa afinação é um dos eixos da vida. Eu vejo que a vida no mundo – ou ainda a relação do eu consigo mesmo, com o mundo e com Deus – tem 3 eixos:

    1. Consciência do propósito
    2. Relacionamentos
    3. Espiritualidade

O que buscamos é propósito em dharma, relações em dharma e espiritualidade em dharma. Porque é esse alinhamento que vai equilibrar nossa caminhada e nos conduzir à Plenitude.

O propósito de vida é tão fundamental que toda a experiência humana e toda a estrutura social giram em torno dele. Uma criança nasce e já começa a batalha para que ela seja alguém, para que faça algo, que deixe um legado, que possa prosperar com o seu fazer no mundo. Daí a existência das escolas e de todo tipo de educação para formar ou capacitar uma pessoa para que ela se realize materialmente no mundo. O que ocorre é que todo esse esforço, na grande maioria dos casos, não leva em consideração o dharma, o propósito interior, os comandos do coração, o programa da alma que diz o que é que a criatura veio fazer aqui neste mundo. É a partir daí que surgem as dificuldades e as misérias. Porque, condicionados assim, passamos a querer ser o que não somos. Queremos fazer aquilo que não é o que está programado em nossa alma. Para atender a um condicionamento social da personalidade, queremos fazer o que não deveríamos fazer e que, muitas vezes, vai contra a nossa própria natureza.

Eu me lembro de quando era jovem e trabalhava num escritório com todas as regras de um ambiente de trabalho padrão. Eu ia porque entendia que tinha que ir. Precisava de dinheiro e precisava atender às minhas expectativas, que eram expectativas dos meus próprios condicionamentos. Não conhecia a verdade do meu Ser, só conhecia algumas coisas da minha personalidade e acreditava que tinha que fazer aquilo. E tinha mesmo, pois o karma assim determinava. Mas eu sofria tremendamente – começava a sofrer já no domingo à noite. Só de pensar que na segunda-feira eu teria que seguir a mesma rotina de trabalho e escola, já se iniciava o meu martírio.

Por que eu sofria? Porque minha alma é a de um iogue, de uma pessoa espiritualizada que clamava por liberdade de expressão. Ao mesmo tempo, o oposto disso também pode acontecer. Uma pessoa que veio com um propósito de atender ao dharma através de um serviço administrativo, que necessita de rigor, ordem e controle, pode enlouquecer se estiver tentando ser um artista ou alguém que vive apenas voltado para o aspecto espiritual.

O que quero dizer é que ninguém vai ser feliz fazendo algo diferente do que veio para fazer. Essa é uma das causas centrais da ansiedade, da angústia e de tantos outros transtornos. Uma margarida não vai ser feliz tentando ser uma rosa e vice-versa. E cada qual tem um porquê e um para quê. Esse porquê e esse para quê estão intimamente relacionados àquilo que somos, por isso o subtítulo deste livro é: “A coragem de ser quem somos.” Muitas vezes se faz necessário desconstruir a máscara, o eu idealizado, para termos acesso ao propósito interno. Às vezes, não. Mesmo com a máscara, a pessoa pode já estar no lugar certo fazendo aquilo que diz o seu coração – e só não estar alinhada ao dharma. Pode estar fazendo a coisa certa, mas por vaidade ou para atender a desejos egoístas. Nesse caso, ela vai se sentir vazia, mas aí é tudo mais fácil, pois basta fazer um ajuste. Difícil é quando você está fazendo algo completamente diferente do que veio para fazer, quando o propósito externo nada tem a ver com o interno. Nesse caso, o processo inevitavelmente será mais trabalhoso, embora a mudança sempre seja possível. Uns vão levar mais tempo, outros menos. Mas, quando o indivíduo realmente quer, a transformação acontece.

Outro ponto importante, e digo isso especialmente àqueles que estão trilhando um caminho de autoconhecimento, é que existem pessoas à procura do seu propósito maior de vida que acabam se tornando neuróticas nessa busca. Algumas se tornam angustiadas por não sentir que o seu fazer tem sentido dhármico. Esse entendimento não deve ser uma fonte de angústia. Pelo contrário, ele deve libertar você da angústia de não saber por que acorda todas as manhãs. E o primeiro passo nesse processo de liberação é a conscientização das suas insatisfações, como descrevi no livro Transformando o sofrimento em alegria, publicado também pela Sextante. E aí você precisa ter paciência enquanto observa os sinais e vai em busca dessa resposta dentro de si. Para encontrar o propósito, você precisa se ouvir e gostar de si mesmo. Confiar em si mesmo.

Uma das características centrais do propósito interno é fazer o bem, é contribuir para o bem comum, porque ele é intrínseco à bondade essencial do Ser. Mas, obviamente, esse fazer desapegado não pode ser da boca para fora. Caridade para se fazer de bonzinho e ser bem-visto é um veneno para você e muitas vezes para o outro. Especialmente quando se quer comprar o outro com a sua caridade. O autêntico altruísmo não quer nada em troca pelo que está sendo oferecido.

Ter o propósito de vida alinhado ao dharma significa, em outras palavras, se tornar um elo na corrente do bem. Aquilo que é bom, alegre e próspero passa por você para chegar ao outro. Você se torna um canal de criatividade, de boas ideias. Você se torna um cocriador. E toda a energia positiva do universo passa por você para chegar ao outro. Você não age pensando em receber alguma coisa, mas, como uma consequência natural, acaba recebendo muito. Você aciona a lei do dar e do receber, a primeira lei da prosperidade, pois é dando que se recebe. Esse saber faz sucumbir a ilusão – desde que você dê sem pensar em receber. Essa é a chave. Claro que, para isso, para que haja um alinhamento com o dharma a ponto de você se tornar um canal do bem e colocar seus dons e talentos a serviço do bem comum, você precisa primeira e muito honestamente querer que o outro seja feliz. E para querer ver o outro feliz, você precisa ser feliz, nem que seja só um pouquinho. Estar um pouquinho de bem consigo mesmo.

Para isso, você tem que ter feito, e muito bem feito, o dever de casa de eliminar as mágoas e ressentimentos do seu sistema. Tem que ter passado na prova do perdão e da gratidão. Tem que ter se libertado da mentalidade de vítima. Do contrário, ainda será um escravo dos pactos de vingança, do auto-ódio e, consequentemente, do ódio pelo outro e pela vida. Você vai querer que o outro se exploda, e esse ódio vai travar o fluxo do amor e da prosperidade. Porque, se o propósito interno e o programa da alma estão relacionados a despertar o Amor em todas as pessoas e em todos os lugares, sem se purificar do ódio você não terá como afinar o instrumento. Se não remover o véu das tendências maldosas, não terá como se colocar como um elo na corrente. O jogo divino é perfeito.

Tendo acordado a consciência do propósito e tendo conseguido colocar esse programa em movimento, o estudo ainda não estará terminado. O próximo passo é fazer com que esse movimento seja próspero e que você aprenda a viver em plenitude. Quando falo próspero, quero dizer inclusive materialmente, de maneira a extirpar do seu sistema o medo da escassez. Falo mais sobre isso no livro Plenitude A vida além do medo, que lancei em 2021 pela Djagô Edições.

Parte importante do meu propósito individual é ajudar outras pessoas a se alinharem com seus propósitos. E faço isso de diferentes formas. Em 2020, em meio à pandemia de Covid-19 e a todos os desafios que enfrentamos, criei a Djagô, uma academia de ensino on-line na qual segui transmitindo conhecimento. As transmissões foram generosas e assertivas, auxiliando o buscador a desenhar o seu despertar e a atravessar este período tão intenso de transformações pelo qual estamos passando.

Hoje compreendo melhor a importância de Propósito ter sido lançado antes da crise causada pela pandemia de Covid-19. Sem consciência do propósito, qualquer crise pode parecer o fim. Com consciência do propósito, temos a chance de desenvolver a coragem para fazer o que é pedido de nós em todas as circunstâncias, por mais desafiador que seja o momento. Ao mesmo tempo, a crise foi um grande “chacoalhão” para muitas pessoas, que, ao se deparar com o medo da morte e com a desconstrução dos sistemas da sociedade, puderam se questionar: qual é o sentido da vida? E essa é a pergunta básica que devemos nos fazer para viver neste mundo.

É inegável que vivemos tempos de crise. Em meio a tanta desconstrução no mundo externo, precisamos saber qual é o nosso papel, seja na desconstrução, seja na reconstrução. Quanto mais pessoas tiverem sua consciência ampliada a ponto de perceberem como podem contribuir para o planeta e para a sociedade com o seu propósito, maior será a esperança para um alinhamento da humanidade ao nosso propósito coletivo. É para isso que eu trabalho, e espero que este livro ajude você a encontrar o seu lugar no mundo – ou que pelo menos a leitura contribua para isso, oferecendo boas indicações do caminho para que você chegue cada vez mais perto do encaixe com o seu fazer no mundo.

Tenha uma boa leitura!

 

APRESENTAÇÃO

 

Depois de passar dos 40 anos e vencer um câncer que me colocou à beira do abismo, restou a pergunta: quem sou eu? E para quê? Qual é o significado dessa minha existência? Senti que eu estava sendo chamado para olhar de modo mais atento para essas e outras questões, então pedi para o meu ser mais profundo que me abrisse as portas do conhecimento.

Até então eu já tinha entendido, com os chacoalhões da vida, que apesar de pouco (ou nada) sabermos sobre os mistérios da existência, o único jeito de vibrarmos num outro lugar é através da experiência do amor. Só o amor é capaz de transformar tudo, curar, elevar nossa consciência. Então uma voz interna já me dizia que talvez esse fosse o sentido de tudo, a razão de estarmos aqui encarnados: aprendermos (ou reaprendermos) a amar. O que eu não sabia era: por que é tão difícil abrir o coração para amar de verdade, desinteressadamente? E eu não sabia sequer que tinha essa dificuldade.

Então, numa perfeita sincronicidade, o meu caminho cruzou com o do Prem Baba, que desde então tem me ajudado muito a entender o sentido que busco, a caminhar rumo à consciência do propósito da minha alma, a me abrir para ouvir o comando do meu coração. Porém, para alcançar esse aprendizado, precisarei continuar passando pelo processo de purificação, olhar para minha sombra (ou maldade), para minhas dores, meus condicionamentos, abrir os porões para poder limpá-los, iluminá-los. E tudo isso requer muita coragem!

Este livro é sobre o Propósito e seu estudo abrange tanta coisa, tem tantas vertentes! Aqui Prem Baba põe luz sobre o tema com a clareza própria de um líder espiritual, sugere caminhos, práticas e exercícios que podem facilitar os processos e entendimentos.

Sabemos que estamos alinhados com nosso Propósito quando encontramos um motivo real para acordarmos e vivermos o dia com alegria! E esse motivo, em última análise, é vivermos o amor! Prem tem me ensinado bastante sobre isso e talvez faça parte do meu Propósito dividir meu caminho com vocês.

Namastê!

Reynaldo Gianecchini

 

INTRODUÇÃO

 

Talvez o maior infortúnio do ser humano tenha sido, em algum momento da sua jornada, ter acreditado ser o centro da criação. Nossa inteligência nos proporcionou muitas conquistas. Conseguimos um certo domínio sobre a matéria e com isso passamos a agir como se a natureza existisse somente para nos servir. O ego, enquanto símbolo da individualidade, tomou conta da nossa experiência na Terra. Essa visão limitada nos conduziu ao esquecimento de quem somos e do que viemos fazer aqui. E hoje sofremos de uma profunda doença chamada egoísmo, que nos leva a manifestar um grau insustentável de desrespeito à natureza e aos outros seres humanos, além de uma profunda ignorância em relação ao significado da vida.

No decorrer dos séculos, temos usado nossa inteligência para reafirmar essa visão autocentrada e para provar que somos superiores a tudo e a todos. O ego, que é apenas um veículo para a experiência da alma neste plano, tornou-se o imperador máximo, e o individualismo tomou proporções brutais. Perdemos a conexão com nossa identidade espiritual e com a própria razão de estarmos aqui. Deixamos de nos questionar sobre o sentido da vida, e isso aprofundou o esquecimento da nossa essência e dos valores intrínsecos a ela.

A teoria que considera o universo como o produto de um acidente cósmico (o Big Bang) sustenta a visão materialista de que não existe um propósito para a vida. Se somos produto de um acidente, estamos aqui por acaso. E se estamos aqui por acaso, não há um propósito para a nossa existência. Essa ideia, porém, decorre da nossa incapacidade de explicar, através dos métodos científicos, o que está por trás do mistério da criação. E isso é o que nos leva a negar o espírito e a acreditar que não existe nada além do corpo e da matéria. Mas esse materialismo é o que tem impedido a nossa evolução, não somente espiritual, mas também material! Porque, dessa maneira, estamos nos tornando cada vez mais cegos e ignorantes em relação ao nosso próprio poder.

A ideia de que somos apenas um corpo combinada à crença de que somos superiores a tudo é o que sustenta a indiferença diante da destruição do nosso planeta e o ceticismo em relação à espiritualidade. Desconsiderando até mesmo as descobertas não tão recentes da Física, continuamos cultivando uma visão estritamente materialista da vida. Enquanto indivíduos e sociedade, seguimos negando a existência de um espírito único que dá vida e interconecta todos os seres vivos e a natureza.

Tudo isso, porém, faz parte dos desafios da experiência humana na Terra, pois nós estamos aqui justamente para realizar a lembrança de quem somos e do que viemos fazer. O esquecimento, apesar de ser um instrumento de aprendizado nesse jogo da vida, quando levado ao extremo, se torna um grande obstáculo para a expansão da consciência. E, neste momento, a humanidade está tomada pelo esquecimento. A maioria não tem a mínima ideia do que veio fazer aqui e nem chega a se perguntar.

Estamos nos aproximando de um ponto crítico, no qual uma virada se faz necessária. É como se estivéssemos mais perto do final de um grande projeto e estivéssemos sendo pressionados a cumprir nossa missão. Alguns dizem que o prazo final já passou e que não tem mais jeito. Outros acreditam que ainda temos chances de realizar nossa meta. Eu acredito que, para sermos bem-sucedidos, precisaremos passar por grandes transformações. Em primeiro lugar, precisamos nos abrir para a verdade de que somos seres espirituais vivendo uma experiência material na Terra e que nós todos temos uma missão comum, porque, sem essa consciência, estamos fadados à extinção.

 

QUEM SOU EU?

O QUE EU VIM FAZER AQUI?

 

É parte da nossa missão chegar à resposta para essas perguntas. Estamos constantemente sendo levados a questionar e a encontrar soluções para questões como essas. O tempo todo somos convidados a perceber e compreender o Mistério. A natureza tem enviado mensagens bem claras de que chegou a hora de despertar do sonho do esquecimento e de acordar para a realidade. Tornou-se inaceitável que, com tanta informação disponível sobre a insustentabilidade do nosso estilo de vida, continuemos agindo sem a mínima consciência ecológica. Tornou-se inconcebível que ainda sejamos tão céticos e fechados para a percepção da realidade maior, que transcende a matéria, pois é esse fechamento que nos impede de ter acesso ao propósito da vida.

Eu, como um mestre espiritual, mas principalmente como um ser humano consciente, tenho a obrigação de dizer a verdade, por mais dolorosa que ela possa ser: nós, seres humanos, estamos caminhando para um grande fracasso. Até este ponto da nossa passagem aqui na Terra, não fomos capazes de encontrar essa tão desejada felicidade. E isso ocorre pelo fato de estarmos buscando no lugar errado – fora de nós. A felicidade não está no futuro, nos bens materiais ou na opinião que os outros têm sobre nós. Ela está aqui e agora, dentro de nós.

Precisamos ter coragem e humildade para abrir mão do orgulho e assumir nossos erros. Precisamos nos curar do egoísmo. E somente o autoconhecimento pode trazer essa cura. E foi justamente com o intento de oferecer instrumentos que possibilitam e facilitam o processo de autoconhecimento, mas principalmente com o intuito de dar movimento a uma energia capaz de impulsionar uma verdadeira transformação, que eu decidi escrever este livro.

Todos e cada um de nós viemos para este plano com uma missão, um propósito a ser realizado. E apesar de, na superfície, não sermos iguais e termos diferentes qualidades, estamos unidos por um propósito único que, em última instância, é a expansão da consciência. E a consciência se expande através do amor. Por isso costumo dizer que o nosso trabalho enquanto seres humanos é despertar o amor, em todos e em todos os lugares.

Podemos comparar o processo de expansão da consciência ao desenvolvimento de uma árvore. A raiz representa nossas memórias, nossas heranças, nossos ancestrais, ou seja, nossa história na Terra. Ao mesmo tempo em que nos mantém aterrados, a raiz não nos deixa cair. Ela é o que dá sustentação ao tronco da árvore, que, por sua vez, representa nossos valores e virtudes consolidados. Quanto mais forte o tronco, mais alto podemos chegar. Os galhos representam os desdobramentos das nossas virtudes em dons e talentos; as folhas representam o impulso de vida e a nossa eterna capacidade de renovação. E quando conseguimos nos tornar canais do amor, através dos nossos dons e talentos, brotam flores e frutos que representam justamente o que viemos realizar, o que viemos oferecer ou entregar ao mundo. As flores e os frutos representam a manifestação ou a realização do nosso propósito de vida.

Agora eu quero convidar você a embarcar comigo numa jornada rumo à expansão da consciência. Trata-se de uma aventura cheia de incertezas e desafios que nos leva da semente ao fruto, da terra ao céu, do esquecimento à lembrança, do estado de adormecimento ao estado de consciência desperta. Uma jornada que revela os infinitos desdobramentos do amor – esse poder que nos habita, nos move e nos liberta.

O amor é a semente, a seiva e o sabor do fruto. Ele é a beleza e a fragrância da flor. O início, o meio e o fim. Despertar o amor é o motivo de estarmos aqui.

Que a transmissão contida neste livro possa servir de inspiração e guia para o seu caminhar.

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Sri Prem Baba

Sobre o autor

Sri Prem Baba

Nasceu em São Paulo. Estudou Psicologia e Yoga. Tornou-se discípulo do mestre Sri Sachcha Baba Maharaj Ji, da linhagem indiana Sachcha. Como líder humanitário e mestre espiritual, fundou o movimento global Awaken Love com o propósito de restabelecer e elevar os valores humanos para despertar a consciência amorosa. Ele divide seu tempo entre o Brasil e a Índia, onde ministra cursos, oferece palestras e retiros.É autor de Transformando o sofrimento em alegria e Amar e ser livre: as bases para uma nova sociedade. É também autor das mensagens de sabedoria que chama de “Flor do dia”, distribuídas diariamente para milhares de pessoas e traduzidas para vários idiomas.

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