“A roda da vida budista gira em torno de seis reinos. Cada um é habitado por personagens que representam nossas várias formas de existir. Um deles, o reino dos fantasmas famintos, é o domínio do vício, onde estamos buscando algo externo para suprir uma ânsia insaciável por alívio ou satisfação.
O vício não é uma escolha nem uma doença. Ele se origina de uma tentativa desesperada do ser humano de resolver o sofrimento, o estresse, a perda de conexões, o desconforto profundo consigo mesmo.
Por isso, a pergunta nunca deve ser ‘Por que o vício?’, mas ‘Por que o sofrimento?’.
Aqueles que desmerecemos como ‘drogados’ são apenas homens e mulheres presos num buraco em que todos nós podemos cair de vez em quando.
Nenhuma sociedade é capaz de compreender a si mesma sem encarar seu lado sombrio. O processo do vício se manifesta de diferentes formas: na dependência de drogas letais; na busca frenética que leva à compulsão alimentar; nas obsessões dos viciados em sexo ou internet; ou mesmo no comportamento socialmente aceitável dos workaholics.
Vícios surgem da nossa habilidade imperfeita de amar crianças como precisam ser amadas, da nossa habilidade imperfeita de amar a nós mesmos e uns aos outros como todos precisamos.
O caminho para curar vícios é abrir o coração – com compaixão pelo sofrimento que carregamos dentro de nós e pela dor que nos cerca.”
Dr. Gabor Maté