Introdução
A mina de diamantes
Uma pequena história com uma grande mensagem
Al Hafed ouviu falar de diamantes pela primeira vez quando um sábio sacerdote lhe contou que outros camponeses africanos como ele haviam enriquecido depois de descobrirem minas de pedras preciosas. “Um único diamante, não maior do que a ponta do seu polegar, vale o mesmo que cem chácaras”, disse o homem.
O camponês decidiu então vender sua chácara e partir em busca dessa pedra que o tornaria rico. Al Hafed perambulou por toda a África à procura de diamantes e assim gastou toda a vida nessa caçada desenfreada. Sem sucesso, desanimado e com o corpo cansado, acabou desistindo dos diamantes e se atirou ao mar.
Na chácara que Al Hafed havia vendido, o novo proprietário conduzia um camelo em direção ao riacho que corria na propriedade quando se surpreendeu ao ver algo brilhando no fundo da água. Ele mergulhou a mão no riacho e pegou a pedra escura e reluzente. Decidiu levá-la para casa e deixá-la bem à vista numa prateleira.
Alguns dias depois, o sacerdote foi até lá porque queria conhecer o sucessor de Al Hafed. Quando viu a pedra na prateleira, ficou sem palavras. O camponês lhe contou que tinha achado a pedra alguns dias antes e que no riacho havia outras muito parecidas. Mas o sacerdote sabia melhor do que ninguém que não se tratava de uma pedra qualquer: “Isso não é uma pedra! É um diamante bruto, um dos maiores que já vi!”
Esse riacho, que uma vez pertenceu a Al Hafed, tornou-se uma das mais lucrativas minas de diamantes de todos os tempos.
O trecho acima é uma livre adaptação da história de Russell H. Conwell
A mensagem dessa curta história é clara. Se Al Hafed tivesse valorizado o que já possuía, teria descoberto a riqueza que havia em sua terra.
O mesmo vale para todos: nossa maior riqueza está escondida dentro de nós. Para encontrarmos nossos diamantes, só precisamos trabalhar a terra e procurá-los, porque eles estão bem ali.
Fique atento às oportunidades que surgem no dia a dia e às coisas que a vida já lhe oferece.
O que você procura já está dentro de você.
Seis motivos
… para você amar o Diário dos 6 minutos
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Você tem nas mãos a ferramenta mais simples e eficaz para uma vida mais feliz
O Diário dos 6 minutos não é um diário qualquer e traz os métodos mais simples para tornar você uma pessoa mais feliz e satisfeita a longo prazo.
Num primeiro momento, essa talvez pareça uma promessa grandiosa demais. Mas explicaremos em detalhes como você poderá alcançar esse objetivo com apenas seis minutos mágicos por dia.
Para extrair todos os benefícios que esta incrível ferramenta oferece, basta seguir as instruções à risca. Depois de estabelecer o hábito de escrever em seu Diário dos 6 minutos todos os dias, você verá que ele é capaz de fazer milagres. Será como construir sua felicidade tijolo por tijolo – e, quando menos esperar, você terá uma casa sólida e bonita.
Muitos livros prometem uma vida plena, mas poucos cumprem a promessa. Isso porque a maioria alega ensinar o caminho dourado, a fórmula única para a felicidade – que na verdade não existe, porque somos bem diferentes uns dos outros. O Diário dos 6 minutos, em contrapartida, fornece os fundamentos e os materiais com os quais você pode construir sua felicidade por conta própria, do seu jeito. Dia após dia, a cada página preenchida, você cria a vida ideal – com a sua marca registrada.
Há 2,8 milhões de anos, cada um de nós nasceu com um software pré-instalado: o software da sobrevivência. No passado, nossa vida dependia dele. Hoje em dia ele é menos útil, já que faz com que o cérebro esteja constantemente à procura do que possa dar errado ou represente uma ameaça à sobrevivência. Isso desperta sentimentos negativos e obriga nossa mente a prestar mais atenção nas coisas ruins do que nas boas. Experiências emocionais negativas, feedbacks ruins e lembranças desagradáveis têm uma influência maior sobre você do que seus opostos. É por isso que a dor de um coração partido é maior que a alegria de uma relação harmoniosa. A dor da perda – de um ente querido ou um animal de estimação, por exemplo – é, em média, três a quatro vezes mais intensa do que a alegria que sentimos ao compartilhar a vida com uma pessoa amada ou com nosso bichinho. O cérebro funciona como uma esponja na hora de absorver coisas ruins e como uma camada de teflon na hora de responder a coisas boas. Condicionados pela evolução, reagimos com mais rapidez e intensidade a influências negativas e por natureza superestimamos justamente aquilo que faz sofrer. Esse mecanismo se enraizou no cérebro ao longo de quase 3 milhões de anos, e as últimas três décadas de pesquisa na área da psicologia positiva não serão capazes de mudar algo assim de uma hora para outra.
Satisfação e alegria de viver? Esses não são os principais interesses do cérebro, já que tais disposições emocionais seriam mais prejudiciais do que qualquer outra coisa na luta pela sobrevivência. Afinal, fala-se da “sobrevivência do mais forte”, não da “sobrevivência do mais feliz”.
A boa notícia é que este diário vai ajudar você a ser mais esperto do que a sua parte evolutiva e rabugenta. Foi comprovado cientificamente que é possível estabelecer novas conexões no cérebro por meio de repetições proativas e, sobretudo, diárias. Felizmente, você poderá instalar um software de novos hábitos positivos como alternativa às emoções negativas. Esse processo se chama neuroplasticidade (veja na página 50). Em média, são necessários 66 dias de execução diária para estabelecer um novo hábito. Ou seja, o segredo para o sucesso é a constância. A felicidade não é uma questão de sorte ou simples acaso; ela pode ser aprendida, passo a passo.
Você sempre agradece por tudo o que tem? Se a resposta for positiva, você expressa esse reconhecimento do jeito que ele merece? Quando foi a última vez que você sentiu gratidão genuína em relação a seu parceiro ou a seu melhor amigo? Quando foi a última vez que disse a eles como é grato por todas as coisas incríveis que fazem por você em vez de se irritar por causa de pequenos detalhes incômodos?
Se você não se sente satisfeito com o que tem hoje, tampouco será grato amanhã ou na semana que vem pelo que ainda vai receber. Não estou falando de um pacote da Amazon, de um elogio ou de alguma festa de comemoração, mas das coisas que já fazem parte do cotidiano. Foi comprovado que valorizá-las diariamente e se concentrar nelas são atitudes que levam você a se sentir mais feliz e satisfeito a longo prazo.
O Diário dos 6 minutos foi elaborado para que você possa adotar uma atitude fundamental positiva e padrões de comportamento benéficos investindo alguns poucos minutos diários. Dessa forma, você passa a se concentrar mais nas possibilidades reais do que nos obstáculos que precisa superar. Quem busca se sentir bem precisa pensar bem.
É por isso que um dos princípios do Diário dos 6 minutos é olhar para aquilo que já existe e funciona – não para o que está em falta ou que vem dando dor de cabeça. Assim você dá visibilidade às coisas positivas e pratica o desenvolvimento de pensamentos construtivos. O diário ajuda você a encontrar o equilíbrio entre valorização e desenvolvimento pessoal, entre gratidão e desempenho. Com ele, você aprende a apreciar o aqui e agora e descobre como a gratidão pode torná-lo mais feliz – além de ter uma plataforma na qual poderá praticar esse gesto todos os dias.
A gratidão é a fórmula mágica que vai abrir as portas para todas as possibilidades que vão surgindo ao longo do dia. Nas palavras de Mark Twain, “Dê a cada dia a oportunidade de se tornar o mais belo da sua vida”.
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Nada de conversa motivacional nem esoterismo. O princípio do livro se baseia em conhecimento científico
Aqui, não fazemos promessas que não estejam embasadas em experiências reais ou em resultados de estudos científicos. Por meio de seu trabalho, psicólogos renomados e importantes cientistas prepararam o terreno para o Diário dos 6 minutos, e você não vai precisar ler centenas de publicações científicas para descobrir o que pode aproveitar de cada uma delas. Como pode ver nas referências bibliográficas, nós já fizemos esse levantamento para você.
Porém, conhecimento teórico e aplicação prática são coisas bem distintas. Podemos pressupor que todos os bons médicos entendam de alimentação saudável. Mas isso significa que todos eles se alimentam de forma saudável? Provavelmente não. É possível que o mesmo valha para você e para tudo que sabe sobre os efeitos benéficos da gratidão, de uma postura positiva, da autorreflexão e de bons hábitos. Pois, realmente, integrar esses elementos à vida é algo bastante diferente de simplesmente ler ou falar sobre eles.
Depois de ler todas as explicações contidas aqui, você não precisará gastar um único centavo a mais para pôr a teoria em prática. Esta é uma ferramenta compacta e eficiente que vai ajudar você a utilizar os fundamentos teóricos da psicologia positiva na prática e a longo prazo. E o que é melhor: com apenas seis minutos por dia.
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Ao contrário de outros diários, a prática da escrita diária aqui vira brincadeira de criança
Você já presenciou alguém se esforçando muito para mudar um hábito? Emagrecer 5 quilos, alimentar-se de forma mais saudável, dormir melhor, estudar para uma prova ou ter um relacionamento mais amoroso com o parceiro… Certamente essa pessoa fez planos muito bem elaborados, mas é provável que ela logo recaia em seus antigos padrões de comportamento. Segundo as estatísticas, você já deve ter vivenciado algo parecido: 92% das pessoas que decidem parar de fumar acabam fracassando; 95% das tentativas de emagrecimento levam ao efeito sanfona; e 88% das pessoas que fazem resoluções de ano-novo não conseguem realizá-las. Por que não seria assim com a decisão de manter um diário? No início você escreve, supermotivado, mas a euforia logo desaparece, e o “projeto diário” é arquivado. São várias as razões para que isso aconteça: talvez você não tenha uma estrutura adequada, o tempo que investe na escrita pode parecer longo demais, ou, quem sabe, você não tenha internalizado bem o sentido real do que significa ter um diário. Com este livro, todos esses problemas são sistematicamente eliminados, pois ele foi concebido para garantir que mesmo quem não tem o hábito de escrever num diário não deixe a peteca cair.
Embora pareça muito simples, a estrutura do diário foi muito bem pensada, e a leitura de todas as informações presentes na introdução vai convencer até mesmo o mais crítico dos leitores. A desculpa mais usada (a tal falta de tempo) não vale neste caso. Dividir o tempo total de seis minutos em três minutos de manhã e três minutos antes de dormir minimiza o bloqueio da escrita mesmo para quem é bastante criativo na arte de inventar desculpas. Os momentos do dia estipulados para escrever no diário facilitam o estabelecimento de uma rotina e contribuem para que, na melhor das hipóteses, escrever se torne seu primeiro impulso ao acordar e seu último impulso antes de dormir. Uma meta sem comprometimento não passa de um sonho. O objetivo aqui é a maximização da felicidade pessoal. Todas as manhãs e todas as noites, você tem um pequeno compromisso que vai deixá-lo mais perto dos seus objetivos, um pequeno passo depois do outro.
Por que devo escrever à mão se posso digitar?
A caneta é mais poderosa do que o teclado. Você pode até transferir suas anotações para o computador mais tarde. No entanto, já foi comprovado que escrever com papel e caneta transforma a nossa essência. Quando escrevemos à mão, conseguimos entender melhor as situações que vivemos e nos lembrar delas por mais tempo do que quando digitamos. Há evidências de que é possível acelerar o processo de cura de lesões físicas ao manter um diário e descrever as emoções que elas provocam. O Diário dos 6 minutos não é um aplicativo, mas um livro dedicado exclusivamente a um propósito. Com esta ferramenta analógica você poderá aproveitar todos os benefícios da escrita com o uso de papel e caneta, algo que já havia ficado no passado.
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Você fará de suas lembranças uma obra excepcional
Um diário é como um bom vinho. Nós o deixamos guardado, maturando por um tempo, para depois desfrutar de toda a sua excelência. Agora imagine que você já terminou de preencher o Diário dos 6 minutos e o guardou. Ao retirá-lo da gaveta meses ou anos depois, você vai partir numa viagem para as regiões mais emocionantes e sensíveis da sua memória e perceberá que desenvolveu uma visão bem diferente de certos momentos que viveu. Em retrospecto, você vai entender por que isso aconteceu e poderá retraçar os passos de sua evolução pessoal. Assim, terá em mãos um testemunho de antigos desejos, pensamentos e pontos de vista. Como já dizia o poeta romano Marcial há quase 2 mil anos: “Poder usufruir da vida passada é poder viver duas vezes.” Imagine se sua mãe ou seu avô tivessem escrito uma obra sobre si mesmos. O que eles não dariam para ter uma recordação tão inestimável? Você está no caminho certo para um dia vir a ter sua própria caixinha de lembranças, cheia de tesouros. Existe algo mais emocionante do que ter uma obra sobre si mesmo?
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É divertido e mostra o que faz você feliz
Escrever num diário envolve sentir o que você está escrevendo. Só assim a escrita poderá alcançar seu potencial máximo (você poderá encontrar mais informações sobre isso na dica no 2, na página 94). Neste momento, tire dois minutos para colocar a teoria em prática e pense em algo pelo qual você é grato: uma experiência muito valiosa que teve ou um momento muito significativo. Assim que tiver conseguido pensar em algo importante de fato, feche os olhos e se concentre em suas emoções por dois minutos. Não deixe para depois, faça isso agora!
Como você está se sentido? Para entrar em contato com os seus sentimentos de forma consciente, preste atenção neles por alguns minutos. Já foi comprovado que a gratidão é o oposto de todos os sentimentos negativos. Ela atua como um agente intensificador das boas experiências. Da mesma forma que um amplificador intensifica as ondas sonoras capturadas pelo microfone, a gratidão intensifica tudo que há de bom em sua vida. Como ocupar a mente com emoções positivas proporciona uma alegria momentânea, o uso do diário lhe fará bem automaticamente. E, com isso, trará certa diversão aos seus dias. De modo semelhante, os desafios e, em especial, as cinco perguntas da semana são emocionantes, diversificados e divertidos.
Já parou para pensar no que faz você feliz? Nos tempos atuais há tantos caminhos diferentes a seguir que encontrar a resposta para essa indagação é mais importante do que nunca. Fazendo as perguntas certas todos os dias, o Diário dos 6 minutos ajuda você a descobrir o que o faz feliz – afinal, uma pergunta inteligente já representa metade da verdade.
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Você aprende a separar a sua felicidade interior das circunstâncias externas
Confúcio dizia que “Temos duas vidas. A segunda começa quando percebemos que só temos uma”. Quando perguntaram ao bem-sucedido empresário Naval Ravikant se ele já havia alcançado esse ponto de virada, ele deu a seguinte resposta: “Lutei a vida inteira para alcançar certos objetivos materiais e sociais. Quando os alcancei, percebi que as pessoas ao meu redor – muitas das quais haviam conseguido um sucesso semelhante e caminhavam para um sucesso ainda maior – não pareciam tão felizes assim. No meu caso, minha sensação de bem-estar diminuía assim que eu alcançava novas metas, porque eu me acostumava com rapidez às novas situações. Por mais banal que isso possa parecer, cheguei à conclusão de que devemos impulsionar a alegria de viver a partir do nosso interior. Comecei a me ocupar cada vez mais do meu eu e entendi que o sucesso real não está ligado às circunstâncias externas, mas ao que está dentro de nós.”
A experiência de Naval Ravikant está longe de ser um caso isolado. A maioria das pessoas pensa que seria mais feliz se tivesse mais dinheiro, se morasse num lugar melhor, se encontrasse a alma gêmea, se tivesse o emprego dos sonhos. Mas não é preciso esperar o próximo grande acontecimento para sermos mais gratos e felizes a longo prazo. Até porque, quando alcançamos um desses objetivos, logo percebemos que não houve uma grande mudança de fato. Ainda somos os mesmos. Por isso é improvável que as circunstâncias externas nos tragam uma felicidade duradoura. Isso já foi comprovado por diversos estudos, e sua experiência de vida até hoje deve confirmar essa alegação. Seja sincero: quantas vezes você já pensou Se conseguir isto ou aquilo serei mais feliz? E depois de obter o que queria, quantas vezes sentiu ter alcançado a felicidade plena?
A partir de hoje, reserve um tempo para celebrar os pequenos momentos felizes. Se você não consegue aproveitar instantes fugazes de alegria, é improvável que consiga celebrar os grandes. Aproveite o tempo que tem para valorizar as pequenas conquistas diárias. Quando foi a última vez que você comemorou uma de suas conquistas?
O caminho para uma vida mais prazerosa não tem nenhum mistério, não é uma receita secreta reservada apenas a monges budistas. Você também pode desenvolver uma atitude mais positiva, que vai ajudá-lo a separar a sua felicidade das circunstâncias externas. Continue lendo e descubra isso por conta própria.
Gratidão
Depois de um ano de estudos no exterior, repleto de viagens pelos mais belos países da Ásia, havia chegado a hora de voltar para casa. Para fechar aquele ano emocionante com chave de ouro, embarquei em minha primeira viagem solo. Recém-chegado ao Camboja, fui logo a uma locadora de motos, onde um viajante que estava na mesma situação que eu me abordou. Cheios de entusiasmo, decidimos ir juntos até um mirante não muito longe dali. No caminho até lá, fui curtindo o vento, que era muito agradável, enquanto a paisagem mágica tinha um efeito maravilhoso sobre mim. De repente, um estrondo: meu mais novo conhecido se desequilibrou sobre a minha perna esquerda a cerca de 70 quilômetros por hora. Enquanto eu voava como uma bola de futebol americano, capotando diversas vezes até aterrissar no asfalto, ele havia caído sem se machucar. Ele me encarou por alguns segundos para logo em seguida fugir.
Lá estava eu: caído, ensopado de sangue, sob um sol de 35 graus, sozinho no meio do nada no Camboja. Não havia uma parte sequer do meu corpo que estivesse intacta, e metade da minha perna esquerda estava completamente destruída. Era uma visão que, de quando em quando, me fazia desmaiar. Alguns habitantes locais foram se aproximando devagar, mas, em vez de ajudar, somente me olhavam – um dos espectadores até mesmo gravou com o celular um vídeo da minha perna. Fiquei aliviado quando a polícia chegou depois do que pareceu uma eternidade. Finalmente, vão me levar para o hospital! Mas os policiais não me dirigiram uma única palavra. Quando compreenderam que ali não havia meios de me arrancar dinheiro, foram embora com toda a calma do mundo – indiferentes aos meus gritos de socorro. Àquela altura, o pânico que tomava conta de mim atingiu um novo nível, pois, pela primeira vez, me ocorreu que eu poderia sangrar até a morte. Os habitantes locais deram as costas e me deixaram ali. Sozinho. Então senti que alguém levantava minha cabeça por trás, falando comigo em inglês: “Como você se chama?” Respondi, e ele disse: “Olá, Dominik, eu me chamo Doug. Vou levar você embora daqui, mas você precisa parar de olhar para a sua perna!” Doug era da Austrália e tinha 65 anos. Obrigado por salvar minha vida, Doug!
Seguiram-se 12 operações e 16 semanas no hospital, durante as quais fiquei o tempo todo inseguro, pois não sabia se ia ou não perder a perna. Depois de cada uma das cirurgias, a situação se mantinha igual ou chegava a piorar. Para uma pessoa que não conseguia passar uma semana sem fazer exercícios físicos, o simples pensamento de perder a perna era aterrorizante. Embora eu estivesse indo de mal a pior, do ponto de vista da saúde mental, ouvia com frequência comentários como “Por que você está tão bem-humorado?”, ou “Você age como se nada tivesse acontecido”. Eu não estava fingindo. Simplesmente percebi como minha atitude interior aos poucos se tornava independente das circunstâncias externas.
Antes do acidente, uma “carreira de sucesso” estava no topo da minha lista de prioridades e eu me esforçava muito para receber a aprovação alheia. Se eu estiver entre os 5% dos melhores da minha turma, todas as portas vão se abrir.
Se eu trabalhar naquela empresa renomada, logo terei uma casa e uma família (mesmo que eu ainda não tenha uma companheira). Apesar de nenhuma dessas circunstâncias me deixar mais feliz, eu continuava preso naquela minha rodinha de hamster – sem o acidente, talvez estivesse até hoje correndo atrás dessas circunstâncias externas. Você se lembra da frase de Naval Ravikant? O mesmo aprendizado – devemos impulsionar a alegria de viver a partir do nosso interior – se tornava cada vez mais palpável enquanto eu estava no hospital. E ficava evidente que meus padrões de pensamento anteriores me atrapalhavam porque, a cada novo objetivo, eu vinha adiando a felicidade. Percebi também que estava atendendo às expectativas alheias e estabelecendo metas que tinham muito pouco a ver com os meus desejos. Esse processo não foi um mero acaso, mas o resultado da gratidão diária e da autorreflexão. Em vez de me concentrar nas coisas ruins – o que seria muito fácil quando o universo inteiro se resumia a uma cama e a um banheiro de hospital –, coloquei o foco nas coisas boas, que, como logo percebi, existiam aos montes!
Apesar de ter sofrido vários traumatismos cranianos, eu estava lúcido. Ainda tinha a outra perna e contava com o apoio da minha família e dos amigos mais próximos. Aprendi a valorizar o que eu tinha e comecei a anotar todas as pequenas coisas belas do dia a dia para tomar ainda mais consciência do que vinha passando. Entendi que o sucesso verdadeiro é o sucesso interior. Essa postura permanece inalterada até hoje, e minha mente não é mais refém de um loop infinito, que leva sempre ao próximo grande objetivo. Resumindo: estou mais sereno e realizado do que antes e, de lá para cá, me recuperei por completo.
Depois do acidente, passei milhares de horas estudando a psique humana e coletei experiências de cerca de 700 mil pessoas que utilizaram o Diário dos 6 minutos. Eu chegava sempre à mesma conclusão: pequenos hábitos têm um efeito enorme. Desde que fixei essa ideia, investi toda a minha energia no desenvolvimento de ferramentas que pudessem ajudar as pessoas a responder a estas duas perguntas: O que me faz feliz? Quais hábitos vão trazer mais felicidade para a minha vida? Não importa quais são os seus objetivos: criar hábitos positivos, dando passos pequenos e realistas, é o melhor caminho para alcançá-los. A boa notícia é que você não precisa de um chamado traumático para despertar e incorporar esse conhecimento teórico no seu dia a dia. Você pode começar agora mesmo a criar hábitos que vão enriquecer sua vida. Muitas experiências incríveis não teriam acontecido se não fosse pelo acidente que sofri. Você está segurando uma delas neste instante.
Agora eu gostaria de fazer alguns agradecimentos. Obrigado às fontes de inspiração que não conheci pessoalmente: Robert Greene, Tony Robbins, Maria Popova, Jonathan Haidt, Alex Ikonn, Ryan Holiday, Tim Schlenzig e Martin Seligman. Um grande agradecimento à minha família e aos meus amigos mais íntimos. Com frequência sou lembrado da importância que essas pessoas têm e de onde eu estaria se não fosse por elas.
Por fim, agradeço a você! Obrigado por estar lendo estas palavras neste exato momento. Obrigado por escolher participar desta jornada em direção a uma vida mais atenta e feliz!