2025 - Caminhos da cultura no Brasil | Sextante
Livro

2025 – Caminhos da cultura no Brasil

Domenico de Masi

Um olhar sobre o futuro

Um olhar sobre o futuro

Domenico De Masi é autor do clássico O ócio criativo, com mais de 200 mil exemplares vendidos.

 

Será que o povo brasileiro é mesmo amigável e hospitaleiro? E o que seria exatamente o tal “jeitinho brasileiro”? A tão comentada harmonia racial, fruto da miscigenação, é uma realidade ou o estigma do racismo ainda persiste entre nós? No meio de tantos discursos sobre o Brasil, como separar a realidade dos estereótipos? Quais são os verdadeiros traços distintivos da nossa cultura?

Um mosaico colaborativo formado por diversas vozes, 2025 – Caminhos da cultura no Brasil traz um quadro amplo de reflexões sobre os mais variados aspectos da nossa cultura – nossas matrizes, a importância da afirmação da nossa identidade, os traços mais e menos valorizados do que se convencionou chamar “brasilidade” –, num esforço para prever de maneira confiável como será o futuro da paisagem cultural do país.

Domenico De Masi contou com a contribuição de Caio Túlio Costa, Cláudia Leitão, Cléber Eduardo Miranda dos Santos, Cristovam Buarque, Fábio Magalhães, Gloria Kalil, Jaime Lerner, Leonel Kaz, Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti, Paulo Werneck e Tárik de Souza para traçar um panorama abrangente sobre a situação atual do Brasil e as perspectivas para os próximos 10 anos.

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Ficha técnica
Lançamento 03/11/2015
Título original 2025: COME EVOLVERA? LA CULTURA BRASILIANA
Tradução MARCELLO LINO E STEFANO PALUMBO
Formato 16 x 23 cm
Número de páginas 320
Peso 430 g
Acabamento BROCHURA
ISBN 978-85-431-0292-4
EAN 9788543102924
Preço R$ 49,90
Ficha técnica e-book
eISBN 9788543102931
Preço R$ 29,99
Conteúdos especiais
Lançamento 03/11/2015
Título original 2025: COME EVOLVERA? LA CULTURA BRASILIANA
Tradução MARCELLO LINO E STEFANO PALUMBO
Formato 16 x 23 cm
Número de páginas 320
Peso 430 g
Acabamento BROCHURA
ISBN 978-85-431-0292-4
EAN 9788543102924
Preço R$ 49,90

E-book

eISBN 9788543102931
Preço R$ 29,99

Leia um trecho do livro

Introdução
Por que esta pesquisa?

 

“O Brasil é muito impopular no Brasil.”
NELSON RODRIGUES

 

Não existe progresso sem felicidade. Quando eu vinha para cá, vinte anos atrás, o avião decolava de uma Itália eufórica e aterrissava em um Brasil deprimido. Quando voltei, há dez anos, deixei uma Itália deprimida e cheguei a um Brasil eufórico. Hoje, deixo uma Itália deprimida e encontro um Brasil deprimido.

Em 2014, publiquei um livro intitulado O futuro chegou: Modelos de vida para uma sociedade desorientada, no qual eu constatava que se fala muito de crise no Ocidente, mas que, na verdade, todo o planeta está sentindo um mal-estar que os profetas da desventura anunciam como irreversível.

Cada vez com mais frequência, e em uma quantidade maior de lugares, ouço: “Não podemos continuar assim. Esse nosso modelo de vida não funciona. É preciso mudá-lo.” O desconforto não se refere tanto à crise econômica do momento, mas à organização geral da sociedade, cada vez menos capaz de satisfazer nossa legítima aspiração à felicidade. Apesar do incremento dos recursos, das belezas duradouras, da variedade surpreendente de suas organizações, o mundo em que vivemos se revela mais e mais decepcionante. A euforia que este mundo nos proporciona e a depressão que nos inflige parecem igualmente imprevisíveis e inexplicáveis porque não temos um sistema preciso de valores e expectativas com o qual localizar nossa posição atual e traçar nosso percurso futuro.

Esperamos um vento favorável, mas não sabemos para onde ir. Sentimos crescer à nossa volta, e dentro de nós, a exigência de um mundo novo, consciente e solidário, a urgência de um novo modelo de vida finalmente capaz de orientar o progresso, que, desprovido de regras e objetivos, nos parece cada vez mais insensato. Não existe progresso sem felicidade; e o mundo não é feliz porque oscila entre desorientação e medo. Não dispomos mais dos parâmetros para distinguir o que é verdadeiro do que é falso, o que é bonito do que é feio, o que é público do que é privado, o que é sagrado do que é profano, o que é de esquerda do que é de direita, o que está vivo do que está morto.

Essa desorientação na qual nos debatemos deriva de uma circunstância singular e incômoda: a atual sociedade pós-industrial, ao contrário dos outros sistemas sociais que a precederam, não nasceu alicerçada em um modelo preexistente, em um paradigma consolidado e compartilhado; ela surgiu a partir de sucessões rápidas de ideias geniais, porém parciais, de tecnologias e próteses surpreendentes, mas também de produtos supérfluos, de ritos óbvios, de comportamentos insípidos que cresceram uns ao lado dos outros antes mesmo que alguém os ordenasse em um sistema, projetando e orientando o seu conjunto.

Não foi assim nas sociedades precedentes. A sociedade medieval, por exemplo, nasceu do modelo cristão que inspirava a cidade do homem na cidade de Deus. No século XVIII, em pleno absolutismo régio e em plena inquisição religiosa, algumas poucas dezenas de intelectuais ousaram elaborar e propor um modelo de sociedade “burguesa” baseado na razão, na liberdade, na laicidade e na igualdade. A social-democracia e o Estado social nasceram com base nos modelos experimentados por Owen e teorizados por Bernstein. A sociedade soviética nasceu de um modelo precedentemente concebido por Marx e testado por Lenin.

Todos esses modelos sociopolíticos, mesmo quando se tentou renová-los com outros rótulos (como neoliberalismo no lugar de liberalismo, ou “terceira via” no lugar de social-democracia), deram resultados decepcionantes e reforçaram a exigência de um modelo inédito. “A simplicidade é uma complexidade resolvida”, disse com argúcia o escultor Constantin Brancusi. Para resolver a complexidade que nos desorienta, para traduzi-la em simplicidade tranquilizadora e manejável, é necessário imaginar um novo modelo finalmente capaz de atenuar nosso medo, reduzir nossa desorientação e encaminhar para resultados felizes esse progresso que avança veloz, navegando sem instrumentos, sem uma meta precisa e sem uma rota pensada.

Quinze modelos. Mas um novo modelo não nasce de repente ou por acaso: desenvolve-se a partir dos despojos de todos os modelos precedentes e exige um sério esforço de análise e criatividade para superá-los. Antes de qualquer coisa, portanto, é necessário reconstruir pacientemente os modelos já experimentados pela humanidade no curso da sua longa história. Depois, é preciso descartar as partes obsoletas e destilar as partes que ainda permanecem fecundas. Então, tomando essas partes como base, é necessário construir o novo modelo capaz de nos liberar da sensação de crise que nos deprime.

A fim de contribuir para o imponente, mas inescapável, trabalho de reconhecimento propedêutico, escrevi O futuro chegou, no qual examinei os quinze modelos de sociedade que me parecem mais representativos, para extrair os conteúdos que ainda podem ser valorizados na luta perene contra a fome, a dor, a ignorância e os abusos. Alguns desses modelos – Grécia, Roma, Renascimento e Iluminismo –, experimentados em um passado mais ou menos remoto, permanecem como uma arqueologia ainda fértil de toda a cultura ocidental. Outros modelos, após uma fase de destacado fulgor, ainda persistem com renovada vitalidade: o modelo católico, forte na Idade Média; o protestante, difundido a partir do final do século XVI; o liberal, triunfante nos Estados-nações do século XIX; o industrial, que, durante dois séculos, forjou a vida de muitos países dos dois lados do Atlântico. Outros modelos – indiano, chinês, japonês, hebraico, muçulmano, brasileiro – afundam suas raízes no passado e vivem hoje uma fase de renovada intensidade. Há, por fim, um modelo em estado nascente, pode­ríamos dizer um protomodelo, que chamei de “pós-industrial” e que já atinge todo o mundo globalizado.

A escolha desses quinze modelos foi imposta por sua força intrínseca e por sua vasta difusão. Alguns deles regularam a vida de um único país ou de um único povo; outros, de continentes inteiros e de várias etnias. O modelo romano cobriu quase todo o mundo então conhecido pelos latinos e ainda exerce influência em muitas regiões do mundo; o hebraico diz respeito a um povo ubíquo e a um Estado preciso; o muçulmano e o pós-industrial se acotovelam, justamente nestes anos, para se tornarem planetários. Para se formar e se afirmar, cada um dos quinze modelos pré-escolhidos exigiu séculos de sabedoria coletiva, criatividade e coragem. E, uma vez consolidado, ofereceu aos seus fiéis uma dinâmica ousada, uma rede de conexões, um escudo protetor e, não raro, uma jaula opressora.

Contradições e contestações. Entre os quinze modelos pré-escolhidos, inseri o Brasil. Talvez esta seja a primeira vez, na história da sociologia, que a sociedade brasileira é colocada em pé de igualdade com a sociedade clássica, renascentista, europeia, chinesa, americana. E isso pareceu exagerado, quase ingênuo, sobretudo para alguns intelectuais brasileiros.

Podemos dizer que essa minha escolha foi audaciosa? Alguns dados estatísticos me dão razão. Folheando a última edição do Pocket World in Figures, editado pela The Economist, vemos que, dos 197 países que compõem a geo­política do nosso planeta, o Brasil ocupa o segundo lugar em extensão das áreas florestais e em número de usuários do Facebook; o terceiro lugar em número de hosts de internet; o quarto lugar em extensão da malha rodoviária; o quinto lugar tanto em superfície quanto em número de habitantes; o sexto lugar em produção agrícola; o sétimo lugar em PIB, produção industrial, produção automobilística e consumo de petróleo; o oitavo lugar em produção de serviços; o nono lugar em reservas oficiais; o décimo lugar em público de cinema; o 11o lugar em produção de energia e em número de viagens aéreas.

Em outras fontes, vemos que 25,5% dos brasileiros (em comparação com 14% dos italianos) têm menos de 15 anos. Noventa e um por cento são alfabetizados e o Brasil, que investe na educação 5,4% do PIB (em comparação com 4,6% da Itália e 5,5% dos Estados Unidos), está em sétimo lugar no mundo em porcentagem de crianças matriculadas no ensino fundamental. Sua população, composta por mais de 40 etnias, pratica um racismo muito mais brando e tem uma convivência muito mais harmoniosa do que a americana; sua democracia, já consumada, ostenta 500 anos de relações pacíficas com os dez países com os quais faz fronteira e travou uma única guerra (contra o Paraguai), ao passo que os países europeus, no mesmo período, desencadearam entre si dezenas de conflitos armados.

Obviamente, esses recordes positivos não compensam e não fazem esquecer as profundas contradições com as quais se confronta a sociedade brasileira. Falando na Feira do Livro de Frankfurt em 8 de outubro de 2013, o escritor Luiz Ruffato declarou: “Quando não vemos o próximo, o próximo não nos vê. Assim, acumulamos nosso ódio e o semelhante torna-se o inimigo. A taxa de homicídios no Brasil atinge 20 assassinatos a cada 100 mil habitantes, o que equivale a 37 mil pessoas mortas por ano, um número três vezes superior à média mundial. E os mais expostos à violência não são os ricos (…) mas os pobres confinados a favelas e bairros de periferia, à mercê de narcotraficantes e policiais corruptos. (…) Nos últimos dez anos, 45 mil mulheres foram assassinadas. Covardes, acumulamos mais de 100 mil denúncias de maus-tratos contra crianças e adolescentes. (…) Não é uma coincidência o fato de a população carcerária brasileira, cerca de 550 mil pessoas, ser formada predominantemente por jovens entre 18 e 34 anos, pobres, negros e de baixa instrução.”

Ainda em 2013, o jornal Valor Econômico revelou que 6% dos brasileiros são milionários e, no ranking mundial elaborado com base no número de milionários, o Brasil está em 12o lugar. Entre os 20 milhões de brasileiros mais ricos, 18 milhões são brancos. Entre os 20 milhões de brasileiros mais pobres, 15 milhões são negros.

Mas os brasileiros são os primeiros a ter consciência dessas contradições e dos grandes desafios que o país deve enfrentar e vencer. Por isso, em 2002, desiludidos com o PSDB, substituíram-no pelo PT. E dez anos mais tarde, desiludidos com o PT, deram vida a um número crescente de protestos coletivos e, com a ajuda da internet, transferiram dos sambódromos e dos estádios para as ruas e praças aquela organização em massa aprendida com o carnaval e o futebol. Assim, a partir de junho de 2013, “o gigante adormecido” se insurgiu para denunciar a corrupção e reivindicar o direito à qualidade de vida, mostrando a todo o mundo, de maneira original, a vitalidade de um país que tolera, mas não perdoa.

Cara Brasileira. Em 2002, a empresa de pesquisas sociais S3 Studium conduziu, a pedido do Sebrae, um estudo sociológico chamado Cara brasileira: A brasilidade nos negócios, realizado com a participação interdisciplinar de 25 prestigiosos especialistas brasileiros. Em 2013, a OCA – Organização de Conhecimentos Associados de São Paulo – realizou uma pesquisa análoga entrevistando 44 personalidades da cultura brasileira.

Em ambos os casos, os resultados confirmam o que escrevera muitos anos antes o antropólogo Gilberto Freyre: “O Brasil vive o sincretismo, a conjugação dos opostos, o casamento do que é inconciliável à primeira vista.” A mistura de fatores tão diferentes, que em outros contextos resultaria destrutiva, no nosso caso é benéfica. O conceito de “brasilidade” remete imediatamente ao encontro e ao relacionamento interpessoal. As relações englobam os indivíduos. O individualismo assume uma acepção negativa. Viver significa “ter relações sociais”. Saudade significa a interrupção incômoda dessas relações.

À harmonia do físico, à sensualidade e à saúde, são acrescentados dons psicológicos como a afabilidade, a cordialidade, o senso de hospitalidade, a sociabilidade, a generosidade, o bom humor, a alegria, o otimismo, a espontaneidade, a criatividade, o ritmo, a sensualidade sem complexos, a festividade, a exaltação das cores e dos sabores, o interculturalismo, a capacidade de copiar, assimilar e inventar. O brasileiro tende a colorir com afabilidade todas as relações, mesmo as de caráter profissional, e suas ações assumem significados diferentes com base nos relacionamentos pessoais subentendidos. O brasileiro é informal, trabalha em mangas de camisa e sabe atuar em grupo, é fluido nos seus processos decisórios, não tem preconceitos ideológicos, aprende fazendo, tende a conjugar trabalho e diversão, presta serviços de maneira atenta, afável, afetuosa. Muitas das suas decisões, mesmo as mais simples, são influenciadas pelo grupo de parentes ou amigos.

Na cultura brasileira, a religião e a fé, assim como a vida, estão ligadas a conceitos de tolerância e curiosidade. A paciência, a capacidade de circular entre diversos códigos de comportamento e de reinterpretar as regras, as normas, as linguagens são atitudes frequentes, assim como a tendência a considerar fluidos os limites entre sagrado e profano, entre formal e informal, entre público e privado, entre emoção e regra. O “jeitinho brasileiro” é exatamente esse modo de harmonizar os contrastes, de driblar os empecilhos, de também usar com um certo atrevimento expedientes que vão além das regras. Muitos são os elementos que conseguem amalgamar as diversidades, criando, interna e externamente, uma imagem unitária do país. A natureza exuberante, com um verão que, em muitas regiões, dura o ano todo, faz do Brasil um “país tropical orgânico”, jamais afligido por ciclones ou terremotos. No plano social, o papel unificador é desempenhado pela estrutura federativa dos vários estados que se reconhecem na mesma Constituição, pela “língua geral”, pelo sincretismo cultural, pelas grandes festas civis e religiosas incorporadas ao modo de vida popular, pela música, pelo papel da mulher na vida social, pela sexualidade sem sentimentos de culpa (“Não existe pecado do lado de baixo do equador”, canta Chico).

O Brasil está aberto ao novo e às mudanças; mesmo nos piores momentos, enfrenta a realidade com sentimento positivo. Parte do seu modelo cultural deriva do iluminismo e do positivismo; o lema “Ordem e Progresso”, expresso em sua bandeira, foi tirado do pensamento de Auguste Comte.

No Brasil, como em todo o Ocidente, está em curso uma luta feroz entre tradição e inovação. Por ser jovem, o país está mais propenso a se renovar, mas misturando o novo com o velho, dando lugar a um modo original de evoluir, assimilando e modificando os modelos externos, tornando mais problemático e complexo, mas também mais rico, seu modelo eclético e em estado nascente.

Em relação a 2003, surgiram dois elementos novos: está mais difundida a consciência dos grandes desafios internos – corrupção, violência, desigualdade, burocracia, déficit educacional – e, a esta altura, o Brasil se sente um país de ponta, diferente e positivo, capaz de propor também ao exterior, como modelo alternativo de sociedade, seu próprio modo de ser ou de fazer. O sucesso, obviamente, dependerá da sua capacidade de se mobilizar, de se organizar, de tornar explícito um projeto que possa ser compartilhado, de persegui-lo com tenacidade, de agir com racionalidade sem perder a simpatia, de se modernizar sem pôr em jogo a sustentabilidade, de ser menos tolerante, superficial e improvisador sem perder a criatividade.

Especificidade brasileira. O conjunto desses fatores, que diferenciam o Brasil de todos os outros países do mundo, corresponde a uma ideia unitária de nação que, além de falar um único idioma – o português; cercado pelo espanhol falado em todos os países limítrofes –, responde a um modelo existencial suficientemente compacto, teorizado desde os anos 1930 por aqueles pensadores que Sérgio Buarque de Holanda, primeiro, e Fernando Henrique Cardoso, mais tarde, chamaram de “inventores do Brasil”. Mais do que inventar a identidade unitária do Brasil, que se baseia na miscigenação racial e cultural, esses pensadores a descobriram, dela se conscientizaram e ajudaram os brasileiros a fazer o mesmo. Trata-se de sociólogos, antropólogos, etnólogos, cientistas políticos e pedagogos como o próprio Buarque de Holanda e também Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Manoel Bomfim, Paulo Prado, Oliveira Viana, Alcântara Machado, Gilberto Freyre, Caio Prado Jr., Antonio Candido, Florestan Fernandes, Celso Furtado, Raymundo Faoro, Darcy Ribeiro e Cristovam Buarque. A esses grandes cientistas sociais devem-se, nas palavras de Fernando Henrique, “muitos dos conceitos, imagens, mitos e polos narrativos que ainda hoje são usados para definir o país, para explicar a especificidade brasileira”.

Contra essa especificidade tão preciosa quanto frágil, conspira o contágio consumista do modelo americano, que já conquistou muitos aspectos da vida urbana brasileira e que triunfa na imatura classe gerencial, monopolizada pelo pensamento, pelos gurus, pelo idioma, pela literatura bostoniana e californiana. A esse contágio devemos acrescentar a tentação de ceder às exigências incultas do mercado externo, que incitam os piores aspectos da brasilidade: o excesso cromático e sonoro, a sensualidade desregrada, o exotismo provinciano, a dissipação do patrimônio natural, aos quais podemos acrescentar a falta de autoestima (o que Nelson Rodrigues chamou de “complexo de vira-lata”), a xenofilia, o escasso senso público, o apelo à astúcia como substituta da inteligência, a pouca confiabilidade.

Mas apesar da marca colonizadora da Europa e dos Estados Unidos, e das tentações degradantes do mercado externo, o Brasil permanece sendo o Brasil e os aspectos originais e melhores da brasilidade continuam a prevalecer sobre os aspectos importados e inferiores.

Uma hipótese estimulante. Além de expor esses resultados de pesquisas empíricas precedentes, apresentei uma hipótese no livro O futuro chegou. A Europa, em primeiro lugar, e os Estados Unidos, mais tarde, fizeram sua parte elaborando modelos como o clássico, o cristão, o renascentista, o iluminista, o industrial e o pós-industrial, que marcaram as etapas da história ocidental, indicando à humanidade, de tempos em tempos, objetivos e itinerários. Agora, esses modelos resultam inadequados, e o Ocidente (e talvez o mundo inteiro) parece um marinheiro que espera o vento favorável sem saber para onde quer ir. Hoje, portanto, a quem cabe indicar a meta?

O Brasil, o único grande país que não trava guerras e não quer dominar ninguém, está demonstrando que seu futuro chegou. E não apenas porque tem uma porcentagem elevada de população jovem, mas também porque é uma das poucas democracias do planeta em que o PIB cresceu ininterruptamente durante 30 anos, as distâncias sociais foram reduzidas, a qualidade de vida melhorou, a alternância de poder foi assegurada por eleições democráticas regulares.

Nenhum outro país é um paladino tão representativo e uma metáfora tão significativa do mundo inteiro na sua atual fase evolutiva. A miscigenação, que foi prerrogativa do Brasil, hoje se tornou normal para todo o planeta, no qual está ocorrendo a mais importante mistura de todos os tempos, determinada, em nível físico, pelas grandes migrações e, em nível cultural, pelos meios de comunicação e pela internet. À miscigenação devemos acrescentar a beleza e a serenidade, os valores mais almejados pela sociedade pós-industrial, atormentada pelo delírio da concorrência e do estresse. Como já assinalava Darcy Ribeiro, o povo brasileiro, “sob a influência imperceptivelmente repousante do clima, desenvolve menos força impulsiva, menos veemência e dinamismo – ou seja, exatamente as qualidades que hoje são dramaticamente supervalorizadas e consideradas como valores morais de um povo”.

Para elaborar um novo modelo de sociedade são necessárias experiência, inteligência, criatividade e coragem. O Brasil, sem dúvida, não é o melhor dos mundos possíveis, mas talvez seja o melhor dos mundos hoje existentes. Seus defeitos permanecem inferiores aos que afligem muitos outros países. Suas qualidades são, com certeza, maiores do que as que são apreciadas em tantos outros lugares. Falta apenas uma maior autoconsciência dessa situação objetiva e a orgulhosa determinação de extrair dela um modelo teórico útil para si mesmo e para os outros.

Obviamente, cabe agora aos intelectuais brasileiros elaborar esse modelo, assim como aos intelectuais ingleses coube elaborar o modelo capitalista e aos franceses, o modelo iluminista.

O certo é que, hoje, o Brasil se encontra em uma situação única em relação ao seu passado e ao seu futuro. Após ter copiado durante 450 anos o modelo europeu e durante 60 anos o americano, agora que esses dois modelos se encontram em uma crise profunda e não há ainda um modelo novo para substituí-los, o Brasil está sozinho consigo mesmo diante do próprio futuro. Sua posição intelectual pode se dissolver na desorientação ou pode gerar um mundo novo.

Vontade de entender. Estas minhas reflexões surgiram da estima que nutro pelos intelectuais brasileiros, aos quais eu pedia um grande empenho coletivo para aplicar ao seu modelo de vida, experimentado ao longo dos séculos e agora pronto para ser teorizado, aquela organização definitiva necessária para torná-lo metabolizável como mensagem salvadora dos homens do século XXI. Enfim, algo semelhante ao que os homens reunidos em torno de Diderot conseguiram fazer com a Encyclopédie, mas, desta vez, em chave pós-industrial.

Infelizmente, minha visão otimista do Brasil e minha proposta confiante, apresentadas em O futuro chegou, caíram justamente em um momento de profunda depressão brasileira. Hoje, a mídia local apresenta aos leitores e espectadores a imagem de um país à deriva, governado por políticos corruptos e incapazes; corrobora o modelo econômico neoliberal como claramente superior ao social-democrata; instiga aquele medo e aquela desorientação que os governos e a mídia na Europa e nos Estados Unidos consideram, muito pelo contrário, inimigos da recuperação e dos quais tentam ansiosamente fugir mediante injeções desesperadas de otimismo.

Alguns comentaristas, que discordavam dos pontos fortes e fracos por mim atribuídos à cultura brasileira em O futuro chegou, nem sequer perceberam que eu os havia retirado das declarações de prestigiosos intelectuais brasileiros e acharam que eu os tivesse inventado, equivocado por um conhecimento superficial do Brasil que me levava, na condição de estrangeiro, a confundir estereótipos e realidade.

Assim, tive a ideia de recorrer novamente a um painel interdisciplinar de prestigiosos intelectuais brasileiros para utilizar seu sólido conhecimento do país e do seu sistema cultural. Graças somente à contribuição do pensamento desses intelectuais, reunido de maneira sistemática, teria sido possível entender a essência e a dinâmica desse sistema, separando realidade e preconceitos. Hoje, com a pesquisa concluída, considero um verdadeiro privilégio poder contar com o vasto conhecimento e com a inteligência segura desses intelectuais não tanto para compor um quadro da condição atual, mas sim para obter, através de seus esforços de previsão, um cenário confiável da cultura brasileira daqui a dez anos. Dessa maneira, os resultados da pesquisa não satisfazem apenas a minha curiosidade cognitiva, comum a tantos outros amantes do Brasil, mas fornecem também um material precioso para todos os policy makers públicos e privados empenhados na proteção, divulgação, valorização e expansão desse extraordinário patrimônio da humanidade.

Para escolher de forma livre, sem o obstáculo de obedecer a uma comissão, à equipe de colaboradores, ao painel de especialistas, aos prazos e aos métodos, preferi financiar a pesquisa pessoalmente. Stefano Palumbo me auxiliou como diretor operacional; Cristina Nascimento prestou sua insubstituível colaboração ao coordenar as atividades de pesquisa no Brasil e ao revisar as traduções; Eliza Bianchini Dallahol processou os dados; Susi Del Santo e Elisabetta Fabiani traduziram todos os textos. A pesquisa teve início em abril de 2014 e terminou em abril de 2015.

As dimensões da análise. Poucos países dispõem, como o Brasil, de uma literatura tão abundante sobre a própria cultura ideal, material e social. Os “inventores” do Brasil produziram ensaios, pesquisas e memórias de extraordinária qualidade sociológica, antropológica, econômica e política. Em seu rastro, outros estudiosos mais jovens vasculharam o campo tanto em nível geral quanto regional. Demorei alguns meses para analisar esse material precioso. Ao final dessa fase teórica, pouco antes do verão de 2014, pude fixar dois objetivos do projeto: coletar sistematicamente as opiniões abalizadas de um grupo interdisciplinar de especialistas sobre a evolução mais provável da cultura brasileira e do seu papel na próxima década; e fazer a triagem dessas opiniões com uma técnica ad hoc para extrair o cenário mais provável da cultura brasileira em 2025.

Uma vez analisada a literatura à minha disposição, tratava-se então de identificar as dimensões de análise, detectar as disciplinas envolvidas, fazer uma lista dos possíveis especialistas, escolhidos entre os mais consagrados do país e dotados, além de competência específica, de amplo conhecimento geral da cultura brasileira.

Essa fase preparatória se encerrou com a redação de um documento de base e de um questionário composto de 23 perguntas. Ambos versavam sobre os seguintes temas:

  • A evolução das matrizes culturais brasileiras;
  • A evolução da cultura ideal, social e material;
  • As características da chamada “brasilidade”;
  • Os estereótipos que circulam a respeito do Brasil e da sua cultura;
  • A tradição e a inovação na cultura;
  • A abertura dos brasileiros às novidades e à mudança;
  • Os valores tradicionais e os emergentes;
  • O inconsciente coletivo e o complexo de vira-lata;
  • A desorientação, os preconceitos, as ilusões, os erros;
  • A possibilidade de um modelo de vida brasileiro;
  • As eventuais características desse modelo;
  • Diversidade e unidade na cultura brasileira;
  • Forças centrípetas e forças centrífugas;
  • A contribuição do Brasil para a sociedade pós-industrial;
  • A influência europeia na cultura brasileira;
  • A influência americana na cultura brasileira;
  • Os traços mais influenciados da cultura brasileira;
  • A colonização cultural;
  • Os aspectos importados e piores;
  • Os bens materiais e os bens intangíveis na economia brasileira;
  • A desigualdade e os fatores que a influenciam;
  • Os efeitos da tecnologia da comunicação sobre a cultura;
  • O papel dos intelectuais: cientistas sociais, economistas e tecnólogos;
  • Otimismo e pessimismo na cultura brasileira;
  • A consciência e o orgulho da identidade cultural;
  • A consciência civil e a cultura;
  • A presença, o papel e as características dos movimentos sociais;
  • Os setores de expressão da criatividade brasileira;
  • As barreiras e os incentivos à criatividade;
  • A contribuição da economia criativa para o bem-estar do país;
  • A demanda e a oferta culturais;
  • A evolução dos festivais e dos centros culturais;
  • A intervenção pública no setor cultural;
  • Centralização e descentralização;
  • Os setores beneficiados;
  • As profissões culturais mais solicitadas;
  • Os polos da cultura brasileira;
  • O mapa da criatividade e das atividades artísticas.

O painel de especialistas. Enquanto a rica gama de temas a serem explorados era definida e o respectivo questionário era elaborado, também o painel dos onze especialistas dispostos a colaborar com nossa pesquisa era completado. Eis a lista: Caio Túlio Costa (jornalista, professor, gestor na área de comunicação digital); Cláudia Leitão (professora, ex-secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura); Cléber Eduardo Miranda dos Santos (crítico e diretor cinematográfico); Cristovam Buarque (professor, ex-ministro da Educação); Fábio Magalhães (museólogo, ex-secretário adjunto de Cultura do estado de São Paulo); Gloria Kalil (jornalista, empresária e consultora de moda); Jaime Lerner (arquiteto e urbanista); Leonel Kaz (professor, editor, ex-secretário de Cultura e Esporte do estado do Rio de Janeiro), com a colaboração de Paulo Costa e Silva; Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (professora de Antropologia); Paulo Werneck (curador da Festa Literária Internacional de Paraty); Tárik de Souza (jornalista e crítico de música).

O acordo profissional estipulado com esses onze especialistas era que cada um deles deveria manter em sigilo absoluto a própria participação no nosso projeto, de maneira que, até o momento conclusivo, ninguém conhecesse a identidade dos outros dez. Isso para evitar as distorções que poderiam derivar do confronto direto entre intelectuais de disciplinas diferentes.

As opiniões dos especialistas. Para atingir o primeiro objetivo – compilar um conjunto de opiniões abalizadas sobre a mais provável evolução, na próxima década, da cultura brasileira e do seu papel -, enviamos o questionário a cada um dos onze especialistas e pedimos que o respondessem por escrito no prazo de um mês. Na primeira parte desta obra, estão transpostas integralmente as 23 perguntas do questionário em que pedimos a cada especialista que descrevesse, com base no seu conhecimento geral e na sua disciplina específica, como evoluiria, a seu ver, o sistema cultural brasileiro deste momento até 2025 sob os vários aspectos por nós propostos. O estilo solicitado foi o discursivo; o conteúdo deveria derivar dos conhecimentos que o entrevistado possuía, sem ulteriores aprofundamentos.

Agradecemos aos onze estudiosos pela generosidade e pelo cuidado com que enfrentaram a tarefa de imaginar a situação cultural do próprio país, recorrendo a todos os seus conhecimentos e experiências. O trabalho do futurólogo é bem mais difícil que o do historiador, o do sociólogo e o do antropólogo.

O historiador não está presente nem é contemporâneo dos fatos do passado que tenta reconstruir, compreender e descrever, mas trata de questões que estão próximas à sua cultura, das quais conhece os antecedentes históricos, e tem à sua disposição documentos para explorá-las. Acima de tudo, conhece suas consequências e, ciente do desenrolar dos acontecimentos, tem a vantagem de poder explorá-los e interpretá-los melhor. O historiador que estuda hoje a batalha de Waterloo sabe qual foi seu resultado e que fim teve Napoleão.

O sociólogo e o antropólogo estudam fatos contemporâneos a eles e que, muitas vezes, acontecem diante de seus olhos. Ambos conhecem os antecedentes históricos de tais fatos, mas ignoram suas consequências, que ainda não aconteceram. O sociólogo tem a vantagem de estudar fenômenos que pertencem à cultura da sua própria tribo, compartilhando da mesma linguagem e dos mesmos paradigmas; o antropólogo tem a desvantagem de estudar fenômenos “alheios”, que pertencem a outras culturas, obedecem a outros paradigmas, conotam outras tribos.

O futurólogo compartilha com o historiador, o sociólogo e o antropólogo apenas as desvantagens. Tenta imaginar os fatos que acontecerão anos à frente (no nosso caso, daqui a dez anos), mas não sabe o que os precederá (o que vai acontecer daqui até 2024) e o que os sucederá (o que acontecerá a partir de 2026). O que acontecerá daqui a dez anos será produzido em um contexto profundamente diferente do atual, segundo paradigmas e linguagens “alheios” aos nossos.

Pedimos aos nossos onze especialistas que se transformassem em futurólogos, que tomassem impulso usando aquele passado que conhecem perfeitamente para se debruçar sobre um futuro que eles, mais do que outras pessoas, podem nos ajudar a prever. E, na verdade, para programar nosso futuro, é indispensável prevê-lo, nem que seja para evitar sua concretização.

Na primeira parte desta obra – “Os futuros possíveis. Opiniões de cada especialista”, o leitor encontrará um quadro polifônico de grande interesse, visto que cheio de concordâncias e discordâncias correspondentes aos onze pontos de vista diferentes expressos com total liberdade, grande perspicácia e de maneira personalíssima. Transcrevemos todas as respostas por inteiro, na forma discursiva em que nos foram fornecidas, pois cada uma delas merece ser lida com atenção e gratidão, representando um sumário de uma experiência e de um conhecimento fora do comum.

O método Delphi. Todas as previsões fornecidas pelos onze especialistas envolvidos na nossa pesquisa têm importância e credibilidade iguais, mas, já que algumas delas, como seria de imaginar, são contraditórias entre si, nem todas de fato se concretizarão. Porém, o que precisávamos era identificar justamente aquelas com maior probabilidade de se realizar na próxima década, uma vez que nosso segundo objetivo era construir um cenário do sistema cultural brasileiro dotado da máxima possibilidade de realização até 2025. Para atingir esse segundo objetivo, escolhemos e adotamos um método que, entre os cultores da futurologia, é chamado de “Método Delphi”.

Seguindo esse método, uma vez obtidas as respostas de todos os especialistas, extraímos cada uma das previsões e as colocamos em ordem lógica, criando uma longa lista de aproximadamente 1.600 afirmações futuríveis. Depois de pronta, enviamos a lista aos onze especialistas, que se viram diante de todas as previsões formuladas pelo painel sem saber, no entanto, quem era o autor de cada uma delas. Assim, eles puderam avaliá-las unicamente com base no conteúdo, a despeito de quem as formulara.

Para cada uma das 1.600 previsões, cada especialista devia dizer simplesmente se estava ou não de acordo. As propostas que obtiveram pelo menos sete consensos dentre os onze confluíram, quase que ao pé da letra, para a segunda parte desta obra, intitulada “O futuro mais provável”.

Com o intuito de sermos tão fiéis quanto possível ao texto escrito por cada um dos especialistas, nos casos em que conteúdo e forma são indissociáveis, preferimos não nivelar e padronizar o estilo, o que empobreceria as ideias expostas. Por isso, pedimos desculpas ao leitor pela inevitável diferença de estilo e de linguagem que poderá ser notada em vários pontos e pela alternância entre parágrafos de compreensão imediata e outros que podem se revelar menos decodificáveis em uma primeira leitura. São pequenos defeitos consubstanciais com o método Delphi, amplamente compensados pelas boas margens de confiabilidade geral proporcionadas.

Com base nessa confiabilidade, o sistema cultural brasileiro que emerge da segunda parte do livro deverá corresponder, tanto quanto possível, a como ele realmente será em 2025, com suas luzes, sombras e contradições.

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Domenico de Masi

Sobre o autor

Domenico de Masi

De Masi nasceu em Rotello, na província de Campobasso, no sul da Itália, no dia 1º de fevereiro de 1938. Viveu em três cidades diferentes: Nápoles, Roma e Milão. Viajou muito. Para usar uma expressão adequada ao mundo cadenciado da escola, pode-se dizer que ele sempre foi “adiantado em um ano”. Tanto no sentido metafórico, porque nutre um interesse obstinado pelo futuro, como no sentido literal, porque pulou alguns anos do curso primário e continuou a queimar quase todas as etapas clássicas. Aos dezenove anos, já publicava, na revista Nord e Sud, ensaios de Sociologia Urbana e do Trabalho. Com vinte e dois ensinava na Universidade de Nápoles. E depois, por mais de trinta anos, desenvolveu uma atividade frenética. Com sua primeira mulher teve duas filhas, que criou durante alguns anos como “pai solteiro”. É apaixonado pela estética, por decoração e até pelos vários tipos de rendas e – acreditem – cuida da casa quase tanto quanto sua atual mulher.

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CIÊNCIAS SOCIAIS

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Embora já tivesse outros livros na bagagem, o sociólogo Domenico De Masi se tornou mundialmente conhecido com “Ócio criativo”, lançado no Brasil pela Sextante no ano 2000, no qual analisa as relações entre sociedade e trabalho e defende a potência de valores como satisfação, amizade, amor e atividades lúdicas. Agora, com o lançamento de “Uma […]

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