Apresentação
Este livro, de certa forma, dá continuidade às minhas obras anteriores, que se debruçaram sobre a ditadura militar, a luta armada, o exílio e a volta ao Brasil.
Agora, trato da experiência democrática que se iniciou após a anistia de 1979, a partir do que considero seu momento inaugural: o movimento pelas eleições diretas para presidente da República.
O objetivo é mostrar como os atores do movimento, sobretudo os políticos, foram se distanciando entre si e como o processo democrático se degradou. Isso não ocorreu porque os políticos têm uma tendência intrínseca à corrupção, mas sim porque, ao fugir da responsabilidade pessoal, o sistema os empurrou para o abismo.
O esgotamento da fase democrática iniciada com o movimento Diretas Já resulta, certamente, num processo de renovação, cujo vigor dependerá do impulso das ruas.
Este livro nasceu de anotações que fiz num caderno sobre o caminho percorrido pela democracia brasileira de lá para cá. Os textos foram escritos muitas vezes nas estradas, onde passo grande parte do tempo por dever – e por que não dizer prazer? – profissional.
Enquanto concluía esses apontamentos, seguia meu rumo como articulista, refletindo sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, observando o movimento das ruas, anotando o papel dos smartphones no aumento da informação política no Brasil, prenunciando os tempos sombrios que nos aguardavam.
O livro que você tem em mãos é a combinação do meu caderno de anotações com uma seleção de artigos que buscam retratar os principais acontecimentos do país em 2016.
Não me lembro, ao longo de todo o processo descrito, de nenhum ano tão intenso como o de 2016. A decomposição do sistema político, posta a nu pelas investigações da Lava Jato, gerou um vendaval de surpresas. A Operação Lava Jato está presente nos meus escritos de uma forma parecida com que a tratei no prefácio do livro do jornalista Vladimir Netto, procurando cobrir seus grandes marcos.
Numa época de informação instantânea, com notícias de impacto se sucedendo, um livro desse gênero é sempre uma temeridade. Ele precisa terminar e as coisas continuam acontecendo.
Quero dizer: o processo de transição está apenas no começo e promete solavancos e sobressaltos. Graças ao impeachment, os aliados da esquerda, cuja experiência fracassou, têm de tocar o barco na tempestade.
O núcleo dessa tormenta é o desastre econômico que demanda um programa de austeridade num país com 12 milhões de desempregados.
Tocar o barco significa também enfrentar os fortes ventos de Curitiba, da Operação Lava Jato. O comandante terá de jogar corpos ao mar e não se sabe ainda hoje se, em algum momento, terá ele mesmo de se jogar na água.
Mesmo sem ter ainda o quadro nítido de um futuro em que a política renovada salte o abismo que a separa da sociedade e que o crescimento econômico reintegre os milhões de desempregados, é nele que deposito minhas esperanças de aprendiz.
Apresentação
Este livro, de certa forma, dá continuidade às minhas obras anteriores, que se debruçaram sobre a ditadura militar, a luta armada, o exílio e a volta ao Brasil.
Agora, trato da experiência democrática que se iniciou após a anistia de 1979, a partir do que considero seu momento inaugural: o movimento pelas eleições diretas para presidente da República.
O objetivo é mostrar como os atores do movimento, sobretudo os políticos, foram se distanciando entre si e como o processo democrático se degradou. Isso não ocorreu porque os políticos têm uma tendência intrínseca à corrupção, mas sim porque, ao fugir da responsabilidade pessoal, o sistema os empurrou para o abismo.
O esgotamento da fase democrática iniciada com o movimento Diretas Já resulta, certamente, num processo de renovação, cujo vigor dependerá do impulso das ruas.
Este livro nasceu de anotações que fiz num caderno sobre o caminho percorrido pela democracia brasileira de lá para cá. Os textos foram escritos muitas vezes nas estradas, onde passo grande parte do tempo por dever – e por que não dizer prazer? – profissional.
Enquanto concluía esses apontamentos, seguia meu rumo como articulista, refletindo sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, observando o movimento das ruas, anotando o papel dos smartphones no aumento da informação política no Brasil, prenunciando os tempos sombrios que nos aguardavam.
O livro que você tem em mãos é a combinação do meu caderno de anotações com uma seleção de artigos que buscam retratar os principais acontecimentos do país em 2016.
Não me lembro, ao longo de todo o processo descrito, de nenhum ano tão intenso como o de 2016. A decomposição do sistema político, posta a nu pelas investigações da Lava Jato, gerou um vendaval de surpresas. A Operação Lava Jato está presente nos meus escritos de uma forma parecida com que a tratei no prefácio do livro do jornalista Vladimir Netto, procurando cobrir seus grandes marcos.
Numa época de informação instantânea, com notícias de impacto se sucedendo, um livro desse gênero é sempre uma temeridade. Ele precisa terminar e as coisas continuam acontecendo.
Quero dizer: o processo de transição está apenas no começo e promete solavancos e sobressaltos. Graças ao impeachment, os aliados da esquerda, cuja experiência fracassou, têm de tocar o barco na tempestade.
O núcleo dessa tormenta é o desastre econômico que demanda um programa de austeridade num país com 12 milhões de desempregados.
Tocar o barco significa também enfrentar os fortes ventos de Curitiba, da Operação Lava Jato. O comandante terá de jogar corpos ao mar e não se sabe ainda hoje se, em algum momento, terá ele mesmo de se jogar na água.
Mesmo sem ter ainda o quadro nítido de um futuro em que a política renovada salte o abismo que a separa da sociedade e que o crescimento econômico reintegre os milhões de desempregados, é nele que deposito minhas esperanças de aprendiz.