Introdução
ESCREVER CONVERSANDO COM JESUS foi uma experiência que mudou a minha vida. Comecei a trabalhar nele quando acreditava estar doente demais para iniciar um livro novo. Mas o nosso grande Deus me conduziu nessa tarefa até o fim, ao longo de três anos muito difíceis, e me abençoou pelo caminho com Sua Presença constante.
Quando minha editora perguntou o que eu havia aprendido durante o processo, uma frase me veio à mente: Enquanto há vida, há esperança.
Dois meses depois de me mudar para Perth, no oeste da Austrália, em 2001, passei a apresentar alguns sintomas parecidos com os da gripe, mas dos quais não conseguia me recuperar. Por fim, fui diagnosticada com síndrome da fadiga crônica e convivi com esse resultado durante alguns anos.
Só em 2008 comecei a reavaliar minha condição física. Diversas razões me levaram a isso. Muitas pessoas vieram me falar sobre a doença de Lyme, sugerindo que ela poderia ser a causa dos meus sintomas. Então, em outubro daquele ano, tive uma violenta crise de vertigem, tão repentina e debilitante que pensei que estivesse sofrendo um derrame. A fase aguda, no entanto, passou rápido e foi se transformando numa tontura crônica, mais branda e constante. Isso chamou a minha atenção. Então me lembrei de que tinha sido mordida por carrapatos quando morei na casa dos meus pais no Tennessee, entre 1999 e 2001. Eu até tivera sintomas recorrentes de gripe na época, mas não suspeitara de qualquer relação entre os sintomas e as mordidas. Também me lembrei de que havia muitos veados na propriedade – e carrapatos de veados costumam transmitir a doença de Lyme para humanos.
Como na Austrália há poucas opções disponíveis de tratamento da doença de Lyme, passei a procurar ajuda nos Estados Unidos e encontrei uma especialista no assunto no Meio-Oeste americano. A primeira consulta seria em abril de 2009, quando ela faria uma avaliação durante três dias. Atravessei sozinha os céus e os oceanos, venci fusos horários e percorri metade do país por terra. Fui obrigada a andar em cadeiras de rodas em todos os aeroportos – com certeza, uma das coisas de que menos gosto nesta vida –, mas eu tinha uma missão: encontrar um jeito de melhorar.
A médica me solicitou 42 exames de sangue no primeiro dia em que estive lá e uma tomografia computadorizada do cérebro no segundo. Também passei horas em consulta com ela. Depois disso tudo, voltei ao aeroporto e fui a Nashville para reencontrar minha família e meus amigos. Numa consulta por telefone algumas semanas depois, a doutora confirmou o diagnóstico de bartolenose (uma infecção que costuma ocorrer junto com a doença de Lyme). Ela me prescreveu altas doses de dois antibióticos via oral e recomendou que eu voltasse à clínica para alguns meses de tratamento com antibióticos intravenosos.
Ponderei longamente, decidindo se me comprometeria ou não com esse programa de tratamento extenuante e caríssimo. Por outro lado, a médica dissera que isso faria com que eu me recuperasse mais rápido, e a perspectiva de melhora era atraente demais. Então decidi que o investimento valia a pena. A essa altura, meu marido já estava comigo e nós pegamos a estrada de volta para a cidade onde ficava a clínica.
Eu tinha que estar lá todas as manhãs, pronta para o tratamento, às 6h45, sete dias por semana, e precisava voltar todas as tardes. Os remédios faziam eu me sentir ainda pior, mas esse doloroso processo era necessário para alcançar a recuperação da minha saúde.
Depois de um mês, meu marido precisou voltar para a Austrália, mas eu ainda tinha oito semanas pela frente. Na metade do tratamento, a médica disse que eu também contraíra babesíase (outra infecção que costuma ser diagnosticada em pacientes com Lyme). Essa descoberta me deixou profundamente abatida.
Mas vários cristãos (e também alguns não cristãos) da região me deram a força de que eu precisava para completar as 12 semanas do programa. Algumas dessas pessoas – sobretudo a família que me hospedou – foram heroicas em seu cuidado comigo, e nunca vou esquecê-las.
Pouco antes do fim do programa de tratamento, recebi muitas horas de orações de alguns cristãos locais. Comecei a me sentir bem melhor e a fazer algumas caminhadas pelo bairro onde morava. Eu não tinha certeza se a melhora era por causa do tratamento, das orações ou dos dois juntos, mas estava grata e animada. No entanto, a melhora durou pouco. Alguns dias depois da última sessão de antibióticos intravenosos, tive uma recaída. Voltei para a Austrália no final de outubro com um resfriado muito forte e bastante decepcionada. Eu continuava tomando altas doses de antibióticos via oral e muitos suplementos, mas minha saúde não se restabelecia.
Quando retomei minha vida em Perth, senti vontade de escrever mais. Minha mente gravitava na direção da esperança – algo de que eu precisava desesperadamente naqueles dias. Mesmo não tendo alcançado a cura, percebi que ainda podia ter esperança em Jesus: em Sua Bondade, em Seu Amor infalível, em Sua Presença constante. Essa esperança aos poucos se tornou a luz que brilhava na escuridão do meu desalento.
Nessa época, escrever era muito difícil para mim, porque eu passava por um momento de grande confusão mental. Quando essa sensação piorava muito, costumava dizer ao meu marido que eu parecia estar à beira de perder a consciência.
Meu médico em Perth pediu alguns exames de sangue. Os resultados indicaram hiperparatireoidismo primário, causado por um tumor benigno em uma das quatro glândulas paratireoides.
Para remover o tumor com uma cirurgia minimamente invasiva, precisei atravessar o país e ir até Melbourne. O cirurgião responsável era muito competente e o procedimento foi um sucesso. Assim que despertei, meu filho, que estava no Tennessee, falou comigo ao telefone. Mesmo com algum efeito residual da anestesia, eu já conseguia perceber que estava mais alerta do que antes. A confusão mental que me desnorteava diminuíra de forma significativa.
Não muito tempo depois de retornar a Perth, já me sentia bem o suficiente para voltar a escrever. Embora ainda tivesse que lidar com muitos sintomas, a luz da esperança de Jesus começou a brilhar cada vez mais à medida que eu escrevia com a mente voltada para Ele. Então descobri que a esperança é uma forma de enxergar a vida – um ponto de vista capaz de derrotar o desânimo!
Estou convencida de que não teria sido capaz de escrever este livro se estivesse mais saudável. Eu poderia ter escrito algo diferente, mas não isto. Apesar de ter surgido num momento de muitas tribulações, Conversando com Jesus foi criado para ser um sopro de esperança na vida dos leitores.
Nesta época em que vivemos, é muito importante levar essa mensagem para o mundo inteiro. Muita gente passa por situações de insegurança e precisa lidar com dificuldades financeiras, desastres naturais, ameaças de todo tipo. Há desesperança no olhar das pessoas quando elas deparam com problemas em suas vidas e no mundo. Há também uma sensação de impotência entre aqueles que perderam o emprego, a casa, a saúde ou seus entes queridos. Mas a esperança que podemos encontrar na Bíblia é uma força poderosa – independentemente do que esteja acontecendo na nossa vida ou ao nosso redor.
Para os cristãos, a esperança está ancorada na cruz de Cristo. Uma vez que Ele pagou por nossos pecados, temos a certeza de que fomos perdoados e de que nossa história terá um final feliz, nos portais do Céu. Mesmo agora, enquanto atravessamos as tribulações deste mundo, temos certeza de que Deus está no controle e de que Ele é bom.
Eu menciono bastante o Céu neste livro. Então quero esclarecer que esse futuro glorioso está à espera de todos aqueles – e somente aqueles – que se reconhecem pecadores e pedem a Jesus o perdão garantido por Sua obra consumada na cruz.
Assim como Jesus está ao seu lado, Conversando com Jesus foi escrito a partir da perspectiva Dele, como se Ele falasse diretamente com você. Da mesma forma que em todos os meus livros, confiei na ajuda do Espírito Santo enquanto trabalhava – procurando ouvir a voz de Jesus ao longo de todo o processo criativo. Quando escrevo dessa maneira, sempre sou seletiva na minha escuta. Se alguma coisa contradiz a Bíblia, eu a rejeito. Acredito que a Bíblia seja a Palavra de Deus infalível, então me esforço para apresentar aos leitores apenas aquilo que seja condizente com ela.
Este livro traz 150 mensagens inspiradas no Senhor. Ofereço também 50 citações da Bíblia e de autores cristãos sobre esperança. Elas podem ser úteis para um rápido “reforço de fé” quando não houver tempo para uma leitura mais profunda.
Oro todos os dias por meus leitores. Meu desejo é que Conversando com Jesus venha a ser a tábua de salvação para os que se sentem prestes a se render à desesperança e funcione como uma injeção de ânimo para aqueles que não estão tão desesperados assim. Este livro irá tocar cada pessoa de forma diferente, mas ajudará todas elas a estabelecer um contato pessoal com Jesus.
A Ele toda a Glória!
Sarah Young
“Você não sabe que o dia nasce após a noite escura,
que a chuva substitui a seca
e que a primavera e o verão sucedem ao inverno?
Então, tenha esperança! Esperança sempre,
pois Deus não irá decepcioná-lo!”
Charles Spurgeon
“Vejam, estou fazendo uma coisa nova!
Ela já está surgindo! Vocês não a reconhecem?
Até no deserto vou abrir um caminho
e riachos no ermo.”
Isaías 43:19