Ganbatte | Sextante
Livro

Ganbatte

Nobuo Suzuki

A arte japonesa de fazer o melhor possível com o que se tem

A arte japonesa de fazer o melhor possível com o que se tem

Neste livro, Nobuo Suzuki compartilha lições da sabedoria milenar japonesa para acessar a perseverança e manter a motivação diante das dificuldades.

Um dos segredos está na filosofia do ganbatte, ou “faça o melhor que puder e nunca desista”.

Em vez de desejar “Boa sorte!” a alguém antes de uma prova ou uma entrevista de emprego, os japoneses costumam dizer “Ganbatte!”, e isso faz toda a diferença em termos de atitude.

A sorte depende de fatores externos, ao passo que o ganbatte apela a recursos internos que cada um de nós já possui.

Ganbatte é o ingrediente secreto para a felicidade.” — Blog Daddy Mojo

 

 

Este livro traz histórias reais e inspiradoras, além de valiosas orientações para que você desenvolva sua capacidade de perseverar e crescer.

Conheça alguns ensinamentos:

  • Comece mesmo sem vontade
  • Valorize a paciência
  • Aperfeiçoe continuamente suas habilidades
  • Enxergue possíveis desvantagens como diferenciais
  • Acrescente beleza ao seu cotidiano

Embora muitos aspectos da vida estejam além do nosso controle, a forma como lidamos com os contratempos é uma escolha. Quando aplicamos a persistência dos japoneses em nosso cotidiano, o difícil torna-se fácil e o impossível torna-se possível.

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Ficha técnica
Lançamento 06/10/2022
Título original Ganbatte!
Tradução Beatriz Medina
Formato 14 x 21 cm
Número de páginas 176
Peso 250 g
Acabamento Brochura
ISBN 978-65-5564-472-2
EAN 9786555644722
Preço R$ 49,90
Ficha técnica e-book
eISBN 978-65-5564-473-9
Preço R$ 29,99
Lançamento 06/10/2022
Título original Ganbatte!
Tradução Beatriz Medina
Formato 14 x 21 cm
Número de páginas 176
Peso 250 g
Acabamento Brochura
ISBN 978-65-5564-472-2
EAN 9786555644722
Preço R$ 49,90

E-book

eISBN 978-65-5564-473-9
Preço R$ 29,99

Leia um trecho do livro

PRÓLOGO

 

Toda vez que Francesc vem ao Japão, sei que uma aventura vai começar e que, no final, dará origem a um novo projeto. Foi assim que concebemos nosso primeiro livro juntos: Ikigai: Os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz. A ideia surgiu em passeios por Tóquio e Enoshima, que logo nos levaram a viajar até Ogimi, a aldeia dos centenários que faz parte do arquipélago de Okinawa. Esse foi só o começo: logo vieram muitos anos escrevendo mais livros e estudando os fundamentos de uma vida com ikigai.

No fim de 2019, Francesc deu meia-volta ao mundo e passou novamente por Ogimi, dessa vez sob as lentes da National Geographic para gravar um documentário sobre longevidade. Eu me juntei à aventura partindo de Tóquio.

Os tons azul-turquesa e a brisa marinha do chura umi (como chamam o mar no quase extinto idioma de Okinawa) são nostálgicos e, ao mesmo tempo, trazem uma estranha sensação de familiaridade.

Quando nos aproximamos da aldeia, Francesc e eu sentimos que Ogimi já fazia parte de nossa vida.

Quase cinco anos depois da primeira visita, nos perguntamos como estariam os anciãos com quem convivemos na viagem que fizemos para entrevistá-los. Foi uma grata surpresa saber que Higa continuava em plena forma.

Quando a conhecemos, ela tinha 96 anos. Agora, ao nos receber em casa, mostrou com orgulho o certificado oficial de “centenária” que ganhou do governo japonês.

Higa mora em uma casa humilde de apenas um andar a um minuto do mar. Atrás da construção há uma pequena horta onde ela continua cultivando verduras e legumes e, mais além, a floresta de Yanbaru, onde dizem que vive o duende Bunagaya.

Quando chegamos, Higa põe um exemplar do nosso Ikigai no altar da sala. Ela se ajoelha no tatame e, depois de acender algumas varetas de incenso, fecha os olhos e começa sua oração. Primeiro, agradece aos antepassados por continuar viva e por lhe darem sorte. Depois, pronuncia nosso nome e o título do nosso livro, oferecendo-o a seus antepassados e ao povo em geral.

Visitar Higa outra vez e ver que continua saudável e feliz nos enche de gratidão.

No dia seguinte, nosso amigo Miyagi, que também participou de nossa primeira aventura, conta que Oshiro, um dos homens mais velhos de Ogimi, quer nos conhecer.

Aos 108 anos, com um filho de 82, ele nos recebe em sua casa, que fica num vale próximo à residência de Higa, só que um pouco mais longe do mar. Deixamos os sapatos no vestíbulo e entramos descalços em uma grande sala com tatames.

Oshiro se levanta sem ajuda e se aproxima para nos cumprimentar. É inspirador ver tanta vitalidade em uma pessoa de 108 anos. Ele conta histórias de sua vida que remontam às lembranças da guerra, à qual sobreviveu por milagre. Foram poucos os sobreviventes de Okinawa.

Ele mostra com orgulho uma foto em que aparece andando de moto no dia de seu centésimo aniversário. Quando fala do passado, seus olhos brilham com a energia e a altivez de um adolescente.

Logo ele se dispõe a ir ao jardim para regar a horta. Posa com paciência para as câmeras da National Geographic. O céu azul está enfeitado com poucas nuvens, as montanhas da floresta de Yanbaru nos rodeiam e uma brisa leve carrega o cheiro salgado do mar.

Nosso anfitrião colhe umas shikuwasas e as oferece a nós como presente de despedida.

A última pergunta que lhe fiz foi:

— Qual é o segredo para uma vida longa?

Oshiro respondeu:

— Ganbatte.

Essa palavra pode ser traduzida como: “Eu me esforcei e fiz o melhor que pude.” Depois de alguns segundos de silêncio, ele acrescentou:

— Mainichi ganbattemasu.

A tradução dessa expressão pode ser: “Eu me esforço todos os dias.” Ele encerrou fazendo uma reverência a mim e a Francesc enquanto dizia uma última palavra de despedida:

— Ganbatte!

Ganbatte aqui significa algo como “Ânimo! Esforce-se ao máximo a partir de agora.”

Sem se dar conta, com essa despedida Oshiro plantou em nós a semente de uma ideia.

Ganbatte não é só uma palavra, é uma forma de ver a vida.

Ganbatte é uma mentalidade, uma atitude que se pode aprender e aplicar no dia a dia.

Ganbatte é uma ferramenta para que você se anime e dê ânimo aos seus entes queridos.

Ganbatte vai ajudar você a ir sempre em frente com um sorriso, aconteça o que acontecer.

Ganbatte é um norte para não cairmos na letargia e no desânimo quando passarmos por desventuras inesperadas.

A primeira vez que fomos a Ogimi, trouxemos muitas lições dos centenários, como a que ikigai é o segredo para uma vida realizada. Nessa segunda visita, fomos presenteados com uma nova lição desse homem de 108 anos cheio de vida.

As palavras de Oshiro despertaram nosso desejo de que existisse o primeiro livro sobre o ganbatte.

— Héctor García
Outubro de 2020, Tóquio

 

 

1

GANBATTE

 

Ganbaru 頑張る é um verbo japonês que pode ser traduzido como “fazer o melhor possível”, “não desistir”, “manter-se firme”, “insistir” ou “perseverar”.

É composto por três caracteres:

 

頑: teimoso, obstinado;

張: estirar, tensionar, expandir;

る: caractere hiragana que demarca o infinitivo dos verbos.

 

Em muitas culturas, antes que algum conhecido enfrente um desafio, uma competição, um exame ou uma nova aventura na vida, costuma-se desejar-lhe boa sorte. No Japão, usa-se o verbo ganbaru conjugado no imperativo sob a forma ganbatte 頑張って. Ganbatte é a forma verbal mais utilizada de ganbaru e pode ser traduzida como “Faça o melhor possível e não desista!”.

 

As formas verbais mais utilizadas de ganbaru:

  • Ganbaru ou ganbarimasu 頑張る、頑張ります: primeira pessoa do singular, “Vou fazer o melhor possível!”.
  • Ganbatte 頑張って: usada para se dirigir a outra pessoa e animá-la.
  • Ganbatte kudasai 頑張ってください: é como ganbatte, só que acrescido de “por favor”.
  • Ganbare 頑張れ: como ganbatte, só que mais imperativo, quase dando uma ordem.
  • Ganbarou ou ganbarimashou 頑張ろう, 頑張りましょう: “Vamos fazer o melhor possível”, para animar todos os integrantes de uma mesma equipe.
  • Isshokenmei ganbatte 一生懸命頑張って: “Faça o melhor possível, dê tudo de si, ponha toda a sua vida nisso.”

 

Quando dizemos “boa sorte”, parece que o resultado está nas mãos do acaso, fora de nosso controle. Já em japonês, quando se diz ganbatte, a ideia é transmitir que o esforço de que a pessoa precisa para enfrentar um problema depende dela mesma.

Dentro do significado de ganbatte também é importante a parte do “melhor possível”, que aceita que as coisas podem não ir tão bem, pois há aspectos que estão longe do nosso alcance. É a essência wabi sabi da realidade. O esforço é mais importante do que a sorte.

A mensagem filosófica de ganbatte é: “Faça o máximo que conseguir. Se a situação não for como você espera, não há problema. Você não precisa se sentir mal, porque sabe que fez tudo o que podia.”

No Japão, usamos ganbatte diariamente. Um dos usos mais comuns é quando nos despedimos da família pela manhã para ir trabalhar ou estudar.

Também usamos ganbatte em eventos esportivos, em qualquer tipo de atividade social, quando estamos com um amigo e sentimos que ele precisa de uma dose de ânimo, quando uma catástrofe natural assola nossas ilhas…

Se você fez o melhor possível, não importa que o resultado não seja o esperado, porque, no fundo, você sabe que não desperdiçou a oportunidade.

 

Faça o melhor que puder,
usando sua capacidade da melhor forma possível,
insista,
persevere,
siga em frente,
não desista.
E, se não conseguir o que queria,
não desanime,
não se sinta mal.
Não tem problema.
Você fez tudo o que podia.

Ganbatte!

頑張って!

 

 

2

A GRANDE ONDA DE KANAGAWA

A arte de avançar

 

 

A grande onda de Kanagawa é uma das obras de arte mais emblemáticas da história. É uma criação do artista Katsushika Hokusai, especialista em ukiyo-e (gravura japonesa). A gravura de Hokusai povoa não só o imaginário japonês como de todo o mundo. Os barcos a remo enfrentam a fúria do mar sob a visão impassível do monte Fuji. O branco da neve do Fuji se confunde com o branco da espuma das ondas, que parecem se lançar sobre os marinheiros com garras afiadas.

O que acontecerá quando a onda quebrar? Os barcos vão naufragar? Os marinheiros vão conseguir mudar de direção e superá-la com habilidade? Para sobreviver, sua única alternativa é remar, na esperança de deixar a grande onda para trás. A grande onda de Kanagawa representa o espírito ganbatte do Japão: os marinheiros não desistem, remam com o máximo esforço para ir adiante, para sobreviver.

As ondas do mar são uma metáfora fabulosa da vida: às vezes, tudo parece fluir sem grandes problemas. Nós nos sentimos como um velho navegante, de quem o mar não esconde nenhum segredo. As oportunidades surgem no momento certo e nos encontram preparados. Porém, em outras ocasiões, nos estressamos diante do desconhecido que, de súbito, nos deixa emocionalmente sobrecarregados. É quando nos tornamos os remadores de A grande onda de Kanagawa. Seja qual for a situação, há algo de que podemos ter certeza: até as ondas mais gigantescas sempre quebram para a frente.

Podemos sofrer um acidente ou viver períodos em que só recebemos más notícias, mas, aconteça o que acontecer, sempre podemos escolher seguir em frente.

Navegue com o espírito do ganbatte.

O marinheiro principiante que não consegue navegar muito porque enjoa sempre volta ao mar tendo ganhado algo: uma lição.

Faça o melhor possível. Una-se às ondas e aprenda com elas, sabendo que algumas vão vencê-lo e arrastá-lo para a praia.

Sempre haverá a terceira opção, a pior de todas: ficar na praia, como quem espera que as oportunidades caiam no colo. Assim, o marinheiro se condena a ser um mero espectador da vida e nunca aprenderá nada.

O filósofo britânico Alan Watts encontrou algo em comum entre as ondas e os seres humanos: “Você não veio a este mundo. Você saiu dele, como a onda que surge no oceano. Você não é um estranho aqui.”

Além disso, ele usou o movimento do mar para demonstrar que não precisamos nos preocupar muito com a repercussão de nossos atos: “Você é uma função do que o universo está fazendo, assim como a onda é uma função do que o oceano está fazendo.”

 

Porque as ondas podem ser uma analogia da vida.
No mar, não podemos parar as ondas, e na vida não
podemos parar os acontecimentos que o tempo nos traz.
Se ficarmos parados no mar, as ondas nos engolirão.
Se ficarmos parados na vida, a apatia nos devorará.

Se não é possível parar a onda
Transforme-se nela.

Ganbatte!

 

 

 

 

3

TRÊS ANOS SENTADO NUMA PEDRA

石の上にも三年 ― いしのうえにもさんねん

Ishi no ue ni mo san nen

 

Quando observo o meu gato Tama, que às vezes descansa sobre uma pequena pedra no jardim, recordo o ditado popular Ishi no ue ni mo san nen. É uma frase que todo japonês conhece desde criança e que literalmente quer dizer: “Em cima de uma pedra, três anos.”

A frase não deixa claro, mas a mensagem é que, se ficar sentado ali durante três anos, você acabará dissolvendo a pedra. Mesmo que algo pareça estranho ou difícil a princípio, se você perseverar o suficiente acabará no controle da situação.

Por exemplo, se você começou em um novo emprego, talvez nas primeiras semanas seja difícil conviver com desconhecidos, ainda mais trabalhando em algo que não domina. Mas, com o tempo, você acabará fazendo amigos e aprenderá lições valiosas às quais não teria acesso se tivesse jogado a toalha logo no início.

Diz a lenda que o monge budista Bodhidharma ficou três anos sentado na mesma pedra sem se mexer. Será que ele dissolveu a pedra? A resposta é: não importa. O importante é a força de vontade que ele teve para conseguir.

 

O monge Bodhidharma sentado na mesma
pedra durante três anos

 

A imagem de Bodhidharma sentado inspirou a criação da famosa imagem do Daruma: o talismã em forma de ovo vendido na entrada de templos e santuários. A peça tem os olhos em branco para que você pinte um deles com uma caneta e faça um desejo ou estabeleça uma meta.

O Daruma deve descansar em algum lugar visível de sua casa para que todo dia, ao vê-lo, você se lembre do que desejou quando preencheu o primeiro olho. Só quando o desejo se cumprir ou a meta for atingida é que você poderá pintar o segundo olho.

         © Héctor García & Francesc Miralle
                                                                                

Mas não é necessário ter uma pedra para se sentar nem um Daruma com olhos em branco para preencher. Quando começar algo novo aparentemente inacessível, visualize a meta e escreva seu propósito em uma folha de papel.

Ishi no ue ni mo san nen nos recorda que a questão não é apenas começar, mas também ter determinação para terminar o que começou. Em cima de uma pedra, três anos.

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Nobuo Suzuki

Sobre o autor

Nobuo Suzuki

NOBUO SUZUKI é escritor e filósofo. Estudou artes e literatura na Europa antes de se mudar para o Japão, onde decidiu colocar suas reflexões sobre criatividade e desenvolvimento pessoal no papel. Gosta de tocar piano, viajar pelo mundo e desfrutar da companhia dos seus gatos.

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