Aquecimento
Um mítico jogador argentino das décadas de 1940 e 1950, Ángel Labruna, disse certa vez: “O futebol é o esporte mais difícil do mundo porque é jogado com os pés obedecendo à cabeça… e vejam a distância entre os dois.”
Pela velocidade e o caráter imprevisível do jogo, no futebol as dúvidas cobram um preço alto. Um atacante recebe um passe que o coloca sozinho na cara do gol e, se hesita por um instante, os zagueiros já roubam a bola e ele perde a oportunidade. O mesmo acontece com o goleiro quando vacila um momento entre se adiantar ou não. Num segundo toma um gol.
A vida também não é assim?
Quantas oportunidades são perdidas por falta de coragem ou de reflexos? Quantos planos fracassam antes mesmo de começarem porque hesitamos ou esperamos demais?
Nas partidas que disputamos diariamente, há um tempo para a reflexão e outro para a ação. É bom meditar e analisar os fatos antes e depois de acontecerem, mas quando chega o momento de agir, é preciso deixar as dúvidas de lado e chutar para o gol.
Você pode acertar ou errar, mas pelo menos vai ter tentado.
A expressão “pensar com os pés” tem neste livro um enfoque claramente positivo: quando aparecem as grandes oportunidades da vida, é preciso chutar para o gol e ver o que acontece, tirar o foco da cabeça, que quer controlar tudo, e deixar que os pés – nosso instinto e vontade – orientem o caminho.
Todos somos jogadores de futebol em nosso dia a dia e enfrentamos partidas mais ou menos difíceis. Dependendo do rival e da situação, às vezes será mais conveniente o “jogo bonito”, às vezes será preciso uma “retranca” ou esperar para contra-atacar.
Para aprender a “pensar com os pés”, este manual conta em 50 capítulos como podemos colocar em prática a filosofia dos grandes treinadores e jogadores. De Cruyff a Guardiola e Mourinho, passando por outros gênios do futebol, esta obra de autoajuda é um convite a andar menos em círculos e chutar mais na direção do gol para obter o que desejamos.
Ivy Baker, que de 1953 a 1961 foi responsável pelo Tesouro dos Estados Unidos, disse certa vez: “O mundo é redondo e o lugar que parece o final também pode ser só o início.”
Vamos, então, começar.
Allan Percy
1
“Prefiro perder uma partida por nove gols
a perder nove partidas por um gol.”
Vujadin Boškov
Vujadin Boškov é um dos treinadores mais carismáticos que saíram do futebol sérvio. Treinou diversos times, como Sampdoria, Nápoles, Roma, Zaragoza e Real Madrid. Seu estilo de jogo se caracterizava por ser muito agressivo e, em suas entrevistas coletivas, ele não perdia a chance de soltar pérolas:
“Futebol é futebol.”
“O futebol é imprevisível porque todas as partidas começam 0 a 0.”
“Pênalti é quando o árbitro apita.”
À primeira vista, parecem frases simples demais, até óbvias. Mas é justamente nessa simplicidade que reside sua elegante ironia e profundidade.
Vamos nos deter na frase que abre este primeiro capítulo. Pura matemática, sem dúvida. Uma derrota, por maior que seja, só custa 3 pontos, enquanto nove partidas por 1 a 0 fazem com que deixemos de ganhar 27 pontos. E isso ainda pode impedir nossa classificação.
E não é só isso: quanto maior a derrota, maior será a lição que podemos extrair dela.
Aplicando isso à vida, é melhor cometer um grande equívoco uma única vez e, depois, fazer as mudanças necessárias do que ter diversos pequenos fracassos e nunca levantar a cabeça. Nesse sentido, um provérbio chinês diz: “Se você tem um problema que não consegue resolver, aumente-o.”
Muitos grandes acertos vitais surgiram depois de a pessoa sofrer nove gols ou mais, o que a obrigou a mudar completamente de estratégia. Um exemplo é a demissão de Steve Jobs da própria empresa que tinha criado. Depois dessa derrota, começou a etapa mais bem-sucedida do fundador da Apple, que acabou voltando à empresa para levá-la ao olimpo de excelência em que está agora.
Uma grande queda é um convite a voos mais altos.
Aprendemos muito com as derrotas futebolísticas; sem dúvida, as derrotas da vida são também uma fonte de inesgotável inspiração. Para isso, temos que ser capazes de examinar com sinceridade nossos erros. As falhas que nos levaram a essa situação. Desse modo, faremos do fracasso nosso ponto de partida para o sucesso. Como? Através da autocrítica. Há um método infalível, que é seguir os três “R”:
Reconhecimento: O primeiro “R” se trata de reconhecer que erramos. Muitas vezes não queremos admitir que algo não funciona ou que não estamos agindo da forma adequada. Se não começamos assumindo o erro, não há forma de aprender.
Responsabilidade: Chega de desculpas! Não é ridículo alguém que perdeu por nove gols de diferença reclamar do gramado? Pois em nossa vida também é assim. Deixemos o gramado em paz. Deixemos as desculpas para aqueles que não querem aprender. Nós assumimos nossos erros porque os valorizamos e queremos aprender com eles. Devemos convertê-los em nossos mestres. Ao admitir que podemos melhorar em muitos aspectos, passaremos ao terceiro “R”.
Revolução: Do mesmo modo que um treinador que perde de 9 a 0 fará importantes mudanças na escalação, também um grande fracasso em nossa vida pessoal exige uma mudança de rumo. Devemos revolucionar com nossa atitude. Colocaremos sentado no banco tudo aquilo que comprovamos não funcionar e nos prepararemos para encarar a próxima partida. E o resultado com certeza será diferente.
O problema é que temos tanto medo de errar, a possibilidade da derrota nos provoca tanta ansiedade que frequentemente preferimos não arriscar nada extraordinário para, dessa forma, não colher enormes fracassos. Muitos planejam uma partida defensiva para perder por poucos gols em lugar de ir ao ataque. É um erro vazio.
Os erros que dão lugar a grandes ensinamentos são aqueles que surgem da coragem de ter optado por um fracasso maravilhoso, e não por um êxito medíocre.
Aquecimento
Um mítico jogador argentino das décadas de 1940 e 1950, Ángel Labruna, disse certa vez: “O futebol é o esporte mais difícil do mundo porque é jogado com os pés obedecendo à cabeça… e vejam a distância entre os dois.”
Pela velocidade e o caráter imprevisível do jogo, no futebol as dúvidas cobram um preço alto. Um atacante recebe um passe que o coloca sozinho na cara do gol e, se hesita por um instante, os zagueiros já roubam a bola e ele perde a oportunidade. O mesmo acontece com o goleiro quando vacila um momento entre se adiantar ou não. Num segundo toma um gol.
A vida também não é assim?
Quantas oportunidades são perdidas por falta de coragem ou de reflexos? Quantos planos fracassam antes mesmo de começarem porque hesitamos ou esperamos demais?
Nas partidas que disputamos diariamente, há um tempo para a reflexão e outro para a ação. É bom meditar e analisar os fatos antes e depois de acontecerem, mas quando chega o momento de agir, é preciso deixar as dúvidas de lado e chutar para o gol.
Você pode acertar ou errar, mas pelo menos vai ter tentado.
A expressão “pensar com os pés” tem neste livro um enfoque claramente positivo: quando aparecem as grandes oportunidades da vida, é preciso chutar para o gol e ver o que acontece, tirar o foco da cabeça, que quer controlar tudo, e deixar que os pés – nosso instinto e vontade – orientem o caminho.
Todos somos jogadores de futebol em nosso dia a dia e enfrentamos partidas mais ou menos difíceis. Dependendo do rival e da situação, às vezes será mais conveniente o “jogo bonito”, às vezes será preciso uma “retranca” ou esperar para contra-atacar.
Para aprender a “pensar com os pés”, este manual conta em 50 capítulos como podemos colocar em prática a filosofia dos grandes treinadores e jogadores. De Cruyff a Guardiola e Mourinho, passando por outros gênios do futebol, esta obra de autoajuda é um convite a andar menos em círculos e chutar mais na direção do gol para obter o que desejamos.
Ivy Baker, que de 1953 a 1961 foi responsável pelo Tesouro dos Estados Unidos, disse certa vez: “O mundo é redondo e o lugar que parece o final também pode ser só o início.”
Vamos, então, começar.
Allan Percy
1
“Prefiro perder uma partida por nove gols
a perder nove partidas por um gol.”
Vujadin Boškov
Vujadin Boškov é um dos treinadores mais carismáticos que saíram do futebol sérvio. Treinou diversos times, como Sampdoria, Nápoles, Roma, Zaragoza e Real Madrid. Seu estilo de jogo se caracterizava por ser muito agressivo e, em suas entrevistas coletivas, ele não perdia a chance de soltar pérolas:
“Futebol é futebol.”
“O futebol é imprevisível porque todas as partidas começam 0 a 0.”
“Pênalti é quando o árbitro apita.”
À primeira vista, parecem frases simples demais, até óbvias. Mas é justamente nessa simplicidade que reside sua elegante ironia e profundidade.
Vamos nos deter na frase que abre este primeiro capítulo. Pura matemática, sem dúvida. Uma derrota, por maior que seja, só custa 3 pontos, enquanto nove partidas por 1 a 0 fazem com que deixemos de ganhar 27 pontos. E isso ainda pode impedir nossa classificação.
E não é só isso: quanto maior a derrota, maior será a lição que podemos extrair dela.
Aplicando isso à vida, é melhor cometer um grande equívoco uma única vez e, depois, fazer as mudanças necessárias do que ter diversos pequenos fracassos e nunca levantar a cabeça. Nesse sentido, um provérbio chinês diz: “Se você tem um problema que não consegue resolver, aumente-o.”
Muitos grandes acertos vitais surgiram depois de a pessoa sofrer nove gols ou mais, o que a obrigou a mudar completamente de estratégia. Um exemplo é a demissão de Steve Jobs da própria empresa que tinha criado. Depois dessa derrota, começou a etapa mais bem-sucedida do fundador da Apple, que acabou voltando à empresa para levá-la ao olimpo de excelência em que está agora.
Uma grande queda é um convite a voos mais altos.
Aprendemos muito com as derrotas futebolísticas; sem dúvida, as derrotas da vida são também uma fonte de inesgotável inspiração. Para isso, temos que ser capazes de examinar com sinceridade nossos erros. As falhas que nos levaram a essa situação. Desse modo, faremos do fracasso nosso ponto de partida para o sucesso. Como? Através da autocrítica. Há um método infalível, que é seguir os três “R”:
Reconhecimento: O primeiro “R” se trata de reconhecer que erramos. Muitas vezes não queremos admitir que algo não funciona ou que não estamos agindo da forma adequada. Se não começamos assumindo o erro, não há forma de aprender.
Responsabilidade: Chega de desculpas! Não é ridículo alguém que perdeu por nove gols de diferença reclamar do gramado? Pois em nossa vida também é assim. Deixemos o gramado em paz. Deixemos as desculpas para aqueles que não querem aprender. Nós assumimos nossos erros porque os valorizamos e queremos aprender com eles. Devemos convertê-los em nossos mestres. Ao admitir que podemos melhorar em muitos aspectos, passaremos ao terceiro “R”.
Revolução: Do mesmo modo que um treinador que perde de 9 a 0 fará importantes mudanças na escalação, também um grande fracasso em nossa vida pessoal exige uma mudança de rumo. Devemos revolucionar com nossa atitude. Colocaremos sentado no banco tudo aquilo que comprovamos não funcionar e nos prepararemos para encarar a próxima partida. E o resultado com certeza será diferente.
O problema é que temos tanto medo de errar, a possibilidade da derrota nos provoca tanta ansiedade que frequentemente preferimos não arriscar nada extraordinário para, dessa forma, não colher enormes fracassos. Muitos planejam uma partida defensiva para perder por poucos gols em lugar de ir ao ataque. É um erro vazio.
Os erros que dão lugar a grandes ensinamentos são aqueles que surgem da coragem de ter optado por um fracasso maravilhoso, e não por um êxito medíocre.