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O bom hábito de pensar de novo
PSICOLOGIA

O bom hábito de pensar de novo

Em um mundo carregado de certezas ferozes, Adam Grant é um chamado à humildade de uma mente aberta.

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Em um mundo carregado de certezas ferozes, Adam Grant é um chamado à humildade de uma mente aberta.


“A questão não é que temos medo de repensar respostas. Temos medo da própria ideia de repensar.” A reflexão de Adam Grant, um dos estudiosos mais influentes na área de recursos humanos, é o fio condutor do livro Pense de novo, um manifesto entusiasmado sobre a arte de repensar e um convite a enxergar a vida com a mente aberta.

Há muitos atributos que podemos conferir ao autor, mas é o próprio quem nos oferece a melhor definição sobre sua principal especialidade: “Meu trabalho é repensar nossa maneira de trabalhar, liderar e viver – e permitir que outras pessoas façam o mesmo.”

Grandes certezas não conduzem ninguém a um porto seguro. Pensamentos arraigados servem apenas para alimentar antigos preconceitos e velhos hábitos. E Grant busca na história recente o argumento que norteia suas ideias:

“Não me lembro de outro momento da história em que repensar tenha sido tão essencial. Conforme se desenrolava a pandemia do novo coronavírus, muitos líderes mundiais não conseguiram repensar suas ideias com rapidez. Primeiro acharam que o vírus não afetaria seu país; depois, que seria apenas como uma gripe e, mais tarde, que só pessoas com sintomas visíveis o transmitiam. Ainda estamos pagando o preço em vidas humanas.”

Ele avalia como a maioria das pessoas tende a superestimar as próprias habilidades em assuntos que consideram dominar. Recorrendo a experimentos e dados de pesquisas científicas, ele conclui que quanto mais confiantes as pessoas estiverem em suas habilidades, maior a chance de cometerem erros. O excesso de confiança é, em si, um equívoco.


Um laboratório especializado em conversas difíceis

Além de analisar as condições para que os indivíduos criem uma cultura que valorize o pensamento aberto e a reavaliação das próprias ideias, Adam Grant faz uso de histórias reais para apontar caminhos sobre como também podemos incentivar outras pessoas a reverem seus conceitos. “Quando você pensa como um cientista, não permite que suas ideias se tornem sua identidade”, avalia.

São muitos os casos narrados pelo autor que trazem para a vida real os conceitos apresentados no livro. Entre eles, encontramos a história do músico americano negro Daryl Davis em seu primeiro embate com um supremacista branco.

Sua estratégia para lidar com o ódio racial foi recorrer a argumentos que desestabilizassem os estereótipos. “A ideologia precisa alcançar a tecnologia”, argumenta Daryl, que já ajudou mais de 200 homens brancos a repensarem suas crenças e abandonarem a KKK e outros grupos neonazistas.

“Seus estereótipos seriam diferentes se você fosse negro, hispânico, asiático ou indígena? Que opiniões você teria se tivesse nascido em uma fazenda e não em uma cidade grande, ou em uma cultura do outro lado do mundo? Quais seriam suas crenças se você vivesse em 1700?”, questiona Grant.


Permaneça aberto a repensar o futuro!

Para desenvolver as habilidades do autoquestionamento, o autor recomenda 30 principais dicas práticas. Selecionamos cinco delas. Confira:

Jogue fora seu plano para os próximos 10 anos. O que lhe interessava um ano atrás pode ser entediante agora – e o que o confundia ontem pode ser empolgante amanhã.

Repense suas ações, não apenas seus arredores. A busca pela felicidade pode afastar a própria felicidade. Trocar um conjunto de circunstâncias por outro nem sempre basta. O júbilo pode ir e vir, mas o propósito tem mais chance de durar.

Programe um check-up de vida. É fácil se perder na escalada de compromisso com um caminho que não traz alegria. Assim como você faz check-ups com médicos, vale a pena marcar um check-up de vida no seu calendário, uma ou duas vezes por ano.

Pense como um cientista. Quando começar a formar uma opinião, resista à tentação de pregar, advogar ou fazer política. Encare sua nova visão como um palpite ou uma hipótese e teste-a com dados.

Aproveite os benefícios da dúvida. Quando você se pegar duvidando da sua competência, reimagine a situação como uma oportunidade de crescimento. Saber o que não sabemos é o primeiro passo para alcançar a excelência.

 

Este post foi escrito por:

Felipe Maciel

Jornalista com 20 anos de experiência no mercado e pós-graduação em Mercado Editorial e em Tradução, trabalhou em jornais, revistas e agências de comunicação. Foi coordenador de comunicação do Sesc Rio. Desde 2010, trabalha no mercado editorial com passagens por algumas das principais editoras do país.

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