A sabedoria secreta da natureza | Sextante
Livro

A sabedoria secreta da natureza

Peter Wohlleben

Árvores, animais e o maravilhoso equilíbrio entre todos os seres vivos

Árvores, animais e o maravilhoso equilíbrio entre todos os seres vivos

 

Do autor de A vida secreta das árvores, mais de 2 milhões de livros vendidos.

O que a ciência e a observação nos ensinam.

“Este livro combina a curiosidade de Peter Wohlleben sobre o mundo natural, sua escrita fácil e instigante e seu encantamento diante de tamanha complexidade e beleza.” – Jane Goodall, a bióloga que revolucionou a compreensão dos primatas

 

 

O grande pesquisador e contador de histórias leva os leitores numa instigante jornada pelos imensos sistemas naturais que tornam a vida na Terra possível.

A natureza é cheia de surpresas: árvores cujas folhas caem no outono afetam a rotação da Terra, certas espécies de aves sabotam a produção de presunto ibérico e florestas de coníferas podem fazer chover. Mas quais processos estão por trás desses incríveis fenômenos? E por que eles são tão importantes?

Neste passeio por um terreno até então insondável, Peter Wohlleben descreve a fascinante interação entre animais e plantas e responde perguntas que sempre despertaram nosso interesse.

Como os seres vivos influenciam uns aos outros? Diferentes espécies são capazes de se comunicar entre si? O que acontece quando esse sistema tão perfeitamente equilibrado fica fora de sintonia?

Ao apresentar as mais recentes descobertas científicas e tudo que aprendeu ao longo de décadas de observação, Peter Wohlleben nos mostra como enxergar o mundo com novos olhos e recuperar o maravilhamento diante da exuberância do planeta.

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Ficha técnica
Lançamento 13/04/2022
Título original The Secret Wisdom of Nature
Tradução Carolina Simmer
Formato 14 x 21 cm
Número de páginas 240
Peso 300 g
Acabamento Brochura
ISBN 978-65-5564-340-4
EAN 9786555643404
Preço R$ 54,90
Ficha técnica e-book
eISBN 978-65-5564-341-1
Preço R$ 32,99
Ficha técnica audiolivro
ISBN 9786555645408
Duração 07h 08min
Locutor Sergio Stern
Lançamento 13/04/2022
Título original The Secret Wisdom of Nature
Tradução Carolina Simmer
Formato 14 x 21 cm
Número de páginas 240
Peso 300 g
Acabamento Brochura
ISBN 978-65-5564-340-4
EAN 9786555643404
Preço R$ 54,90

E-book

eISBN 978-65-5564-341-1
Preço R$ 32,99

Audiolivro

ISBN 9786555645408
Duração 07h 08min
Locutor Sergio Stern
Preço US$ 7,99

Leia um trecho do livro

Introdução

 

A natureza é como o mecanismo de um imenso relógio. Tudo funciona de forma perfeitamente organizada e interconectada. Cada peça tem seu lugar e sua função. O lobo é um exemplo disso. Dentro da ordem Carnivora há a subordem Caniformia, que inclui a família Canidae e a subfamília Caninae, que engloba o gênero Canis, no qual se encontra a espécie lobo. Ufa! Como predadores, os lobos regulam a quantidade de animais herbívoros, certificando-se de que a população de cervos, por exemplo, não se multiplique rápido demais. Todos os animais e plantas existem em um delicado equilíbrio, e todo ser vivo tem um propósito e um papel no ecossistema. Em tese, essa maneira de organizar a vida nos oferece uma visão ampla do mundo e, assim, um senso de segurança. Nosso passado como habitantes de planícies fez da visão o sentido mais importante; nossa espécie precisa enxergar com clareza. Mas será que realmente temos uma boa visão do que está acontecendo?

Os lobos me fazem lembrar uma história da minha infância. Eu tinha cerca de 5 anos e estava de férias, visitando meus avós em Würzburg, quando meu avô me deu um relógio antigo. A primeira coisa que fiz foi desmontá-lo, porque queria entender como ele funcionava. Apesar de eu ter certeza de que conseguiria rearrumar as peças do jeito certo, foi impossível. Afinal, eu era apenas um menino. Depois que o montei de novo, percebi que tinha faltado usar algumas engrenagens – e que meu avô não estava com o melhor dos humores. Na natureza, os lobos são essas engrenagens. Se eles fossem erradicados, não apenas o inimigo das ovelhas e dos fazendeiros desapareceria, como também o mecanismo perfeitamente afinado da natureza começaria a funcionar de forma diferente, alterando até o curso de rios e causando a extinção de muitas espécies locais de pássaros.

As coisas também podem dar errado com o acréscimo de uma espécie. Por exemplo, a introdução de um peixe não nativo leva a uma grande redução da população local de alces. Um peixinho pode causar isso tudo? Ao que parece, os ecossistemas da Terra são complexos demais para serem divididos e compreendidos através de regras simples de causa e efeito. Até medidas de preservação ambiental podem ter resultados inesperados. Quem imaginaria, por exemplo, que recuperar a população de pássaros grous na Europa afetaria a produção do presunto ibérico?

Assim, está mais do que na hora de refletirmos sobre as interconexões entre espécies, independentemente do tamanho delas. Isso nos dará a oportunidade de contemplar criaturas estranhas, como as moscas noturnas de cabeça vermelha, que só aparecem no inverno, em busca de ossos velhos, ou os besouros, que adoram orifícios em árvores podres, onde se empanturram com os restos de penas de pombos e corujas (mas só quando esses dois tipos estão misturados). Quanto mais você observa as relações entre espécies, mais fatos fascinantes se revelam.

Porém, a natureza é muito mais complexa do que um relógio. Ela não se resume apenas a engrenagens conectadas. Sua rede é tão intrincada que provavelmente nunca a compreenderemos em sua totalidade. E isso é bom, porque significa que plantas e animais sempre vão nos fascinar. É importante entendermos que até pequenas intervenções podem ter consequências enormes e que é melhor não tocarmos em nada da natureza a não ser que seja absolutamente imprescindível.

Para você conseguir visualizar melhor essa rede complexa, quero mostrar alguns exemplos. Vamos nos maravilhar juntos.

1.     Sobre lobos, ursos e peixes

 

Os lobos são um exemplo maravilhoso de como as conexões da natureza podem ser complexas. Surpreendentemente, esses predadores são capazes de alterar margens de rios e mudar o curso da água.

Yellowstone, o primeiro parque nacional criado nos Estados Unidos, já foi palco de uma mudança desse tipo. No século XIX, as pessoas deram início ao processo de erradicar lobos da reserva, uma resposta à pressão de fazendeiros locais preocupados com seus rebanhos. A última matilha foi aniquilada em 1926. Lobos solitários foram vistos ocasionalmente até a década de 1930, mas também acabaram sendo eliminados. Os outros animais que habitavam o parque foram poupados ou, em alguns casos, incentivados a se reproduzir. Nos invernos mais rigorosos, os guardas-florestais chegavam a alimentar os alces.

As mudanças vieram bem rápido. Quando os predadores deixaram de viver por lá, a população de alces começou a aumentar de forma constante, e grandes áreas do parque foram desmatadas. O impacto sobre as margens dos rios foi especialmente grande. A grama apetitosa à beira da água desapareceu, junto com todos os brotos que cresciam ali. A paisagem desolada não oferecia comida suficiente nem aos pássaros, e a quantidade de espécies diminuiu muito. Os castores também saíram perdendo, porque, além da água, também dependiam das árvores que cresciam nos arredores. Salgueiros e álamos são algumas de suas comidas prediletas. Eles derrubam as árvores para alcançar suas camadas mais ricas em nutrientes, que devoram com voracidade. Como todas as jovens árvores caducifólias à beira da água iam parar no estômago de alces famintos, os castores passaram a não ter mais do que se alimentar – e desapareceram.

As margens ficaram devastadas, e, na ausência de vegetação para proteger o solo, enchentes sazonais levavam embora quantidades cada vez maiores de terra e, com isso, a erosão avançou rapidamente. Como resultado, os rios começaram a formar mais meandros, seguindo rotas tortuosas pela paisagem. Quanto menor é a proteção para as camadas inferiores do solo, maior é o efeito serpentina, especialmente em terrenos planos.

Essa situação triste se perpetuou por décadas, ou, para ser mais exato, até 1995. Foi nesse ano que lobos capturados no Canadá foram soltos em Yellowstone para recuperar o equilíbrio ecológico do parque. Depois disso, e até hoje, aconteceu o que os cientistas chamam de cascata trófica. Em resumo, isso significa que a cadeia alimentar muda todo o ecossistema, começando pelo topo. Agora é o lobo que está no topo da cadeia e isso provocou o que seria melhor descrito como uma “avalanche trópica”.

Os lobos fizeram aquilo que todos nós fazemos quando sentimos fome: procuraram algo para comer. E encontraram um parque cheio de alces distraídos. Dá para imaginar o que aconteceu: os lobos comeram os alces, cuja população diminuiu muito, e, assim, as mudas de árvore voltaram a crescer. Então a solução para a falta de árvores é ter florestas cheias de lobos em vez de alces? Por sorte, a natureza não gosta de simplesmente trocar um animal por outro, e vou explicar por quê. Se a população de alces for muito pequena, os lobos demoram muito para encontrá-los.

Caçadas difíceis demais não são vantajosas, pois forçam os lobos a sair do parque para não morrerem de fome.

No entanto, em Yellowstone, havia outra questão além da diminuição da quantidade de alces. Por causa da presença dos lobos, o comportamento dos alces mudou – e o propulsor dessa mudança foi o medo. Eles começaram a evitar as áreas abertas nas margens dos rios, se recolhendo a locais mais protegidos. Sim, eles iam até a água de vez em quando, mas não demoravam muito ali e ficavam o tempo todo prestando atenção nos arredores, preocupados com a possível presença dos caçadores de pelagem cinza. Essa tensão constante fazia com que sobrasse pouco tempo para baixar a cabeça até os brotos de salgueiros e álamos, que agora nasciam em abundância ao longo das margens. As duas árvores são consideradas espécies pioneiras e crescem mais rápido que o usual: é comum que cresçam um metro por ano.

Em alguns anos, as margens recuperaram a estabilidade. Isso fez com que a corrente dos rios perdesse velocidade e, assim, carregasse menos terra. A formação de meandros foi interrompida, apesar de as curvas tortuosas já entalhadas na paisagem terem permanecido. Mais importante, os castores voltaram a ter comida e retomaram a construção de suas barragens, diminuindo ainda mais o fluxo da água. Poços se formaram, criando pequenos paraísos para anfíbios. Em meio a esse aumento da diversidade, o número de espécies de pássaros também cresceu muito. (O site do Parque Nacional de Yellowstone tem um vídeo impressionante sobre o assunto.)

No entanto, há quem questione essa relação entre causa e consequência. Ao mesmo tempo que os lobos voltaram, uma seca de muitos anos acabou, e chuvas fortes criaram condições melhores para as árvores – tanto os salgueiros como os álamos adoram solo úmido. Porém, essa explicação para o aumento da vegetação ignora os castores. Nos locais habitados por esses engenheiros dentuços, variações de precipitação quase não afetam o surgimento de árvores, pelo menos não ao longo dos rios. As barragens dos castores contêm a água, encharcando as margens e facilitando a manutenção de um solo molhado para as plantas, mesmo que não chova por meses. Foi exatamente esse processo que os lobos desencadearam: menos alces perto das margens dos rios = mais salgueiros e álamos = mais castores.

Infelizmente, terei que desapontá-los, porque o cenário é mais complicado que isso. Alguns pesquisadores acreditam que o problema se resumia ao número de alces e não ao comportamento desses animais. Nesse caso, o retorno dos lobos fez o número de alces diminuir no parque (porque muitos foram devorados). Portanto, é mais difícil encontrá-los perto dos rios.

Talvez tenha ficado confuso agora. É compreensível. Devo admitir que, por um tempo, até eu me sentia como o menino de 5 anos que mencionei na Introdução. No caso de Yellowstone, não resta dúvida de que, com a diminuição da intervenção humana, os ponteiros do relógio começaram a se movimentar novamente. E o fato de os cientistas ainda não compreenderem o processo em todos os detalhes é animador. Quanto mais aceitarmos que até a menor das intervenções pode provocar mudanças imprevisíveis, mais peso ganham os argumentos a favor da proteção de grandes áreas.

A reintrodução dos lobos não ajudou apenas as árvores e os habitantes das margens dos rios. Outros predadores também se beneficiaram. A situação não parecia muito promissora para os ursos-cinzentos nas décadas em que a população de alces disparava. No outono, eles dependem de frutos vermelhos. Devoram essas guloseimas cheias de açúcar e carboidratos sem parar, para engordar antes do inverno. Porém, em algum momento, os arbustos com suprimentos aparentemente intermináveis pararam de oferecer frutos suficientes, ou melhor, começaram a ser atacados por outros animais – os alces também adoram essas frutas calóricas. Quando os lobos voltaram a caçar esses rivais, os ursos passaram a encontrar mais frutos no outono. Desde a chegada dos lobos, os ursos estão em melhor condição de saúde.

Comecei esta história dizendo que os lobos foram erradicados devido à pressão de fazendeiros. Os animais desapareceram, porém os seres humanos continuaram lá. Até hoje, fazendeiros vivem em torno de Yellowstone e soltam seus rebanhos em pastagens que margeiam os limites do parque. Muitos deles não mudaram de comportamento ao longo das décadas, então não surpreende o fato de os lobos serem mortos no instante em que saem da reserva. Nos últimos anos, o número de lobos teve uma queda expressiva, saindo de 174 animais em 2003 para cerca de 100 em 2016.

Um dos motivos para a redução são os avanços da tecnologia. Muitos dos lobos de Yellowstone agora usam coleiras com rastreador para ajudar os pesquisadores a localizar matilhas e entender como elas se movimentam pelo parque – ou quando saem dele. Elli Radinger, que passou anos observando lobos na reserva norte-americana, me contou que as pessoas detectam ilegalmente o sinal dos rastreadores para atirar nos animais no instante em que eles deixam a proteção do parque. Essa é a forma mais eficiente de caçar lobos, e parece que os caçadores da Alemanha também aprenderam essa técnica. Foi assim que um jovem lobo que usava uma coleira com rastreador foi morto em 2016, na reserva ambiental Lübtheener Heide, em Mecklenburg-Vorpommern. A telemetria por rádio ajuda cientistas a compreender o movimento dos lobos, e é irônico que uma ferramenta criada para proteger os animais seja usada por caçadores para encontrá-los e matá-los.

Apesar da notícia ruim, os lobos também são embaixadores do otimismo sobre a preservação ambiental. É quase inacreditável que animais selvagens desse tamanho consigam voltar para uma região tão densamente habitada quanto a Europa Central, e que o grande motivo por trás do sucesso dos lobos seja o fato de as pessoas da região não apenas aceitarem seu retorno, mas também torcerem por ele. Isso é uma alegria para todos os amantes da natureza e principalmente para a natureza em si.

A Europa Central possui muitas regiões em situação parecida com a de Yellowstone. Grandes populações de cervos e javalis vagam sem as limitações impostas por lobos e predadores semelhantes. E, seguindo a prática realizada com os alces no parque norte-americano, os cervos e javalis europeus recebem grandes quantidades de comida. Invernos rígidos pouco interferem nos níveis populacionais, e até os animais fracos sobrevivem e procriam, felizes. No entanto, os programas de alimentação suplementar não são cortesia de guardas-florestais. São oferecidos por caçadores, que levam quantidades enormes de milho, beterraba e feno para as florestas, garantindo que seu empório a céu aberto esteja sempre abastecido com animais para caçarem.

Os guardas podem até não oferecer comida, mas o serviço ambiental faz a sua parte. As florestas europeias são muito exploradas, e a derrubada sistemática das árvores permite que uma grande quantidade de luz alcance o solo, facilitando o crescimento de gramíneas e plantas herbáceas por todo canto. Esse verde faz parte do programa de alimentação suplementar que incentiva o aumento das populações. Hoje, o número de corços nas florestas alemãs é 50 vezes maior do que o encontrado em florestas ancestrais. Cervos-vermelhos, animais que originalmente viviam em planícies, agora se abrigam na segurança das árvores enquanto o ser humano ocupa seus pastos antigos. Bandos de cervos comem a maioria das mudas, o que significa que a regeneração natural da mata parou de ocorrer na maior parte dos lugares.

Isso é ruim para a floresta, mas bom para os lobos. As matilhas que retornam encontram uma despensa cheia de guloseimas que não sabem mais se defender. Por mais de 100 anos, o caçador humano foi seu único inimigo. Em comparação com a maioria dos habitantes da floresta, os seres humanos são lentos e escutam mal. A visão é nosso sentido mais apurado – pelo menos enquanto há luz do dia –, e é por isso que inúmeras gerações de grandes herbívoros aprenderam que é melhor se esconder na mata durante o dia e só sair à noite. A tática deu tão certo que a maioria das pessoas fica surpresa ao descobrir que a Alemanha abriga mais mamíferos selvagens grandes do que quase qualquer outro país, levando em conta seu tamanho. E então surge o lobo, trazendo uma técnica de caça completamente diferente.

A primeira coisa que os lobos fizeram na Alemanha foi abocanhar presas “fracotes”, como os muflões. Os cientistas debatem se a espécie realmente é selvagem ou se não passa de um carneiro domesticado que voltou à mata. Séculos atrás, os muflões foram soltos nas ilhas do Mediterrâneo e acabaram alcançando a Europa Central. O motivo para esse avanço foram seus impressionantes chifres recurvos, que formam quase um círculo completo – um belo troféu de caça para pendurar sobre a lareira, ao lado da galhada de cervos. Nos dias atuais, os muflões continuam sendo soltos na mata, apesar de isso ser ilegal. (Na maioria dos casos, a cerca ao redor do seu pasto foi “danificada”.)

Apesar de sua história, eles não são nativos da Europa Central, e eventos recentes apoiam a teoria de que podem inclusive ser descendentes de rebanhos domesticados: sempre que lobos surgem, as ovelhas desaparecem – vão parar no estômago dos lobos. Parece que os carneiros se esqueceram de como escapar.

Outro fator negativo é a maneira como se adaptaram à vida nas montanhas. Os muflões são escaladores habilidosos, que se refugiam de predadores em rochedos íngremes, lugares que habitantes de planícies, como os lobos, não conseguem alcançar. Na floresta, essa habilidade perde a utilidade, e, quando o assunto é velocidade, os carneiros perdem feio para os lobos. Assim, na Alemanha, eles são pegos desprevenidos, e a ordem natural é reestabelecida.

Os corços e cervos-vermelhos são os próximos da lista. Isso pode ser surpreendente. Por que não os animais domésticos? Se os carneiros muflões são uma presa tão fácil, o que acontece com as ovelhas, as cabras ou os bezerros domesticados? Afinal, a maioria deles simplesmente fica parada atrás de cercas frágeis que impedem sua fuga mas que lobos atravessam com facilidade, pulando por cima ou se arrastando por baixo. Em vez de consultarmos fontes sensacionalistas, como as manchetes de tabloides que adoram escrever sobre supostos ataques de lobos (já voltaremos a esse assunto), é melhor darmos uma olhada nos achados científicos, que analisam excrementos de lobos da Lusácia, no leste alemão – uma das populações mais densas e mais antigas desses caçadores de pelagem cinza em todo o país.

Após coletar milhares de amostras, os pesquisadores do Museu de História Nacional Senckenberg, em Görlitz, chegaram à seguinte conclusão: a base da dieta dos lobos não é composta de carneiros nem cabras, mas de corços, que constituem mais de 50% de sua alimentação total. Os cervos-vermelhos e os javalis totalizam 40%, e, não, animais domésticos ainda não são os próximos da lista. Essa honra pertence a lebres e pequenos mamíferos semelhantes, com cerca de 4%. Os gamos, que constituem 2%, são – assim como os muflões – uma espécie exótica que foi solta na natureza para ser caçada por seres humanos, e os lobos gostam de enviá-los para o grande pasto no céu. Só então chegamos aos poucos animais de fazenda na lista de presas, correspondendo a míseros 0,75%.

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Peter Wohlleben

Sobre o autor

Peter Wohlleben

Nascido na Alemanha, Peter Wohlleben estudou engenharia florestal e trabalhou na comissão nacional de gestão florestal do país. Depois de algum tempo pediu demissão porque queria pôr em prática suas ideias sobre ecologia. Atualmente gerencia uma floresta explorada com práticas ecologicamente corretas em Hümmel, dá palestras e seminários e escreve livros sobre a natureza. A vida secreta das árvores foi sua estreia no Brasil.

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