Prefácio
Sempre admirei pessoas que pensam diferente e à frente de seu tempo, seja em que área for: no esporte, na educação, na política; mas especialmente nos negócios é preciso coragem para agir contra a corrente e quebrar os paradigmas vigentes.
Comecei a reparar que estava surgindo um empreendedor diferenciado ao ver as notícias da Reserva. Depois, descobri que ele é filho de um executivo com o qual conversava regularmente, o Luiz Meisler, que passou a me relatar com entusiasmo as novidades que o Rony implantava em seu negócio.
Acompanhando a história da Reserva, percebi que o Rony e seu sócio estavam destinados não só ao sucesso, mas a fazer a diferença no mundo empresarial e na vida das pessoas.
Uma gestão inovadora e moderna a princípio causa certo desconforto e raramente é entendida de bate-pronto. A resistência das pessoas é grande porque a inovação apresenta novidades e, em geral, mexe com espaços preestabelecidos; imagino o que o Rony deve ter passado. Porém, quando temos certeza da maneira como pretendemos atingir um objetivo e sabemos aonde queremos chegar, somos determinados e conseguimos fazer o novo de uma forma exemplar.
A comunicação irreverente e de impacto para seu público, um layout inovador nos pontos de venda, a possibilidade de cocriação, que dialoga com seus consumidores, e um relacionamento de maneira jovem e moderna com a equipe da Reserva são demonstrações de que é possível fazer diferente, sair da zona de conforto e surpreender.
Compreender que o lucro é muito importante, mas que precisa vir conjugado com propósito e inovação, é indispensável. Cuidar do meio ambiente e das pessoas, seja um cliente ou um colaborador, também é outro dos atributos que enxergo na Reserva. Isso prova que uma empresa pode triunfar levando-se pelo coração, e vislumbro um grande legado que a Reserva deixará, pois duas coisas fazem a diferença em todos esses relacionamentos: inovação e atendimento, e essas duas características estão presentes no dna da empresa.
Tenho certeza de que irão aproveitar a leitura deste livro e espero que possam tirar exemplos maravilhosos para colocar em prática e aprimorar seu negócio. Toda empresa, não importa seu segmento, depende de um consumidor final e vive da venda de produtos ou serviços. E o que deve nos motivar a acordar todos os dias é saber que podemos fazer a diferença positiva na vida dessa pessoa.
Luiza Helena Trajano
Presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza
Introdução
Crescemos no Brasil da década de 1990.
As empresas que admirávamos e para as quais trabalhávamos em nossa juventude tinham no ganho financeiro seu único objetivo – lucro a qualquer custo. Elas ignoravam as minorias, destruíam culturas, exploravam os mais pobres e envenenavam o planeta.
A desculpa para isso? “Cuidar do planeta é responsabilidade do Estado!”
Como consequência, a nossa geração sofreu uma verdadeira lavagem cerebral profissional: “Forme-se na profissão mais rentável, trabalhe 24 horas por dia, ganhe muito dinheiro, coloque-o no banco e faça-o render o suficiente para pagar sua aposentadoria no futuro.”
Sempre pensei que, se aquilo continuasse, não haveria aposentadoria, pelo simples fato de que não haveria futuro. Por isso, jamais topei jogar esse jogo e sempre acreditei muito mais nas pessoas do que nos negócios.
Para nós, a Reserva sempre foi um excitante experimento sobre como fazer diferente no negócio da moda.
Uma empresa pode prosperar caso seja guiada pela afetividade e não pela lucratividade? Como seria se, além da venda de seus produtos, ela também fosse responsável pela construção de um mundo melhor? E se seus produtos fossem uma criação conjunta com seus consumidores? E se, em vez de apenas fazer propaganda, ela dialogasse com seus consumidores sobre questões relevantes para a sociedade, de uma forma despretensiosa e divertida?
Jamais acreditamos no modelo de negócios que nos obrigava a enriquecer com a culpa por estarmos destruindo a humanidade. Boa parte do nosso tesão sempre morou no desafio ao status quo, com o objetivo de provar ao mundo que existe um novo – e melhor – estilo de se pensar e fazer negócios.
Se queremos construir um negócio que estará no mundo daqui a cem anos, temos que, antes, trabalhar para ter certeza de que haverá um mundo daqui a cem anos.
Foram necessários dez anos para que escrevêssemos este livro porque tínhamos de provar a nós mesmos que poderíamos quebrar as regras do jogo. A Reserva e seus mais de 1.500 funcionários já possuem hoje provas suficientes de que quando trabalhamos com amor para a construção de um mundo melhor, também construímos um maior e melhor negócio – por consequência, e não por causa.
Steve Jobs dizia que, quando olhamos para o passado, tudo faz sentido, e que por isso, durante a vida, devemos confiar no fato de que nada acontece por acaso. Uma enorme verdade.
Seria impossível escrever sobre a nossa história sem que se escrevesse sobre como foi a minha vida antes da Reserva, porque uma coisa tem absolutamente tudo a ver com a outra.
Por isso dividimos o livro em três partes: O empreendedor (minha história de vida), A Reserva (história da marca) e Filosofia Reserva (nossa cultura de negócios).
Boa leitura!
Rony Meisler